VAMOS TRABALHAR? TEMOS UM PAÍS PARA RECONSTRUIR

Conversando via WhatsApp com um primo que mora em Brasilia, ambos animados com a nova perspectiva que se desenha para o país, a partir da admissibilidade no Senado do processo de impedimento da presidente da república por crime de responsabilidade, travamos o seguinte diálogo:

– “Quando queremos alguma coisa, devemos fazer a nossa parte. É pela ação de cada um que o coletivo se move”, Wildes afirmou, feliz com o sucesso do movimento popular.

– “Tivemos uma grande vitória, o avanço do PT foi quebrado, mas não podemos nos iludir, ele não está morto, devemos trabalhar para retirar o máximo possível dos seus espaços de poder”, continuou meu primo.

Respondi, indicando a minha preocupação com o enraizamento do petismo em todas as esferas do poder:

– “Isso é que vai dar muito trabalho, por muito tempo. Estado está completamente aparelhado por essa turma despreparada e ineficaz…”

Foi aí então que o assunto evoluiu, a partir da afirmação de Wildes:

– “Sem o poder e sem a complacência da sociedade, este aparelhamento reduzirá bastante. O PT perdeu a bandeira da ética e a sociedade conheceu a face cruel da esquerda, assim na minha opinião resta a parcela ideológica da sociedade que, sem poder, tende a diminuir. Desculpe a minha inocência, mas sou um otimista incorrigível”.

O que respondi é um resumo do que penso sobre a esperada reconstrução de nosso país e, por isso, resolvi postar aqui, para sua leitura, reflexão e comentário:

“Minha preocupação é com esta tendência de nossa sociedade se apoiar em bandeiras da ética.

Já tínhamos visto isso antes num certo caçador de marajás, que também deu em “impeachment”, mas bastaram 14 anos para o brasileiro cair de novo no conto de outro salvador da pátria, com Lula e o PT.

Não basta o mandatário ou os políticos serem éticos e honestos, aliás os políticos somente serão éticos e honestos quando o povo brasileiro for ético e honesto, pois os políticos nada mais são do que uma parcela do povo brasileiro, aliás eles representam exatamente a qualidade (formação, educação, atitudes, crenças, comportamento, etc) média da nossa sociedade, pro bem e pro mal…

Os políticos brasileiros são como a média do povo que representam: pensam, antes de tudo, em si mesmos, defendem seus próprios interesses, priorizam o bem estar individual em detrimento do coletivo
Os políticos brasileiros são como a média do povo que representam: pensam, antes de tudo, em si mesmos, defendem seus próprios interesses, priorizam o particular em detrimento do coletivo

O que precisamos agora é estabelecer um monitoramento permanente, quase policial, da atitude de todos aqueles que vivem do dinheiro público, sejam políticos das esferas federal, estadual ou municipal, de todos os poderes, executivo, legislativo e judiciário, assim como de todos os servidores de órgãos e empresas públicas, além das ONGs, parcerias público-privadas e de todos os criativos mecanismos criados para sugar os cofres públicos.

Os altos impostos brasileiros alimentam uma oligarquia formada pela classe política e servidores públicos
Os altos impostos brasileiros alimentam uma oligarquia formada pela classe política e servidores públicos

Uma vez feito isso (e já começamos a fazer), é urgente fazer reformas profundas, as conhecidas reformas que todos falam mas ninguém encara:
– Reforma política
– Reforma tributária
– Reforma trabalhista
– Reforma previdenciária

Com a maior longevidade da população, o novo governo deverá rever a idade mínima para aposentadoria, para desligar a "bomba relógio" da previdência social
Com a maior longevidade da população, o novo governo deverá rever a idade mínima para aposentadoria, para desligar a “bomba relógio” da previdência social

Em seguida (pois essas 4 reformas acima são prioritárias e impactam todas as demais políticas), devem ser priorizados apenas 2 itens que, sozinhos, têm o poder de mudar a cultura de uma sociedade:
– Saúde
– Educação

Todo o restante (transportes, moradia, saneamento, emprego, comunicações, energia, etc etc etc) será resolvido ao longo do tempo, com planejamento adequado e execução obstinada, se os itens acima tiverem o tratamento prioritário que merecem, e que recebem em todos os países que, um dia, pretenderam, planejaram, investiram e sairam desse atoleiro que o Brasil está.

Mesmo que isso demore alguns anos ou até algumas gerações, há que se começar um dia, e vejo esta como mais uma oportunidade para darmos o primeiro passo.

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Obs.: Este é o primeito trecho da conversa com Wildes, que prosseguiu com o detalhamento das propostas de reforma sugeridas. Em breve, publicaremos a continuidade desta conversa.

A QUEDA DO POSTE

“Serei carta fora do baralho”.

Com este vaticínio, Dilma finalmente acertou…

Tal e qual um profeta, ela conseguiu antecipar seu próprio futuro, habilidade que nunca demonstrou ter durante os 64 meses que esteve à frente dos destinos da nação.

Alguém me perguntou o motivo do Temer também não ter sido impedido e, após as explicações regimentais, afirmei que o “impeachment” não é propriamente um julgamento, mas um processo eminentemente político.

A motivação pode ser corrupção, crime de responsabilidade ou outra, mas o que realmente leva o “impeachment” a superar o passo-a-passo burocrático dos discursos, embates e votações (nas Comissões, na Câmara, no Senado etc) é mesmo a pura vontade política oriunda do clamor das ruas.

Somente crime de responsabilidade (ou corrupção) não é suficiente. Somente vontade política também não é suficiente. A vontade das ruas isoladamente também não resolve a parada.

Dilma será impedida por ter conseguido a proeza de unir esses 3 ingredientes numa panela só (não, o panelaço não vem dessa analogia), associado a um quarto ingrediente, um baita tempero, que apimentou o caminho para o processo: a sua conhecida incompetência serial.

– Incompetência de origem: aceitou Lula compará-la a um poste e permaneceu comportando-se como um.

– Incompetência no discurso: quando leu, errou a leitura, quando improvisou, falou absurdos, quando não sabia, gaguejava, quando achava que sabia, chocava com seu pensamento caótico.

Poucos presidentes brasileiros deixaram um legado de tantas frases e pensamentos para a história...
Poucos presidentes brasileiros deixaram um legado de tantas frases e pensamentos para a história…

– Incompetência política: errou nomes de ministros, ignorou deputados e senadores, desrespeitou partidos inteiros, esqueceu de combinar com os aliados, maltratou os não-aliados.

– Incompetência estratégica: absorveu o papel de presidente submissa a um ex-presidente que tinha projeto de retornar ao poder.

– Incompetência de gestão: conseguiu destruir, em um mandato, tudo o que Lula colheu de resultados do que foi plantado desde o Plano Real de Itamar Franco.

A política brasileira é engraçada, é mesmo o retrato de nosso povo e, por isso, Dilma ainda posará de vítima, de coitada, de perseguida.

Como brasileiro prioriza o mais fraco (torcemos para o lutador que está perdendo), valoriza a pobreza (achamos que ser rico é sinônimo de ser ladrão), acalenta o perdedor (choramos com as quedas que nos tiram a medalha de ouro), é bem possível que Dilma ainda venha posar de vítima, de coitadinha, de injustiçada.

Dilma abatida atinge Lula mas não o anula
Dilma abatida atinge Lula mas não o anula

E será muito importante a manutenção de toda a mobilização popular, pois o poste de Lula estraçalhou o futuro de uma geração inteira, mas haverá ainda quem vote no sujeito em 2018.

Quem viver verá…

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