O PRÓXIMO POTE DE OURO

Toda verdade absoluta pede desesperadamente para ser desmentida ou pelo menos questionada.

Nosso mercado de viagens e de turismo é a prova viva deste conceito, nunca tantas verdades absolutas foram tão frágeis e tão negadas quanto nos últimos 10 anos ou pouco mais, em alguns casos com estardalhaço, em outros, em silêncio obsequioso.

Empresas sólidas como rocha encerraram atividades ou quebraram, outras “fundiram” (neologismo para “foram adquiridas”) com empresas maiores ou mesmo concorrentes, algumas deram “cano” no mercado (em consumidores e em fornecedores) e, apesar de todo esse impacto, a vida segue calma e normalmente.

Tantas marcas consagradas que se foram, prestadores de serviços de excelência que sucumbiram, organizações de ilibada reputação que não puderam evitar o trincar do cristal da confiança, aquele mesmo que não cola nunca mais…

O que esperar então de empresas aventureiras? Como confiar em novos empreendedores que entram no mercado de viagens e turismo por uma brecha? Empresas que apresentam seus serviços como o novo pote de ouro no final do arco-íris (seja venda de pacotes a descoberto, compra e venda de milhas de terceiros, venda de tecnologia que não desenvolveram, venda de produtos que não existem, venda alavancada, venda de ilusões)…

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Uma das (poucas) vantagens da senioridade é o fato de que movimentos como este raramente geram surpresa, talvez pelo fato de termos testemunhado tantos e tantos casos, seja de cias. aéreas, redes hoteleiras, operadoras de turismo e agências de viagens, entre outros, que, de certa forma, ficamos um tanto quanto anestesiados para tudo isso.

Na sequência de nossa luta heróica pela manutenção do PERSE para o setor de viagens e turismo, agora seguimos lutando pela sobrevivência das empresas ao tal do arcabouço arrocho fiscal, cujo objetivo real, como todos sabemos, é bancar privilégios e financiar os gastos sempre crescentes do governo federal.

Quando digo “nós lutamos”, refiro-me à ABAV, Abracorp, Sindeturs e todas as demais entidades que representam a economia das viagens e do turismo, que nunca trabalharam tanto pelo nosso negócio.

Mas há uma preocupação permanente no ar, uma percepção que une clientes e fornecedores, grandes e pequenas empresas, empreendedores e funcionários, experientes e novatos, todos interligados e, de certa forma, interdependentes na mesma teia de distribuição de viagens e turismo: quem ou qual será o novo pote de ouro?

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UM ÚNICO CAMINHO A SEGUIR

Esses 12 meses de pandemia nos trouxeram as mais diferentes experiências e nos levaram a variadas reflexões.

Já sabíamos, mas agora experimentamos na carne, que não existe atividade econômica imune a situações de guerra, catástrofe climática e pandemia.

Naturalmente, os impactos variam de acordo com a dimensão e com a duração da situação, mas o fato é que a humanidade sempre transforma-se, de alguma forma, após viver uma dessas situações, que apesar de ocorrerem com pouca frequência, são situações que se repetem, sistematicamente, ao longo dos séculos e nos coloca (a humanidade), sem qualquer pudor, diante daquele surrado questionamento: como não previmos isso?

Temos, hoje, tecnologia de gestão de dados num nível de complexidade, que poderíamos (ou deveríamos) lidar com virtualmente ilimitados cenários preditivos relacionados a todas essas potenciais situações, mas é incrível que sejam investidos muitos milhões de dolares em previsão climática, mas quase nada possa ser feito para evitar furacões na Flórida e no Caribe (apenas como exemplo), fenômeno destruidor que se repete quase anualmente.

Da mesma forma, governos dispendem gigantesco esforço material e de inteligência, para antever movimentos e conflitos armados entre países e/ou grupos sociais, mas desde que o mundo é mundo, nunca nosso planeta experimentou um momento sequer de paz plena entre os povos.

As epidemias também sempre existiram, com maior ou menor proporção, mas quando atingem escala global e são chamadas pandemias, é que entendemos a fragilidade da natureza humana.

Essas 3 situações (guerra, catástrofe climática e pandemia) têm muitas diferenças entre si, desde a forma como começam, o quanto parecem evitáveis ou não e a maneira como são geridas, mas também reúnem importantes similaridades, todas consequência do desequilíbrio que geram no ecossistema econômico global:

1) Mexem no bolso

Impactam profundamente a estabilidade econômica no planeta.

2) Mexem nos sonhos

Minam silenciosamente a confiança das pessoas em planejar seu próprio futuro.

3) Mexem na fé

Corrompem a autoestima e a percepção de evolução da humanidade.

Mas uma coisa é absolutamente certa em qualquer uma dessas situações: elas passam…

Assim como nas guerras e nas catástrofes climáticas, esta pandemia nos levou, e ainda está nos levando, muitas vidas e deixando tantas outras com alguma sequela.

Pessoas da família, entre os amigos, da vizinhança, entre os conhecidos, dos colegas de trabalho e do mercado, vários foram vitimados, em maior ou menor grau de contaminação, pela covid.

Mas hoje, início de abril de 2021, o cenário começa a mudar, tão rapidamente quanto avança o processo de vacinação em massa.

Nos EUA, país que já está ministrando a primeira dose da vacina em jovens de 20 anos, a economia começa a reagir, numa velocidade diretamente proporcional ao desejo da população em voltar à vida anterior à pandemia.

Segundo a experiência pessoal de alguns colegas da Abracorp, alguns voos já lotam, o tráfego aéreo já começa a congestionar em algumas rotas, a hotelaria já recompõe preços, agências de viagens recontratam os demitidos, o povo americano quer botar o pé na estrada, ou melhor, o coração nos céus…

E esta é a boa notícia: a economia mundial está começando a reaquecer, liderada pelos países que investiram e planejaram a vacinação em massa da população.

Este é o caminho, o único caminho.

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COVID-19: NÃO VOU MUDAR MINHA AGENDA


Acho que sou um sujeito responsável, um pouco demais até, tenho atitudes e procedimentos de segurança muito próprios que, algumas vezes, tornam-me até um tanto chato para conviver.

Ainda bem que minha família e amigos próximos são tolerantes, entendem e aceitam o que chamam de minhas manias, mas que, na verdade, são hábitos bem disciplinados para redução de riscos, qualquer risco, na vida, nos negócios, na saúde, no dia-a-dia.

Isso não significa que não corro riscos, bem ao contrário, sou até chegado a encarar determinadas situações arriscadas, desde que minuciosamente analisadas e cuja relação chance X recompensa valham realmente a pena enfrentar.

Faço todo esse preâmbulo para afirmar que não vou mudar minha agenda nem meus hábitos por causa do coronavirus:

1) Vou para a Europa ainda em março e para os USA em maio.

2) Continuarei a lavar bem as mãos, da forma e na frequência adequadas, aliás como aprendi em casa e nunca deixei de fazer.

3) Evitarei gentilmente a proximidade com pessoas resfriadas, gripadas, espirrando ou tossindo, como também sempre fiz e continuareI a fazer mesmo após esta pandemia passar.

Manter hábitos saudáveis de convivência social e praticar comportamentos de redução de risco de contaminação são o caminho para evitar o coronavirus

4) Também continuarei a evitar locais com grandes aglomerações e isso definitivamente não inclui aviões, hotéis, passeios, reuniões e pequenos ou médios eventos corporativos.

Acho que cada um deve agir conforme a sua consciência e eu respeito a opinião e a decisão de todos que optarem por mudar seus hábitos, seus procedimentos e suas agendas, mas o fato é que a dengue (com epidemia no Paraná em 2020 e quase 800 mortes no Brasil e cerca de 1,5 milhão de doentes em 2019) e o sarampo (que voltou com força com 13.500 casos confirmados em 2019), entre outras doenças transmíssiveis, me preocupam muito mais.

O principal efeito nefasto do Covid-19 é mesmo o estado de quase pânico que uma parte da população mundial está entrando, tendência que eu considero advinda de 2 fatores:

1) É uma doença que não distingue ricos e pobres (e os ricos são os que andam mais assustados).

2) É uma ameaça viral (com duplo sentido) devido à disseminação do vírus e das notícias, em real time, via redes sociais e dramatização pela grande imprensa, sem qualquer tipo de barreira ou distinção de fronteiras.

Por estes e outros motivos, não vejo razões para este pânico viral, não vou deixar de viajar nem vou deixar de vender viagens, porque acredito mesmo que não seria o isolamento de pessoas saudáveis que evitaria a disseminação desta doença, mas isso teria potencial de gerar uma grave crise econômica (bem mais cruel), fato que nós, empresários do mercado de viagens e turismo, temos todos a responsabilidade de evitar.

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Obs.: Para variar um pouco, confira aqui 10 boas notícias a respeito do coronavirus

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