DIRECT CONNECT É ESTRATÉGIA, NÃO SÓ PREÇO

Acho curiosas as reações do mercado às iniciativas das cias. aéreas na busca de novos canais de distribuição.

O modelo “lock-in” do GDS perdura há décadas, modelo este desenvolvido pelas próprias cias. aéreas para viabilizar o aumento de escala na distribuição de seu produto.

Além de ter trazido inúmeros benefícios ao mercado consumidor, como a oferta centralizada do conteúdo de diversos fornecedores, o modelo propiciou a pulverização da distribuição de serviços turísticos, democratizando o acesso e estimulando a geração de centenas de milhares de empresários de agenciamento de viagens em todo o mundo.

Com o advento da internet, o “hub” do GDS deixou de ser a única forma de se distribuir reservas aéreas, de forma pulverizada, por um custo viável.

Muitas cias. aéreas passaram a investir alto em novas tecnologias de distribuição por vários motivos, entre os quais se destaca o custo do serviço do GDS, mas o motivo principal para este movimento é bem mais estratégico do que preço: as cias. aéreas desejam reaver o controle do inventário e da oferta de seus serviços.

Uma comprovação desta preocupação das cias. aéreas é o fato de que, de tempos em tempos (como agora), algum GDS ameaçar (e cumprir) decidir como, onde e quando determinada cia. aérea vai aparecer destacada na tela de disponibilidade. E isso pode fazer imensa diferença…

A rigor, independentemente do fato de que esta queda de braço Sabre X AA possa ser um episódio cíclico, por ocasião de renovação de contrato entre as duas gigantes, como bem destaca o Sidney Alonso em http://blog.panrotas.com.br/semfronteiras/, acho natural que as cias. aéreas, como qualquer outra empresa, busquem maximizar seus resultados, através de mais canais de distribuição.

Da mesma forma agem os hotéis, as locadoras, as lojas de eletrodomésticos, os supermercados e as agências de viagens: todos buscam novos meios de oferecer o seu serviço.

Portanto, penso que o Direct Connect utilizado pela American Airlines é uma alternativa concreta para as cias. aéreas minimizarem seus custos de distribuição, através da pulverização de seu inventário entre diversos pontos de vendas sem o alto custo da segmentação do GDS mas, principalmente, mantendo o controle sobre seu negócio.

Está aí a TAM que mantém ativo, funcional e atualizado, o seu canal próprio de reservas, apesar de seu retorno ao GDS por demanda da expansão global de suas operações.

Também a GOL, Azul, Avianca, Trip, Webjet etc etc, mantém seus sistemas de Direct Connect, independentemente de terem retornado ou pretenderem retornar ou entrar algum dia ao GDS, o que acabará ocorrendo, por também se tratar de um canal importante devido à sua capilaridade, estabilidade etc etc.

Um canal não inviabiliza o outro e a tendência, definitivamente, é a fragmentação de conteúdo continuar.

E o resultado disso me parece óbvio: prevalecerão todos aqueles que agregarem valor ao cliente…

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Luís Vabo

Entusiasta da inovação, do empreendedorismo e da alta performance, adepto da vida saudável, dos amigos e da família, obstinado, voluntário, esportista e apaixonado. Sócio-CEO Reserve Systems 📊 Sócio-fundador Solid Gestão 📈 Sócio-CFO MyView Drones 🚁 Sócio Link School of Business 🎓 Conselheiro Abracorp ✈️

13 thoughts on “DIRECT CONNECT É ESTRATÉGIA, NÃO SÓ PREÇO

  1. Prezado amigo Vabo,

    Excelente e oportuno post!
    Direct conect nos GDSs significa acesso pleo ao inventário e ao código de reservas da própria cia aérea, além da possibilidade de reservar assentos etc.
    Esta é a mais cara e eficiente forma de contrato com os GDSs.

    Acredito que na visão oposta – a do cliente – estar no GDS, na OTA, na própria web page da cia, e em qualquer outro canal de distribuição não é nada mais que obrigação do fornecedor de viagens.
    Conveniência é a chave: onde quer que o cliente ou distribuidor queiram encontrar o fornecedor é lá que ele tem que estar. E com paridade de preços (exceto promoções específicas), pois entendo que o cliente não deva ser prejudicado por uma (má) negociação com o dono do canal, certo?

    Viva a competência, a concorrência e a criatividade!

    Forte abraço,

    Gustavo

  2. boa noite Luijino
    Já vi que começou o ano com novos “termos”, acho que voce deveria se associar ao AURELIO para pelo menos ganhar royalties das novas denominações que voce veicula.
    Como talvez diria o Lula, use o linguajar do POVO, nem todos são com QI elevados como voce, tenho certeza que aquilo que se entende, tem reações e retornos, e o que não se entende, para que ninguém assine atestado de “burro ” o melhor é o silencio !!!!
    forte abraço

    1. Que isso, meu querido amigo Rocco?!

      Esse meu texto é uma análise dos acontecimentos noticiados pelo Panrotas em:

      Briga com aéreas atinge as maiores OTAs mundiais

      Expedia retira todas as tarifas da American

      Sabre entra na briga contra a American Airlines

      AA diz que Sabre quebrou contrato e é parcial

      Ou seja, não fui eu que inventei esses termos…

      De qualquer forma, tento simplificar o texto, mas o assunto distribuição costuma incluir algumas expressões estranhas mesmo:

      Lock-in, segundo o wikipedia: na economia, o modelo lock-in faz com que um cliente se torne dependente de um fornecedor de produtos ou serviços, dificultando a utilização de outro fornecedor devido aos substanciais custos da mudança.

      Hub: neste caso, “hub” é quase uma gíria, para definir um local de passagem obrigatória para determinado negócio.

      Direct Connect: neste texto, significa a tecnologia de acesso direto ao banco de dados da cia. aérea, sem obrigatoriedade de utilizar um “hub”, permitindo que a cia. aérea ofereça seu conteúdo diretamente pelo seu portal, ou através de integração com sistemas das agências de viagens ou de consolidadores ou através de outro canal que não utiliza necessariamente o GDS.

      Resumindo (não fique brabo): “Para sair do modelo lock-in, as cias. aéreas desenvolvem sistemas direct connect que não dependem do hub GDS”.

      O que debatemos aqui no Blog é o direito da cia. aérea, como qualquer outra empresa, buscar alternativas tecnológicas para distribuir o seu produto (GDS, direct connect, webservice (oooops), portais etc.).

      Feito o “mea culpa”, vamos em frente.

      []’s

      Luís Vabo

  3. Luis , Boa Noite !!
    Tá ficando um pouco repetitivo mas > PARABÉNS !!!
    Objetivo , Didático , Profissional > Afinal estamos em 2011 e muita gente ainda não …. Ahh vamos deixar para lá , não é mesmo
    Grande Abraço do sempre seguidor
    Hélio Rheinfranck
    PS1 ( com o risco de virar puxa saco) > Parabéns pela classe da resposta ao nosso amigo lá no post do Lula . parece que que corremos o risco de uma “invasão ” por aqui
    PS2 > O Edmar Bull merece TODOS os elogios pela carta aberta ! Inteligência é o nome do jogo
    PS3 ( perco a amizade MAS não perco a provocação !!) > Gostou das primeiras 24 Horas do nosso Ministro ??
    Módicas Verbinhas para o Maranhão , Deputada não reeleita para a equipe …
    Ahh temos que concordar , o Rapazote tem estilo , promete…….
    Chega por hoje né ??
    Super Abraço

    1. Boa noite, Helio,

      Pois é isso o que penso: temos que olhar para a frente e não ficar nos prendendo aos modelos de negócios que estão sendo superados pelo próprio mercado.

      Quanto aos PS’s:
      PS1: Não é muito fácil moderar comentários apaixonados… É mais fácil lidar com atitudes mais neutras (ou seria isentas?)
      PS2: Também acho. Concordo com a visão do Edmar.
      PS3: Penso que alguns ministros deste primeiro ministério da DR, ficarão menos que 1 ano, praticamente um mandato tampão para composícão política. É esperar pra ver.

      []’s

      Luís Vabo

  4. Bom dia Luis, tudo bem?
    Gostaria de saber sobre sua opinião sobre essa nova modalidade e febre que esta invadindo o nosso mercado que é a Compras coletivas em Tkts e Hotéis, qual é a sua opinião sobre este novo tema que muitos tem visto e lembrado?

    Obrigado
    Frederico Hahn
    Bons negócios

  5. Bom dia, caro Vabo.
    Acho que, na realidade, as cias. aéreas, para melhor adequar seus custos, estão retornando àquilo que se via nas décadas de 70 e 80.
    Lembro-me perfeitamente que quando me iniciei no mercado de turismo, em 1983 (naquela época não se falava ainda em “Viagens Corporativas” ou “Gestão de Viagens Corpporativas”), quando no Brasil uma grande maioria das agências de viagens realizava suas reservas através da melhor ferramenta disponibilizada à época: o telefone. Entretanto, agências consideradas gigantes de mercado, por terem maior poder de fogo, já se utilizavam de verdadeiros Direct Connects disponibilizados pela, Varig, Vasp e Transbrasil. Quem não se lembra do Íris, do TVAR, dos diversos terminais instalados nessas agências para a realização de reservas específicas junto à determinada cia. aérea? Com o surgimento do GDS e de sua tecnologia inovadora, o uso dos terminais específicos foram pouco a pouco sendo desativados e os diversos GDSs se disseminaram no mercado. Com o advento da internet, como você bem disse, as cias. aéreas vislumbraram a possibilidade de retornar aos seus Direct Connects, a um custo muito mais viável. Hoje, o que se vê no mercado, são quase todas as cias. aérea com distribuição própria através de seus portais. Até quando, não se sabe. Abraços.

  6. Olá Vabo!! Eu posso ter uma visão errada mas acho que o tema principal se refere a igualdade de condições nos diversos meios de distribuição! O que você acha de acessar o AA.com e encontrar uma tarifa 20% mais barata que no no sistema reserve por exemplo. Sugiro muita cautela ao se apoiar empresas como AA que desconhecem princípios éticos!! Grande abraço!

  7. Frederico,

    Penso que trata-se exatamente do que você descreveu: uma febre…

    Em tecnologia, todas as grandes novidades, que atraem aderência maciça muito rapidamente, tendem a sair do foco tão logo surgem outras novidades.

    Não significa necessariamente que deixarão de ser utilizadas.

    Guardadas as devidas proporções, de época e de escala, lembro-me de alguns exemplos de febres na internet, que sucumbiram, arrefeceram ou tornaram-se dia-a-dia:
    – Cadê?
    – Starmedia
    – iG
    – Orkut
    – Second Life
    – You Tube

    Atualmente, algumas febres são:
    – Twitter
    – Facebook
    – Groupon

    Como toda febre, vai passar…

    []’s

    Luís Vabo

  8. Rubens,

    Interessante a lembrança desse fato e a analogia do Direct Connect com o Iris e o TVar…

    De certa forma, através destas ferramentas da época, as cias. aéreas disponibilizavam seu inventário diretamente para os agentes, através de tecnologia por elas desenvolvida e oferecida aos agentes.

    O modelo de distribuição é mesmo parecido, embora as tecnologias completamente diferentes.

    Será um retorno às origens?

    []’s

    Luís Vabo

  9. Pois é, Daniel,

    Agradeço sua sugestão, mas não confunda o fato de eu emitir uma opinião com apoio à cia. aérea.

    Procuro opinar sempre de forma desapaixonada e, francamente, acho que qualquer cia. aérea tem o direito de decidir como deseja gerir seu inventário de voos, reservas, tarifas etc.

    Afinal, trata-se do negócio dela.

    Quanto à sua pergunta, eu penso que os clientes usuários das empresas que usam o Reserve dariam resposta proporcional à cia. aérea que praticar preços diferenciados em seu portal, sem que o Reserve tenha que restringir visibilidade, tarifas ou qualquer outra forma de “boicote”.

    Além do fato de que, com Direct Connect, nossos contratos são sempre de “full content”, com custo zero para a cia. aérea, o que desestimula iniciativas deste tipo por parte delas.

    A rigor, sou adepto da teoria de que a empresa deve ter controle sobre seu negócio e de que o cliente decide o que é melhor para ele.

    []’s

    Luís Vabo

  10. Caro Luigino
    boa tarde
    Estou aproveitando alguns momentos de ocio e ouvindo a chuva cair aqui no meu “Paradise” de Vinhedo e é um tempo em que o raciocinio, não sendo numa mesa de escritorio divaga mais leve.
    Antes de mais nada, gostaria que soubesse que não há nenhuma necessidade de “mea culpa” de sua parte, o fato é que minha rapidez mental em entender os tantos termos existentes, não tem a mesma velocidade de meus passados 20 anos.
    Alias como já disse o Helio, eu também não quero ser repetitivo em dar os parabens toda a vez que sai um assunto postado por voce.
    Mas este foi um fim de semana que eu classificaria de frustração, perplexidade, espanto e mais uma vez constatar a capacidade de “agressão” que corre nas veias dos seres humanos, haja visto a repercusão do assunto “berrar não é a melhor opção” e a carta aberta do Presidente da Abav/SP Sr.Edmar Bull, que cá entre nós vi muito pouca gente, seja comentando, criticando, ou apoiando seu posicionamento, o que vi foi sim um sentimento negativo de revolta e o pior acompanhado de ofensas gratuitas, que nada mais representam que imaturidade ou falta de capacidade de enfrentar os desafios que diariamente batem em nossa porta.
    Ficou no passado estarmos sempre nos degladiando com fornecedores, em especial cias.aéreas o que foi muito bem colocado por voce, ou seja, cada um busca melhores maneiras, ferramentas e veiculos para diminuir custos, é uma tendência que em outros paises já foi adotada e em pratica há longa data, nós é que ficamos sempre com aquela ilusão …do tipo isso não vai vingar no Brasil inventando formulas que já se provou no passado que não deram bons resultados e no fim acabou que o lobby das cias. áreas estatá sempre em vantagnes perante a nós agentes de viagens.
    Durante o ano de 2010 o Presidente da United fez uma declaração…”voces agentes ainda vão ter que pagar para emitir United”…houve como sempre um sentimento de revolução diante dessa declaração, inclusive de minha parte…..mas do jeito que andam as coisas, não diria que chegaremos a isso, mas é bom ficarmos atentos pois FORNECEDORES sejam quais forem os segmentos da economia, estarão sempre preocupados com os resultados de suas EMPRESAS e é isso que nós também devemos fazer, e DIALOGAR mais amigavelmente com as cias áereas e não ENFRENTA-LAS isso apenas nos prejudicará ainda mais, DIPLOMACIA com DEMOCRACIA embora lentas, ainda são as melhores ferramentas de aproximação empresarial.
    E se temos entidades de classe como ABAV – SINDETUR – ABREMAR etc.etc. temos que fazer o nosso papel de APOIAR e com participação e não DENEGRIR seja a entidade que os representantes que foram eleitos para nos representar, devemos sim é cobrar mais resultados (muitas vezes não depende deles se não vingam), mas continuar lutando.
    Forte abraço

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