A ERA DA INSEGURANÇA

Vivemos em um mundo inseguro, desde a Idade da Pedra isso não mudou.

Por questão de sobrevivência, continuamos obrigados a atentar para os riscos da subtração indesejada, furtiva ou violenta, de todo e qualquer bem, material ou não, que se tenha adquirido, o tal do senso de propriedade, tal caro para quem os conquista de forma legal.

E a indústria da insegurança prosperou, e continua a prosperar, proporcionalmente às conquistas da humanidade, que quanto mais avança, quanto mais desbrava, quanto mais conquista, tanto maiores são os riscos e, consequentemente, maiores os investimentos em tentar evitá-los ou, ao menos, reduzi-los.

Grades, muros, portões, portas blindadas, sistemas de monitoramento, equipes de vigilância, sistemas de iluminação com sensor de presença, arames farpados e de concertina, cercas eletrificadas, sensor infravermelho, carros blindados, onde tudo isso vai parar?

A insegurança tecnológica

Depois que Gates lançou em 1995 o livro “The Road Ahead” (aqui lançado como “A Estrada do Futuro”) e em 1999 “Business @ the Speed of Thought” (aqui “A Empresa na Velocidade do Pensamento”), duas obras que demarcaram o final da transição da economia global, da era industrial para a era da informação, começou-se a entender onde toda essa revolução tecnológica poderia nos levar, e levou…

Informação é poder: os dados são a nova moeda no mundo dos negócios.

As empresas disputam o controle e a gestão da informação colhida, não que ainda saibam como utilizá-la de forma eficaz, ainda estão aprendendo com os erros, muitos erros (Mark que o diga), mas ninguém quer ou pode perder informação.

Ou seja, antes de tudo, buscam preservar a informação obtida, mantê-la guardada, disponível, mas segura, para ser utilizada para o bem do consumidor, dentro dos limites da lei (ainda pouco definidos), mas dentro dos limites da ética, neste caso delimitada pela opinião dos próprios consumidores, geradores e, em última análise, detentores dos dados.

Cada vez mais as empresas preocupam-se com quem é o fiel depositário de seus dados comerciais e estratégicos. Além de segurança, confiança é fundamental.

Por isso, dentro do ambiente do ecommerce, prospera o crescimento das exigências de segurança pelas entidades envolvidas (PCI DSS por exemplo), a evolução das práticas processuais na internet, a multiplicidade de mecanismos de segurança digital, as inovações tecnológicas para filtrar (e dificultar) o acesso, a criptografia, os antispam, os antimalware, os antiphishing, os antipopup, o backup do backup, os firewalls, os tokens físicos, os tokens digitais, os teclados virtuais, as verificações de robô captcha e no-captcha, as senhas cada vez maiores e mais difíceis de parametrizar e memorizar, as perguntas personalizadas para recuperação de senha, as contra-senhas, os PINs, os PUKs, o touch id, o face id e, por fim (por enquanto), os ambientes de navegação fechados, com token digital encapsulado no App, lançados pelo internet banking, como a última panaceia para garantir a segurança de transações pela internet.

Assim como no mundo físico, aprendemos que a segurança digital pode ser gerenciada e os riscos reduzidos a um mínimo possível, geralmente proporcional ao valor do que está sendo transacionado e/ou guardado.

Fato é que se o seu negócio é intensivo em transações pela internet, independentemente da forma de pagamento utilizada, o investimento em segurança digital deixou de ser opcional, agora é mandatório, e postergá-lo significa ampliar o risco de fraude e/ou desvio de dados de seus clientes.

Em qualquer dos casos, seu negócio poderá estar em risco e por isso, além de segurança digital para garantir a integridade dos dados, tornou-se crucial ter confiança no depositário e operador das suas informações digitais.

Ou você entregaria seus dados comerciais para alguém que você não confia?

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Leia outros textos da série ERA:

A Era da Velocidade

A Era da Abundância

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GENTE X TECNOLOGIA

Apesar de associado à ABAV desde 1995, venho participando mais ativamente de associações somente há pouco mais de 15 anos, desde 2002 quando a Solid, nossa agência de gestão de viagens corporativas, foi admitida no extinto FAVECC.

Alguns anos depois, o Reserve, nossa empresa operadora de sistemas de gestão corporativa, associou-se à ABGEV (depois ALAGEV) e, em ambas as entidades, procurei contribuir participando da construção e gestão de seus respectivos Comitês de Tecnologia e Inovação, os quais, graças à incrível participação de seus integrantes, tornaram-se referência dentro dessas associações, tal a organização, metodologia e empenho individual de seus participantes, profissionais das melhores empresas provedoras de soluções tecnológicas para o mercado de viagens e turismo no Brasil.

Esta referência de engajamento permanece até hoje, com praticamente os mesmos integrantes daqueles comitês de 5 a 10 anos atrás, agora no atual Grupo de Trabalho de Tecnologia da ABAV, rebatizado recentemente como ABAVTech, o que denota a maturidade desses profissionais e de suas empresas, muitas concorrentes entre si, mas todas voluntárias e participativas no debate, na proposição de soluções e nos projetos em prol de um mercado mais moderno, antenado e tecnologicamente atualizado.

Esta base está criada, a tecnologia foi o calcanhar de Aquiles do mercado de viagens e turismo há 15 anos, hoje não é mais, hoje tecnologia é core das agências, operadoras, fornecedores e clientes, mas este estágio de maturidade foi iniciado lá atrás, pela necessidade do mercado, pelas dores que o mercado sentia em 2003, 2004 em diante. Hoje tecnologia é dia-a-dia, é natural, faz parte do cotidiano, não é mais problema, hoje as dores são outras, o foco é outro, a atenção está voltada para outra montanha a ser conquistada: as pessoas.

As pessoas que se transformaram diante da era da informação, que não precisam mais deter conhecimento (todo ele está no Google) e nem memorizar nada (tudo está anotado no smartphone), tampouco fazer cálculos matemáticos ou conhecer rotas e caminhos, sequer escrever corretamente (santo corretor), ou agendar reuniões (basta um conference call), nem mesmo telefonar pra ninguém (zapear é menos invasivo)…

São atos cotidianos hoje realizados de forma completamente diferentes e isso vem moldando a cabeça das pessoas, que podem ser identificadas em 3 macro-grupos:

1) Grupo Sempre Gabriela

Tem o mindset de antes da era da informação, eventualmente usa mas não gosta e alega não perceber vantagens na tecnologia. Não existe faixa etária para este grupo, mas ele é dominado por pessoas que nasceram antes de 1960, seguido de perto por todas aquelas pessoas que achavam legal dizer aquela frase “eu não sou de tecnologia”. Atualmente, poucos tem a desenvoltura de proferi-la sem sentir-se em um museu. Na verdade, essa turma tem todo o direito de agir e pensar “eu nasci assim, vou morrer assim”.

2) Grupo De Volta para o Futuro

É o maior grupo, com todas as pessoas em idade produtiva que vivem a transição entre a era industrial e a era da informação, incluindo a geração X (1960 a 1980), a galerinha moderninha da geração Y, que nasceu antes da popularização da internet (1980 a 1995), além da recentíssima geração Z, que entrou no finzinho desta viagem no túnel do tempo (1995 a 2010). Por serem protagonistas de uma fase de transição entre eras, todos se acham legítimos personagens de uma nova espécie humana sobre a terra…

3) Grupo Te Ensinei Certinho

Formado pelas crianças que nasceram após a popularização da internet (2010 em diante), da preponderância de tablets sobre laptops e do smartphone como continuidade do organismo. Os integrantes deste grupo não sabem o que é telefone fixo, não assistem TV, não imaginam o mundo sem redes sociais e absorvem as novidades tecnológicas com a mesma facilidade com que trocam de preferência sobre qualquer assunto. Acessam tudo, sabem tudo, mas têm dificuldade de se relacionar (presencialmente) com pessoas. Não serão deslumbrados pelo uso da tecnologia, porque ignoram o mundo antes disso. Serão os protagonistas da internet das coisas, que está só começando, do carro autônomo, que está só começando, da inteligência artificial, que está só começando, das criptomoedas, que estão só começando, da robótica cognitiva, que está só começando, da programação genética, que está só começando…

Profissionais de até 3 gerações diferentes convivem nas empresas com suas diferentes aderências às novas tecnologias

São todas essas pessoas, juntas e misturadas, que têm que lidar com novas tecnologias florescendo a todo momento, com as inovações e mudanças frequentes em suas vidas, no trabalho, na forma de se comunicar, nas opções de lazer, no acesso à serviços, produtos e no permanente consumo de informação e conhecimento.

Motivado por este gigantesco desafio, o Comitê de Desenvolvimento Humano da Abracorp vem trabalhando, já há alguns anos, com participação voluntária de apenas 5 integrantes, representantes de algumas das 28 agências associadas Abracorp, que analisam, debatem e buscam soluções para as profundas mudanças no perfil do profissional do mercado de viagens e turismo, suas dúvidas, desafios, requisitos, formação, especialidades, experiência, remuneração, motivação, propósito, entre outros temas relacionados à pessoas.

Comitê de Desenvolvimento Humano ABRACORP
ABRACORP – Daiana Moreira
ALATUR – Fabiana Lage
FLYTOUR – Carla Mota
SOLID – Wilson Marcos (coordenador)
TOUR HOUSE – Jéssica Borzani

Hoje, é este pequeno grupo que vem se destacando e tornando-se uma nova referência em atuação de comitês associativos no mercado de viagens e turismo brasileiro, fundamentalmente tratando de gente…

Para maiores informações, contacte daiana@abracorp.org.br

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PERGUNTAS DE 1 BILHÃO DE DOLARES

Lendo matéria sobre a OrCam, uma empresa com cerca de 120 funcionários que acaba de atingir a incrível avaliação de U$ 1 Bi, debati com Solange e Vabo Jr sobre o que efetivamente pode levar uma startup a trilhar este caminho espetacular.

Neste caso específico, além do propósito de fazer o bem, acredito que a forma que os empreendedores olharam para o problema e buscaram a solução, totalmente diferente de todas as linhas de pesquisa conhecidas, foi e é o grande trunfo deste projeto, conforme descrevo abaixo:

Forma tradicional de encarar o desafio:
– Problema: Cegueira (total ou parcial)
– Solução: Enxergar (cura)
– Pesquisas nos últimos 15 anos:
1) Chip para estímulo elétrico na retina.
2) Câmera transmissora de imagens para o cérebro.
3) Terapia genética com células-tronco.

As principais pesquisas relacionadas à cegueira buscam fazer o paciente voltar a enxergar

A Orcam não investiu em nenhuma dessas linhas de pesquisa e nem criou outra, mas focou em uma nova forma de abordar o problema, reformulando a solução a ser pesquisada.

Forma disruptiva de encarar o desafio:
– Problema: Cegueira (total ou parcial)
– Solução: Informar (substituição)
– Pesquisa da Orcam:
1) Substituir a informação visual por informação auditiva.

Para maiores informações, conheça o OrCam MyEye

Essa nova forma de abordar o problema, associado a um propósito nobre e uma gestão empreendedora eficaz (os fundadores da Orcam são os mesmos que fundaram e venderam a Mobileye para a Intel por USD 15 Bi), foi o que permitiu um caminho de sucesso para o empreendimento.

A solução para uma pergunta complexa pode não estar na resposta em si, mas em como se faz a pergunta…

Apenas como exercício, listei abaixo 5 perguntas complexas, relacionadas a grandes dilemas da economia global, cujas soluções podem estar na reformulação dessas perguntas e não propriamente em suas possíveis respostas.

Quer tentar?

Pergunta 1
Como manter o fluxo de capitais privados para pesquisas de empresas de biotecnologia, uma ciência que elimina seus próprios clientes em 5 a 10 anos?

Pergunta 2
Como disseminar uma mentalidade de valorização do empreendedorismo, do empenho, do esforço, do trabalho, da busca de resultados e da recompensa pelo mérito, numa sociedade socialmente desequilibrada?

Pergunta 3
Como o avanço conjunto da inteligência artificial, big data, internet das coisas e robótica cognitiva, efetivamente impactará os empregos e a economia global?

Pergunta 4
Como incentivar laboratórios a investir na cura de doenças e não no tratamento de pacientes?

Pergunta 5
Como reduzir a violência mundial sem impactar a trilionária indústria da segurança militar, policial, patrimonial e pessoal?

Se você conseguir reformular essas perguntas de um jeito que simplifique a solução desses problemas de uma forma inovadora, você pode estar no caminho de desenvolver uma ideia para um novo unicórnio global.

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