A que ponto chegamos…!
Todo mundo sabe, as entidades sabem (ou deveriam saber, já que todos sabem), as cias. aéreas sabem (e fingem que não sabem), eu sei e você sabe: o mercado de viagens e turismo está mesmo se prostituindo !
Tem agente de viagem vivendo de reembolso, só fazendo cara de paisagem pro cliente que não solicita reembolso.
Você está surpreso? Não finja que não sabia…
Tem agente de viagem cobrando transaction fee de cliente que paga a DU e não sabe. Assim é fácil cobrar fee de R$ 5,90…
Alguém poderá dizer: “Ora, se o cliente não reclama é porque aceita…”
E, por último, mas não menos vergonhoso, é a prática do “make up”, mais conhecido como maquiagem de bilhete.
Para quem nunca ouviu falar (?), trata-se de faturar ao cliente um valor superior ao valor de emissão do bilhete aéreo, fraudando o valor que a cia. aérea precificou na reserva e no bilhete.
Atualmente, com a ajuda da tecnologia, o termo “make up” sofreu uma esperta suavizada para “mark up” e vem sendo utilizado com a maior naturalidade, através de sistemas de autorreserva (self-booking) que permitem parametrizar e automatizar a fraude (aqui mora o perigo).
Os argumentos defensivos são variados, como o velho conceito de que se uma operadora recebe uma tarifa e coloca um “mark up” como valor do seu serviço (por agregar apenas um traslado para chamar de pacote), “por que eu não posso fazer?”
Ou o repetitivo “ora, o “mark up” é o preço do meu serviço, nada mais justo…”
Seria justo se o cliente fosse informado claramente na tela de disponibilidade, que o preço final inclui Tarifa Aérea + Mark Up da Agência + RAV (tem quem cobre os dois) + Taxa de Embarque.
A questão aqui são os sistemas que permitem informar a tarifa aérea como sendo o somatório da Tarifa + Mark Up, adulterando assim o preço da cia. aérea e enganando o cliente, sob o argumento de que “não é nossa responsabilidade, pois é a agência de viagem que parametriza o sistema”…
O pior é que este tipo de prática tem encontrado muitas agências de viagens interessadas, e tem sido o motor propulsor das vendas agressivas deste “modelo” de sistema, enquanto as cias. aéreas fazem vista grossa (“só posso agir com uma denúncia fundamentada”) e os clientes seguem enganados.
Para eu não me sentir um “Dom Quixote” nesta história, lembro sempre a mim mesmo que, como empresário agente de viagens e desenvolvedor de tecnologia, buscamos sempre superar os desafios, mas em vez de lançar mão desta prática insidiosa para ganhar mercado, preferimos acreditar que a tarifa da cia. aérea impressa no Cartão de Embarque, procedimento a ser implantado por todas as cias. aéreas no curto prazo, sirva para coibir este tipo de engodo e acabe com esta verdadeira “lei de Gerson” do mercado brasileiro de viagens e turismo.
Está mais do que na hora dos agentes de viagens serem vistos e percebidos pelos clientes, como prestadores de serviço que atuam com total transparência, mas para isso, o primeiro passo é impedir processos e sistemas que permitem parametrizar a fraude.
Também acredito que, a exemplo de outros segmentos econômicos, a ABAV poderia liderar, juntos à outras entidades ligadas à viagens e turismo, a criação de uma espécie de “Conselho Nacional de Autorregulamentação do Agenciamento de Viagens” para evitar que a atitude de alguns empresários prejudique a percepção geral da sociedade sobre a atividade de todos os agentes de viagens.
.