QUE BRASIL VOU DEIXAR PARA MEUS NETOS?

Eu não me considero especialista em política, mas acho que entendo um pouco de economia, em especial aquela do empreendedor que botou a mão na massa uma vida inteira.

Mas percebo que, politicamente, nosso país tem características únicas:

  • Aqui a imprensa é livre, mas não isenta, as empresas formais de imprensa manifestam livremente a sua falta de isenção, escolhendo um lado ou outro, para quem fazem campanha travestida de notícia, tentando influenciar (não informar) a população.
  • Até parece piada, mas aqui o traficante é viciado em seu próprio produto.
  • Aqui os institutos de pesquisa não medem tendências, seu principal objetivo é apresentar resultados que interfiram nas tendências.
  • Aqui libertam-se políticos corruptos (condenados e sentenciados) para que concorram em eleições e, assim, tenham o direito de voltar à cena do crime.
  • Outra que parece piada, aqui as prostitutas apaixonam-se verdadeiramente por seus clientes (e são correspondidas).
  • Aqui pagamos salário ao assassino preso, mas deixamos a família da vítima à míngua sem qualquer tipo de assistência financeira do poder público.
  • Aqui todos defendem a democracia, desde que a opinião do outro seja igual à sua.

Vejo a polarização das eleições presidenciais como uma “forçação” de barra, dos dois lados, para tentar transformar uma eleição para um mandato de 4 anos em um fato que iria transformar a ideologia de uma nação.

Ledo engano…

Considerando o programa ideológico dos dois partidos e suas coligações (incluindo parcerias de última hora), caso Bolsonaro vença esta eleição, serão 4 anos de seu segundo mandato, e só.

Da mesma forma, se Lula vencer, serão 4 anos de seu terceiro mandato, e só, pois não vejo a menor possibilidade de Lula concluir este mandato, devido à sua saúde e idade e ao desgaste que sofrerá ao tentar implantar um programa de governo diametralmente oposto ao pensamento da maioria do Congresso recém-eleito.

Simplesmente porque 4 anos não é tempo suficiente para mudança do comportamento, do pensamento ou da ideologia de uma nação.

Por isso, encaro a decisão de votar em um ou em outro, puramente do ponto de vista da economia, que impacta a vida de todos no curto e médio prazos (inflação, emprego, produtividade, estabilidade etc) e influencia o futuro do país no médio e longo prazos (saúde, educação, segurança, empreendedorismo etc).

Surpreendo-me também com quem pretende anular o voto, sob a premissa de que “eu não consigo votar num falastrão despreparado nem em um ladrão sentenciado por unanimidade em todas as instâncias”.

Eu habituei-me, ao longo da vida, a fazer as escolhas mais difíceis, mesmo entre duas opções que não atendem aos meus requisitos, pois há sempre a alternativa menos ruim para o momento da decisão.

Acho que anular o voto não é uma das opções, como muitos apregoam na defensiva.

Anular o voto é ficar em cima do muro, é não ser capaz de escolher, é “lavar as mãos” para se isentar do resultado, é omitir-se diante de um desafio, é a triste opção por não decidir.

É hora de escolher entre o forno e a frigideira !

Que assuma a condução da economia brasileira (sempre através do Congresso Nacional), aquele que o povo brasileiro escolher livremente no dia 30/10/22.

Boa eleição a todos !

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O PRESIDENTE FOI MAL ORIENTADO

Verdade seja dita: o ministro Marcelo Álvaro Antonio tem se empenhado em destravar importantes gargalos ao desenvolvimento do mercado de viagens e turismo brasileiro.

A liberação do visto para americanos, australianos, japoneses e canadenses e a participação de até 100% de capital estrangeiro nas cias. aéreas nacionais são alguns destes acertos, além da aprovação da Lei Geral do Turismo, engavetada há anos sabe-se lá em qual gaveta…

Na ânsia de promover ações assertivas em diversas áreas nestes primeiros 100 dias de governo, o presidente Jair Bolsonaro foi levado ao erro de acreditar que o governo economizará através da compra direta de passagens aéreas pelos órgãos públicos do governo federal.

Esta iniciativa, originada no governo Dilma, provou-se um verdadeiro fracasso devido ao descontrole sobre as tarifas aéreas, quando reservadas e emitidas sem a devida consultoria de uma agência de viagens corporativas (ou TMC).

Sobre este assunto, postei aqui no Blog em 19/07/2016, sobre a desastrosa iniciativa do PT de criar a central de compras de passagens aéreas, incluindo denúncia contra equipe do MPOG Paulo Bernardes, no texto COMPRA DIRETA DE BILHETES AÉREOS PELO GOVERNO FRACASSA

Neste texto, provo matematicamente que o preço médio dos bilhetes aéreos emitidos pela tal central de compras do MPOG foi mais caro do que o preço médio dos bilhetes aéreos emitidos pelas agências de viagens corporativas no ano anterior, apesar da divulgação equivocada do MPOG na época.

Acrescente-se a isto os óbvios custos extras proporcionados pela equipe contratada (ou desviada de função) da central de compras, além do custo da tecnologia (online booking tool) contratada para este projeto e de sua integração ao SCDP (sistema de concessão de diárias e passagens do MPOG).

Governo do PT estatizou a atividade de agenciamento de viagens para servidores do MPOG
Governo do PT tentou estatizar a atividade de agenciamento de viagens para servidores do MPOG e o governo atual caiu neste engodo

Coincidência ou não, a área responsável pelo desenvolvimento deste projeto de estatização no governo do PT, foi a Assessoria Especial para Modernização da Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, cujo titular à época era Valter Correia da Silva, que comandou a “modernização” da gestão do MPOG, de nov/2012 a fev/2015, quando saiu para assumir a Secretaria Municipal de Gestão do prefeito Fernando Haddad.

Em 2016, Valter Correia da Silva, ex-assessor do ministro Paulo Bernardo e ex-secretário do prefeito Haddad, foi preso na Operação Custo Brasil, que apura desvios de mais de R$ 100 milhões em propinas, entre 2010 e 2015, de contratos no Ministério do Planejamento, relacionados a serviços do sistema de empréstimos consignados aos servidores federais.

Como afirmei, o mais provável é que tenha sido “mera coincidência” o fato de que a iniciativa de “modernização” (que culminou com a estatização do agenciamento de viagens e resultou em preço médio de passagem mais caro), tenha sido implementada pelo mesmo assessor especial e pelo mesmo ministro que estão presos por outro projeto de “modernização” de gestão, o dos empréstimos consignados, este também alardeado como uma iniciativa de grande alcance social, com um sistema de controle que traria “muitas vantagens” para a administração pública…

Por tudo isso, reafirmo que o presidente Bolsonaro não foi tecnicamente informado por quem entende do assunto, sobre as desvantagens da compra direta pelos órgãos públicos, da mesma forma que tal iniciativa não encontra sucesso entre as empresas privadas que a implementam.

Não foi à toa que as principais associações de agências de viagens, direta e injustamente impactadas pela medida, reagiram através de correspondência diretamente à Presidência da República, casos da ABAV-DF em 28/03/19, da ABAV Nacional em 29/03/19 e da ABRACORP em 29/03/19 e ABRACORP novamente em 01/04/19.

O jornalista Claudio Humberto também opinou a respeito, em sua coluna no Diario do Poder, atribuindo a lobistas a informação equivocada consumida pelo presidente.

Ok, o governo mudou e o Brasil mudou, mas alguém precisa mostrar ao presidente que a compra direta, através da estatização da atividade de agenciamento de viagens, gera prejuízos aos cofres públicos e não combina com um governo liberal.