A pandemia do coronavirus, entre outras disrupções sociais, rebatizou alguns conceitos e trouxe várias expressões novas para o cotidiano, algumas vieram para ficar, outras serão esquecidas (com o maior prazer), mas tem sido um período de aprendizado forçado e inédito.
Descobrimos que o home-office pode ser chamado de teletrabalho, que as comorbidades podem ser piores do que a própria covid-19, que a imunidade de rebanho se aplica a pessoas, que o distanciamento social nada tem a ver com apartheid, que devemos usar máscaras mesmo fora do carnaval, que grandes eventos podem ser virtuais ou híbridos, que taxa de letalidade é diferente de taxa de mortalidade, que pandemia é uma coisa e estado de calamidade é outra e, curiosamente, rebatizamos um provável cenário anormal, como novo normal…
Mas de todas as novas expressões, a que mais me chamou atenção, pelo tanto de esperança que denota uma só palavra, atende pelo singelo nome de retomada.
Não recordo de outra unanimidade absoluta como essa, há muito tempo um conceito não mostra tanta força para unir iguais e desiguais, esquerda e direita, homens e mulheres, ricos e pobres, jovens e idosos, empresários e trabalhadores, sem exceções ou meio termo.
Como todos os empreendedores do Brasil e do mundo, em especial os do mercado de viagens e turismo, também estou apostando, mas me pergunto diariamente:
Como será a retomada?
Estamos retomando exatamente o que?
Alguns imaginam que o mercado de viagens e turismo nunca mais será o mesmo, outros esperam plena recuperação já em 2021. No meio termo, várias cias. aéreas trabalham com prognósticos que variam entre 2022 a 2023, o que empresta a esta experiência prospectiva, uma única certeza, a de que estamos cercados de incertezas.
Pode não parecer, mas sou otimista quanto à retomada, embora eu não consiga transparecer um otimismo irreal, do tipo que espera que o mercado normalize naturalmente e permanece aguardando isso acontecer.
Eu não vejo outra alternativa senão fazer exatamente o que nos fez (refiro-me ao mercado de viagens e turismo como um todo) chegar até aqui: muito trabalho, essa palavrinha tão fora de moda, mas que trouxe a humanidade ao ponto de evolução em que nos encontramos em 2020.
Sem desmerecer a avalanche de soluções de comunicação digital que, subitamente, nos vemos todos envolvidos, não vejo como nosso mercado de viagens e turismo possa retomar seu rumo através dessa verdadeira epidemia de compartilhamento de ideias, percepções, opiniões, sensações e experiências que, a esta altura do campeonato, parece mais uma terapia ocupacional para profissionais que, de abril a julho, não tinham o que vender nem clientes para comprar e, de agosto em diante, terão que se concentrar, isso sim, em criar negócios onde não se sabe bem onde estão.
De forma bem pragmática, viagens e turismo envolvem, necessariamente, deslocamentos e experiências, deslocamentos sem experiências não são viagens e turismo, experiências sem deslocamentos também não.
Portanto, para uma efetiva retomada, sugiro esquecermos, um pouco que seja, as redes sociais, as lives, as conferências virtuais, os foruns de pensadores, debatedores, especialistas e focarmos obstinadamente na única coisa que nos tirará deste ostracismo pandêmico: os negócios.
Você não sabe como fazer isso neste momento? Ninguém sabe, mas não existe outro caminho senão continuar buscando.
.
Exato, Luis. Como venho falando para colegas do trade, inclusive escrevendo: mais Darwin, menos Hardy. Abs.
Exato, Ricardo,
A sorte costuma estar ao lado de quem trabalha. Precisamos de ambos.
[]’s
Luís Vabo
Novamente um texto lúcido e que eu escreveria sem mudar nenhuma vírgula ! Keep walking !
Thks, Helô,
É hora de arregaçar as mangas, a retomada não cairá do céu…
Bjs,
Luís Vabo
Belo texto e inspirador! Tomo a liberdade em fazer um comentário. Depois de ter trabalhado no turismo por 40 anos achei que minha vida profissional tinha acabado, para minha surpresa e com um pouco de imaginação, me vejo mergulhado em uma nova profissão e criei uma empresa justamente por existir a pandemia. Precisamos estar atentos aos sinais e não ter medo de avançar, mas nunca esquecendo que sem trabalho não há vitória. PARABÉNS VABO, você com seus lúcidos textos nos faz refletir de forma sempre muito positiva. Um abraço
Obrigado, Fabio,
Estou surpreso que você tenha considerado sua vida profissional no fim, com apenas 40 anos de trabalho…
Tanto isso não é verdade que depois dessas 4 décadas no mercado de viagens e turismo, depois de conquistar uma invejável rede de relacionamentos (entenda como amigos), depois de subir o Everest, depois de escrever um livro sobre essa incrível experiência, você se reinventou mais uma vez e está de volta à ativa (de onde nunca saiu na verdade), fazendo algo, antes de tudo, prazeroso.
Grande abraço e sucesso no novo desafio, agora e após a pandemia.
[]’s
Luís Vabo
Uma análise clara e objetiva ! Representa muito bem o sentimento que tenho em relação ao que vêm nos próximos meses.
Abs
Maristéla Doherty
Pois é isso, Maristéia,
Não conheço outro caminho que não seja o trabalho.
Com todo o respeito, digo francamente que cansei de lives, redes sociais, especialistas de todos os tipos, coachs e mentores, esse povo que tudo sabe e que é exemplo para tudo e para todos…
Sinto que roubam nosso tempo e nos desviam do que realmente importa.
[]’s
Luís Vabo
Oi Luis,
Plageando a @Helo eu reescreveria da mesma maneira. Eu só acho que existe sim um novo normal e sempre vai existir, pois estamos em constante transformação todos os dias.
E acrescento ainda que é hora de julgar menos, trabalhar mais e ajudar as pessoas.
Parabens (mais uma vez) pelo excelente texto. Saudades.
Abração
Oi, Paulo,
Trabalhar é o único caminho, para si, para a empresa, para os amigos ou para outras pessoas.
Assistir lives é muito legal, mas não produzirá negócios ou os resultados que todos precisamos.
[]’s
Luís Vabo
Olá, Luiz um prazer em lê seu texto, realmente trabalho é o remédio p TD crise , sou Hoteleiro a 30 anos aqui em Canavieiras no sul da Bahia , vejo o momento de resiliência, tendo como objetivo de buscar o turista doméstico regional , oferecendo segurança no que diz respeito a saúde e a paz , e o destino contribui bastante nesse sentido.
Pois é isso, Washington,
Buscar o turista doméstico é a palavra de ordem para a hotelaria, a aviação e o turismo de uma forma geral.
Falta somente o bom senso prevalecer quanto à flexibilização do relacionamento social com responsabilidade.
[]’s
Luís Vabo