PREÇOS, TENDÊNCIAS E CULTURA LOCAL

No 3o. dia do GBTA Convention, eu havia me programado para assistir “TA8 – Mobile Technology in a Managed Travel Program”, às 10:30h, mas decidi, na última hora, mudar para

–> TA16 – Global TMC and Online Booking Tool Pricing Trends

Solange Vabo manteve-se firme no propósito de assistir todas as sessões relacionadas à plataforma mobile (foram 3 nesta edição do GBTA Convention), junto com o Walter Staeblein, nosso gerente de desenvolvimento.

Will Tate, VP da Management Alternatives, estava sozinho no palco e todo painel com somente um palestrante, sem debatedores ou moderador, me passa uma impressão inicial de tratar-se de:

1 – Um verdadeiro especialista no tema, que fará uma palestra técnica, mas pouco estimulante, ou 

2 – Um generalista, que se destacará pela capacidade de comunicação, no estilo marketeiro de palestrar, articulado, dinâmico e espirituoso.

Will Tate tinha um pouco dos dois estilos, me parecendo mais técnico, porém esforçando-se em implementar as técnicas de oratória que aprendeu com sua própria experiência de palestrante.

Iniciou mostrando o cenário de precificação dos menores e maiores “transaction fees” cobrados por AGVs (Agência de Gestão de Viagens) em todo o mundo, em relação às formas de atendimento:

OS MENORES FEES DO MUNDO:

– Atendimento por Telefone:
INDIA
2010: USD 5,61
2011: USD 5,72

– Parcial Online (Touched):
ARGENTINA
2010: USD 5,32
2011: USD 5,81

– Full Online (Touchless):
ARGENTINA
2010: USD 2,92
2011: USD 2,96

OS MAIORES FEES DO MUNDO

– Atendimento por Telefone:
CINGAPURA
2010: USD 65,00
2011: USD 67,80

– Parcial Online (Touched) e Full Online (Touchless):
CINGAPURA
2010: USD 43,50
2011: USD 47,80

Após a surpresa inicial, pelas diferenças tão grandes de preços (ouvi agente de viagens brasileiro interessado em abrir filial em Cingapura), David apresentou o que apurou como tendências dos compradores e das agências de viagens corporativas, nos últimos 2 anos:

AUMENTARAM

– As renegociações para evitar novos BIDs

– O uso de sistemas de auto-reserva (self-booking tools) em AGVs

– A agregação de novos países em contratos existentes

– Os serviços de consultoria

DIMINUIRAM

– O tempo de atendimento

– A paciência para serviços de má qualidade

– Os postos de serviço

– Os Call Centers regionais

Will parecia uma usina de informações sobre as tendências mundiais em gestão de viagens corporativas e seguiu surpreendendo a plateia, com os aumentos nos “transaction fees” em 2011, comparativamente com o ano anterior:

AUMENTO DE PREÇOS ( FEE) 2011 x 2010

EUA
30% Full online (air)
15% Parcial online (air)
9% Online booking fee
9% Atend. Telefone Intern (air)
10% Atend. Telefone Nac (air)

Latin America
17% Full online (air)
9% Parcial online (air)
126% Online booking fee
19% Atend. Telefone Intern (air)
57% Atend. Telefone Nac (air)

Neste ponto, a Heloisa Prass não se conteve e perguntou sobre o acréscimo de 126% no “online booking fee” na América Latina, informando que o Brasil representa mais de 50% do movimento corporativo da região e que este aumento é incompatível com a realidade do mercado local.

O apresentador titubeou, não esperava um questionamento sobre um dado que certamente ele não dominava no detalhe, chegou a sugerir que Heloisa o procurasse após a palestra para que ele tentasse explicar o motivo do “online booking fee”, na América Latina, ter aumentado de USD 1,00 para USD 5,00, em 2 anos, blá, blá, blá…

Na tentativa de ajudá-lo (ou de provocá-lo) e, ao mesmo tempo, alimentar o debate, perguntei se os dados relativos à “online booking fee” que ele dispunha, se referiam a sistemas de GDS ou a sistemas independentes.

À óbvia resposta de que seus dados eram de “online booking tools” de GDS, complementei com a hipótese de que, como os GDS não dispunham do inventário da maioria das tarifas mais baratas no Brasil, sua receita com a segmentação reduziu ao ponto de terem buscado alternativa de receita, majorando o “fee” dos clientes usuários de suas OBTs.

“That’s it”, foi a resposta de Will Tate, seguida de um sorriso amarelo…

Ainda detalhando o aumento de “transaction fees”, mais especificamente no mercado que ele realmente conhece, Will prosseguiu:

USA Transaction Fees
2011 (USD)

1) Online Booking System Fee
Obs.: custo do sistema
Ano: 2010 –> 2011
Max: 5,00 –> 8,00
Med:  3,81 –> 5,85
Min: 2,00 –> 3,50

2) Parcial Online (Touched)
Obs.: custo da agência
Ano: 2010 –> 2011
Max: 28,00 –> 35,00
Med:  15,07 –> 16,50
Min: 6,00 –> 6,00

3) Full Online (Touchless)
Obs.: custo da agência
Ano: 2010 –> 2011
Max: 11,00 –> 14,50
Med:  6,40 –> 7,32
Min: 4,00 –> 3,00

Após muitos debates, perguntas específicas, respostas generalistas e variados esclarecimentos, entendemos que os custos do sistema, descritos em 1), não estão incluídos nos custos da agência, descritos em 2) e 3).

Para um correto entendimento desses dados, portanto, devemos somar os custos de 1) aos respectivos preços em 2) e 3), para a formação dos preços finais das agências para os clientes corporativos.

–> TB9 – Mobile Revolution: Why Should You Care?

Eu já havia assistido ótimo painel sobre plataforma mobile na 2a. feira (postei aqui longo texto sobre este dia), mas resolvi acompanhar Solange Vabo e Walter Staeblein neste que, para eles, foi o terceiro painel sobre mobile, nesses dois dias de evento.

O palestrante, David Snell, é o CMO da Quickmobile, empresa desenvolvedora do Apps do GBTA Denver para iPhone e, quem teve a oportunidade de usar, achou bem legal.

David é um defensor aguerrido do conceito MiFi (Mobile WiFi Hotspots ou ainda WiFi everywhere), no que imediatamente conquistou a minha simpatia, apesar de seu vozeirão de radialista algumas vezes ter sido prejudicado pela dicção despreocupada e um tanto “pra dentro”.

Para ilustrar o espetacular potencial de uso da plataforma mobile, seus dados iniciais sobre o viajante corporativo nos fizeram parar pra pensar:

–> 10% de todos os “boarding passes” já são emitidos via mobile.

–> 78% dos viajantes corporativos portam smartphones.

–> 80% das decisões de compra no destino são pesquisadas via mobile.

–> 80% das reservas de hotéis online são realizadas no dia anterior ou no próprio dia do checkin.

–> 82% dessas reservas são para hotéis 3 estrelas ou superior.

–> 58% dessas reservas foram realizadas quando o hóspede estava a 15 minutos de distância do hotel reservado.

As principais soluções mobile, com aderência maciça de usuários, resumem-se a:

– Discrete Apps: parte na web, parte local

– Mobile Websites: tudo na web

– Text Messaging: SMS 3G

Empolgado com a participação da plateia, a quem David dirigiu muitas perguntas (levante a mão quem isso ou aquilo…), ele apresentou o que chamou de:

OS 10 P’s DO MOBILE

1 – Presentation
2 – Presence
3 – Proximity
4 – Personalization
5 – Privacy
6 – Payments
7 – Push
8 – Performance
9 – Panache
10 – Permission

E, logo em seguida, emendou com:

OS CASOS DE SUCESSO NO FORMATO MOBILE

– Linkedin
– Google Mobile Ads
– American Idol
– Kayak
– Facebook
– Weather Channel
– IHG
– Frommers
– World Mate
– Obama’s Campaign
– TripIt
– Flight Tracker
– Hilton Hotels
– Windows Seat
– United
– AA
– Expedia
– Virgin

A apresentação de David acrescentou alguns dados importantes e repetiu outros tantos, já debatidos em painéis anteriores.

Mas valeu, porque tudo que se refere à nova plataforma dominante (quem duvida?) é do interesse de quem trabalha no mercado de gestão de viagens corporativas.

–> Sessão Geral com Meg Whitman

A palestra de Meg Whitman, ex-presidente, CEO e co-fundadora do eBay, foi um dos pontos altos do evento, graças a seu carisma, capacidade de comunicação e belo histórico profissional.

Como a Helô relatou, com o brilhantismo de sempre, os pontos mais importantes da palestra de Meg, deixo aqui apenas um fato que chamou minha atenção durante a fase final da entrevista no palco.

Quando o entrevistador, Frank Petito, Presidente da Orbitz for Business, pediu simplesmente: “Tell us about globalization…”, Meg sorriu e, com a franqueza dos que não tem nada a esconder, mandou:

“O eBay não foi bem sucedido no Japão e nem na China, pelo simples fato de ter exportado uma tecnologia desenvolvida para os EUA e não para o consumidor daqueles países. Não hesitamos em refazer sistemas completamente diferentes para esses países, o que acabou dando certo…”

Como tenho defendido sempre, cada país tem sua cultura, sua história, sua moeda, seu idioma, seus valores.

O empreendedor que desconsiderar essas variáveis, independentemente de seu tamanho, penetração ou poder econômico, dificilmente terá êxito.

Nenhuma empresa, por maior e mais importante que seja, consegue impor comportamento a um país inteiro.

Por mais que as “start ups” nos façam acreditar no contrário…

.

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Luís Vabo

Entusiasta da inovação, do empreendedorismo e da alta performance, adepto da vida saudável, dos amigos e da família, obstinado, voluntário, esportista e apaixonado. Sócio-CEO Reserve Systems 📊 Sócio-fundador Solid Gestão 📈 Sócio-CFO MyView Drones 🚁 Sócio Link School of Business 🎓 Conselheiro Abracorp ✈️

12 thoughts on “PREÇOS, TENDÊNCIAS E CULTURA LOCAL

  1. Fernando,

    Ótimas informações do último dia do GBTA.

    Infelizmente a América Latina aparece vagamente nas estatísticas dos estudiosos de OBT e hoje o Brasil com sua grande área geográfica e importante, dispõe de ferramentas para todos os gostos e eles insistem em nos deixar de fora, mesmo sendo uma das maiores delegações do evento.

    Os smart phones vieram para ficar. Cada dia mais inovador e os 10 P´s retrata o grande interesse por este aparelho encantador.

    Abs e até a volta.

    1. Acácia,

      O mais intrigante é a América Latiba ser considerada, por alguns, como o conjunto de países das Américas que falam o idioma espanhol !!

      Não considerarem que o Brasil, sozinho, responde por mais de 50% do movimento de viagens corporativas de toda a América Latina (incluindo o México, claro), é, no mínimo visão obtusa ou desejo de reinventar a divisão geopolítica dos países.

      []’s

      Luís Vabo

  2. Fernando,

    Ótimas informações do último dia do GBTA.

    Infelizmente a América Latina aparece vagamente nas estatísticas dos estudiosos de OBT e hoje o Brasil com sua grande área geográfica e importante, dispõe de ferramentas para todos os gostos e eles insistem em nos deixar de fora, mesmo sendo uma das maiores delegações do evento.

    Os smart phones vieram para ficar. Cada dia mais inovador e os 10 P´s retrata o grande interesse por este aparelho encantador.

    Abs e até a volta.

    1. Acácia,

      O mais intrigante é a América Latiba ser considerada, por alguns, como o conjunto de países das Américas que falam o idioma espanhol !!

      Não considerarem que o Brasil, sozinho, responde por mais de 50% do movimento de viagens corporativas de toda a América Latina (incluindo o México, claro), é, no mínimo visão obtusa ou desejo de reinventar a divisão geopolítica dos países.

      []’s

      Luís Vabo

  3. Fernando,

    Ótimas informações do último dia do GBTA.

    Infelizmente a América Latina aparece vagamente nas estatísticas dos estudiosos de OBT e hoje o Brasil com sua grande e importante área geográfica , dispõe de ferramentas OBT para todos os gostos e eles insistem em nos deixar de fora, mesmo sendo uma das maiores delegações do evento.

    Os smart phones vieram para ficar. Cada dia mais inovadores e os 10 P´s retrata o grande interesse por este aparelho encantador.

    Abs e até a volta.

  4. Fernando,

    Ótimas informações do último dia do GBTA.

    Infelizmente a América Latina aparece vagamente nas estatísticas dos estudiosos de OBT e hoje o Brasil com sua grande e importante área geográfica , dispõe de ferramentas OBT para todos os gostos e eles insistem em nos deixar de fora, mesmo sendo uma das maiores delegações do evento.

    Os smart phones vieram para ficar. Cada dia mais inovadores e os 10 P´s retrata o grande interesse por este aparelho encantador.

    Abs e até a volta.

  5. Boa Tarde Fernando,

    Peço desculpas pelo meu cometário ser diferente do assunto postado.

    Neste final de semana ficamos sabendo de uma tentativa de invasão por um repórter da VEJA ao apartamento onde se hospedava o José Dirceu no Hotel Naoum.
    Tentativa não consumada pois a camareira não permitiu e logo após acionou a segurança, tendo então o repórter Gustavo Nogueira Ribeiro fugido do hotel, inclusive sem pagar a conta, do apartamento ao lado da tentativa frustada.

    Gostaria de parabenizar o Rogério Tonatto, pois sua equipe foi muito bem treinada neste quesito de segurança.
    Uma pessoa solicitar a entrada em um apartamento onde a camareira se encontra trabalhando e diz que ocupa este apto deve ser encaminhada a recepção para a devida identificação. Como foi feito.

    Parabéns Rogério Tonatto e equipe do Naoum.

  6. Boa Tarde Fernando,

    Peço desculpas pelo meu cometário ser diferente do assunto postado.

    Neste final de semana ficamos sabendo de uma tentativa de invasão por um repórter da VEJA ao apartamento onde se hospedava o José Dirceu no Hotel Naoum.
    Tentativa não consumada pois a camareira não permitiu e logo após acionou a segurança, tendo então o repórter Gustavo Nogueira Ribeiro fugido do hotel, inclusive sem pagar a conta, do apartamento ao lado da tentativa frustada.

    Gostaria de parabenizar o Rogério Tonatto, pois sua equipe foi muito bem treinada neste quesito de segurança.
    Uma pessoa solicitar a entrada em um apartamento onde a camareira se encontra trabalhando e diz que ocupa este apto deve ser encaminhada a recepção para a devida identificação. Como foi feito.

    Parabéns Rogério Tonatto e equipe do Naoum.

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