NÃO PERCA TEMPO COM EMPREENDEDORES DE PALCO

Está cheio por aí…

É incrível como o empreendedorismo evoluiu ao longo dos anos, recebeu a atenção e a formatação de diversos autores, ensaístas e palestrantes, especialistas que transformaram o que era um talento (montar um negócio) em uma ciência (empreender).

Ninguém mais quer ser empresário, termo arcaico que absorveu as manchas deixadas por maus empresários do passado e do presente, hoje todos querem ser empreendedores, expressão nova que denota quase um ser superior, ligado a um propósito, muita determinação e espírito de liderança…

Tal e qual a internet, dada a sua precocidade ainda não pode-se falar em história do empreendedorismo como ciência (aliás não é unanimidade que seja uma ciência), mas a trajetória do estudo do empreendedorismo e sua aplicação na vida profissional já afeta centenas de milhões de jovens em todo o mundo, atraídos pela mosca azul do que os americanos chamam “entrepreneurship”.

Da mesmíssima forma, não se monta mais uma empresa, o certo é fundar uma “startup”… afinal, o próprio termo já denota uma certeza de crescimento, de arranque, de aceleração, avante e pra cima, bem diferente de quando se “abria uma firma”…

As histórias de empreendedores de sucesso habitam o imaginário de 10 em 10 jovens universitários. Todos querem ser um novo bilionário e acreditam que podem fazer isso sem esforço...
As histórias de empreendedores de sucesso habitam o imaginário de 10 em 10 jovens universitários. Todos querem ser um novo bilionário e acreditam que podem fazer isso sem esforço…

O fato é que empreender virou moda, é “cool”, desejo de 9 em 10 formandos de administração, computação e engenharia de produção, entre outras carreiras, a tal ponto que já existe uma legião de gurus do empreendedorismo, palestrantes, blogueiros, profissionais que literalmente vendem (e se vendem) as nobres virtudes do espírito empreendedor.

São os novos gurus da autoajuda, geralmente profissionais “em momento de transição”, que ministram “coaching” para executivos, palestram em eventos corporativos, escrevem livros e ebooks, mantêm redes sociais bem movimentadas (com seguidores tão fanáticos quanto críticos), moderam foruns de discussões, realizam mentorias e, seguramente, são blogueiros especializados no tema em que se destacaram para o mercado, devido à sua alegada experiência empreendedora bem sucedida.

Da mesma forma que, no passado, surgiram muitos consultores corporativos sem qualquer experiência corporativa, também já começam a surgir, hoje em dia, os chamados “empreendedores de palco”, que são aqueles profissionais que se agarram à causa empreendedora e, mesmo sem uma relevante trajetória empresarial, conseguem se destacar em palestras, entrevistas, eventos, mídias socias etc., a partir do uso rebuscado da retórica empreendedora (sim, já existe isso).

O empreendedorismo de palco é um fenômeno social relativamente recente, tendo sido identificado, entre outros, por autores como Ícaro de Carvalho e Bob Wollheim e tem na palestrante brasileira Bel Pesce a imagem mais difundida, uma quase celebridade no tema, pela forma como construiu (ou formatou, ou inflou, ou inventou) a sua “trajetória empreendedora”, hoje completamente desconstruída por diversos autores, como Izzy Nobre e Felipe Machado, da Veja.com. Acho que ambos foram um tanto injustos na forma como personificaram nesta moça um fenômeno que não é exclusividade dela e já arrasta uma legião de prolixos seguidores, que já se organizam para fundar a ABRAEMP – Associação Brasileira dos Empreendedores de Palco.

Capacitação é fundamental, mas o exagero na curiosidade e no interesse por casos de sucesso de empreendedores gera a mais pura perda de tempo, na contramão do verdadeiro espírito empreendedor
Capacitação é fundamental, mas o exagero na curiosidade e no interesse por casos de sucesso de empreendedores gera a mais pura perda de tempo, na contramão do verdadeiro espírito empreendedor

O mais incrível é que está crescendo um novo mercado de cursos e palestras, online e presenciais, onde profissionais que montaram negócios reais vão tomar lições de empreendedorismo com pessoas que nunca abriram um CNPJ e sequer têm alguma experiência gerencial que mereça ser ouvida, uma verdadeira sucessão de frases feitas, típicas de autoajuda, uma após a outra, e nenhum “insight” ou qualquer dica relevante para quem está interessado em empreender ou progredir no seu negócio.

Incrível como a história se repete e sempre existirão seguidores para todo tipo de embuste.

.

PARA QUE A GESTÃO NÃO ACABE EM PIZZA

Ótimo texto da Patricia Thomas sobre controle de despesas, formalizando de forma inequívoca que o escopo do gestor de viagens não é mais somente gestão de viagens. Leia aqui o que postou nossa presidente da Alagev sobre este assunto.

“Ah, mas todo mundo já sabia disso”, dirão alguns…, mas o fato é que há muitos travel managers que ainda acreditam que seu papel e sua responsabilidade, além de gerir, orientar e apoiar os viajantes da empresa, são limitadas aos tradicionais serviços de viagem e seus fornecedores (cias. aéreas, redes hoteleiras, locadoras de automóveis etc), quando na verdade, as despesas do viajante, como alimentação, transporte terrestre (taxi, uber, ônibus, BRT, VLT, trem etc.), combustível, km rodado, pedágio, estacionamento, internet, despesas extras de hotel, assento especial, bagagem extra, entre outras, podem representar um volume financeiro entre 50% a 80% (ou até mais) do valor total gasto com passagens aéreas e hospedagens.

As despesas durante a viagem podem dobrar o gasto total da viagem
As despesas durante a viagem podem dobrar o gasto total da viagem

Para estabelecer o orçamento de viagens a ser proposto para o próximo ano, Patricia destaca a importância do levantamento dos resultados da gestão de viagens realizadas, incluindo as chamadas despesas de viagens, através da coleta de diversas fontes de informação diferentes: a TMC, o OBT, o cartão de crédito e a área financeira da empresa que, no final das contas, é onde todas as despesas aterrisarão.

Penso que esta busca fragmentada de informações, além de pouco eficiente, só é necessária se a empresa não dispõe de uma completa plataforma de expense management integrada ao ERP da empresa, caso em que todas as fontes de informação citadas (TMC, OBT, CC e ERP) são integradas e conciliadas de forma automática, conforme testemunho da Cia. Suzano de Papel e Celulose, em matéria publicada no Panrotas na semana passada.

A integração de um expense and travel management ao ERP cria o processo end-to-end
A integração de um expense and travel management ao ERP cria o processo end-to-end

Não se trata de uma solução isolada desta ou daquela ferramenta, deste ou daquele ERP, para esta ou aquela empresa cliente, mas de um conceito de integrabilidade entre soluções tecnológicas distintas que, juntas, compõem o verdadeiro conceito end-to-end de gestão de despesas e viagens corporativas.

As grandes empresas começam a perceber as reais vantagens de implantar um sistema de gestão de despesas e viagens que, de forma integrada, coloca o poder de seu ERP na ponta dos dedos do viajante corporativo, agregando informação, serviço, mobilidade e compliance a quem efetivamente deve ter o compromisso de consumir, preferencialmente com zelo e parcimônia, cada fatia da pizza: o viajante corporativo.

O verdadeiro responsável pelo consumo parcimonioso da pizza são os próprios viajantes corporativos
O verdadeiro responsável pelo consumo parcimonioso da pizza são os próprios viajantes corporativos

.

EMPRESA É QUE NEM FILHO: A GENTE CRIA PARA O MUNDO

De tempos em tempos publico textos de outros autores e, mais frequentemente, republico textos que Luís Vabo Jr posta no Forum Ecommerce Brasil, onde é blogueiro, ou na Endeavor, onde contribui como mentor, ou ainda na PUC-Rio, onde é professor de empreendedorismo.

O texto abaixo, muito inspirado, utiliza uma analogia interessante (especialmente preciosa para mim) e, por isso, achei por bem deixar registrado aqui na minha verdadeira “timeline”, o Blog do Panrotas.

Quem sabe um dia escrevo a minha própria visão do assunto, muito próxima da que ele expõe aqui em diversos conceitos, mas que difere em um ponto fundamental…

Leia, analise e tire suas conclusões:

“Para muitos empreendedores, o processo de venda e sucessão na empresa costuma ser doloroso. Minha experiência mostra que não precisa ser assim.

O trajeto é conhecido: um empreendedor identifica um problema, vê a oportunidade de resolvê-lo de forma inovadora, monta uma empresa, cresce forte, recebe uma oferta irrecusável de compra (ou de fusão) e decide aceitar. Até aí, nada de novo. São muitos os casos de gente que segue esse caminho.

Mas, e depois? O que acontece? Do momento da sucessão — que é delicado e super importante na carreira de qualquer pessoa que tenha criado uma empresa — não existem tantos registros assim. Não existe uma ferramenta, ou um manual específico com o que fazer e o que evitar.

O que existe é a experiência de cada empreendedor e o melhor que cada um pode se prestar a realizar depois.

Leia também: Como fazer uma sucessão bem feita

Como tive a oportunidade de viver essa situação, gostaria de compartilhar alguns aprendizados e percepções que podem te ajudar a lidar com esse momento de transição em uma empresa.

O negócio nunca é só seu.

É comum me perguntarem como é que eu me “desapeguei” do negócio que vendi. Para responder, costumo falar do início da Sieve: quando meu sócio e eu criamos a empresa, tínhamos uma certeza – a de que o negócio surgiu para resolver um problema claro e real do e-commerce.

Assim sendo, nunca tivemos essa percepção de que a Sieve era só nossa, porque também era dos clientes cujos problemas queríamos solucionar (lojas virtuais e fabricantes).

Além disso, queríamos que cada membro do nosso time (os Sievers) se sentisse feliz e motivado por trabalhar na Sieve. E, pra que isso acontecesse, o compartilhamento da cultura organizacional tinha que ser total, sem restrições. Ou seja, o negócio também era da nossa equipe.

Por isso, a questão do “desapego”, no meu caso, não teve tanta importância. Então, minha principal orientação, aqui, é que:

VOCÊ, EMPREENDEDOR(A), DEVE TER CONSCIÊNCIA DE QUE SEU NEGÓCIO É COMO UM FILHO. EM UM MOMENTO, VOCÊ É TOTALMENTE RESPONSÁVEL POR ELE. MAS DEPOIS, ELE CRESCE, SE DESENVOLVE, SAI DE CASA… VAI PARA O MUNDO.

Chega o tempo em que o negócio não depende mais só de você. No nosso caso, como sempre tivemos essa mentalidade, nunca foi uma questão delicada essa de vínculo muito estreito com a operação. Isso tornou mais fácil e mais leve o processo de sucessão, tanto interno quanto externo.

Fizemos fusões e vendemos. Mas continuamos tocando o negócio.

Muita gente também se pergunta também sobre “o que fazer” após a conclusão de uma venda. Quais os passos devem ser dados.

Novamente, não existe uma receita de bolo. Até porque depende muito do momento em que a empresa está. No caso da Sieve, nós continuamos tocando o negócio como executivos. A equipe e a operação continuou sob nossa responsabilidade. A principal diferença é que, com a chegada de novos sócios, o sonho grande aumentou.

Aliás, a questão do sonho grande, aqui, é super importante, porque a minha orientação quanto aos próximos passos para gestores que passem por essa experiência sempre será a de ampliar esse sonho grande. Sempre digo para buscarem parceiros em linha com os seus valores e objetivos, além de um modelo de negócio que permita que o sonho se expanda ainda mais.

Empreender não é só abrir uma empresa.

Por falar em sonho grande, quero propor uma reflexão um tanto filosófica: para mim, empreender é muito mais do que abrir e tocar um negócio.

É UMA ATITUDE DE VIDA, E QUE, POR ISSO, É INDISSOCIÁVEL DO LEGADO QUE PRETENDEMOS DEIXAR.

Faço essa reflexão porque também ouço muitas perguntas sobre como, depois de vender um negócio, o(a) empreendedor(a) pode continuar contribuindo com o ecossistema. Sobre como pode disseminar a cultura empreendedora. Além, evidentemente, da possibilidade de ele abrir outro negócio, existem outros caminhos que ele(a) pode trilhar também.

No meu caso, procuro “irradiar” esse espírito das mais diversas formas. Por exemplo, dando mentorias na Endeavor, para orientar quem está passando pelos desaios que passei. Também costumo ministrar palestras ou escrever artigos contando histórias e aprendizados, como esses que estou compartilhando com você. Investimento-anjo é uma vontade futura.

Isso serve até para mostrar ao pessoal mais jovem que empreender não é um bicho de sete cabeças. Que, por mais que não estejamos no Vale do Silício ou em Israel, é possível, sim, criar um negócio de valor e com crescimento de alto impacto aqui no Brasil.

Também tenho a oportunidade de ser professor de empreendedorismo na PUC-Rio. Dou esses exemplos apenas para mostrar o quanto, para mim, é forte a causa. E, a meu ver, o momento da venda foi importante nessa trajetória. Porque, quando empreendedores não são mais os únicos responsáveis por um negócio, podem se dedicar a outro campo fundamental para as transformações que todos queremos ver: a educação.

Por último, o investimento em novos empreendedores é uma bela possibilidade. Que o digam empreendedores como Hernán Kazah, fundador do Mercado Livre, que hoje se dedica a procurar companhias latino-americanas para investir por meio da Kaszek Ventures. Ou como Reid Hoffman, co-fundador do LinkedIn, que também se tornou Venture Capitalist e faz parte do conselho de várias organizações sem fins lucrativos. Ah, e eles também dão mentorias.

Leia também: 4 dicas (e 2 segredos) sobre mentorias

No fim das contas, pode ser que você coloque uma grana no bolso e queira tirar umas férias. Pode ser, inclusive, que isso te ajude a “desapegar”. Mas um empreendedor verdadeiramente de alto impacto não dispensa uma oportunidade de devolver à sociedade. Além dos novos projetos que certamente surgirão, sempre haverá quem possa se beneficiar da experiência que você viveu.

Não deixe de passá-la adiante!”

.

Obs.: Texto de Luís Vabo Jr publicado no Portal da Endeavor em 06/10/16.

.