Nível de voo: como a altitude afeta a performance e segurança dos aviões

O termo aeronáutico que dá nome a esse blog é um dos quesitos fundamentais que garantem a eficiência e segurança dos voos. Portanto, nada mais justo falar sobre ele para o post de estreia. Este blog, aliás, tem como objetivo falar justamente de curiosidades técnicas e históricas da aviação.

O nível de voo é a altitude do avião em voo de cruzeiro. A escolha do nível ideal para determinado voo depende de diversos fatores, como distância a ser percorrida, rota, ventos, entre outros.

Embora aparentemente não faça muita diferença voar a 35.000 pés ou a 36.000 pés, a escolha de um nível errado de voo pode prejudicar a performance do voo, fazendo com o que a viagem dure mais tempo, consuma mais combustível e até mesmo coloque a segurança em risco.

Um exemplo claro disso é o do acidente com o voo 1907 da Gol. Ao voar em um nível errado, os pilotos do Legacy entraram em rota de colisão com o Boeing 737. Ao voar em sentido contrário, os aviões deveriam estar em níveis diferentes, que são definidos previamente pelas cartas de navegação.

Economia de combustível

Além da segurança, a altitude interfere também no tempo de viagem e consumo de combustível. O ideal é que o avião voe em um nível com ventos de cauda, que ajudam a “empurrar” o avião. Assim, a aeronave consegue ir mais rápido, reduzindo o tempo de viagem.

Ao voar em níveis de voo mais elevados, o avião encontra um ar mais rarefeito. Isso faz com que seja necessário menos combustível para realizar a queima dentro do motor. É que com menos moléculas do ar na altitude, também são necessárias menos moléculas de combustível.

Com isso, seria natural imaginar que quanto mais alto, melhor. O problema é que os aviões têm um limite. A partir do chamado teto operacional, os motores passam a perder eficiência.

Veja a altitude média dos principais aviões comerciais:

  • Turboélice monomotor (Cessna Caravan): 10 mil pés (3.048 metros)
  • Turboélice bimotor (ATR 72-600): 20 mil pés (6.096 metros)
  • Jato (Boeing, Airbus e Embraer): 36 mil a 40 mil pés (10.972 a 12.192 metros)
  • Jato supersônico (Concorde): 60 mil pés (18.288 metros)

Conforto

A altitude também influencia no conforto dos passageiros. Se você já ouviu falar que aviões menores balançam mais, saiba que isso não é culpa exclusiva do avião em si, mas da altitude em que ele voa. É que quanto mais baixo, mais suscetível às turbulências atmosféricas.

Como atingem uma altitude menor, os aviões turboélices têm mais probabilidade de voar entre as nuvens, uma área na qual a atmosfera é mais agitada. A consequência é que estão mais propensos a encarar uma turbulência pelo caminho. Já os jatos comerciais conseguem voar acima da camada de nuvens, em uma atmosfera mais calma e com menos turbulência.

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Vinícius Casagrande

Jornalista com mais de 20 anos de experiência, Vinícius Casagrande tem passagem por diversos veículos de imprensa, como Diário do Grande ABC, Editora Europa, CNN Brasil e UOL, onde escreveu o blog Todos a Bordo por quatro anos e meio. Já trabalhou com os mais variados temas, mas a aviação é sua verdadeira paixão. Além de jornalista, é piloto privado de avião.

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