Location, location, location perdeu a primazia entre os itens mais importantes na hora de escolher um hotel, avisou a Skift, plataforma americana de mídia voltada para o setor de viagens. Limpeza comprovada, porque até outro dia mesmo hóspedes apenas confiávamos, contará mais pontos no momento de decidir onde ficar na era pós-pandemia. O que vai mudar na limpeza dos hotéis? Restaurar esta confiança deve ser um dos novos objetivos da indústria da hospitalidade. Hotéis terão que passar por uma enorme readequação.
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NA ÁSIA
Um dos primeiros exemplos veio da Ásia, à frente em relação à epidemia. Singapura criou uma certificação de limpeza para a hotelaria, com novos protocolos como medir a temperatura dos funcionários e higienizar as áreas comuns com frequência maior. O primeiro hotel com o selo SG Clean, concedido depois de uma auditoria, foi o Grand Hyatt Singapore, perto da Orchard Road, principal avenida comercial da cidade. O plano do Singapore Tourism Board, órgão do governo, é certificar 570 hotéis e atrações nos próximos dois meses, chegando a milhares mais adiante. O que não quer dizer que Singapura esteja livre da covid-19. Há atualmente uma segunda onda do vírus e o confinamento foi prolongado até o início de junho.
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Grand Hyatt Singapore Fotos @GrandHyattSing
na europa
A Associación Empresarial Hotelera de Madrid (AEHM) lançou projeto parecido, o selo Hoteles Covid Free, para o que vai mudar na limpeza dos hotéis. O nome é ruim, o vírus ainda não foi estudado o suficiente para se afirmar que um local é “covid-19 free”, mas a ideia é a mesma de Singapura: seguir procedimentos de limpeza de quartos, áreas comuns e de reuniões que dê segurança a funcionários, hóspedes e clientes.
Atualização: No final de abril, Portugal também criou um selo de limpeza para empresas do setor turístico. O certificado Clean & Safe (o nome é em inglês mesmo) será concedido a hotéis que atenderem a novos padrões de segurança sanitária e higiene, e terá validade de um ano. Durante este período, o governo fará vistorias aleatórias nos hotéis certificados.
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Grupos hoteleiros criam novos protocolos
Uma das primeiras grandes redes a anunciar o que vai mudar na limpeza dos hotéis foi a francesa AccorHotels. A empresa pretende lançar um selo de qualidade de higienização em parceria com o prestigioso Bureau Veritas organização internacional especializada em certificações. O projeto será apresentado à Alliance France Tourisme, ao governo francês e aos de outros países europeus. Uma vez validado, o selo poderá ser usado por outras redes e por hotéis independentes na Europa, além das propriedades do grupo Accor mundo afora, inclusive no Brasil. Como o Fairmont Rio Copacabana, o único da marca de luxo na América do Sul, inaugurado há menos de um ano e hoje fechado (foto em destaque no início do texto).
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A Marriott International anunciou a criação de um Conselho de Limpeza Global, o Marriott Global Cleanliness Council. As regras determinam, por exemplo, o uso de desinfetante hospitalar para limpeza de superfícies e de sinalização no lobby lembrando da importância do distanciamento social.
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Enquanto a maioria de seus hotéis permanece fechada, a Marriott adotou tarifa solidária para hospitais particulares hospedarem funcionários e prestadores de serviço; órgãos do governo e pessoas em grupo de risco que precisem de um local de isolamento. A tarifa está disponível em quase 2.500 propriedades nas Américas, entre eles o JW Marriott Rio de Janeiro; o Marriott Executive Apartments São Paulo, e o Sheraton Porto Alegre. Nos Estados Unidos, a Marriott e o grupo Hilton, outro gigante da hotelaria, fizeram parceria com o cartão de crédito American Express e cederam quartos gratuitamente aos profissionais de saúde em Nova York, Nova Orleans e outras das cidades americanas mais atingidas pela epidemia.
Atualização: No final de abril, o grupo Hilton anunciou o CleanStay, com novas medidas para garantir a limpeza e a segurança de seus hotéis. O programa ainda está sendo desenvolvido e deve ficar pronto em junho.
no brasil
Novos protocolos de limpeza estão sendo adotados desde já por hotéis que permanecem abertos, inclusive os independentes. Um exemplo é o Vivenzo, inaugurado há um ano na Savassi, em Belo Horizonte. O hotel funciona com 33% da sua capacidade para receber pessoas que precisam se isolar e profissionais da área de saúde. O check-in, por exemplo, é realizado por vídeo; a arrumação diária do quarto está suspensa. Quando a acomodação é desocupada, há um intervalo de 72 horas antes da limpeza, que segue padrão hospitalar, para receber um novo hóspede. Os funcionários estão no hotel, mas é apenas virtual a interação entre eles e os hóspedes.
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Atualização: Em 12 de maio, o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC na sigla em inglês) anunciou protocolos globais para a segurança sanitária na hotelaria, entre outros setores. As medidas (em inglês) estão neste link.
O que estamos fazendo
Desde o início da pandemia estamos tentando acompanhar a crise o mais de perto possível no momento: lendo artigos e estudos, assistindo lives de fontes confiáveis, consultando pesquisas e conversando com especialistas para trazer análises e resumos atualizados de como o setor hoteleiro passa por este momento e do que podemos esperar. Os links para textos e notícias em primeira mão estão no Instagram @HotelInspectors.
Seguimos otimistas, sem negar a seriedade da situação. Esta semana estamos também felizes por conta de você, leitor. A oito dias do final do mês, batemos mais uma vez o recorde de audiência mensal nos dois anos de Hotel Inspectors. O crescimento (neste momento em que escrevo) é de quase 45% em relação ao mês de março, que já tinha batido recorde e registrado um aumento de 22% em relação a fevereiro. Muito obrigada pela confiança!
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Podem falar sobre o selo COVID FREE da certificadora de saúde IBES para a rede hoteleira?
Oi, Vivian. O selo do Ibes contempla negócios diversos, mas não hotéis especificamente. Não conheço os detalhes.