EU JÁ ESTAVA CANSADO DE CHORORÔ…

Um fim de semana inteiro dedicado aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, ao vivo na linda Arena Central do tênis do magnífico Parque Olímpico, e pela SporTV (ninguém mais suporta o Galvão Bueno), em vários outros esportes.

Monica Puig, com 22 anos, lutou com garra e obstinação para conquistar o ouro nos Jogos do Rio
Monica Puig, com 22 anos, lutou com garra e obstinação para conquistar o ouro nos Jogos do Rio

Emoções de todos os tipos, mas entre tantas descobertas e constatações, nada me impressionou mais do que a vontade de vencer de alguns atletas que, independentemente de desculpas, dedicaram-se de forma obstinada para superar tudo e vencer.

Sim, os Jogos Olímpicos são sobre vencer, este é o único desejo comum a todos os atletas, mesmo os que admitem não ter chances de medalha desejam ao menos vencer um jogo, uma luta, uma competição que seja…

Por isso, nem estranhei ao ouvir algumas frases autênticas neste sábado, domingo e segunda-feira:

A torcida brasileira não tem educação.
Torcedora brasileira, reclamando do barulho durante jogo de tênis

É que a senhora não conhece os “hooligan” e os “dissidenti”.
Torcedor italiano, confundindo tênis com futebol

Vou dar um cacete nesse argentino !
Jovem brasileiro, aborrecido com os xingamentos de um argentino contra Rafael Nadal

Nos Jogos do Rio, o Brasil nadou como nunca !
Adolescente brasileiro, sobre o esforço dos nossos nadadores

E perdeu como sempre…
Colega do adolescente brasileiro, sobre os resultados não alcançados

Foi dada a largada…, Phelps fez uma volta ruim…, ultrapassa Phelps…, voando Michael Phelps…, perdeu, ganhou, perdeooooo…, ganhôôôôô Phelps !
Galvão Bueno, misturando natação com automobilismo, e errando como sempre

Medalha de ouro no Brasil é mero acaso do destino.
Comentarista esportivo, sobre a falta de planejamento esportivo no Brasil

Não existe acaso em medalha de ouro, existe é treino, esforço e muito suor.
Medalhista olímpico brasileiro rebatendo o comentarista esportivo

O time descobre que é o azarão ao ouvir os brasileiros torcendo por ele.
Atleta americana, estranhando que o brasileiro prefira torcer para o mais fraco

Não aguento mais essa cultura de perdedor.
Torcedor brasileiro, cansado da falta de atitude dos nossos atletas, que inventam desculpas quando perdem e choram quando vencem

Esse é O Cara ! Não se intimidou com a marra do francês. Foi pra cima “literalmente”, sem medo de ser feliz. E o mais importante: Não chorou quando venceu…
Torcida brasileira, unânime, sobre Thiago Braz, o novo heroi nacional

Sem se intimidar, sem sapato alto e sem chororô, Thiago Braz mostrou atitude de campeão
Sem se intimidar, sem sapato alto e sem chororô, Thiago Braz mostrou atitude de campeão

São comentários amargos, mas não há como ignorá-los…

A cultura do mais fraco

Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro lançaram luz sobre um problema que reside na cultura e na história de nosso país, que tem predileção pela vítima, pelo coitado, pelo mais fraco.

Apostamos que, mesmo em condições inferiores de treinamento e de oportunidades, o pior preparado dará a volta por cima e surpreenderá o mais bem preparado, gostamos de acreditar em histórias de superação pessoal, no menino pobre que se transforma no jogador de futebol milionário, na vitória sem treinamento, no lampejo de luz, no milagre…

Acreditamos em mágicos, em salvadores da pátria, em herois, em martires…, como se, por algum momento, aquela efêmera vitória nos distanciasse da nossa dura realidade.

Enquanto isso, gostamos do Arthur Nory, da Mayra Aguiar e da Poliana Okimoto, nos orgulhamos do Felipe Wu, do Diego Hipólito, do Arthur Zanetti e do Isaquias Queiroz, e idolatramos a Rafaela Silva e o Thiago Braz.

Arthur Zanetti treina 6 horas por dia, 6 dias por semana, para poder disputar o pódio nas argolas
Arthur Zanetti treina 6 horas por dia, 6 dias por semana, para disputar o pódio nas argolas
Isaquias Queiroz treinou muito, conquistou a prata e planeja treinar mais para disputar o ouro em 2020
Isaquias Queiroz treinou muito, conquistou a prata e planeja treinar mais para disputar o ouro em 2020

Para você pensar

Até este momento, das 9 medalhas olímpicas conquistadas por atletas brasileiros nos Jogos do Rio, 8 são de atletas militares, apoiados pelas Forças Armadas.

Sim, dos 465 atletas brasileiros disputando os Jogos do Rio 2016, cerca de 1/3 é militar.

Veja a relação completa desses 145 atletas neste link do Ministério da Defesa.

Estará o Ministério da Defesa absorvendo o papel esperado do Ministério dos Esportes?

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O SÓCIO INVESTIDOR E A HORA DE “DESINVESTIR”

No jargão do mercado financeiro, a “hora de desinvestir” é aquela em que o investidor decide sair do negócio, vendendo sua participação e deixando de ser sócio ou controlador de determinada empresa.

A “hora de desinvestir”, também conhecida curiosamente como “hora de realizar”, pode ser um bom ou um mal momento para o investidor, dependendo naturalmente do resultado alcançado, ou seja, ele pode realizar lucros ou realizar prejuízos, mas o fato é que a “hora de desinvestir” é mais inflexível do que parece.

Quando um investidor amador (aquele que não vive de investimentos financeiros, mas do trabalho e da produção, e por isso costuma perder no mercado de ações) percebe que a bolsa vai mal e que a crise ainda perdura, ele decide “esperar para ver se o mercado melhora”…

Ele persiste e, mesmo diante de suas ações (da Petrobras, por exemplo) virando pó, prefere “não realizar” o prejuízo e, com isso, acaba aumentando ainda mais a distância entre o preço que comprou e a realidade do preço que poderá vender um dia.

Isso não acontece com os profissionais, aqueles que vivem disso, por isso e pra isso, que investem dinheiro para multiplicar dinheiro, cujas cartas do baralho são as empresas e a mesa de jogo é o mercado, e eu chego a admirá-los por isso, pois não há paixão nem ressentimentos, não é nada pessoal, “it’s just about business”.

O sócio investidor tem um objetivo e um prazo certo para atingi-lo
O sócio investidor tem um objetivo e um prazo certo para atingi-lo

Mas quando um fundo de investimentos adquire parte, o controle ou a totalidade de uma empresa, ele entra naquela partida com data programada para sair, que pode até ser prorrogada em caso de comprovada indicação estratégica (desde que alguém convença os donos do dinheiro), mas não pode ser perpetuada, postergada eternamente, porque o propósito é mesmo sair do jogo, este é o objetivo final: “realizar”, simples assim.

E é isso o que distingue os amadores dos profissionais: com lucro ou com prejuízo, ganhando ou perdendo, com resultado ou sem resultado para os investidores, a “hora de desinvestir” é como um apito de fim de partida, assoprado por um árbitro que aguarda somente o tempo planejado para aquela disputa e indica a hora do sócio investidor ir para o chuveiro.

Se ganhou, tanto melhor, alegria para as velhinhas e bônus para os administradores. Se perdeu, melhor “realizar” logo e partir pra uma outra partida (e são muitas), talvez em outra mesa ou gramado, de preferência sem perder nenhuma noite de sono por isso.

A hora de realizar é o momento em que o sócio investidor decide sair da sociedade
A hora de realizar é o momento em que o sócio investidor decide sair da sociedade

Sua empresa tem um fundo investidor como sócio? Relaxe, não há nada a fazer, você provavelmente será o primeiro a descobrir quando a “hora de realizar” chegar…

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HACKATHON COMO ESTÍMULO À INOVAÇÃO

Hoje virou moda, mas o tipo de evento criado pela Sun (em 1999) para programadores, “hackers”, “crackers” e outras tribos, o hackathon (acrônimo de “hacker” e “marathon”) popularizou-se de vez também no Brasil, e isso é muito bom.

No hackathon, profissionais de tecnologia, analistas e arquitetos de software, design thinkers e UX designers, programadores (junior, pleno, senior e gênio), testadores e product owners, etc. etc. se reúnem em grupos, geralmente de 3 a 5 pessoas, para desenvolver uma solução para algum problema, ou algo que substitua ou melhore uma solução existente.

O compartilhamento de ideias é um dos pontos fortes do hackathon
O compartilhamento de ideias é um dos pontos fortes do hackathon

O evento é uma forma interativa de estimular ideias criativas, promover o trabalho em equipe, valorizar a liderança autêntica, além de planejar, realizar e entregar dentro do prazo, mesmo sob pressão, e qualquer semelhança com o dia-a-dia não é mera coincidência…

Com a maratona de programação, grupos, empresas e organizadores de eventos promovem oportunidades para catalisar o espírito empreendedor dessa turma que traduz ideias em linhas de códigos.

Jovens programadoras também curtem o desafio da maratona de desenvolvimento de software
Jovens programadoras também curtem o desafio da maratona de desenvolvimento de software

Quando bem planejadas, arquitetadas, desenhadas, desenvolvidas e testadas, estas linhas de código acabam por produzir protótipos que podem se transformar em novos produtos, e é aí que reside o maior barato do hackathon…

Além do gosto da aventura, do desafio de um trabalho compartilhado, da forma meio caótica, ininterrupta, incluindo a madrugada, a vontade de produzir algo literalmente do zero, em tão pouco tempo, a possibilidade concreta da solução desenvolvida ser utilizada como parte de um sistema ou produto tecnológico é mesmo a maior motivação de todos.

Durante as 24 horas de programação, o cansaço não pode vencer a motivação
Durante as 24 horas de programação, o cansaço não pode vencer a motivação

Foi o que testemunhamos sexta e sábado passado, durante o 1o. Hackathon Reserve 2016, em que grupos com 4 profissionais de tecnologia cada, concorreram a viagens e treinamentos especializados, mas o que os motivou mesmo foi o desejo de ver sua ideia ser aplicada num produto real, comercialmente viável, uma solução que resolva um problema de fato e que traga real benefício aos usuários.

Deste evento, cuja comissão julgadora era formada por mestres, doutores e executivos de outras empresas de tecnologia e e-commerce, no mínimo 2 projetos criativos, bem idealizados, desenvolvidos e apresentados, mostraram logo de cara que têm potencial para crescer e se transformar em soluções tecnológicas para problemas reais.

Os vencedores do 1o. Hackathon Reserve 2016
Os vencedores do 1o. Hackathon Reserve 2016

Caso estas novas soluções venham a ser efetivamente desenvolvidas e incorporadas aos sistemas da empresa, o que beneficiará até 3 milhões de usuários, de 30 mil empresas e 100 agências de gestão de viagens corporativas, terá sido atingido o principal objetivo do hackathon, tanto dos participantes quanto do organizador, que é o de provar a capacidade do voluntariado em transformar as boas ideias em boas soluções, o esforço em resultado, a iniciativa em acabativa, a inovação em produto.

Guerreiros da maratona de programação: experiência única !
Guerreiros da maratona de programação: experiência única !

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