Neste feriadão da Páscoa, estava conversando com amigos sobre alguns comportamentos sociais na atualidade e, em especial, sobre o quanto as decisões das pessoas, de uma forma geral e sobre qualquer assunto do cotidiano, passaram a ter um carater de curtíssima duração.
Seja no que diz respeito a relacionamentos amorosos, onde sinais de contrariedade de um lado encontram o parceiro desinteressado do outro – “tchau, a fila anda…” – ou nas amizades, em que as auto-denominadas BFF – “best friends forever” – deixam de sê-lo com a mesma velocidade com que se tornaram – “cada uma que toque a sua vida”.
Outro terreno fértil para esta análise é a escolha da profissão, usualmente uma decisão que poderá impactar toda ou boa parte da vida, mas que precisa ser tomada muito cedo, numa fase precoce em que o jovem não consegue decidir sequer com quem sairá no próximo sábado.
Como o caso de um jovem, filho de amigos, que “optou” por fazer direito, provavelmente influenciado pelos pais, ambos advogados, mas que percebeu, logo nos primeiros meses, que os tribunais “não eram a sua praia” e, por isso, trancou a faculdade de direito e iniciou o curso de economia, mas logo no segundo semestre trocou outra vez para administração…
“Por que insistir e não ser feliz?”, é um argumento corriqueiro em todas essas situações. “Melhor trocar logo do que sofrer mais tarde”, diz-se da namorada, do marido, da amiga ou mesmo da carreira profissional.
Mais recentemente, devido também à maior oferta de empregos no Brasil, este comportamento “desapegado” passou a ser assimilado pelos profissionais em relação às empresas em que atuam.
“Eu estou nesta empresa” é uma frase comum, que denota a transitoriedade do “estar”, já que ninguém mais é da empresa.
“Fico por aqui enquanto não me encherem o saco”, expressão típica do profissional que não tem o tal apego pela carreira que abraçou e, pior, deseja ser adulado, de preferência sem ser “desagradado”…
No excesso de oferta, tudo é efêmero, pois ali na esquina já tem outro disponîvel, seja amigo, namorado, emprego, esposa, curso, oportunidade, político, negócio…
A questão é que até o excesso de oferta é efêmero…
Mas enquanto isso, não há mais a visão de conquistar um relacionamento de longo prazo, de alimentar uma amizade verdadeira, de identificar a real vocação para uma profissão ou de planejar e construir uma carreira consistente.
Ninguém mais tem paciência com o outro, com o amigo, com o parente, com o colega, com a empresa, com o vizinho, com a escola, com o caminho, com o futuro, com a vida, com a história.
Se não for pra resolver agora, esquece, não há tempo a perder.
Aliás, fui…
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