No cerimonial corporativo, era corriqueira, manjada até, a famosa “Regra dos 100 dias”, descrita como o período durante o qual um alto executivo recém-contratado “aprendia” os processos e a cultura da nova empresa.
Na prática, a maioria dos profissionais nesta situação costumava manter uma certa reserva em relação às decisões e ações mais estratégicas da organização, mesmo sobre aquelas relacionadas à sua área.
Todos os demais executivos, da mesma esfera de atuação do “novato”, entendiam e aceitavam este prazo de carência, como uma forma do novo “reforço do time” (nas palavras do presidente), ambientar-se ao novo negócio para, num momento qualquer após o centésimo dia, brindar a equipe com seu conhecimento, experiência e talento “fora da caixa”…
Esta parte do texto foi escrita no passado, porque nada disso sobreviveu à “Era do Conhecimento”, esta fase da humanidade recém iniciada e que caracterizou-se pela multiplicação da tecnologia como bem de consumo e a consequente pulverização do conhecimento através da internet (conforme bem detalhado no livro “Business @ The Speed of Thought”, de William Henry Gates III).
Hoje, em especial no Brasil, 100 dias são quase uma eternidade e os negócios não aguardam tanto tempo para um profissional mostrar seu valor, em especial porque, mais importante do que o conhecimento ou a experiência (ambos adquiridos do passado), o que conta agora é a capacidade de encontrar, analisar e tratar informações novas, atuais e relevantes, de forma a subsidiar decisões estratégicas, se possível com pouca margem de erro.
Atualmente, pouco antes do final do segundo mês, expectativas internas e externas já sugerem que o novo gestor deve arriscar nas reuniões de diretoria e participar de igual para igual com os demais executivos, mesmo correndo o risco de eventualmente não acertar.
Prevalece hoje um novo código, rebatizado de “Regra dos 50 dias”, período em que espera-se que o novo executivo integre-se à nova casa, agregue valor ao time e apresente alguns sinais dos potenciais resultados que entregará.
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