O SÓCIO INVESTIDOR E A HORA DE “DESINVESTIR”

No jargão do mercado financeiro, a “hora de desinvestir” é aquela em que o investidor decide sair do negócio, vendendo sua participação e deixando de ser sócio ou controlador de determinada empresa.

A “hora de desinvestir”, também conhecida curiosamente como “hora de realizar”, pode ser um bom ou um mal momento para o investidor, dependendo naturalmente do resultado alcançado, ou seja, ele pode realizar lucros ou realizar prejuízos, mas o fato é que a “hora de desinvestir” é mais inflexível do que parece.

Quando um investidor amador (aquele que não vive de investimentos financeiros, mas do trabalho e da produção, e por isso costuma perder no mercado de ações) percebe que a bolsa vai mal e que a crise ainda perdura, ele decide “esperar para ver se o mercado melhora”…

Ele persiste e, mesmo diante de suas ações (da Petrobras, por exemplo) virando pó, prefere “não realizar” o prejuízo e, com isso, acaba aumentando ainda mais a distância entre o preço que comprou e a realidade do preço que poderá vender um dia.

Isso não acontece com os profissionais, aqueles que vivem disso, por isso e pra isso, que investem dinheiro para multiplicar dinheiro, cujas cartas do baralho são as empresas e a mesa de jogo é o mercado, e eu chego a admirá-los por isso, pois não há paixão nem ressentimentos, não é nada pessoal, “it’s just about business”.

O sócio investidor tem um objetivo e um prazo certo para atingi-lo
O sócio investidor tem um objetivo e um prazo certo para atingi-lo

Mas quando um fundo de investimentos adquire parte, o controle ou a totalidade de uma empresa, ele entra naquela partida com data programada para sair, que pode até ser prorrogada em caso de comprovada indicação estratégica (desde que alguém convença os donos do dinheiro), mas não pode ser perpetuada, postergada eternamente, porque o propósito é mesmo sair do jogo, este é o objetivo final: “realizar”, simples assim.

E é isso o que distingue os amadores dos profissionais: com lucro ou com prejuízo, ganhando ou perdendo, com resultado ou sem resultado para os investidores, a “hora de desinvestir” é como um apito de fim de partida, assoprado por um árbitro que aguarda somente o tempo planejado para aquela disputa e indica a hora do sócio investidor ir para o chuveiro.

Se ganhou, tanto melhor, alegria para as velhinhas e bônus para os administradores. Se perdeu, melhor “realizar” logo e partir pra uma outra partida (e são muitas), talvez em outra mesa ou gramado, de preferência sem perder nenhuma noite de sono por isso.

A hora de realizar é o momento em que o sócio investidor decide sair da sociedade
A hora de realizar é o momento em que o sócio investidor decide sair da sociedade

Sua empresa tem um fundo investidor como sócio? Relaxe, não há nada a fazer, você provavelmente será o primeiro a descobrir quando a “hora de realizar” chegar…

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Luís Vabo

Entusiasta da inovação, do empreendedorismo e da alta performance, adepto da vida saudável, dos amigos e da família, obstinado, voluntário, esportista e apaixonado. Sócio-CEO Reserve Systems 📊 Sócio-fundador Solid Gestão 📈 Sócio-CFO MyView Drones 🚁 Sócio Link School of Business 🎓 Conselheiro Abracorp ✈️

13 thoughts on “O SÓCIO INVESTIDOR E A HORA DE “DESINVESTIR”

  1. Dando nome aos bois, o relatorio emitido do BALANCO da CVC nao da muitos detalhes sobre a B2W e a REXTUR, mas qualquer LEIGO vai entender quando estao SACANDO tudo, realizando LUCROs e diminuindo RESERVAS. Nao Calculei a ROI – Return of Investiment porem acredito que o momento e sair do RISCO. Sei muito pouco sobre Analise Grafista e Fundamentalista, mas entendo e que as TAXAS de Juros estao cada vez mais altas e as Margens de Lucro por consequencia sao repassadas ou diminuem se quiserem seguir vendendo, isto faz com que o INVESTIMENTO perca a atratividade levando-se em conta o RISCO de ter que Vender e ainda em outros caso Vender e ter que RECEBER, e ai que acredito estar PERIGO. Como disse, nao apresentaram detalhes da REXTUR no Balanco e todo mundo sabe que na CONSOLIDACAO, nao ha a EXIGENCIA de GARANTIAS REAIS. Se o proprio Gestor abre mao das suas ACOES, quem vai querer ENTRAR em um NEGOCIO DE RISCO ?.

    1. Boa noite, Alexandre,

      Fiz uma análise conceitual sobre o momento em que um sócio investidor decide deixar um negócio e você apresentou uma visão sobre um negócio concreto que está acontecendo neste momento.

      Agradeço por seu comentário antenado mas, francamente, eu não reúno elementos para opinar sobre este caso da CVC, justamente porque estou no grupo dos investidores amadores (aquele que não vive de investimentos financeiros, mas do trabalho e da produção).

      Minha inspiração para este post veio de diversos casos conhecidos, no turismo e fora dele, de sócios investidores que cumprem o prazo planejado e saem, simplesmente porque chegou a hora de sair, e acredito que eles devem estar certos, se considerarmos o motivo pelo qual entraram no negócio.

      A questão aqui não é este caso da CVC, até porque já tornou-se público, mas tente imaginar quantas empresas estão na situação de estarem alavancadas, garantidas pelo “smart money” (e não pelos resultados operacionais) e, de uma hora para a outra, os cotistas do fundo de investimentos decidem antecipar sua saída…

      []’s

      Luís Vabo

  2. A minha IMAGINACAO esta para uma UNICA situacao e que talvez seja o tema para uma MATERIA futura. Agencias de Viagens “Nao IATA” TOMADORAS DE CREDITO e SEM GARANTIAS REAIS, ha 20 anos operacionalizando atraves de CONSOLIDADORAS. Ate quando vao trabalhar ALAVANCADAS ? ( Ou seja VENDEM FATURADO muito alem do que o seu PATRIMONIO pode cobrir !! ) . Sera que este dia pode estar CHEGANDO ao FIM ? Considerando o RISCO do INVESTIMENTO e a MARGEM de LUCRO destes CONSOLIDADORES ?

    1. Acho que cabe às cias. aéreas responderem esta questão, Alexandre,

      Afinal, são elas que alimentam o modelo de negócio de consolidação.

      Certamente o fazem por considerarem vantajoso.

      []’s

      Luís Vabo

  3. Na visão do Investidor Profissional só há um alvo. O “possível” lucro na hora de realizar. Nada mais!

    Risco x Retorno.

    Entretanto, vejo atualmente no mercado muitos investidores que apostam muito alto nesse possível retorno. Trabalhando alavancado e com resultados negativos por diversos períodos. Dessa forma só consigo deslumbrar um cenário, a fé que o preço da venda dessa empresa sustente os números amargos anteriores.

    Caso contrário, duvido que essa forma de gestão, ou a própria empresa, perdure por muito tempo.

    Uma coisa é certa, uma a hora a conta chega!

    1. É verdade, Sergio,

      Um sócio investidor pode investir muito dinheiro durante muito tempo, enquanto acreditar que o resultado virá.

      Mas nenhum fundo de investimento sustenta uma posição alavancada, quando percebe que, por exercícios seguidos, a receita não cobre as despesas.

      Quando a conta não fecha, a solução é “desinvestir” (mais conhecido como encontrar outro investidor que queira assumir o risco de continuar aquela aposta) e partir pra outra.

      A questão que levanto aqui é como fica a empresa “desinvestida” ou o que restar dela…

      []’s

      Luís Vabo

  4. Caro amigo Luis Vabo,
    Excelente tema abortado (como sempre). E me sinto à vontade para botar mais gasolina nessa fogueira que queima empreendimentos e empreendedores.
    Veja como o momento é complexo e difícil, pois para se desinvestir, precisa existir um investidor na outra ponta. E como você abordou esse negócio é para profissionais e eles pensam assim:
    Vamos analisar o segmento das operadoras de turismo e sem citar nomes mas sim o conjunto.
    Uma operadora monta seu pacote com 27% de margem bruta.
    Paga 10% de comissão pata as agências.
    3% para os cartões e custos financeiros associados.
    2% de anúncios e propagandase.
    O custo do headquarter chega a 8 %.
    Sobra um lucro bruto de 4%..
    Não vamos considerar endividamento e reservas de reinvestimento e contingência.
    Por outro lado, o custo de oportunidade é de 6,25% + IPCA (Tesouro Direito) e livre de risco.
    Concluímos que o investidor profissional não vai se aventurar nesse segmento pois eles não queimam dinheiro.
    Enfim, é hora de desinvestir mas cadê o investidor?

    1. Muito boa reflexão, Pedro,

      Lembrou-me uma experiência pessoal, que peço licença para contar aqui:

      Há cerca de 15 anos, recebemos a visita de um grande fundo investidor em startups (quando o Reserve era uma startup da Solid), com a proposta de adquirir cerca de 30% do negócio, por um valor que deveria ser investido no crescimento do sistema, àquela altura potencialmente vertiginoso.

      A proposta, financeiramente interessante, não sobreviveu à nossa pesquisa mais apurada sobre o planejado “desinvestimento”, numa época que não era difícil encontrar um novo investidor.

      Era a “bolha da internet”, que estourou no ano seguinte, deixando muitos empreendedores à deriva.

      Como você sabe, perseveramos em nossa rota solo, sem saltos acrobáticos mas crescendo ano a ano, focando a perpetuidade do negócio (termo execrado pelos atuais empreendedores).

      Definitivamente, somos amadores no mercado financeiro, nosso negócio é mesmo produzir inovação, agregar valor aos clientes, gerar empregos e remunerar os sócios, sem engenharia financeira, alavancagens ou pirotecnias.

      Exatamente como muitas outras empresas saudáveis do mercado de viagens e turismo brasileiro.

      []’s

      Luís Vabo

  5. Olá Vabo,
    Muito bacana o texto, eu por exemplo, não confio no sistema financeiro, essa união dos bancos com as empresasA relação entre pequenos investidores e grandes fundos de pensão é descomunal. É como sentar para jogar poker com cacife de R$500 e outra pessoa na mesa com R$ 50.000.000,00 para jogar. Diferente do poker não há regras claras para que a mesa seja comprada. Fundos de pensão com seus trilhões podem influenciar artificialmente os preços das ações sem levar em conta todo o patrimônio de qual uma empresa dispõe, e normalmente o peso das quedas recaem sobre os pequenos investidores, que podem ver suas participações zerarem. Você acredita que o jogo do mercado de ações é limpo? Para mim não passa de um cassino de empresas, faturam bilhões por ano e não produzem um prego.Um abraço

    1. Ô Vinicius,

      Para um empresário, eu tenho opiniões um tanto heterodoxas sobre o mercado de ações, mas são bem parecidas com o que você comentou.

      Na minha opinião, mercado de ações é sim um cassino e não vejo nisso um problema, pois como qualquer cassino (e sou a favor do jogo como atividade econômica), entra e participa quem quer.

      A questão é que no Brasil, percebo que o mercado de ações é um cassino pouco confiável, devido ao nosso triste histórico de desonestidade e fraude.

      Prefiro investir em produção, em empresas que eu possa influenciar e decidir os rumos do negócio, assumindo os riscos do investimento.

      Assim, eu tenho sempre a garantia de que se eu ganhar, foi devido às minhas próprias decisões, da mesma forma que se eu perder, foi graças aos meus próprios erros, jamais devido aos erros dos outros…

      []’s

      Luís Vabo

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  7. Quando o empreendedor não quer mais ter o sócio investidor , como desfazer o negócio em termos legais ?
    Qual o cálculo q se faz para isso ?

    1. Oi, Raquel (Vivian Fonseca),

      Desfazer um negócio societário envolve, primeiramente, a mesma objetividade e transparência que motivou a entrada dele na sociedade: negociação é a palavra-chave.

      Uma tática comum (que costuma funcionar) para chegar a um “valuation” justo é você oferecer ao sócio o mesmo “valuation” que você aceitaria para sair da sociedade.

      Sugiro conversar abertamente com o sócio investidor e buscar este valor de equilíbrio.

      []’s

      Luís Vabo

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