NOTÍCIAS DE UM PAÍS SEM CRISE

Em rápida passagem de 5 dias por New York, registro aqui uma parte do que percebi e experimentei na capital do mundo, uma cidade em constante processo de renovação.

Os norte-americanos estão ocupados (ou distraindo-se) com as maluquices de Donald Trump como pré-candidato à presidência pelo Partido Republicano.

Os “drones” saíram definitivamente da fase projeto-piloto e já são uma realidade, com uma crescente relação de aplicações no dia-a-dia da população.

Drone fazendo levantamento fotográfico do Central Park
Drone fazendo mapeamento aero-fotográfico monitorado do Central Park

Os “self-driving cars” da Tesla continuam sendo matéria dos telejornais, que apresentam, ainda como novidade, um conceito pesquisado, desenvolvido e difundido pela Volvo, Google e (dizem) Apple, há pelo menos 5 anos.

Os carros sem motorista continuam atraindo o interesse de uma sociedade movida a automóvel
Carros sem motorista geram curiosidade numa sociedade movida a automóvel

Os policiais do NYPD – New York Police Department foram alçados à categoria de celebridades, com direito a muitas fotos com turistas em Times Square. Seu lema “Courtesy, Professionalism and Respect”, levado ao pé da letra, atesta que a polícia novaiorquina foca no cidadão (a quem associa sua imagem) e não no criminoso, uma estratégia que ajudou a reduzir tremendamente os índices de criminalidade na cidade.

Os policiais de New York são atenciosos com os turistas
Os policiais de New York são cada vez mais atenciosos com os turistas

Chega a ser nostálgico olhar a loja vazia da Fao Schwartz, templo do consumo infantil pré-era digital, ao lado da loja da Apple número 1 em vendas no mundo, cada vez mais abarrotada de gente de todas as idades, ideias, lançamentos e criatividade à flor da pele. As duas lojas, lado a lado, formam o retrato mais realista do novo interesse do consumidor…

A loja da Apple continua atraindo seguidores e amantes de inovações tecnológicas
A loja da Apple na esquina do Central Park atrai amantes de inovações tecnológicas

O Central Park continua sendo o pulmão de Manhattan, onde turistas passeiam, misturados a moradores correndo, patinando na pista de gelo, exercitando-se ou simplesmente fazendo nada. Continua imperdível a caminhada pelo parque, onde encontramos amigos agentes de viagens brasileiros fazendo a mesmíssima coisa, desfrutando a liberdade de caminhar à toa, sem a paranoia da preocupação de ser assaltado a qualquer momento…

Tarde de outono no Central Park revela diferentes cenas, ângulos e luzes espetaculares
Entardecer de outuno no Central Park revela ângulos, luzes e cenas urbanas espetaculares

image

image

Após a caminhada no Central Park, o Robert Restaurant, dentro do NYC Museum of Arts and Design (2, Columbus Circle), que expõe e vende peças originais de artistas novaiorquinos, é uma ótima pedida, com linda vista, gente descolada, menu muito bem cuidado e serviço atencioso.

O Burger Joint, um boteco dentro do Le Parker Meridien (119 W 56th St.), continua gerando filas cada vez maiores, para degustar o que muitos chamam de “o melhor hamburger de NY”.

O "melhor hamburger de New York" é preparado por uma simples lanchonete dentro da recepção do Le Parker Meridien (coisas de NYC)
O melhor hamburger, dentro da recepção do Le Parker Meridien (coisas de NYC…)

O menu do Oyster Bar da Grand Central Station (89 E 42nd St.) continua imbatível, em especial na enorme variedade de tipos e origens das ostras.

Dezenas de tipos de ostras, identificadas pela origem, são oferecidas no Oyster Bar
Dezenas de tipos de ostras, identificadas pela origem, são oferecidas no Oyster Bar

O restaurante francês Le Cirque (151 E 58th St.) prometeu muito mais do que entregou, apesar de ostentar 1 estrela Michelin.

O Le Cirque ostenta uma estrela Michelin entre outros prêmios de alta gastronomia
O Le Cirque ostenta uma estrela Michelin entre outros prêmios de alta gastronomia

O Aureole (135 W 42nd St.) confirmou a genialidade de Charlie Palmer, um chef badalado que assina outros bons restaurantes em Manhartan.

O Esca (402 W 43th St.) brilhou na categoria “frutti di mare”, apesar do ambiente mais cheio, típico das casas especializadas na cozinha italiana.

Mas o melhor espetáculo gastronômico em NY continua sendo proporcionado pelo Le Bernardin (155 W 51th St.), cuja decoração, criatividade no cardápio, sutileza de sabores e qualidade da carta de vinhos, reconfirmou porque ostenta 3 estrelas Michelin.

Entre os atuais shows da Broadway, a peça infantil Matilda faz bonito, em especial pela qualidade da interpretação da protagonista, Mattea Conforti, uma garotinha de 9 anos (que parece ter 7) que dá um verdadeiro show de canto, dança e carisma, liderando um “cast” de crianças, verdadeiros virtuosos do musical profissional padrão Broadway.

O musical Matilda estava lotado de crianças e adultos
O musical Matilda lota todas as noites

Já a badalada Wicked, uma peça adolescente que foca o público adulto, não encantou tanto, apesar da fama, do figurino bem elaborado, das boas sacadas do cenário e do vozeirão das duas protagonistas, que travam um verdadeiro duelo ao longo do espetáculo, que é o que vale o ingresso.

A super-produção Aladdin é rica, enche os olhos e os ouvidos, tem comédia e emoção, muito bons atores, dançarinos e cantores (o gênio da lâmpada rouba completamente a cena), e ninguém descobre como o tapete mágico voa por quase 10 minutos sobre o palco (sem fios, sem fumaça, sem jogo de luz ou de espelhos), transportando os 2 protagonistas em uma noite estrelada, enquanto cantam “A Whole New World” a plenos pulmões, para uma plateia completamente hipnotizada, num show genuinamente padrão de qualidade Disney, verdadeiramente imperdível.

A visita ao Ground Zero é um “must do” composto por um Memorial Museum em homenagem às vítimas da tragédia, dois gigantescos monumentos invertidos no lugar das duas torres gêmeas e uma exposição de vídeos, fotos, peças e pedaços da construção do que restou dos ataques terroristas de 11/09/2001.

O objetivo do Memorial Museum é que os atos terroristas de 11/09/2001 jamais sejam esquecidos
O objetivo do Memorial Museum é que os atos terroristas de 11/09/01 não sejam esquecidos

image

image

image

Também visitamos o One World Observatory, instalado no alto de um prédio moderníssimo, com mais de meio quilômetro de altura (o mais alto do Ocidente), cuja bela vista 360 graus de toda Manhattan, vale o caro ingresso da atração.

No alto dos mais de 100 andares do One World Observatory avista-se 360 graus da cidade de New York
Milhões de visitantes sobem os mais de 100 andares do One World Observatory de onde avistam 360 graus da cidade de New York

image

image

OWO

No último dia em NY, ainda encontramos tempo para visitar o Bryant Park, endereço da New York Public Library (5th Ave at 42nd St.) e palco permanente de exposições de artistas e designers da cidade, que oferecem diretamente ao público suas obras e criações exclusivas, tudo coisa fora do padrão comercial das lojas tradicionais.

Perguntei aos meus amigos, que nos acompanham nesta viagem, qual a principal percepção que estão tendo, referente ao atual ambiente de New York, em relação à última vez que vieram à Big Apple.

A resposta veio em uníssono: a percepção de segurança nas ruas, que permite um sentimento de liberdade, e a modernização da cidade, representada pela enorme quantidade de obras em andamento.

Não, não será New York que sediará os Jogos Olímpicos de 2016…

.

UM PAÍS DE ATRASADOS

Na época em que prestei o exame do vestibular, nos idos de 1978, já era comum que muitos estudantes se atrasassem para o exame e, com isso, frustrassem ou postergassem seu sonho de entrar na faculdade, exatamente como ocorre atualmente com o ENEM.

Um tanto “nerd” (ainda não existia esta expressão), eu considerava inimaginável atrasar para o exame do vestibular, pois se existe algo nesse país que não tem qualquer flexibilidade no horário é a prova para acesso às universidades, seja vestibular, ENEM ou o nome que quiserem dar e, por isso, lembro que me programei para chegar 1 hora antes do horário marcado, simples assim.

O fato é que são muito poucas as outras situações do cotidiano brasileiro em que o horário é efetivamente cumprido por todas as partes envolvidas e, como cumprir qualquer horário depende de uma sequência de fatos, quando todos esses fatos atrasam dá para ter uma ideia das desculpas esfarrapadas utilizadas para justificar o injustificável.

No Brasil, atrasar é esporte popular, descumprir horário é esporte olímpico e desrespeitar agendamento é campeonato mundial, torneios de incivilidade em que somos líderes absolutos.

Chegamos a achar graça da pontualidade britânica, não valorizamos a precisão dos relógios suíços e nos divertimos com a famosa reverência japonesa ao cumprimento de horários, e ainda existem sociólogos pregando que esta é a nossa cultura (desrespeito ao outro) e, portanto, não adianta lutar contra isso…

No Brasil, nem médico respeita seu cliente, que marca uma consulta às 11:00h mas, às 12:30h, ainda aguarda ser atendido:

– “Eu estou aqui trabalhando, o paciente é que tem que aguardar”, explicou-me uma vez um médico quando questionei o motivo dele descumprir sistematicamente os horários agendados.

– “E eu estou fazendo o quê aqui, doutor? Passeando?”, respondi, inutilmente.

O brasileiro, de uma forma geral, acha natural (e julga-se pontual) chegar às 15:25h para uma reunião marcada às 15:00h, ou chegar diariamente ao trabalho às 9:20h, quando o expediente começa às 9:00h, ou ainda, entrar no cinema ou teatro com a sessão iniciada, deixar o táxi aguardando (que também chegou atrasado), chegar no restaurante meia hora depois do combinado com os amigos, entre outros desrespeitos às outras pessoas.

Por isso, confesso que não me penalizo com os atrasados do ENEM e alinho com a galera que tem postado milhares de piadas a respeito dessa turma, no mínimo, irresponsável.

São tantas gozações, que podem ser encontradas com a “hashtag” #ShowdosAtrasados2015, e as principais redes de TV montam coberturas ao vivo nos portões das grandes universidades, para flagrar em “real time”, o show de bizarrices, que são as tentativas de explicar o inexplicável, pelos estudantes que batem o nariz no portão recém-fechado:

– O ônibus atrasou
– O trânsito estava congestionado
– Minha mãe perdeu a hora de me acordar
– Esqueci a caneta e tive que voltar para buscar
– Meu relógio não estava no horário de verão
– Fecharam o portão antes do horário
– O portão estava mal sinalizado e me perdi
– Fui pra balada ontem à noite pra relaxar…

Eu realmente não consigo entender, os caras vem se preparando há anos, estudando, se esforçando, fazendo uma série de atividades para tentar ser bem sucedido num único exame anual… e jogam tudo fora porque acreditam que 2 minutos não é atraso, e ainda acham que cobrar pontualidade é exigir demais.

No fundo, estes episódios de atrasos para o exame do ENEM formalizam um mal comportamento social crônico de toda a nação, mas acabam tendo uma função disciplinar, no sentido de mostrar que, no jogo de tentar ser bem sucedido na vida, a regra é clara, comece sendo pontual em seus compromissos ou, mais cedo ou mais tarde, você estará fora do jogo.

.

ÂNIMO, PAIXÃO, MOTIVO E INSPIRAÇÃO

Desde que estamos juntos, há mais de 36 anos, Solange e eu praticamos exercícios físicos regularmente, de forma moderada a intensa, conforme a época e a disponibilidade de tempo, mas nunca nos consideramos propriamente viciados em malhação.

Sempre fizemos academia por questão de saúde e bem estar (hoje chamam de qualidade de vida) e revezamos em dias intercalados com a prática de ao menos um esporte, que já foi volei de praia em determinada época, natação durante muitos anos, atualmente tênis em quadra de saibro, mas sinto que já estamos migrando lentamente para corrida de rua.

No mercado de viagens e turismo brasileiro, há diversos praticantes de esportes e, em especial, de corridas de rua, mas há alguns que acompanho frequentemente nas redes sociais, que tornaram-se verdadeiros exemplos para esta nossa nova empreitada.

Com alto risco de deixar de citar outros amigos queridos que também treinam corridas (pelo que me desculpo antecipadamente), minhas atuais referências no assunto, por motivos completamente diferentes, são:

Rui Jorge Carvalho tem apresentado rápida evolução nas corridas de 5 Km, iniciadas há pouco tempo, em geral seguidas de longas caminhadas, tendo baixado muito seu tempo para o percurso. Rui está feliz com seus ótimos resultados e tem se auto-imposto novas metas regularmente. É animador acompanhá-lo.

Rui Jorge Carvalho
Rui Jorge Carvalho também é adepto recente das corridas de rua e vem evoluindo

Heber Garrido e família estão sempre buscando mesclar atividades, como corridas, bike e esportes radicais, como a Bravus Race, uma prova de resistência com 5 Km e 15 obstáculos, entre trechos enlameados, barricadas, buracos, redes militares, pesos, cordas e paredões de madeira. É apaixonante acompanhá-los.

Heber Garrido e Família
Heber Garrido e Família buscam desafios radicais e têm se superado a cada prova

Sandro Magalhães é top da minha lista de motivadores, já está em outra categoria, acaba de correr a famosa Maratona de Berlim (famosa ou não famosa, maratona é coisa para loucos obstinados). Sandro também corre meia-maratona e, de vez em quando, participa de corridas de 10 Km (só para não perder o ritmo). É motivador acompanhá-lo.

Sandro Magalhães
Sandro Magalhães treina há alguns anos com obstinação, atingiu sua meta de completar a maratona, e segue correndo…

Graças a essas pessoas e a muitas outras que o espaço aqui não permite destacar, nós também estamos entrando nessa…

Neste domingo, Solange e Vabo Júnior correram 5 Km e eu corri 10 Km na Etapa França da Delta Running, um bonito trajeto pelo Centro Antigo do Rio de Janeiro, com largada e chegada no Largo da Carioca.

Família Vabo feliz por completar as provas de 5 Km e 10 Km pelo Rio Antigo, em 18/10/2015
Um por todos, todos por um
Um por todos, todos por um, mas após a largada, cada um deve seguir seu próprio ritmo
Mar de gente
Iniciantes, nós saímos lá atrás do mar de gente. Na próxima, vamos melhorar esta marca 🙂
Vencendo meu próprio desafio
Vencendo meu próprio desafio, cruzando a linha de chegada na 23a. posição da categoria, entre os 25% mais rápidos da prova de 10 Km Masc.(Os organizadores oferecem tantas estatísticas que alguma sempre nos favorece e motiva)
O pódio
O pódio tem mesmo uma aura de paraíso, é o lugar mais desejado, onde todos desejam chegar

Durante a corrida, encontrei a Rosangela Gonçalves, que completou a prova de 5 Km e vi que chegou bem, enquanto eu dava a volta para reiniciar o percurso e completar meu desafio de 10 Km.

Aprendi muito com essa experiência, em especial que basta dosar seu próprio esforço para completar uma prova aparentemente difícil para a sua realidade e que, ao completá-la, você imediatamente descobre que poderia mais (na distância) e poderia menos (no tempo).

O maior e mais concreto risco do praticante de corridas é mesmo viciar-se na endorfina provocada pelo resultado alcançado, pela meta atingida, pelo estabelecimento de um novo desafio.

Não sei como não comecei isso antes 😳

.