MIAMI, DILSON, BOEING 777, COPA X NBA

Muitos brasileiros fugiram da Copa do Mundo do Brasil.

Alguns foram pra Europa, muitos foram para os EUA (Miami e New York à frente) e outros poucos tentam evitar a Copa, mesmo ficando no Brasil.

Nós aproveitamos a redução no movimento corporativo, proveniente da farra de feriados no Rio acrescida dos expedientes prejudicados pelos jogos do Brasil, e resolvemos passear na casa de amigos em Miami (mas sempre de olho nas transmissões dos jogos ao vivo).

Grata surpresa logo na sala da AA no GIG, encontramos Dilson Verçosa, amigo há mais de 30 anos, e botamos a conversa em dia, um papo solto e agradável, que incluiu turismo, agências de viagens, estratégias de distribuição, concorrência, gente, mercado, família, netos (atuais e futuros), amigos verdadeiros, passado, presente e um pouco de futuro.

Encontrar Dilson foi um prenúncio de que a viagem prometia, e viajar no Boeing 777 foi a confirmação de um voo tranquilo e confortável.

Aqui na Florida, a Copa só existe porque as principais cidades são ocupadas por brasileiros, entre turistas, residentes e “second home owners” (os autodenominados “brazucas” de Miami e Orlando, principalmente).

Nos restaurantes de Miami, de cada 4 TVs gigantes nas paredes, 1 está ligada em jogos da Copa ou em reportagens sobre o assunto, o que já é uma baita evolução em relação a quando o noticiário esportivo por aqui concentrava-se em baseball e basketball, “no matter” o que está acontecendo no resto do mundo.

Só pra contrariar meu espírito 100% brasileiro, fomos a um dos jogos das finais da NBA, entre o Miami Heat e o San Antonio Spurs, um espetáculo de organização (o trânsito nem percebeu o evento), conforto (arena com assentos acolchoados), comodidade (snack bars sem filas e com produtos de qualidade), segurança (nenhuma preocupação com tumultos ou brigas de torcida).

Mas o mais evidente é o genuíno respeito com o consumidor, desde a facilidade de acesso ao estádio, a rápida inspeção de segurança na entrada, a gentileza dos orientadores de plateia que indicam o melhor acesso ao assento pré-marcado, o brinde de uma camiseta do time aguardando o torcedor em cada assento, as pequenas atrações e brincadeiras durante os intervalos do jogo e até durante os time outs (pedidos de tempo), tudo conspira para devolver qualidade de serviço por cada dollar gasto no ingresso.

Exatamente como esperamos que o turista estrangeiro sinta-se após assistir aos jogos da Copa do Mundo nos estádios do Brasil…

.

A BOLA VAI ROLAR !

Não, não estou animado com a Copa…

Estou animado para assistir a bons jogos de futebol.

Participei de alguns bolões, que incluem todos os jogos da primeira fase, com especial destaque para o tradicional, especializado, único Vabolão e o estreante Super Bolão Reserve.

O Vabolão é organizado e promovido, entre amigos e familiares, desde a Copa do México em 1986, quando Vabo Júnior tinha 6 meses e assistiu aos jogos no meu colo, com um improvável sombrero de plástico amarelo na cabeça.

Desde sua sexta edição, na Copa da Alemanha em 2006, é o próprio Vabo Júnior quem organiza e promove o Vabolão, um processo de sucessão que não foi suficiente ainda para que ele vencesse uma única edição, apesar de minha norinha Fernanda ter obtido o vice-campeonato na Copa da África do Sul em 2010 (atrás apenas do sogrinho, é claro).

Nesta oitava edição, o Vabolão reúne apenas 51 competidores, amantes do esporte bretão, especialistas em resultados futebolísticos (os “Vaboleiros”), que tornam a disputa dificílima, verdadeiros gladiadores modernos que, na arena dos palpites, buscam pontuações em diversas categorias, baseadas no índice de aproximação com o placar correto de cada jogo, o que exige um algoritmo especialmente desenvolvido para a aferição dos vencedores.

Já o iniciante Super Bolão Reserve, que aplica pontuação e regulamento ligeiramente diferentes, foi organizado e promovido pela nossa área de Gestão de Pessoas para participação de nossa equipe, começando assim mais uma tradição, justamente nesta Copa do Brasil, para também se perpetuar ao longo das próximas décadas !

Não estou mesmo animado com a Copa…

Estou animado para assistir a bons jogos de futebol e a vencer, pelo menos, mais um bolão da Copa do Mundo.

.

TURISMO DE COMPRAS X GRIFES BRASILEIRAS

No final do século passado, comprar roupas no exterior era símbolo de alto poder aquisitivo.

Brasileiros ricos sempre viajaram ao exterior, sempre fizeram compras pessoais e sempre encararam os limites da alfândega.

Com o crescimento da classe média nos últimos anos, e o aumento na oferta de voos, viajar ao exterior para fazer compras, em especial de roupas, deixou de ser exclusividade dos ricos.

Shopping
Desfile de brasileiras nos corredores dos shoppings americanos

“Nos EUA, a diferença de preço, de qualidade e de variedade é tamanha, que concentramos nossas compras na viagem anual que fazemos com as crianças”, comentou um casal amigo sobre sua mudança de comportamento ao longo dos anos. “Não lembro a última vez que compramos roupas no Brasil”, completou a esposa.

Acrescente a este ambiente de negócios as importações chinesas e temos um cenário matador para a indústria da moda brasileira: a classe média compra NO exterior e a classe baixa compra DO exterior.

Não é à toa que as mais tradicionais grifes nacionais estão investindo alto para buscar o público consumidor de maior poder aquisitivo (aquele que não está nem aí para fazer compras em Miami ou New York), clientes super seletivos das tais classes média alta e alta.

Passarela
Desfile de brasileiras nas passarelas da moda brasileira

O lamentável para a nossa economia é que, neste processo, muitas boas marcas nacionais devem ficar pelo caminho, aniquilando nosso parque têxtil e todo um mercado de criação, produção, divulgação e distribuição da moda brasileira, mais um fator de influência cultural que se perde em nosso país.

.