MAPA DE TECNOLOGIA PARA VIAGENS E TURISMO

O Grupo de Trabalho de Tecnologia da ABAV – GTT-A, foi criado no início deste ano e é composto por até 20 empresas especializadas no fornecimento de soluções tecnológicas para a indústria de viagens e turismo.

Essas empresas são chamadas de integrantes do GTT-A e os executivos que participam das reuniões mensais são seus representantes, conforme regimento especialmente elaborado e que serviu de referência para os demais grupos de trabalho da ABAV.

O Grupo de Trabalho de Tecnologia da ABAV tem atualmente as seguintes empresas integrantes e seus respectivos representantes:
ABAV – Edmar Bull
ABAV – Luís Vabo (Coordenador)
ABAV – Marisa Dantas (Apoio)
ABAV – Fernando Luzetti (Suporte)
AGI – Glaucio Silva
AMADEUS – Aline Pontes
AMERICAN AIRLINES – Thomas Comber
ARGO – Wagner Amarelo
AZUL – Eduardo Silveira
B2B RESERVAS – Marcos Fernando
BENNER – Aoron Beyer (Coordenador)
EFACILPLUS – Ricardo Lidington
GOL – Luciana Granado
LEMONTECH – Caio Oliveira
LUFTHANSA – Alan Jacch
MONDE – Daniel Biancarelli
OMNIBEES – Melanie Teixeira
RESERVE – Sidney Filho (Coordenador)
SABRE – Marcelo Tanque
T4W – Thiago Campos
TRAVELPORT – Eduardo Calamari

O GTT-A tem trabalhado muito desde então, em reuniões mensais, na participação em painéis na ABAV Expo e, mais recentemente, na elaboração de um documento gráfico cujo objetivo é refletir a participação dos diversos “players” da indústria de tecnologia para viagens e turismo, através de um conteúdo dinâmico, que terá atualizações frequentes e que permite, numa análise simples, identificar o papel de cada fornecedor de tecnologia participante de cada um dos macro-segmentos da prestação de serviços ao mercado de viagens e turismo.

A edição 2016 do Mapa de Tecnologia de Viagens e Turismo da ABAV 2016 foi publicada nas páginas centrais da edição 1.247 – Especial Tecnologia do Jornal Panrotas, e pode ser acessada online aqui.

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Obs.: As imagens publicadas neste texto são de autoria do Panrotas, a partir de conteúdo gerado pelo Grupo de Trabalho de Tecnologia da ABAV.

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VENDA DIRETA: ESPERNEAR NÃO ADIANTA

Em agosto de 2015, publiquei um post – Distribuir Hotel Virou Festa de Rua – sobre a crescente participação de consolidadores na distribuição hoteleira, como sendo parte de um movimento crescente de pulverização da distribuição, tendência que eu já havia antecipado em 2010 no primeiríssimo post – Tendências do Turismo – que escrevi, ainda no saudoso Blog Distribuindo Viagens, no qual relacionei 6 vatícinios, entre os quais esses 4 que reproduzo abaixo:

– A desintermediação continuará, pressionada pelos interesses comerciais dos prestadores de serviços turísticos e também pelo desejo do consumidor.
– As agências de viagens se reinventarão e agregarão valor ao seu serviço, mantendo sua importância no negócio.
– A distribuição das cias. aéreas incluirá todos os meios, de todos os tipos, diretos e indiretos, portais próprios, webservices, GDS, sistemas integradores, consolidadores, operadores e agentes de viagens, entre outros.
– A internet continuará sendo um catalisador de mudanças e um agente revolucionário para os negócios.
Algumas dessas previsões podem ser conferidas em 2011, enquanto outras farão mais sentido se forem verificadas a partir de 2015.

No cenário atual, operadoras avançam na venda ao passageiro final, agências de viagens montam e operam pacotes para este mesmo passageiro, consolidadores de bilhetes aéreos distribuem reservas hoteleiras, brokers de hotelaria vendem direto às empresas, agências de lazer e operadoras participam de concorrências de empresas e órgãos de governo, agências de viagens corporativas diversificam na venda de viagens de turismo, enquanto o verdadeiro desafio para todos esses players continua sendo a venda direta do fornecedor (cias. aéreas e hotéis etc.) ao passageiro final.

Agências de viagens, operadoras, consolidadoras, "brokers" de hotelaria etc. estão todos atrás do mesmo cliente e os fornecedores (cias. aéreas, hotéis etc.) seguem investindo na venda direta
Agências de viagens, operadoras, consolidadoras, “brokers” de hotelaria etc. estão todos atrás do mesmo cliente e os fornecedores (cias. aéreas, hotéis etc.) seguem investindo na venda direta

Embora a evolução da desintermediação seja inexorável (em nossa atividade e em qualquer outra), o agenciamento profissional, aquele que realmente agrega valor à reserva e emissão do serviço, tende a perpetuar-se, seja para a viagem de turismo ou para a viagem corporativa.

E é este valor agregado que garante que a agência de gestão de viagens corporativas seja encarada mais como uma empresa de gestão do que de viagens, pois neste caso a gestão é o valor agregado ao serviço de agenciamento, atualmente realizada com apoio da tecnologia pela totalidade das TMCs (Travel Management Companies) em operação no Brasil.

Da mesma forma, é a consultoria antes, durante e após a viagem que agrega valor ao agenciamento de viagens de turismo, e a forma de fazê-lo vem mudando muito ao longo dos últimos anos, como o Henrique Santiago abordou em duas interessantes matérias do Portal Panrotas: 7 dicas para jovens agentes que querem mudar o mundo e Millenials quebram modelo tradicional de viagens.

É aquela verdade absoluta de que não adianta espernear, pois só existe uma forma de concorrer com a venda direta do fornecedor de um produto ao consumidor final deste produto, uma verdadeira luta de Davi contra Golias: “Ofereça ao cliente um serviço melhor e mais completo do que o fornecedor.”

A concorrência do agente de viagens com a venda direta pelos fornecedores (cias. aéreas, hotéis etc.) só pode ser enfrentada com inteligência, estratégia e qualidade de serviço.
A concorrência do agente de viagens com a venda direta pelos fornecedores (cias. aéreas, hotéis etc.) só pode ser enfrentada com inteligência, estratégia e qualidade de serviço.

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PONDO ORDEM NA CASA !

É mais usual do que parece o movimento de padronização de tecnologias, em especial aquelas inovadoras e disruptivas, que chegam para mudar abruptamente o comportamento do consumidor em relação a determinado produto ou serviço.

Como exemplo de tecnologia recente, ainda nascendo, basta observar a tão comentada Internet das Coisas ou IoT de “internet of things”, que inclui “wearable devices”, “embedded systems”, entre outros.

Muitas startups correram, e ainda correm, para sair na frente e desenvolver soluções inovadoras baseadas em IoT, sonhando que sejam dominantes no futuro em função de seu grau disruptivo, mas as grandes indústrias de bens de consumo (refiro-me a eletrodomésticos, carros, roupas, entre outras) estão tão atentas a esta tendência, que não perderam tempo e já começam um movimento de padronização desta nova tecnologia, em comum acordo com os grandes provedores de tecnologia no mundo:

IoT: Empresas mundiais criam fundação para padronizar tecnologia

Esta fundação agregará diversos segmentos da indústria, com o objetivo de organizar um mercado ainda incipiente e que envolve todo e qualquer produto, desde malas, sapatos, geladeiras, armários, bicicletas, roupas, material esportivo, carros, alimentos, remédios etc, etc, etc.

Os fabricantes de bens de consumo buscam um padrão tecnológico para a Internet das Coisas estar em todos os lugares até 2025
Os fabricantes de bens de consumo buscam um padrão tecnológico para a Internet das Coisas estar em todos os lugares até 2025

Como IoT é uma tecnologia nova a ser embarcada em produtos velhos conhecidos do consumidor, os tradicionais fabricantes não querem ficar de fora desta festa e, mais do que isso, não querem depender de poucos fornecedores, ou de empresas que utilizem padrões próprios para desenvolver e manter este ou aquele dispositivo, não querem se tornar dependentes de ninguém.

Isso nos lembra alguma coisa?

Sim, uma analogia direta com nosso mercado nos faz lembrar que, desde que a IATA citou pela primeira vez o termo NDC, diversos questionamentos surgiram no mercado sobre seus reais objetivos.

Diziam que as cias. aéreas desejavam a posse e o controle de todos os dados dos passageiros para alavancar sua estratégia de desintermediação, ou que o objetivo era enfraquecer o hub de distribuição representado pelos GDSs, cada um com um padrão tecnológico proprietário, ou ainda permitir que todos os players de tecnologia da distribuição tenham as mesmas condições concorrenciais e, assim, estimular inovações disruptivas que mudem o rumo do negócio.

A verdade é que a real motivação do NDC não é nenhuma dessas, mas o mais prosaico dos objetivos: padronização tecnológica tal e qual as indústrias de bens de consumo estão buscando para a IoT.

Aliás, comparativamente ao objetivo da padronização da IoT, veja o que diz a IATA sobre o NDC:

The power of standardization

An industry standard will facilitate a more efficient airline distribution system, thereby benefitting airlines, agents, GDSs, IT providers and travel start-ups. Structured around seven distribution-related functions, the NDC Standard provides the opportunity to address the end-to-end airline distribution process, e.g. shopping, booking etc., and to deliver enhanced customer experiences.

A IATA lançou o projeto de padronização da tecnologia de distribuição no final de 2012 e batizou-o NDC (New Distribution Capability)
A IATA lançou o projeto de padronização da tecnologia de distribuição no final de 2012 e batizou-o NDC (New Distribution Capability)

Para maiores detalhes sobre o NDC, veja diretamente na fonte: IATA NDC Standard

Se para ter força suficiente para organizar o mercado, a padronização de uma tecnologia depende de ser promovida por uma entidade, fundação ou associação representativa dessa indústria, no caso da distribuição de reservas aéreas, essa entidade sem dúvida alguma é a IATA, cujas mais de 400 cias. aéreas associadas produzem 84% do tráfego aéreo mundial, processam US$ 367 bilhões em vendas via BSP e atendem 35 mil agências de viagens em todo o mundo.

As cias. aéreas, aqui representadas pela IATA, são as efetivas donas do mercado de transporte aéreo, cessionárias que são deste modal de transporte no mundo e, tal e qual os citados fabricantes de bens de consumo, pretendem arrumar a casa, padronizando a tecnologia de distribuição de seu serviço.

A questão aqui é que, diferentemente da IoT, as tecnologias de distribuição de reservas aéreas existem há mais de 50 anos e, por isso, o desafio da IATA de estabelecer um padrão, enfrenta décadas de legado tecnológico, de práticas e acordos comerciais (que envolvem incentivos financeiros bilaterais) e que são diferentes de mercado para mercado, de país para país, transformando sua implantação numa missão tão complexa quanto substituir todo o combustível de uma aeronave em pleno voo…

Claro que não é impossível de ser feito, mas há que se encontrar alternativas para o equilíbrio comercial entre todas as partes envolvidas.

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