Ronaldinho X BBB X R$

A repatriação de jogadores (ou ex-craques) de futebol brasileiros tem sido a tônica de nossos times de futebol, já há algumas temporadas.

Adrianos, Ronaldos e Ronaldinhos, entre outros, vem fazer aqui aquilo que já não conseguem fazer com tanta eficácia no exterior: ganhar dinheiro.

E ganham mesmo, muito, demais, rios de dinheiro…

Os torcedores dos times para os quais eles vem jogar, animam-se e fazem o que se espera dos torcedores: comparecem aos jogos para empurrar seus “novos” ídolos (ingressos), usam com orgulho as novas camisas com seus nomes (material esportivo), assistem todos os jogos de seu time (“pay-per-view”) em suas novas TVs planas (eletrônicos), brindam suas vitórias e afogam suas derrotas (cerveja)…

Ah, e defendem os milionários jogadores contra opiniões como esta, contrárias a essa estratégia de muito marketing e pouca esportividade.

Os especialistas de marketing explicam que Ronaldo fez muito bem ao Corinthians e Ronaldinho valerá cada Real do 1 milhão deles que receberá por mês, retornando o investimento ao Flamengo e aos patrocinadores, ao longo do contrato.

Pode ser…, mas penso que essa fórmula é boa para toda a indústria de marketing e seus clientes, mas nada boa para a evolução e o desenvolvimento da atividade esportiva, que deveria ter uma política de investimento na base, visando os megaeventos esportivos de 2014 e 2016.

De qualquer forma, se for para ganhar dinheiro com celebridades, como defendem os teóricos do marketing, então palmas para a Rede Globo, que consegue reunir um grupo de anônimos em um local onde permanecem por 3 meses, num confinamento sem qualquer contato com o mundo exterior, transforma-os em celebridades temporárias, gerando enormes receitas de publicidade, merchandising etc. para o dono da casa, o qual lhes oferece comida, bebida, diversão e hospedagem, como remuneração pelos 3 meses de “trabalho” (bem mais barato que o cachê de artistas de verdade).

E para estimular o investimento de marketing, existe ainda a possibilidade de um dos “artistas” do grupo receber um bom valor de cachê ao final do período laboral, sendo que os demais nada receberão.

Isso sim é saber ganhar dinheiro com mão-de-obra barata…

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DIRECT CONNECT É ESTRATÉGIA, NÃO SÓ PREÇO

Acho curiosas as reações do mercado às iniciativas das cias. aéreas na busca de novos canais de distribuição.

O modelo “lock-in” do GDS perdura há décadas, modelo este desenvolvido pelas próprias cias. aéreas para viabilizar o aumento de escala na distribuição de seu produto.

Além de ter trazido inúmeros benefícios ao mercado consumidor, como a oferta centralizada do conteúdo de diversos fornecedores, o modelo propiciou a pulverização da distribuição de serviços turísticos, democratizando o acesso e estimulando a geração de centenas de milhares de empresários de agenciamento de viagens em todo o mundo.

Com o advento da internet, o “hub” do GDS deixou de ser a única forma de se distribuir reservas aéreas, de forma pulverizada, por um custo viável.

Muitas cias. aéreas passaram a investir alto em novas tecnologias de distribuição por vários motivos, entre os quais se destaca o custo do serviço do GDS, mas o motivo principal para este movimento é bem mais estratégico do que preço: as cias. aéreas desejam reaver o controle do inventário e da oferta de seus serviços.

Uma comprovação desta preocupação das cias. aéreas é o fato de que, de tempos em tempos (como agora), algum GDS ameaçar (e cumprir) decidir como, onde e quando determinada cia. aérea vai aparecer destacada na tela de disponibilidade. E isso pode fazer imensa diferença…

A rigor, independentemente do fato de que esta queda de braço Sabre X AA possa ser um episódio cíclico, por ocasião de renovação de contrato entre as duas gigantes, como bem destaca o Sidney Alonso em http://blog.panrotas.com.br/semfronteiras/, acho natural que as cias. aéreas, como qualquer outra empresa, busquem maximizar seus resultados, através de mais canais de distribuição.

Da mesma forma agem os hotéis, as locadoras, as lojas de eletrodomésticos, os supermercados e as agências de viagens: todos buscam novos meios de oferecer o seu serviço.

Portanto, penso que o Direct Connect utilizado pela American Airlines é uma alternativa concreta para as cias. aéreas minimizarem seus custos de distribuição, através da pulverização de seu inventário entre diversos pontos de vendas sem o alto custo da segmentação do GDS mas, principalmente, mantendo o controle sobre seu negócio.

Está aí a TAM que mantém ativo, funcional e atualizado, o seu canal próprio de reservas, apesar de seu retorno ao GDS por demanda da expansão global de suas operações.

Também a GOL, Azul, Avianca, Trip, Webjet etc etc, mantém seus sistemas de Direct Connect, independentemente de terem retornado ou pretenderem retornar ou entrar algum dia ao GDS, o que acabará ocorrendo, por também se tratar de um canal importante devido à sua capilaridade, estabilidade etc etc.

Um canal não inviabiliza o outro e a tendência, definitivamente, é a fragmentação de conteúdo continuar.

E o resultado disso me parece óbvio: prevalecerão todos aqueles que agregarem valor ao cliente…

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O QUE FICARÁ DA ERA LULA?

Ao assistir a cerimônia de posse da presidenta Dilma Roussef, fiquei pensando no que fica efetivamente registrado na memória da gente, sobre cada presidente ou cada mandato presidencial, alguns anos após seu encerramento.

Refiro-me às primeiras lembranças que vem à mente quando ouvimos ou lemos um comentário sobre um ex-presidente.

De Figueiredo me ficaram as frases “Prefiro o cheiro de cavalos ao cheiro de povo” e a emblemática “Eu prendo e arrebento”.

De Tancredo, além do espetacular e fracassado movimento das Diretas-Já, a imagem mais marcante que ficou foi a foto dele sorridente com a equipe médica, que acabou se revelando uma tentativa irresponsável de enganar a opinião pública.

De Sarney, restaram no fundo da minha memória, a hiperinflação e as estapafúrdias tentativas de enfrentá-la com o Plano Cruzado, Plano Bresser etc. e, ainda, a exploração oficial da caricata figura do “Fiscal do Sarney”…

De Collor, ficou a sensação do engodo, do confisco, do roubo das economias do povo, além das imagens, artificialmente produzidas, de um presidente jovem, que se deixava fotografar praticando esportes, correndo, lutando judô, voando em caças da força aérea e dirigindo carros esportivos importados, tão diferentes das então “carroças” nacionais. Mas nenhuma imagem ficou tão fortemente registrada sobre este triste episódio da vida republicana, quanto a cena, ao final do “impeachment”, do presidente saindo pelos fundos do Palácio do Planalto, caminhando resoluto, cabeça arrogantemente erguida, apesar de condenado e expulso da vida pública por 8 anos, num arremedo de roteiro de filme B.

De Itamar, ficou o patético retorno do Fusca, numa infeliz tentativa de se descolar das ideias do antecessor, além da imagem da sambista sem calcinhas, abraçada ao presidente, no camarote do Sambódromo carioca. Mas o principal legado de Itamar foi a verdadeira autoria do Plano Real, tão importante que elegeu seu sucessor, que tenta até hoje arrolar-se como o responsável pelo plano que mudou a história do país.

De FHC, tento lembrar um fato ou imagem marcante, mas me sobraram apenas seu discurso empolado, suas viagens ao exterior com motivações intelectuais e as privatizações bem sucedidas, com especial destaque para o setor de telecomunicações, que reduziram o tamanho do Estado e melhoraram a qualidade de serviços antes monopolizados pela União.

E Lula? O que ficará da Era Lula?

Bem, ainda é cedo para essa análise, mas imagino que as imagens e fatos mais impactantes estarão entre esses:
– Mão e 4 dedos manchados de petróleo no lançamento do Pré-Sal.
– Lula e Dilma com capacetes brancos visitando obras do PAC.
– Mensaleiros de variadas estirpes, apoiadores do governo, com as mãos e as fichas sujas.
– Lula, mercador internacional, transitando com desenvoltura entre os principais líderes mundiais.
– Bolsa família, mobilidade social e crescimento econômico.
– Reaparelhamento do Estado e baixa eficiência do serviço público.
– Brasil credor do FMI, do Banco Mundial e do Clube de Paris
– Crescimento da dívida pública
– Resgate do respeito e da admiração internacionais
– Dolar fraco, Real forte e salário mínimo acima de USD 300
– Recorde de popularidade e eleição do sucessor
– Do povo, pelo povo e para o povo (e com o povo)…

Quanto à Dilma, por enquanto, registro apenas 3 pequenos trechos de seu correto discurso de posse:

“Meu compromisso supremo é honrar as mulheres, proteger os mais frágeis e governar para todos!” traduz, com simplicidade, aquilo que se espera da presidenta.

“O congraçamento das famílias se dá no alimento, na paz e na alegria” resume quais devem ser os objetivos de um governo popular.

“O que a vida quer de nós, é coragem” frase emprestada de Guimarães Rosa, explica, no contexto em que foi aplicada, quanto esforço será necessário no percurso.

Além da inédita emoção demonstrada em alguns pontos do discurso, foi um alento ouvir isso de quem conduzirá o país nos próximos 4 anos.

Não sei quanto a vocês, mas independentemente de opção partidária, me sinto confiante como cidadão brasileiro neste início de 2011…

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