ABAV MAIS PODEROSA

Este texto é continuidade do que postei em abril 2019, intitulado ABAV CADA VEZ MAIS INCLUSIVA, o qual concluí com uma frase catártica: “…estamos diante de uma oportunidade singular de iniciar a virada deste jogo e transformar a ABAV na maior associação empresarial do país, em quantidade de associados, força política e resultados”.

Não tenho dúvidas de que muitos leitores tiveram a estranha sensação de que eu estava exagerando, pois às vezes pode parecer que a nossa ABAV parece longe de ser a maior associação empresarial do país…

Será mesmo?

Sou associado ABAV desde 1995 e, desde então, acompanho com interesse o trabalho das diversas diretorias que por ali passaram, todas com características diferentes entre si, mas sempre movidas por tocar adiante o mais importante propósito que uma associação empresarial deve ter: manter a perpetuidade da atividade empresarial e o crescimento contínuo da entidade, nesta ordem.

Assim como a quase totalidade dos associados, sempre mantive um olhar crítico para algumas ações da ABAV, mas dispunha, na época, de pouca ou nenhuma oportunidade de expor as minhas ideias a respeito da gestão da entidade.

Somente após começar a escrever, em março de 2010, o blog Distribuindo Viagens (antecessor do atual B2B Tech), que tornei públicas algumas ideias e opiniões sobre nossa associação e, em especial, sobre nosso evento maior, a ABAV Expo, sempre buscando tecer comentários, críticos ou elogiosos, tão isentos quanto me pareciam possível, visando influenciar, de alguma forma, o objetivo de aprimorar tanto a entidade quanto o evento.

Mas foi na gestão do Antonio Azevedo que tive a chance de aproximar-me do grupo de agentes de viagens que a dirigiam à época, a partir do interesse do então presidente nas críticas e sugestões que eu fazia no Blog sobre a ABAV Expo, comentários que eu formulava enquanto agente de viagens associado, expositor de tecnologia e palestrante convidado para alguns dos eventos.

A partir daí, a minha relação direta com a ABAV Nacional começou a crescer, até que o Edmar Bull convidou-me a integrar sua chapa no final de 2015, depois o Carlos Palmeira, em seguida o Geraldo Rocha e, dando prosseguimento à gestão do Geraldo, participo atualmente da diretoria da Magda Nassar, onde enfrentamos o gigantesco desafio da modernização do estatuto como a principal forma de manter o crescimento contínuo da entidade.

Ou seja, assim como nossa atividade de agenciamento de viagens está em risco, também está a nossa entidade maior, respresentante associativa e, portanto, dependente da sobrevivência do agente de viagens.

Mas o que todos nós agentes de viagens precisamos alinhar é que, com a ABAV maior e mais fortalecida, aumentam consideravelmente as nossas chances de manter a perpetuidade da atividade empresarial.

E o curioso é que estamos num momento crucial de decisão, uma daquelas raras oportunidades históricas em que é preciso chacoalhar absolutamente tudo, a começar pelo estatuto da ABAV, um conjunto de normas e regulamentos que, apesar de sua importância até este momento, atualmente engessam sua governança, dificultam a busca de seus objetivos e complicam sua forma de atuar.

Acredito que tudo pode e deve ser objeto de revisão crítica, num amplo debate com a participação dos agentes de viagens de todos os estados da federação, de todos os segmentos, de todas as associações congêneres, de todas as forças políticas.

Não dá pra ficar de fora.

Eu acredito mesmo que a sobrevivência da atividade de agenciamento de viagens e turismo no Brasil passa pelo resultado desta revisão, que mostra-se mais urgente do que nunca, e já começou…

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LET’S STARTUP: O QUE NOS MOVE A (RE)COMEÇAR?

Já faz algum tempo que uma ideia veio surgindo, devagar no início, insistente depois, durante minhas conversas com a Solange sobre futuro (uma de nossas obsessões) e volta e meia me pegava planejando um próximo passo, mesmo antes de qualquer decisão ter sido tomada sobre isso.

De certa forma inspirados por Vabo Junior, empreendedor e professor de empreendedorismo da PUC-Rio e, mais recentemente, do Insper em São Paulo, decidimos levar adiante um novo sonho: devolver ao mercado e à sociedade um pouco da nossa própria experiência de empreendedores, adquirida ao longo dos últimos 23 anos, uma breve história construída com 20% de teoria e 80% de esforço, criatividade e obstinação.

Com o aprendizado do próprio Reserve ter sido uma startup, que nasceu e foi acelerada pela nossa TMC, a Solid Corporate Travel, nos idos de 2004, foi natural a criação de um programa de aceleração de startups, anglicismo que resume a descrição de “novas empresas criadas a partir de uma ideia, trabalhando em condições de extrema incerteza, em busca de um modelo de negócios repetível e escalável, com muito foco e absoluta obstinação por resultados”, essas que são características comuns a todo novo empreendimento para que seja bem sucedido.

Para iniciar nossa trajetória para este novo sonho, definimos então alguns requisitos para as startups que acreditamos que podemos contribuir, requisitos estes originados nos principais objetivos relacionados ao nosso propósito inicial, aquilo que nos moveu a partir para este novo sonho a esta altura de nossas vidas, que são:

1 – Estimular novos empreendedores

2 – Desenvolver tecnologias emergentes

3 – Resolver um problema do mercado

4 – Criar valor para a sociedade

Baseados nestes 4 macro-objetivos, os requisitos são a base do programa e descrevem as condições de participação de novas startups, sendo por isso apresentados para os empreendedores que manifestam o interesse em ingressar no programa.

O pontapé inicial do Programa Reserve de Aceleração de Startups foi dado neste final de 2018, com a adesão das duas primeiras empresas, a MyView Soluções com Drones e o Ligaí Conexões Inteligentes, ambas integralmente alinhadas com os objetivos do programa e com seus requisitos.

O Ligaí é uma startup que nasceu dentro do Reserve ou seja, é uma outra empresa com outro CNPJ e outro corpo de acionistas, na qual o Reserve participa societariamente com tecnologia, gestão corporativa e mentoria executiva.

O Ligaí resolve problemas relacionados às integrações entre sistemas e mineração de dados aplicando robótica cognitiva e aprendizado de máquina

É o mesmo processo de aceleração de startup que estamos implementando na MyView, sendo que esta é uma empresa que já existe há 3 anos e está no precioso momento de começar a voar alto.

A pesquisa de soluções inteligentes com a aplicação de drones autônomos faz parte do negócio da MyView

Ambas foram idealizadas por jovens empreendedores, demandam tecnologia nos seus projetos dominantes, solucionam alguns problemas do mercado e criam valor para a sociedade.

Na MyView, utilizaremos AI para o desenvolvimento de drones autônomos (sem piloto remoto) e para reconhecimento de imagens complexas em inspeções técnicas, que é o atual core-business da empresa (plataformas offshore, linhas de torres de transmissão, tanques e ambientes confinados etc), substituindo procedimentos menos seguros e caríssimos, como helicópteros e/ou técnicos alpinistas.

No Ligaí, o sistema permite a criação de robôs que vasculham dados, higienizam, transformam, mineram e analisam padrões ocultos que se escondem dos relatórios comuns. Com o volume de informações que as empresas trabalham, o Ligaí, também com o uso de AI, tem a capacidade de separar o joio do trigo, os dados irrelevantes das informações cruciais, filtrar o que é mais importante para a tomada de decisão, tudo com máxima privacidade e segurança.

O Programa Reserve de Aceleração de Startups prioriza empresas que tenham sinergia de cultura, com empreendedores que alinhem valores e atitude empreendedora

Respondendo diretamente à pergunta do título, nosso propósito é estimular startups a resolver problemas reais do dia-a-dia, mas o que nos move mesmo nesta direção é o desejo de deixar um legado, seja de um aprendizado específico, de uma metodologia de gestão, de uma pesquisa científica ou mesmo de um estilo de vida em que trabalhar, produzir, correr riscos e gerar empregos são atividades totalmente compatíveis, ou mesmo condicionantes, para ser feliz.

Feliz Natal e um próspero, desafiador, produtivo e eficaz 2019 !

Em tempo: para contactar o Programa Reserve de Aceleração de Startups, envie email para: watc@reserve.com.br

E AGORA, IATA? O QUE SERÁ DO NDC?

Há 5 anos e meio, em 28 de junho de 2013, postei aqui pela primeira vez sobre o NDC, ou New Distribution Capability, o novo padrão tecnológico, proposto e promovido pelo IATA, para a distribuição de reservas aéreas em todo o mundo, num texto que sequer citava a sigla que agora tornou-se famosa: SOBRE AGÊNCIA, GDS, OTA, CIA. AÉREA E IATA.

De lá para cá, muita coisa mudou, o IATA patrocinou e promoveu de forma obstinada o desenvolvimento deste novo padrão, muitas empresas de tecnologia apostaram no novo modelo, o Brasil foi o primeiro país, ainda em 2015, a homologar oficialmente a emissão do primeiro bilhete aéreo no padrão NDC nas Americas (antes mesmo dos EUA), e toda a indústria de distribuição segue investindo pesadamente na evolução de sistemas baseados no novo padrão.

Atualmente, ouvimos falar do NDC com uma frequência cada vez maior mas, recentemente, um importante movimento de aquisição empresarial lançou uma dúvida sobre o tema:

Com a Farelogix by Sabre e a Navitaire by Amadeus, qual será o futuro do NDC como padrão aberto, democrático e “sem dono”?

Para entender o que está jogo, vale recapitular o resumo desta ópera, em 7 atos:

1) Visando recuperar o controle da estratégia de distribuição dos produtos de suas associadas, as cias. aéreas, o IATA iniciou um ambicioso projeto para estabelecer um novo padrão para o desenvolvimento de sistemas de reservas aéreas.

2) Alguns poucos fornecedores de tecnologia aderiram na primeira hora e se especializaram no novo padrão, o que os levou a conquistar importante espaço junto às cias. aéreas de todo o mundo, para aderirem a seus sistemas de hosting e distribuição de reservas aéreas através de direct connect (conexão direta sem uso de GDS) baseado no novo padrão NDC.

3) As 2 empresas mais proeminentes nesse novo mercado, Farelogix e Navitaire, ambas norteamericanas, cresceram e se desenvolveram graças à oportunidade gerada pelo NDC e, por isso, passaram ambas a serem percebidas como os novos hubs do mercado de distribuição de reservas aéreas.

4) Depois de alguns anos de evolução (das cias. aéreas, do padrão NDC, das plataformas de distribuição, dos OBTs a elas integrados, das TMCs etc) os GDSs perceberam o que um padrão tecnológico único e aberto ao mercado representará para o seu negócio e, imediatamente, reagiram e resolveram “liderar” esta nova corrida do ouro.

5) De uma postura inicial reativa, passaram a participar proativamente, interagir e influenciar as diretrizes do novo NDC, um padrão tecnológico em constante desenvolvimento, através de reuniões, conferências, grupos de trabalho e diversos outros foruns promovidos pelo IATA.

6) Num segundo momento, identificaram os 2 principais players desse novo jogo mundial da distribuição de reservas aéreas, que apesar de ainda incipiente em relação ao volume total de viagens, está em vertiginoso e incontrolável crescimento.

7) Amadeus adquiriu a Navitaire e Sabre adquiriu a Farelogix, duas companhias construídas com o paradigma de superar os padrões fechados (e caros, segundo as cias. aéreas) dos GDSs, utilizando o novo padrão NDC do IATA.

Neste momento, todos os olhos e ouvidos estão voltados para o próximo movimento da IATA, que poderá responder (ou não) o que toda a indústria de distribuição de viagens precisa saber, em especial aqueles que acreditaram e seguiram investindo no NDC, baseados na proposta da IATA de um padrão aberto, democrático e “sem dono”:

Golias venceu David?

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Veja outros posts sobre o NDC aqui no Blog B2BTech:

NOVA CAPACIDADE DE DISTRIBUIÇÃO de 25/02/2014

NOVO ANTIGO DESAFIO (DESDE 2004) de 05/08/2015

PONDO ORDEM NA CASA de 28/03/2016

BAGAGEM EM TEMPOS DE NDC de 12/06/2017