A TECNOLOGIA QUE SUBSTITUI O TRABALHO

Sobre a interessante matéria publicada ontem pela Janize Colaço sobre as mudanças nas carreiras, e no próprio conceito do emprego, provocadas pelas novas tecnologias.

Este é o principal desafio dos planejadores da sociedade que queremos para as próximas gerações: o trabalho humano está sendo substituído.

Muita tecnologia, automação total de processos, integração plena de sistemas, disseminação da internet das coisas, tudo muito bonito, mas o crescimento populacional continua vertiginoso e ninguém ainda conseguiu imaginar no que as pessoas vão trabalhar?

Alguém poderá pensar que as carreiras estão mudando, as especialidades serão outras ou talvez não precisemos de tantos trabalhadores… Será?

A tecnologia vem substituindo diversas profissões, algumas bem tradicionais como caixas de banco, relojoeiros, operadores de telemarketing, árbitros esportivos, caixas de supermercado, analistas de crédito, embaladores, carteiros, entre diversas outras.

A tecnologia levou a robotização da sociedade a um caminho sem volta
A tecnologia levou a robotização da sociedade a um caminho sem volta

O mais incrível é que a maioria das pessoas não percebe esta ameaça à sua profissão e insiste em manter-se na sua especialidade mesmo quando tem alternativa, capacidade e talento para mudar o roteiro da sua vida.

Algumas outras atividades vêm sofrendo o impacto da internet, enquanto fornecedora infinita de informações a qualquer indivíduo, tais como as de consultoria (médica, jurídica, de turismo, financeira etc), afinal o Google descobre tudo rapidamente a custo zero.

Apenas para ilustrar o quanto a automação de processos vem avançando rapidamente, a montadora Ford acaba de anunciar que em até 2021, lançará o primeiro veículo totalmente autônomo, a ser industrializado e vendido em massa, através de suas concessionárias.

Nem Google, Apple ou Tesla, o primeiro carro autônomo nas ruas será de uma montadora tradicional
Nem Google, Apple ou Tesla, o primeiro carro autônomo nas ruas será de uma montadora tradicional

Não é um teste, não é um demo, não é um piloto, será o primeiro carro autônomo (sem volante, sem acelerador e sem pedal de freio) que você poderá comprar normalmente para uso na cidade ou nas estradas.

Pense nisso: será daqui a somente 5 anos…

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BREXIT, BRAXIT E OUTRAS XENOFOBIAS

Assim como todo mundo, andei lendo sobre a decisão dividida da Grã-Bretanha, sobre permanecer ou deixar de integrar a União Europeia, e suas consequências para o próprio Reino Unido, para os demais países da Europa e, de certa forma, para o mundo, entre outros motivos, por colocar em xeque o modelo geográfico de alianças entre as nações.

Mas o que mais me intrigou não são os potenciais resultados desta estranha decisão, mas sim quais as reais motivações para metade dos britânicos terem optado pelo caminho solo num mundo cada vez mais globalizado e que, por isso, parece melhor atuar em blocos com mais afinidades do que divergências.

O melhor comentário sobre isto encontrei no texto imperdível de Leandro Ruschel:

Brexit e a maior mentira de todos os tempos

Na contra-mão da visão de Ruschel, este vídeo abaixo é uma aula sobre aquilo que considero ser a real motivação cultural da decisão britânica (embora o vídeo sequer cite este assunto).

Recomendo que você ganhe alguns minutos do seu dia para assisti-lo e fazer a sua própria reflexão.

https://youtu.be/3SI1yFjgnfU

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BANDO DE IMPERIALISTAS !

A compra do Linkedin pela Microsoft, assim como em casos anteriores de aquisições bilionárias no setor de tecnologia, nos remete àquele jogo de mesa chamado WAR, em que os jogadores recebem uma quantidade limitada de recursos e estabelecem suas estratégias para conquistar territórios em um mundo loteado em regiões, sob determinadas regras conhecidas por todos.

Essas estratégias envolviam sigilo, dissimulação, ataques diretos, alianças, investimentos, agressividade, recuo estratégico, entre outras táticas comuns na guerra, nos negócios e na vida.

A aquisição do Linkedin pela Microsoft, por si só, não é tão surpreendente assim, considerando que entre os gigantes imperialistas da tecnologia (e são poucos) a Microsoft é a que tem mais claramente demonstrado sua vocação para dominar o território corporativo.

O sinal mais significativo deste movimento é o que foi destacado pelo Michel Lent Schwartzman no texto abaixo, publicado no próprio Linkedin, em 08/06/2016.

A ERA DOS IMPÉRIOS DA INTERNET

Por Michel Lent Schwartzman
June 8, 2016

Se por um lado a internet democratizou os meios de publicação e pode ser considerado um território livre, por outro lado, cada vez mais ela se prova como uma terra de gigantes e de monopólios. De verdadeiros impérios.
Senta que lá vem a história.

No início dos anos 1990 a internet nos EUA era a America Online. (AOL). Ou era a Prodigy. Ou a Compuserve. Estes eram os principais bulletin board systems, os famosos BBSs, precursores de tudo o que veio depois.

America Online já foi um dos grandes impérios da internet
America Online já foi um dos grandes impérios da internet

Os BBS eram reinados. Comunidades fechadas, com notícias, jogos, mensagem entre usuários, fotos. Assim, tipo Facebook, sabe? Com a diferença que você precisava pagar para assinar estes serviços e não havia forma de sair deles para a internet.

No Brasil existiam alguns BBSs também. Eram poucos. Éramos muito poucos usando este tipo de sistema. Você ligava o computador, pegava o seu modem de 2400 bps, ligava na linha telefônica, ouvia aquele ruído peculiar de conexão e entrava num destes sistemas.

Modem para acesso à internet via conexão telefônica discada...
Modem para acesso à internet via conexão telefônica discada…

Nesta época, já existia a internet livre, que te permitia acessar diversos sistemas, mas só era possível fazer através de comandos de texto e havia muito pouco pra se conhecer. O que deixava tudo muito desinteressante.

Daí, entre 91 e 94, o mundo começou a conhecer a Web. A World Wide Web era uma forma de navegar pela internet através de imagens, textos e links. Construída em cima da estrutura da internet, a Web nos permitia total liberdade e tudo parecia que ia ser assim.

Mas era uma época em que menos de 0,5% da população mundial tinha acesso , e que com o passar dos anos foi crescendo a velocidades estonteantes (hoje estamos em quase 50% de penetração global).

Com o passar do tempo vieram os buscadores de site (imagine que antes não dava pra encontrar um site sem saber o endereço), primeiro os catálogos como o Yahoo! (e o Cadê? no Brasil) e em seguida os buscadores mesmo como o precursor Altavista e, a partir do final dos anos 90, o Google.



O Cadê? foi o maior catálogo de internet do Brasil, por onde toda busca começava
O Cadê? foi o maior catálogo de internet do Brasil, por onde toda busca começava

A partir dos buscadores e de todas as outras opções que a internet oferecia, os serviços como AOL e demais BBSs, os primeiros reinados, começaram a perder a relevância e se tornaram profundamente desinteressantes e restritos, perto de toda a internet livre que tínhamos pra acessar.

Muitos BBSs se transformaram em provedores de acesso à internet e a maioria foi fechando ou sendo comprada com o passar dos anos.

Vimos então chegar a era dos blogs, dos sites, e a internet parecia realmente estar tomando um curso de boa distribuição e forças equilibradas. Ainda havia grandes concentradores de audiência (como os portais), mas nossa jornada online era pulverizada em inúmeros sites diferentes.

Entretanto, depois de alguns poucos anos, o fenômeno voltou a ocorrer. A partir do final dos anos 2000, novas plataformas gigantes começaram a se formar e a audiência mundial da internet voltou a se concentrar em poucos e grandes impérios, separados nesta nova fase em temas.

– Videos no Youtube.
– Pesquisa e ferramentas de produtividade no Google.
– Fotos com celular no Instagram.
– Mensagens curtas no Twitter.
– Rede profissional no LinkedIn.
– Textos mais profundos no Medium.
– Amigos, notícias e todo o demais no Facebook.
– E mais o mobile com seus apps.

98% das buscas de vídeos na internet passam pelo Youtube
98% das buscas de vídeos na internet passam pelo Youtube
 
Faça uma lista dos sites e/ou que você acessa todos os dias e vai perceber que não vão passar de 5. Sua comunidade de amigos. Notícias. Serviços financeiros. Shopping.

Por força do hábito, característica humana, ou apenas preguiça, apesar de termos toda a internet ao nosso dispor hoje em dia, voltamos a nos comportar basicamente como fazíamos na época da AOL e concentrando nosso tempo e atenção em alguns poucos canais. Agora, não mais por falta de opção. Talvez justamente pelo excesso de coisas pra escolher, acabamos nos acostumando e ficando com apenas alguns.

E na medida em que nos concentramos em poucos sites, fortalecemos estas empresas, criando verdadeiros gigantes capazes de comprar tudo e todas, que vão se tornando cada dia maiores, mais complexas e mais monopolistas.

Se nos anos 90 já tínhamos uma concentração grande, a atual concentração de pessoas em uma mesma plataforma é uma situação absolutamente sem precedentes, criando discussões inéditas, como que efeito sobre o humor da população mundial pode ter uma simples mudança de algoritmo que define o que é mostrado no mural das pessoas numa rede social.

Pense que hoje o Facebook hoje pode ser considerado o pais mais populoso do mundo, com 1,65 bilhão de “habitantes” (a China tem 1,3 bilhão de habitantes).

Se o Facebook fosse um país, teria mais "habitantes" do que a China...
Se o Facebook fosse um país, teria mais “habitantes” do que a China…

Isso faz de Mark Zuckerberg (e líderes de outros gigantes) verdadeiros imperadores romanos dos tempos modernos cujas decisões têm impactos em centenas de milhões de pessoas em todas as partes do mundo.

É claro que empresas desta natureza não são comandadas por um único indivíduo. Conselhos, decisões conjuntas e toda espécie de sistemas de decisão compartilhada são perseguidas, justamente para evitar tanta responsabilidade nas mãos de poucos, mas ainda assim o mundo cada vez mais se vê concentrado nas mãos de muitos poucos players, cujas decisões não conhecem fronteiras e cada vez mais expandem seu alcance. E da mesma forma que estão estabelecidos hoje, amanhã pode ser que não existam mais.

Assim como outros impérios que a história do mundo já viu.

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Obs.: Raramente publico texto de outros autores e, quando o faço, é porque considerei o texto interessante, com conteúdo relevante e oportuno, merecedor da atenção dos leitores do Blog B2B Tech. É o caso deste texto, originalmente postado no Linkedin por Michel Lent Schwartzman

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