A pandemia está sendo particularmente dura com alguns setores da economia, entre eles o de alimentos e bebidas. Conversei sobre a situação dos restaurantes de hotéis no Rio de Janeiro com Fernando Blower, presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio Janeiro, que me chamou a atenção para dados preocupantes. O setor de alimentos e bebidas é o que mais emprega jovens entre 18 e 24 anos no município e no estado do Rio de Janeiro. Antes da Covid-19 eram 110 mil empregos diretos nos bares e restaurantes do Rio e 170 mil no estado. Durante a pandemia, a capital perdeu 17 mil empregos na área; o estado, 27 mil.
“Os números podem ser de quatro a cinco vezes maiores se contarmos empregos indiretos, como pequenos fornecedores e distribuidores. E ainda temos os comerciantes que vivem do dia a dia sem garantias sociais, já que 75% de empresas do setor são de pequeno porte”, diz Blower.
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O SindRio é uma associação patronal fundada em 1911 e que hoje reúne mais de dois mil associados. Blower acredita que biossegurança e economia podem caminhar juntas e que bares e restaurantes têm função estratégica na retomada do turismo com responsabilidade:
“Ainda estamos na pandemia e não podemos dizer que há risco zero. Mas bares e restaurantes fazem parte do DNA do Rio de Janeiro, já tinham cultura de responsabilidade e biossegurança por conta dos alimentos. Uma pesquisa com nossos associados mostra que 96% dos empresários intensificaram os processos de limpeza e higiene e 76% foram além do exigido pelos novos protocolos. Porém a recuperação será muito lenta e gradual. No momento vendas de balcão e salão não são o suficiente. É preciso manter o delivery”.
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Rio, cidade cobiçada nas pesquisas
O Rio de Janeiro está entre as cidades mais procuradas neste momento de reabertura do turismo doméstico. Dados da Omnibees do final de outubro mostram o Rio como o destino nacional mais buscado e o segundo efetivamente mais reservado (depois de São Paulo). Também no mês passado a Booking.com apresentou uma pesquisa na qual o Rio aparece como o lugar mais desejado em toda a América Latina, à frente de Cancún.
Ainda não viajei desde o início da pandemia. Mas como moro no Rio, ao longo das últimas semanas fui conferir como estão funcionando alguns restaurantes de hotéis do Rio de Janeiro. Para recomeçar a comer fora escolhi lugares que já frequentava antes da Covid-19. Em todos os restaurantes de hotéis no Rio de Janeiro visitados, a máscara só pode ser retirada à mesa e há álcool em gel por toda a parte. Se você se sente confortável para ir a restaurantes, e mora no Rio ou está pensando em visitar a cidade nas próximas semanas, compartilho as minhas (boas) experiências.
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Texto atualizado em 2 de dezembro de 2020 com o Gero, um dos novos restaurantes de hotéis no Rio de Janeiro
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Restaurante novo na Praia de Ipanema
O Fasano Rio tem desde novembro um novo restaurante: a filial carioca do Gero. Que já existia na cidade, em Ipanema mesmo, mas em outro endereço. Com a pandemia, o Fasano substituiu o Al Mare, mais sofisticado, pelo Gero. O lugar é o mesmo: o térreo do hotel. Mas o ambiente mudou um pouco. O impressionante lustre de Murano, peça-chave na decoração do Al Mare, foi recolhido; as paredes receberam os tijolinhos característicos do Gero e fotografias em preto e branco do Rio. Agora há mesas ao ar livre em uma varanda na calçada e as do salão estão mais espaçadas. Todas com álcool gel, cardápio por QR code e talheres em envelopes de papel.
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O menu é um mix de clássicos dos dois restaurantes e novidades. As irresistíveis abobrinhas crocantes do Gero continuam no couvert. Apostei no carpaccio de atum, no tortelli de abóbora com amêndoas e no risoto de lula e tomate, finalizado à mesa. O chef continua o mesmo, Luigi Moressa. E o chef, enólogo e sommelier Danio Braga é o diretor de vinhos do grupo Fasano.
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Restaurante gourmet na Praia de Copacabana
O elegante Alloro, no Miramar by Windsor, é um dos melhores restaurantes italianos do Rio. Na Praia de Copacabana, no térreo do hotel, o salão tem parede envidraçada e pé direito alto. Cortinas leves deixam entrever o mar e o vaivém no calçadão. Reabriu em setembro com mesas bem espaçadas, permitindo distanciamento social. O ambiente é um oásis entre os muitos restaurantes de qualidade duvidosa da Avenida Atlântica. Na entrada, há álcool em gel, medição de temperatura e tapete sanitizante. O cardápio agora é por QR Code. Para quem mora no Rio, o Alloro al Miramar oferece a opção de delivery por aplicativo.
Ponto alto:
A cozinha do chef italiano Renato Ialenti passeia por diferentes regiões da sua terra natal. Fiquei pela Campânia e apostei na cremosa e impecável burrata alla putanesca, com azeitonas pretas, alcaparras e alici, seguida de risoto de frutos do mar. Para a sobremesa, fui para o Vêneto. O tradicional tiramisù é servido em uma linda xícara de vidro transparente.
Pode melhorar:
Há um excesso de plástico de uso único. A manteiga do couvert, em embalagem industrializada, vem embrulhada em filme PVC. Também chegam plastificados a colher do café (os outros talheres estão em embalagens de papel) e os petit fours.
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Restaurante com vista na Praia de Ipanema
O Espaço 7zero6 fica no Praia Ipanema Hotel, na divisa com o Leblon. O nome faz referência ao endereço: Avenida Vieira Souto 706. Com paredes em vidro, o restaurante está na cobertura e tem vista panorâmica para a praia e a Lagoa Rodrigo de Freitas (foto no início do texto). A quantidade de mesas foi reduzida e elas estão bem espaçadas. Há medição de temperatura e álcool em gel inclusive dentro no elevador que leva ao terraço no 16º andar.
O menu do chef Kadu Soares tem inspiração francesa. Aposte no queijo Saint Marcelin com mel trufado, que tanto pode ser entrada quanto sobremesa, e nas lentilhas com ovo pochê ou no risoto de aspargos e burrata. O 7zero6 é também ótima opção para um café da manhã caprichado e com vista.
Ponto alto:
O panorama que vai da Lagoa e do Corcovado às Ilhas Cagarras no Oceano Atlântico. Reserve uma mesa à janela.
Pode melhorar:
O menu apenas em papel. Um contato que pode ser evitado.
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Restaurante ao ar livre na Praia do Arpoador
O Arp, no Hotel Arpoador, já tinha uma gostosa varanda voltada para o mar. Desde setembro, quando reabriu, passou a oferecer também mesas no calçadão. Agora a cozinha está sob o comando da chef argentina Alê Maidana, do bom Quitéria, no Ipanema Inn (os donos são os mesmos do Hotel Arpoador). As deliciosas vieiras na brasa com manteiga queimada e pão de fermentação natural seguem no menu. E a mixologista Néli Pereira continua assinando a original carta de drinques, com ênfase em ingredientes brasileiros. O cardápio pode ser acessado por QR code. Há a opção de versão plastificada, desinfetada na hora por um funcionário. Os talheres estão em embalagem de papel. Cada cliente recebe um sachê de álcool em gel e um envelope, também em papel, para a máscara.
Ponto alto:
Os drinques criativos e as mesas com vista para o pôr do sol atrás do Morro dos Irmãos, um dos mais bonitos cartões-postais do verão carioca.
Pode melhorar:
As sempre irresistíveis Arp fritas chegam com um potinho de maionese de limão. Como geralmente são compartilhadas, seria melhor o molho vir em potes individuais.
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