A grande disputa pelas nossas mentes…

Inspirado pela visita do Paulo Salvador, especialista em tecnologia e tendências, resolvi aprofundar a análise que vinha fazendo sobre os grandes embates da inovação tecnológica no mundo globalizado, neste final de década.

Se há alguns anos presenciamos a disputa filosófica de software proprietário versus software livre, com a Microsoft de um lado do ringue e o Linux do outro, atualmente a briga sofisticou-se e chegou mais próxima do usuário, que no final das contas não se interessa pelo software em si, mas pelo que pode ser feito com ele.

Se antes os PCs eram a mídia absoluta, hoje isso está mudando a uma velocidade tão espantosa que corre o risco desta frase já estar obsoleta.

Os smartphones, que são os celulares com acesso fácil à web, permitiram que, hoje, a grande batalha pelas nossas mentes (leiam-se interesses, preferências, hábitos etc.) ocorra entre a internet aberta, livre e grátis, ainda baseada no “browser” e representada pelo Google, versus sistemas baseados em “aplicativos”, um universo fechado em que os downloads são pagos, embora a preços relativamente baratos, representado pela Apple e seus iPhones, iPods e iPads.

O Google tenta reagir através de seu sistema Android, que vem populando cada vez maior número de smartphones e que também oferece conectividade amigável e preferencial ao conteúdo de seus serviços online, tal e qual seu concorrente.

Já a Apple está segura de que seu iPad também vai estourar no mercado corporativo, com mais de 80% dos executivos americanos desejando-o e cerca de 56% das empresas daquele país admitindo adquiri-lo para seus funcionários no curto prazo.

O fato é que após tantos anos com a Microsoft no topo das marcas mais valorizadas do mundo, muitos acreditavam que ela perderia este posto para o Google, em função da popularização do site de buscas e de seus inúmeros serviços online.

Apesar desta impressão, segundo a Forbes, que publica a relação das 100 marcas mais valorizadas do mundo, o Google aparece em 5º lugar, atrás da IBM, Coca-Cola e Microsoft, esta figurando na 2ª colocação…

Aliás, entre as 10 marcas mais valorizadas do mundo, nada menos que 6 são de empresas de tecnologia.

E adivinhe quem está no topo…

Forbes - Valor da Marca
As 10 marcas mais valorizadas do mundo (Forbes)

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Distribuindo Viagens, Tendências e Tecnologia

Logo na 2ª feira, procurei abrir a semana com um assunto relacionado à distribuição, que veio a ser o tema mais comentado (26 comentários no post GDS: a volta dos que não foram…), tema mais reportado (pelo menos 11 notas no Portal Panrotas e, certamente, matéria de capa da edição 922 do Jornal Panrotas), tema mais abordado (não houve conversa em que o assunto não fosse citado) da semana: o retorno da TAM ao GDS.

Para completar, recebemos hoje no Reserve a visita do Paulo Salvador, amigo blogueiro especialista em Tendências e Tecnologia e, para não fugir à regra, o retorno da TAM ao GDS também foi analisado.

Paulo Salvador
Paulo Salvador no Reserve com Luís Vabo

Mas tratamos também de hotelaria, online travel agencies, mestrados na França, sistemas integradores, modelos de negócios, oportunidades de negócios, empreendedorismo, estratégia corporativa, carreira, Rio de Janeiro, São Paulo, Paris, Lyon, filhos, esposas, casamento, família, futuro, distribuição, tecnologia e tendências…

Muito boa a conversa com o Paulo…

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GDS: a volta dos que não foram…

Usualmente é difícil encontrar um título para um artigo, que resuma o sentido ou o espírito de um texto, mas hoje diversos títulos me vieram à cabeça:

GDS: o renascimento (cabe bem para este post)

GDS: inovando com o passado (também cabe para este post, mas não soa bem)

GDS: novos entrantes no Brasil (este é quase perfeito)

É estimulante acompanhar a evolução da distribuição em nossa indústria e, em especial, o esforço dos GDSs em manter o status quo do seu negócio no Brasil, durante os últimos anos.

Desde 2004 sem distribuir a íntegra de seu conteúdo através de GDS, a TAM finalmente retornará ao modelo de distribuição “lock in”, que ainda é padrão mundial.

Vitória do GDS? Sim… e não.

O fato é que nenhuma empresa de tecnologia conseguiria manter-se, durante mais de 6 anos, em um mercado em que sua participação caiu, abruptamente, de 100% para cerca de 17% neste período.

Os GDSs conseguiram.

E conseguiram graças ao seu rentável modelo de negócio, que sobrevive no mundo inteiro, e que subsidiou a operação no Brasil, como fazem em qualquer região considerada estratégica, mesmo que não remunere sua operação localmente.

No Brasil, é provável que os GDSs tiveram que ceder no preço da segmentação, mas ganharam em sobrevivência no mercado nacional, exatamente num momento em que este mercado só tende a crescer, com previsão de triplicar nos próximos 20 anos.

A TAM também venceu.

Conseguiu estabelecer sua própria plataforma de distribuição, que permanecerá totalmente operacional e instalada nas agências de viagens, cabendo ao mercado optar por continuar utilizando-a ou retornar ao GDS, cujo preço de segmentação, como disse, certamente foi reduzido.

Mas agora a TAM detem o controle estratégico sobre a sua distribuição.

Os GDSs que oferecerão o “full content” da TAM já iniciaram a disputa comercial para demarcar seu pedaço no latifúndio, que são as agências de viagens, mesmo antes de saber se o latifúndio deseja ser demarcado…

Trata-se de um novo velho filme, algo como “A Reconquista dos Agentes – Reloaded”.

É um legítimo processo de conquista comercial, como em qualquer concorrência, mas que utiliza as mesmas armas utilizadas no passado e que levaram as cias. aéreas a questionar seu modelo.

“O incentivo que o GDS paga ao agente de viagens sai do meu bolso”, afirmavam as cias. aéreas antes de 2004, quando se rebelaram contra isso, por perceberem que pagavam um sobrepreço pela segmentação, que acabava por financiar o controle estratégico sobre a distribuição de seu produto, pelo GDS.

Hoje, por receberem um valor menor pela segmentação, haverá espaço para o GDS pagar incentivo à agência?

E se pagarem incentivo agora, para ganhar mercado um do outro, será até quando?

No final das contas, penso que todos concordam que o retorno do GDS ao mercado de distribuição de voos nacionais é muito bem-vindo:

– para as agências de viagens, como alternativa de sistema de reserva de baixo custo.

– para as cias. aéreas, pelas funcionalidades para voos internacionais e entre cias. aéreas diferentes.

– para os sistemas integradores, como o Reserve, pois simplificará a integração para uma quantidade menor de fornecedores de conteúdo, substituindo os atuais mais de 20 sistemas diferentes, gerando economia de desenvolvimento, manutenção e suporte.

– para a indústria de viagens, pela indiscutível importância do GDS como player em nosso mercado.

Embora os GDSs não tenham mudado seu modelo de remuneração, certamente se ajustaram a este novo tempo, representado pelas novas tecnologias disponíveis, pelas menores margens de rentabilidade das cias. aérea e do mercado e pelo maior poder de escolha dos clientes e dos agentes de viagens.

Sejam bem-vindos de volta para o futuro !

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