PONDO ORDEM NA CASA !

É mais usual do que parece o movimento de padronização de tecnologias, em especial aquelas inovadoras e disruptivas, que chegam para mudar abruptamente o comportamento do consumidor em relação a determinado produto ou serviço.

Como exemplo de tecnologia recente, ainda nascendo, basta observar a tão comentada Internet das Coisas ou IoT de “internet of things”, que inclui “wearable devices”, “embedded systems”, entre outros.

Muitas startups correram, e ainda correm, para sair na frente e desenvolver soluções inovadoras baseadas em IoT, sonhando que sejam dominantes no futuro em função de seu grau disruptivo, mas as grandes indústrias de bens de consumo (refiro-me a eletrodomésticos, carros, roupas, entre outras) estão tão atentas a esta tendência, que não perderam tempo e já começam um movimento de padronização desta nova tecnologia, em comum acordo com os grandes provedores de tecnologia no mundo:

IoT: Empresas mundiais criam fundação para padronizar tecnologia

Esta fundação agregará diversos segmentos da indústria, com o objetivo de organizar um mercado ainda incipiente e que envolve todo e qualquer produto, desde malas, sapatos, geladeiras, armários, bicicletas, roupas, material esportivo, carros, alimentos, remédios etc, etc, etc.

Os fabricantes de bens de consumo buscam um padrão tecnológico para a Internet das Coisas estar em todos os lugares até 2025
Os fabricantes de bens de consumo buscam um padrão tecnológico para a Internet das Coisas estar em todos os lugares até 2025

Como IoT é uma tecnologia nova a ser embarcada em produtos velhos conhecidos do consumidor, os tradicionais fabricantes não querem ficar de fora desta festa e, mais do que isso, não querem depender de poucos fornecedores, ou de empresas que utilizem padrões próprios para desenvolver e manter este ou aquele dispositivo, não querem se tornar dependentes de ninguém.

Isso nos lembra alguma coisa?

Sim, uma analogia direta com nosso mercado nos faz lembrar que, desde que a IATA citou pela primeira vez o termo NDC, diversos questionamentos surgiram no mercado sobre seus reais objetivos.

Diziam que as cias. aéreas desejavam a posse e o controle de todos os dados dos passageiros para alavancar sua estratégia de desintermediação, ou que o objetivo era enfraquecer o hub de distribuição representado pelos GDSs, cada um com um padrão tecnológico proprietário, ou ainda permitir que todos os players de tecnologia da distribuição tenham as mesmas condições concorrenciais e, assim, estimular inovações disruptivas que mudem o rumo do negócio.

A verdade é que a real motivação do NDC não é nenhuma dessas, mas o mais prosaico dos objetivos: padronização tecnológica tal e qual as indústrias de bens de consumo estão buscando para a IoT.

Aliás, comparativamente ao objetivo da padronização da IoT, veja o que diz a IATA sobre o NDC:

The power of standardization

An industry standard will facilitate a more efficient airline distribution system, thereby benefitting airlines, agents, GDSs, IT providers and travel start-ups. Structured around seven distribution-related functions, the NDC Standard provides the opportunity to address the end-to-end airline distribution process, e.g. shopping, booking etc., and to deliver enhanced customer experiences.

A IATA lançou o projeto de padronização da tecnologia de distribuição no final de 2012 e batizou-o NDC (New Distribution Capability)
A IATA lançou o projeto de padronização da tecnologia de distribuição no final de 2012 e batizou-o NDC (New Distribution Capability)

Para maiores detalhes sobre o NDC, veja diretamente na fonte: IATA NDC Standard

Se para ter força suficiente para organizar o mercado, a padronização de uma tecnologia depende de ser promovida por uma entidade, fundação ou associação representativa dessa indústria, no caso da distribuição de reservas aéreas, essa entidade sem dúvida alguma é a IATA, cujas mais de 400 cias. aéreas associadas produzem 84% do tráfego aéreo mundial, processam US$ 367 bilhões em vendas via BSP e atendem 35 mil agências de viagens em todo o mundo.

As cias. aéreas, aqui representadas pela IATA, são as efetivas donas do mercado de transporte aéreo, cessionárias que são deste modal de transporte no mundo e, tal e qual os citados fabricantes de bens de consumo, pretendem arrumar a casa, padronizando a tecnologia de distribuição de seu serviço.

A questão aqui é que, diferentemente da IoT, as tecnologias de distribuição de reservas aéreas existem há mais de 50 anos e, por isso, o desafio da IATA de estabelecer um padrão, enfrenta décadas de legado tecnológico, de práticas e acordos comerciais (que envolvem incentivos financeiros bilaterais) e que são diferentes de mercado para mercado, de país para país, transformando sua implantação numa missão tão complexa quanto substituir todo o combustível de uma aeronave em pleno voo…

Claro que não é impossível de ser feito, mas há que se encontrar alternativas para o equilíbrio comercial entre todas as partes envolvidas.

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OPONENTE INVENCÍVEL

(Pode não parecer, mas este texto é uma homenagem ao Artur)

Em 05/02/2016, publiquei o 500o. Post do Blog Distribuindo Viagens, encerrando uma saga de 6 anos em que estive à frente deste tema na Blogosfera do Panrotas.

Desde que iniciei o ofício de escrever regularmente para o mercado de viagens e turismo, em março de 2010, estabeleci alguns objetivos, indicadores e metas, exatamente como faço em todos os desafios profissionais e, neste caso, o objetivo era produzir conteúdo relevante que levasse o Blog não somente a ser bem lido, mas também comentado e dabatido pelos diferentes players do mercado.

A partir de 2012, comecei a pensar em tentar disputar a liderança da audiência entre os Blogs Panrotas, mesmo sabendo que eu teria que encarar o Artur, nosso editor-chefe, como a referência a ser alcançada. “Muito difícil chegar perto da audiência do editor-chefe de um veículo de imprensa, em especial com a qualidade dos textos do Artur”, pensei com meus botões, buscando uma improvável estratégia.

Nessa área, Artur representa a figura do oponente invencível, o mais lido, comentado, respeitado e, em alguns casos, temido blogueiro do Panrotas. “Como encarar um Golias deste tamanho?”, pensei. Ao mesmo tempo que parecia impossível, também era uma referência incrivelmente desafiadora e eu não conseguia evitar de, pelo menos, tentar chegar perto da audiência do Artur.

Meta estabelecida, analisei as variáveis envolvidas no processo para perceber quais poderiam ser controladas e passei a estudar, aprimorar e aplicar 5 táticas, ao elaborar e publicar cada post:

1 – Priorizei o CONTEÚDO, focando em atualidade, variedade e relevância.

2 – Lapidei o FORMATO, visando estilo, objetividade e leveza.

3 – Trabalhei o TÍTULO, buscando síntese, atratividade e curiosidade.

4 – Automatizei a PUBLICAÇÃO, estabelecendo frequência, regularidade e pontualidade.

5 – Investi no LEITOR, estimulando participação, debate e contraditório.

Criei esta cartilha e procurei segui-la, pois os blogueiros do Panrotas não recebem qualquer tipo de limite ou censura, apenas uma orientação editorial relacionada ao nome do Blog, visando a abordagem regular do tema. O resultado deste trabalho (sim, é um trabalho, prazeroso como qualquer trabalho que se goste de fazer) foi conquistado seguramente graças aos leitores e comentaristas do Blog Distribuindo Viagens, a quem sou muito grato por tudo o que aprendi e continuo aprendendo nessa experiência única de ser Blogueiro Panrotas.

Ok, mas e agora?

Novo Blog, novo tema, novo desafio. Como manter a audiência para um Blog ainda mais específico e muito mais técnico? Como destrinchar, de forma atrativa, temas relacionados à tecnologia corporativa, ou seja, tecnologia desenvolvida, operada e consumida pelas empresas?

Ou ainda, como descreveu nosso novo chefe, o Renê Castro, o B2B Tech focará em “tudo sobre ferramentas e modelos de negócios baseados em tecnologias para o ambiente de viagens corporativas”.

Encaro como o desafio de reescrever uma história de sucesso, mesmo consciente das dificuldades, da nova realidade de nosso mercado e da aparente aridez do tema chave deste novo Blog, o qual requer um novo objetivo e uma mudança abrupta de rumo, uma estratégia diferente da anterior.

O propósito agora será outro, mas permanece o desejo de ser merecedor do interesse e da participação dos leitores.

Estamos prontos pra recomeçar…!

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500 POSTS EM 6 ANOS. HORA DE RENOVAR !

Já é uma história de vida…

Atendendo a gentil convite do Panrotas, desde março de 2010 escrevo aqui sobre o que vejo, ouço, leio e experimento no mercado de viagens e turismo.

O título do Blog – Distribuindo Viagens – foi a inspiração para a maioria dos textos publicados, mas seguramente escrevi sobre muitos outros assuntos, incluindo temas de fora de nosso mercado, sempre com a estimulante participação e comentários dos leitores.

Durante esses 6 anos, foram 500 textos e mais de 4.100 comentários (incluindo minhas respostas), fazendo a média de 7 posts (quase 2 por semana) e 57 comentários por mês, o que me deixou surpreso que tenha havido mesmo tanto assunto assim…

A média de 5.000 “page views” por mês (dados de 2015) eleva esses dados a 360.000 leituras, uma baita responsabilidade considerando a alta qualidade dos leitores e dos comentários postados.

A média aproximada de 3 minutos de leitura por texto (medido e reportado pelo WordPress), faz com que mais de 1 milhão de minutos tenham sido dedicados à leitura dos posts, tempo equivalente a 2.250 dias úteis, ou ainda, a 10 anos !

Sinto enorme gratidão por esta legião de leitores, interessantes e interessados, todos muito generosos, pois valioso é o tempo que uma pessoa oferece para ouvi-lo, para lê-lo, para compreendê-lo, tão valioso que custa um pedaço da vida desta pessoa.

Muito obrigado !

Alguém me perguntou, durante o Panrotas Next no Rio de Janeiro: “Qual o segredo para manter o interesse dos leitores num tema técnico durante tanto tempo?”

Respondi com a mesma objetividade com que procuro desenvolver cada texto: “Nunca me limitei ao tema do Blog, escrevo sobre tudo um pouco, da forma que vejo e percebo os fatos, sem inventar estilo nem preocupar-me com o que vão pensar, busco escrever a verdade, nem que seja a minha verdade”.

Não é tão fácil discorrer, de forma recorrente, sobre o mercado em que atuamos, sem correr o risco de incomodar ou desagradar algumas pessoas, mas o fato é que apesar de eu nunca ter buscado polêmica, admito que a encontrei algumas vezes…

Ser blogueiro independente é mesmo uma missão, pois a exposição gerada por 2 textos por semana, num portal com a visibilidade do Panrotas, acaba por provocar um sem número de reações dos leitores, geralmente profissionais do mesmo mercado em que atuo.

Já me chamaram de petista, mais recentemente de anti-petista, já fui tachado de vaidoso, de ficar em cima do muro, de polêmico, e até o Artur um dia me rotulou como lobista, carinhosamente complementado com lobista “do bem”, referindo-se à minha saga de evangelização, há 16 anos, sobre os benefícios da tecnologia para o mercado de viagens e turismo.

Como diria o poeta, tudo isso “faz parte do meu show” e esses 6 anos de articulista (ok, blogueiro) me ensinaram que escrever sobre distribuição de viagens é apenas uma pequena parte da riqueza de conteúdo que podemos abordar por aqui.

Por isso, e com o beneplácito do chefe Artur e dos queridos Alcorta, é hora de mudar, de dar outra abrangência a este blog, e vamos começar batizando-o com outro título, algo que represente o rumo que os negócios no mercado de viagens e turismo estão tomando, independentemente do segmento.

O nome do novo Blog que assinaremos será conhecido após o carnaval, ou até fevereiro, ou até o Forum Parotas, ou durante o Forum Panrotas, é o Artur quem decide como e quando…

Até lá, estaremos fechados para balanço, um balanço desses 500 Posts publicados (e 1 que jamais foi publicado)…

Tchau e até já !

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