QUAL O “TRUQUE” DA SUA EMPRESA?

Segundo Steve Ballmer, ex-CEO e atual maior acionista da Microsoft, a maior parte das empresas tem apenas uma criação e se esta criação for brilhante, isto é suficiente para torná-la bem sucedida.

“Muitas empresas são o que chamamos de ‘mágico de um truque só’. Se você tem essa postura no mercado, você será bem-sucedido, pois fez algo de forma brilhante, criou uma coisa e acertou”, declarou ele durante palestra na Oxford University, Inglaterra.

Ballmer citou a Coca-Cola como caso clássico de criação de um produto revolucionário que sustenta a empresa até hoje, além de Apple e Microsoft como grandes companhias que se sustentam até hoje baseadas em um ou, no máximo, 2 “truques” (ou criações).

Segundo Steve Ballmer, a Microsoft opera até hoje baseada em dois "truques" criados por Bill Gates: o PC e a tecnologia corporativa
Segundo Steve Ballmer, a Microsoft sobrevive baseada em dois “truques” criados por Bill Gates: o PC e a tecnologia corporativa

No Brasil, quando uma empresa é criada a partir de um determinado produto ou serviço e, ao longo do tempo, se vê na situação de diversificar para crescer, a criação original é batizada de “vaca leiteira” ou de “galinha dos ovos de ouro”, dependendo da situação.

Ou seja, toda empresa pode e deve diversificar produtos e serviços, desde que evite por em risco a operação que suporta financeiramente a empresa, sob pena de lhe faltar o sustento para a sobrevivência.

Faça um exercício e imagine quais são os “truques” de grandes empresas que estão no nosso dia-a-dia: Friboi, Nestlé ou Samsung, por exemplo.

Ou ainda, identifique qual a criação original de grandes empresas do mercado de viagens e turismo brasileiro: Gol, CVC ou Blue Tree Hotels, por exemplo.

Melhor, reflita e responda: qual é mesmo o “truque” da sua empresa?

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A LUTA DE EDMAR…

Não dá para passar despercebido o trecho do post do Artur “Cadê o agente de viagens que estava aqui?” em que ele aponta a união entre as agências de viagens e entre as Abavs, como a única solução para a sobrevivência da nossa atividade e afirma, com todas as letras, que “não dá para a Abav contar apenas com as Abavs para que a feira funcione. E mesmo as Abavs não tinham (e ainda não têm, é uma luta de Edmar Bull) uma unidade e uma só língua e estratégia. Enfim… a união é a única solução.”

Ao reconhecer a luta de Edmar Bull, Artur refere-se a um dos 8 projetos iniciais da atual gestão (hoje já são mais de 30 ações em andamento das 50 planejadas até 2017), que é o projeto SOMOS UMA ABAV, seguramente o mais estratégico e que inspira o sucesso de todos os demais.

Batizado com uma expressão que, ao mesmo tempo que admite o que Artur afirma (“…as Abavs não tinham uma unidade e uma só língua e estratégia”), o projeto SOMOS UMA ABAV está sendo desenvolvido a partir de 3 ações iniciais:

1) Reuniões trimestrais com os presidentes das Abavs estaduais, buscando o alinhamento e a gestão participativa.

2) Unificação e padronização de marcas, emails, domínios internet, incluindo hospedagem e infraestrutura, recadastramento das agências de viagens associadas, alinhamento da comunicação associativa, unificação do posicionamento junto à esfera política federal etc.

3) Revisão do estatuto visando o fortalecimento da ABAV como instituição única com representações estaduais.

As ações 1) e 2) estão em pleno andamento e visam emprestar à gestão da entidade um modelo de governança baseado na busca por resultados, engajando as Abavs estaduais, de forma unificada, nas ações estratégicas de interesse do associado ABAV de qualquer lugar do país.

A ação 3), por si só, já é uma constatação de que o estatuto precisa ser atualizado aos novos tempos, priorizando a visão de longo prazo para a perpetuidade do negócio agência de viagens, única forma de unir tantos empresários em torno do principal objetivo comum nesses tempos de mudanças: a sobrevivência e o crescimento.

A luta de Edmar está só começando, mas já recebe tantas adesões que pode ser chamada de a luta do agente de viagens, o qual vem demandando, ao longo dos últimos anos, a modernização da ABAV.

Modernizar a ABAV passa pela modernização da atividade agenciamento de viagens, seus processos, sua relação com clientes, fornecedores e parceiros, entre outros desafios como o de atualizar o “mindset” do empresário agente de viagens.

Uma missão desta envergadura atesta e reconfirma o que Artur escreveu sobre a ABAV: “a união é a única solução”.

O momento de mudança é agora, o associado deseja isso e a oportunidade não poderia ser melhor.

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ESQUEÇA O “MOBILE FIRST”

O processo de desenvolvimento de novas soluções tecnológicas passa necessariamente por uma fase que chamamos de planejamento da arquitetura do sistema (ou “software architecture”), que nada mais é senão analisar todos os possíveis cenários de uso do sistema a ser desenvolvido, para construí-lo visando a máxima aderência do usuário.

Pode ser considerada uma das etapas do processo de “design thinking”, mas prefiro entendê-la como a integração entre o DT e o descritivo funcional, que é uma espécie de especificação técnica que antecede a codificação do sistema propriamente dito.

Abordo todo esse “tré-lé-lé” para comentar como o usuário final vem impactando o desenvolvimento de novos sistemas corporativos, sejam ERPs, Backoffices, OBTs, SGVCs, TEMSs (legenda no final do texto) ou quaisquer outros, em relação à migração de sua preferência nos últimos 15 anos: dos desktops para laptops, daí para tablets e, atualmente, para smartphones.

A dependência do smartphone começa cedo, influenciada pelo comportamento dos adultos
A dependência do smartphone começa cedo, influenciada pelo comportamento dos adultos

A explosão do mobile, bastante divulgada e debatida atualmente, causaram uma revolução também na produção de inteligência de software, o que levou muitas empresas de tecnologia a seguirem o que os centros de pesquisa e desenvolvimento já faziam há algum tempo: foco na plataforma mobile.

Sistemas pensados para uso via laptop passaram a ser desenvolvidos com versões App para plataforma mobile, um modelo caro de desenvolvimento e manutenção, devido aos diferentes sistemas operacionais das plataformas dominantes do mercado, que exigem equipes especializadas para cada uma, ou seja, vários profissionais fazendo basicamente a mesma coisa, para consumo por Apps diferentes.

Com as últimas versões dos “browsers” mais atualizados, que permitem praticamente todas as funcionalidades dos Apps, atualmente a tendência aponta para direção oposta, mais racional, prática, tão efetiva quanto os Apps e que não apresenta o risco do usuário encontrar versões diferentes de um mesmo sistema corporativo, de acordo com o sistema operacional de seu smartphone.

A metodologia de desenvolvimento baseda no “mobile first” venceu e a produção de software passou a focar nesta plataforma prioritariamente, deixando todas as demais (tablets, laptops e desktops) em segundo planos, gerando os sites chamados responsivos.

Os sites responsivos são desenvolvidos para se adaptarem à plataforma do usuário
Os sites responsivos são desenvolvidos para se adaptarem à plataforma do usuário

O fato é que a velocidade do predomínio do mobile sobre todas as outras plataformas está, agora, provocando nova ruptura no processo, não mais linear, de desenvolvimento de software, fazendo com que muitos sistemas passem a ser desenvolvidos com foco não mais prioritário, mas exclusivo, nas plataformas mobile.

É o tal do “mobile only”, uma tendência mundial (ainda distante para algumas famílias de sistemas) ditada pelo comportamento do consumidor, que compra e usa mais smartphones do que toda a soma de tablets, laptops e desktops, num movimento que o faz misturar definitivamente vida pessoal e profissional, sem qualquer diferenciação entre elas, a não ser a linha delimitatória que cada um consegue traçar no seu dia-a-dia.

Uma mudança de comportamento que parece interessante tecnologicamente, embora preocupante do ponto de vista das relações sociais, e que merece ser acompanhada de muito perto por quem produz sistemas para o usuário final.

Afinal, somos todos protagonistas desta revolução e co-responsáveis por aonde tudo isso vai dar…

A liberdade proporcionada pelo acesso ilimitado ao conhecimento trouxe também um novo tipo de não-liberdade, agravada pela escolha do usuário
A liberdade proporcionada pelo acesso ilimitado ao conhecimento trouxe também um novo tipo de não-liberdade, agravada pela escolha do usuário

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Glossário de alguns termos técnicos deste texto:

– Software architecture = definição dos componentes e propriedades externas de um software, incluindo as interações com outros softwares, com foco principal na análise das necessidades dos usuários para um sistema a ser desenvolvido.

– Tré-lé-lé = o mesmo que blá-blá-blá, só que com algumas tecnicalidades.

– Design Thinking = abordagem do planejamento e desenvolvimento de soluções centrado nas pessoas.

– ERP = enterprise resource planning = sistema de gestão empresarial.

– Backoffice = sistema de gestão financeira.

– OBT = online booking tool = sistema de reserva online.

– SGVC = sistema de gestão de viagens corporativas.

– TEMS = travel and expense management system = sistema de gestão de viagens e despesas.

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