Meus queridos amigos blogueiros Artur e Sidney postaram 2 bons textos sobre as consequências da crise econômica sobre o desempenho das operadoras de turismo brasileiras, a partir de duas histórias reais, mas absolutamente diferentes.
O “Querida Olga,” (de 29/10/15) foi tão contundente que recebeu 43 comentários, incluindo as respostas do Artur às justas reações de quem foi pego no meio do naufrágio da Designer, enquanto o “Bravo, Maktour!” (de 18/11/15) ressuscitou o assunto através de uma outra história, diametralmente oposta, relacionada às ações do controlador da Maktour para manter firme o curso do navio.
Além de colocarem de forma muito clara e direta as suas opiniões, extraem-se de ambos os textos um genuíno sentimento de amizade e respeito dos blogueiros aos protagonistas dessas duas histórias, independentemente do lado que o leitor se posicione a respeito do conteúdo dos textos.
Apesar de não ser nosso intuito requentar este debate, eu venho recebendo algumas “cobranças” para posicionar-me a respeito das dificuldades financeiras das operadoras de turismo brasileiras frente à nova realidade (esperamos que passageira) econômica, mas não o fiz e sinto que não devo fazê-lo, porque não vejo especificidade desta crise em relação a este segmento de nosso mercado.
A rigor, o atual cenário é sombrio para toda a economia brasileira, com raríssimas exceções (nenhuma dessas exceções é um segmento de viagens e turismo) e já abordei este tema aqui mais de uma vez.
Governo fraco, desperdício de dinheiro público, péssimos indicadores econômicos, baixo índice educacional e de saúde pública, decrescente qualidade de vida, aparelhamento do Estado e corrupção endêmica em todas as esferas dos 3 poderes e em todos os níveis, municipal, estadual e federal.
Naturalmente que uma recessão como esta, que chega de forma rápida (mas não silenciosa) e que não dá sinais de que irá embora tão cedo (pelo menos não no atual governo), acaba por deixar pelo caminho as empresas “alavacandas”, entenda-se aquelas com dívidas relativas a investimentos recentes ou à cobertura de fluxo de caixa, e sem aquilo que chamo de “colchão”, que é uma reserva de capital próprio (da empresa ou de sócios), disponível para momentos como este, já que a diferença entre capital próprio ou de terceiros (empréstimos, financiamentos, crédito bancário etc.) todos já conhecem.
Por isso, desmistifico um pouco as consequências destas tristes ocorrências sobre a distribuição, uma vez que, para toda demanda sempre haverá um fornecimento substituto e reafirmo aqui a opinião que postei em comentário sobre outro texto do Artur – “O nó da distribuição” – e que resume a minha percepção sobre o que vem acontecendo:
“Artur,
Por incrível que pareça, o que você batizou de nó da distribuição não é um nó, mas o oposto, é o desatar de um emaranhado…
Como você mesmo afirma, tudo isso já estava escrito há 15 anos e eu acrescento que esta “freada de arrumação” que o mercado está dando (por mais desagradável e dolorosa que seja) tem duas principais razões:
1) A baixa compreensão dos empresários tradicionais sobre a web como ambiente de negócios (e-commerce) e suas consequências, apesar da internet estar aí há 20 anos.
2) A crise tripla brasileira (econômica, política e ética) que impacta os negócios, paralisa as expectativas, engessa os investimentos e reduz as vendas.
Este cenário, sombrio e raro, ocorre quando a inércia empresarial encontra a incompetência política.”
Aguardemos, com fé e trabalho, as cenas dos próximos capítulos…
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