O MELHOR DO RIO DE JANEIRO ESTÁ NA BARRA DA TIJUCA

Que me perdoem os cariocas “conservadores” que ainda acham que a Zona Sul concentra os melhores bairros do Rio de Janeiro.

Mesmo antes dos atuais investimentos maciços na região, para adequar a cidade às exigências para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 (investimentos públicos e privados, diga-se de passagem), a Barra da Tijuca já despontava, em pesquisas, como o sonho de consumo da maioria absoluta dos cariocas, que a indicam como local ideal para residir, acima de todos os demais bairros da Zona Sul somados (o Leblon aparece num distante segundo lugar).

Em recente promoção do jornal O Globo, em que moradores do Rio de Janeiro foram convidados a declarar sua visão do bairro em que moram, intitulada “Orgulho do Bairro”, o texto vencedor, escrito por uma ex-moradora (nascida e criada) da Zona Sul, exortava suas amigas que ainda resistem, a aceitar “um novo mundo”, um paraíso que fica a um túnel de distância…

Na verdade, exceto pela famosa placa na entrada do bairro – Sorria, você está na Barra! – sinto que seus moradores evitam propagar as vantagens da região, num comportamento típico de quem “esconde o ouro”, para não estimular ainda mais o êxodo descontrolado que a tem vitimado, uma realidade inevitável.

Mas agora que os principais símbolos mundiais do consumo de luxo migraram para um shopping recém lançado na Av. das Américas (na Barra), o hotel mais requintado do Brasil (Trump e W disputam a bandeira) está sendo construído em frente ao melhor ponto da praia (da Barra), o Gero, o Duo e até o Antiquarius (melhor ainda na Barra) acabaram sendo apenas mais um, entre tantas opções de alta gastronomia na região, fica difícil esconder essa mistura de alto estilo com modernidade, opção pela natureza (mais que respeito pelo meio ambiente), sentimento genuíno de segurança (menor índice de criminalidade, antes e após as UPPs), associado a comodidade, conforto e lazer.

Alguém poderá dizer: “Mas e o mercado de trabalho, a saúde, a educação e o transporte? Haverá infraestrutura para todos?”

Mais da metade das novas médias e grandes empresas do Rio de Janeiro, estão sendo instaladas na Barra, por motivos óbvios. Os melhores hospitais (os mais modernos, não os tradicionais) são construídos na região, as mais completas instituições de ensino, da pré-escola ao pós-doutorado, investem no bairro e vultosos investimentos no metrô e em linhas do BRT prometem desafogar o “trânsito paulista” que já atormenta, tanto os moradores, como quem chega e sai diariamente deste paraíso urbano.

Assim como no século XIX, Santa Tereza, Lapa, Centro e São Cristóvão eram as regiões mais nobres do Rio de Janeiro, a Zona Sul representou o conjunto de bairros que atraiu a “elite” carioca no século XX.

Na primeira metade do século passado, os bairros Botafogo e Flamengo eram o máximo, e Copacabana, Ipanema e Leblon ficavam muito longe… Já na segunda metade do século, a princesinha do mar desabrochou e trouxe junto, primeiro Ipanema e, logo depois, o longínquo Leblon, formando um trio insuperável, até aquele momento, à beira do oceano.

Há muito tempo observo a evolução da Barra e, devido a nossa insuportável mania de privilegiar o futuro em relação ao presente, decidimos concentrar nossa vida no bairro em 1995 e, desde então, além de residir, acabamos por transferir nosso trabalho para cá, um movimento que atraiu familiares e amigos.

Por isso, quando nos referimos à Zona Sul, lamentamos muito que tenha sido construída tão longe da Barra…, mas torcemos e comemoramos os anúncios de investimentos também em Ipanema, Lagoa, Copacabana, Leblon (e Botafogo, Flamengo, Urca, Laranjeiras, etc. etc.) bairros espetaculares, reconhecidos como símbolos de uma carioquice tradicional, que foi criada e moldada à sua semelhança.

Mas a verdade é que hoje, início do século XXI, assistimos a uma nova transição da primazia entre as regiões cariocas, fenômeno que muitos já percebem, mas que somente será atestado de forma inquestionável, lá pelos anos 2030, quando os maiores formadores de opinião (política, imprensa, cultura, artes etc.) afirmarão o que os moradores da Barra já sabem há muito tempo: a Barra da Tijuca concentra o que há de melhor para se viver.

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E MARÇO AINDA NEM TERMINOU…

Em janeiro deste ano, escrevi um estranho post sobre a imprevisibilidade, cada vez maior, dos acontecimentos no dia-a-dia, intitulado FATOS MUITO ESTRANHOS e que concluía dizendo: “Definitivamente, esqueça as verdades absolutas, pois tudo, absolutamente tudo, pode acontecer em 2013.”

Pois bem, o primeiro trimestre ainda nem terminou e quem surpreendeu-se com a renúncia do Papa, por considerar o fato inimaginável (apesar de já ter acontecido há 7 séculos), foi surpreendido novamente com a escolha do novo Papa, pela primeira vez latinoamericano e, principalmente, por ser portador de uma visão política e um estilo completamente antagônicos ao do antecessor.

Também surpreendeu o fato do novo Papa ser de origem Franciscana (da ordem, do espírito e, até o momento, das atitudes), algo pouco comum, mas que aconteceu pela primeira vez com Nicolau IV em 1288.

O que eu jamais imaginei presenciar um dia, foi o encontro afetivo entre 2 Papas (o Chico e o Bento), já que na última vez que algo semelhante ocorreu, Celestino V, após ter sido levado a renunciar aos 5 meses de papado, foi perseguido e preso pelo seu sucessor, Bonifácio VIII em 1294.

Tantas surpresas numa instituição que leva gerações para alterar um dogma, que mantém ritos seculares e tradições milenares, me levam a aspirar outras rupturas na igreja católica, especialmente na inflexibidade a respeito do aborto, da opção sexual, da ortotanásia e do celibato, entre outros.

Por isso, repito: “Definitivamente, esqueça as verdades absolutas, pois tudo, absolutamente tudo, pode acontecer em 2013.”

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DOIS FÓRUM PANROTAS EM 2013

Incrível a capacidade do Panrotas de renovar o Fórum a cada edição.

Solange e eu participamos de todas as edições do FP, no início como palestrante ou moderador, nas últimas 3 edições como patrocinador e, desde sempre, como atentos ouvintes e motivados aprendizes.

Este ano, assistimos a 2 eventos num só, ambos super bem produzidos, mas com conteúdos absolutamente diferentes, gerando interesse e atenção da plateia também bastante diferentes.

O primeiro Fórum Panrotas de 2013 aconteceu no dia 19/03 e foi caracterizado por painéis políticos, econômicos e estratégicos, o que o tornou menos dinâmico e, às vezes, menos interessante para o profissional do turismo, do que o segundo.

Dois ministros do turismo (África do Sul e Brasil), um bem mais preparado do que o outro para o público presente, apresentaram a experiência de seu país com a organização da última Copa da Fifa e o planejamento de seu país para a próxima edição do evento em 2016, respectivamente.

Três cias. fabricantes de aviões (Boeing, Airbus e Virgin Galactic) apresentaram suas visões e projetos do que será o transporte aéreo no futuro e, entre aviões mais modernos, silenciosos, rápidos, seguros, confortáveis e econômicos, o projeto do avião com alimentação híbrida, que tornará viável no médio prazo um “avião elétrico”, foi o que mais aproximou-se de uma nova tecnologia disruptiva em relação ao tema proposto.

Dois presidentes de cias. aéreas (GOL e TAM), ambos em “período de silêncio”, apresentaram seus produtos e serviços para uma plateia de vendedores de seus produtos e serviços, moderados por um Artur também em “período de silêncio”.

O segundo Fórum Panrotas de 2013 aconteceu no dia 20/03 e mostrou, logo de manhã, sua primazia sobre o primeiro, quando Peter O’Connor arrebatou a atenção da plateia com seu conhecimento, experiência, visão crítica e, muito importante, capacidade de comunicação com o público presente.

Que espetáculo assistir um show (não foi uma palestra) de um profissional que sabe falar, alto e pausadamente, facilitando as tantas pessoas que entendem um pouco de inglês (e abrem mão do tradutor eletrônico), com dinamismo no palco e estimulando a participação das pessoas, trazendo informações novas, algumas intrigantes e muito conhecimento de causa.

Greg Webb subiu ao palco aparentemente preocupado em suceder um palestrante show-man, mas manteve o nível e debateu com bastante maestria algumas posições dos GDSs visivelmente antagônicas com a visão apresentada por Peter.

Destaco também, neste segundo dia, o painel das OTAs, com a brilhante moderação da querida Adriana Cavalcanti, elegante e descontraída ao mesmo tempo, ponto alto de um painel com tantos e diferentes players (e ainda senti falta do Decolar, Submarino e Rapi10, pelas suas características únicas).

É estimulante assistir a mudança de discurso dos gestores de sites que começaram outro dia mesmo (2 ou 3 anos atrás) e, agora, posicionam-se abertamente como aquilo que sempre foram: agências de viagens.

Também é curioso testemunhar o quanto a maioria dos agentes de viagens presentes ainda não se deu conta (ou, ao menos, não declara) que já são ou serão OTAs, pois trata-se de um conceito similar à velhice: querendo ou não, só não vai chegar lá quem for embora antes…

Artur abordou-me no final do evento e perguntou porque estive tão quieto durante as palestras, mas não tive tempo de responder, tamanha a quantidade de pessoas, parceiros, clientes e amigos, todos falando e cumprimentado todos ao mesmo tempo, que fazem do network do Fórum Panrotas um grande sucesso.

Por isso, respondo aqui a pergunta do Artur: assisti a este segundo dia do Fórum Panrotas como um observador desta fase de transição histórica (a rigor, a nossa geração está irremediavelmente presa a esta fase de transição), e segue abaixo o que testemunhei, também em “período de silêncio”:

– Escutei agentes de viagens, que operam de forma totalmente dependente da internet, insistindo em questionar as OTAs…

– Percebi que a velha e desgastada relação de amor e ódio entre hoteleiros e operadoras, permanece presente e mais viva do que nunca na internet.

– Observei que as cias. aéreas, que sempre desejaram eliminar o “custo de comercialização” representado pelo agente de viagens, sentem-se frustradas por perceberem que não conseguirão nem com a internet !

– Confirmei que a publicidade online continuará levando a maior fatia do bolo, enquanto as OTAs não resolverem encarar este absurdo “custo de distribuição”, que entrega cliques, mas não necessariamente vendas, conforme antecipei em “QUEM LUCRA COM TURISMO ONLINE É O GOOGLE” e Paulo Salvador repercutiu em “QUEM PERDE COM O TURISMO ONLINE SÃO OS HOTÉIS”.

Resumindo, penso que os destaques deste Fórum Panrotas 2013 foram Peter O’Connor, entre os palestrantes, Adriana Cavalcanti, entre os moderadores, além da competência da família Alcorta e equipe Panrotas (sem bajulação, esta é a mais pura realidade).

Não vejo a hora de chegar 1o. de abril de 2014 !

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