E AGORA, IATA? O QUE SERÁ DO NDC?

Há 5 anos e meio, em 28 de junho de 2013, postei aqui pela primeira vez sobre o NDC, ou New Distribution Capability, o novo padrão tecnológico, proposto e promovido pelo IATA, para a distribuição de reservas aéreas em todo o mundo, num texto que sequer citava a sigla que agora tornou-se famosa: SOBRE AGÊNCIA, GDS, OTA, CIA. AÉREA E IATA.

De lá para cá, muita coisa mudou, o IATA patrocinou e promoveu de forma obstinada o desenvolvimento deste novo padrão, muitas empresas de tecnologia apostaram no novo modelo, o Brasil foi o primeiro país, ainda em 2015, a homologar oficialmente a emissão do primeiro bilhete aéreo no padrão NDC nas Americas (antes mesmo dos EUA), e toda a indústria de distribuição segue investindo pesadamente na evolução de sistemas baseados no novo padrão.

Atualmente, ouvimos falar do NDC com uma frequência cada vez maior mas, recentemente, um importante movimento de aquisição empresarial lançou uma dúvida sobre o tema:

Com a Farelogix by Sabre e a Navitaire by Amadeus, qual será o futuro do NDC como padrão aberto, democrático e “sem dono”?

Para entender o que está jogo, vale recapitular o resumo desta ópera, em 7 atos:

1) Visando recuperar o controle da estratégia de distribuição dos produtos de suas associadas, as cias. aéreas, o IATA iniciou um ambicioso projeto para estabelecer um novo padrão para o desenvolvimento de sistemas de reservas aéreas.

2) Alguns poucos fornecedores de tecnologia aderiram na primeira hora e se especializaram no novo padrão, o que os levou a conquistar importante espaço junto às cias. aéreas de todo o mundo, para aderirem a seus sistemas de hosting e distribuição de reservas aéreas através de direct connect (conexão direta sem uso de GDS) baseado no novo padrão NDC.

3) As 2 empresas mais proeminentes nesse novo mercado, Farelogix e Navitaire, ambas norteamericanas, cresceram e se desenvolveram graças à oportunidade gerada pelo NDC e, por isso, passaram ambas a serem percebidas como os novos hubs do mercado de distribuição de reservas aéreas.

4) Depois de alguns anos de evolução (das cias. aéreas, do padrão NDC, das plataformas de distribuição, dos OBTs a elas integrados, das TMCs etc) os GDSs perceberam o que um padrão tecnológico único e aberto ao mercado representará para o seu negócio e, imediatamente, reagiram e resolveram “liderar” esta nova corrida do ouro.

5) De uma postura inicial reativa, passaram a participar proativamente, interagir e influenciar as diretrizes do novo NDC, um padrão tecnológico em constante desenvolvimento, através de reuniões, conferências, grupos de trabalho e diversos outros foruns promovidos pelo IATA.

6) Num segundo momento, identificaram os 2 principais players desse novo jogo mundial da distribuição de reservas aéreas, que apesar de ainda incipiente em relação ao volume total de viagens, está em vertiginoso e incontrolável crescimento.

7) Amadeus adquiriu a Navitaire e Sabre adquiriu a Farelogix, duas companhias construídas com o paradigma de superar os padrões fechados (e caros, segundo as cias. aéreas) dos GDSs, utilizando o novo padrão NDC do IATA.

Neste momento, todos os olhos e ouvidos estão voltados para o próximo movimento da IATA, que poderá responder (ou não) o que toda a indústria de distribuição de viagens precisa saber, em especial aqueles que acreditaram e seguiram investindo no NDC, baseados na proposta da IATA de um padrão aberto, democrático e “sem dono”:

Golias venceu David?

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Veja outros posts sobre o NDC aqui no Blog B2BTech:

NOVA CAPACIDADE DE DISTRIBUIÇÃO de 25/02/2014

NOVO ANTIGO DESAFIO (DESDE 2004) de 05/08/2015

PONDO ORDEM NA CASA de 28/03/2016

BAGAGEM EM TEMPOS DE NDC de 12/06/2017

A ERA DA INSEGURANÇA

Vivemos em um mundo inseguro, desde a Idade da Pedra isso não mudou.

Por questão de sobrevivência, continuamos obrigados a atentar para os riscos da subtração indesejada, furtiva ou violenta, de todo e qualquer bem, material ou não, que se tenha adquirido, o tal do senso de propriedade, tal caro para quem os conquista de forma legal.

E a indústria da insegurança prosperou, e continua a prosperar, proporcionalmente às conquistas da humanidade, que quanto mais avança, quanto mais desbrava, quanto mais conquista, tanto maiores são os riscos e, consequentemente, maiores os investimentos em tentar evitá-los ou, ao menos, reduzi-los.

Grades, muros, portões, portas blindadas, sistemas de monitoramento, equipes de vigilância, sistemas de iluminação com sensor de presença, arames farpados e de concertina, cercas eletrificadas, sensor infravermelho, carros blindados, onde tudo isso vai parar?

A insegurança tecnológica

Depois que Gates lançou em 1995 o livro “The Road Ahead” (aqui lançado como “A Estrada do Futuro”) e em 1999 “Business @ the Speed of Thought” (aqui “A Empresa na Velocidade do Pensamento”), duas obras que demarcaram o final da transição da economia global, da era industrial para a era da informação, começou-se a entender onde toda essa revolução tecnológica poderia nos levar, e levou…

Informação é poder: os dados são a nova moeda no mundo dos negócios.

As empresas disputam o controle e a gestão da informação colhida, não que ainda saibam como utilizá-la de forma eficaz, ainda estão aprendendo com os erros, muitos erros (Mark que o diga), mas ninguém quer ou pode perder informação.

Ou seja, antes de tudo, buscam preservar a informação obtida, mantê-la guardada, disponível, mas segura, para ser utilizada para o bem do consumidor, dentro dos limites da lei (ainda pouco definidos), mas dentro dos limites da ética, neste caso delimitada pela opinião dos próprios consumidores, geradores e, em última análise, detentores dos dados.

Cada vez mais as empresas preocupam-se com quem é o fiel depositário de seus dados comerciais e estratégicos. Além de segurança, confiança é fundamental.

Por isso, dentro do ambiente do ecommerce, prospera o crescimento das exigências de segurança pelas entidades envolvidas (PCI DSS por exemplo), a evolução das práticas processuais na internet, a multiplicidade de mecanismos de segurança digital, as inovações tecnológicas para filtrar (e dificultar) o acesso, a criptografia, os antispam, os antimalware, os antiphishing, os antipopup, o backup do backup, os firewalls, os tokens físicos, os tokens digitais, os teclados virtuais, as verificações de robô captcha e no-captcha, as senhas cada vez maiores e mais difíceis de parametrizar e memorizar, as perguntas personalizadas para recuperação de senha, as contra-senhas, os PINs, os PUKs, o touch id, o face id e, por fim (por enquanto), os ambientes de navegação fechados, com token digital encapsulado no App, lançados pelo internet banking, como a última panaceia para garantir a segurança de transações pela internet.

Assim como no mundo físico, aprendemos que a segurança digital pode ser gerenciada e os riscos reduzidos a um mínimo possível, geralmente proporcional ao valor do que está sendo transacionado e/ou guardado.

Fato é que se o seu negócio é intensivo em transações pela internet, independentemente da forma de pagamento utilizada, o investimento em segurança digital deixou de ser opcional, agora é mandatório, e postergá-lo significa ampliar o risco de fraude e/ou desvio de dados de seus clientes.

Em qualquer dos casos, seu negócio poderá estar em risco e por isso, além de segurança digital para garantir a integridade dos dados, tornou-se crucial ter confiança no depositário e operador das suas informações digitais.

Ou você entregaria seus dados comerciais para alguém que você não confia?

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Leia outros textos da série ERA:

A Era da Velocidade

A Era da Abundância

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PERGUNTAS DE 1 BILHÃO DE DOLARES

Lendo matéria sobre a OrCam, uma empresa com cerca de 120 funcionários que acaba de atingir a incrível avaliação de U$ 1 Bi, debati com Solange e Vabo Jr sobre o que efetivamente pode levar uma startup a trilhar este caminho espetacular.

Neste caso específico, além do propósito de fazer o bem, acredito que a forma que os empreendedores olharam para o problema e buscaram a solução, totalmente diferente de todas as linhas de pesquisa conhecidas, foi e é o grande trunfo deste projeto, conforme descrevo abaixo:

Forma tradicional de encarar o desafio:
– Problema: Cegueira (total ou parcial)
– Solução: Enxergar (cura)
– Pesquisas nos últimos 15 anos:
1) Chip para estímulo elétrico na retina.
2) Câmera transmissora de imagens para o cérebro.
3) Terapia genética com células-tronco.

As principais pesquisas relacionadas à cegueira buscam fazer o paciente voltar a enxergar

A Orcam não investiu em nenhuma dessas linhas de pesquisa e nem criou outra, mas focou em uma nova forma de abordar o problema, reformulando a solução a ser pesquisada.

Forma disruptiva de encarar o desafio:
– Problema: Cegueira (total ou parcial)
– Solução: Informar (substituição)
– Pesquisa da Orcam:
1) Substituir a informação visual por informação auditiva.

Para maiores informações, conheça o OrCam MyEye

Essa nova forma de abordar o problema, associado a um propósito nobre e uma gestão empreendedora eficaz (os fundadores da Orcam são os mesmos que fundaram e venderam a Mobileye para a Intel por USD 15 Bi), foi o que permitiu um caminho de sucesso para o empreendimento.

A solução para uma pergunta complexa pode não estar na resposta em si, mas em como se faz a pergunta…

Apenas como exercício, listei abaixo 5 perguntas complexas, relacionadas a grandes dilemas da economia global, cujas soluções podem estar na reformulação dessas perguntas e não propriamente em suas possíveis respostas.

Quer tentar?

Pergunta 1
Como manter o fluxo de capitais privados para pesquisas de empresas de biotecnologia, uma ciência que elimina seus próprios clientes em 5 a 10 anos?

Pergunta 2
Como disseminar uma mentalidade de valorização do empreendedorismo, do empenho, do esforço, do trabalho, da busca de resultados e da recompensa pelo mérito, numa sociedade socialmente desequilibrada?

Pergunta 3
Como o avanço conjunto da inteligência artificial, big data, internet das coisas e robótica cognitiva, efetivamente impactará os empregos e a economia global?

Pergunta 4
Como incentivar laboratórios a investir na cura de doenças e não no tratamento de pacientes?

Pergunta 5
Como reduzir a violência mundial sem impactar a trilionária indústria da segurança militar, policial, patrimonial e pessoal?

Se você conseguir reformular essas perguntas de um jeito que simplifique a solução desses problemas de uma forma inovadora, você pode estar no caminho de desenvolver uma ideia para um novo unicórnio global.

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