SETEMBRO, SINTO CHEIRO DE FINAL DE ANO

Setembro é um mês de definições, para o país (eleições no início de outubro), para a economia (como fecharemos 2018?), para nosso mercado (ABAV Expo chegando), para a sua empresa (sprint final pras metas de 2018), para o ano que vem (hora de programar o PE 2019).

São nestes momentos que o espírito empreendedor fala mais alto

O cenário do país não é bom, as eleições seguem indefinidas, as cartas estão na mesa mas tudo pode mudar, o risco da velha política permanecer no poder é enorme, a possibilidade de avanço é remota, um sonho, quase uma utopia.

A economia está controlada, num cabresto bem apertado apesar da explosão dos gastos públicos, e isso não é bom, parecemos um carro de corrida com o câmbio quebrado na segunda marcha, sobra potência mas o motor não desenvolve.

O empresário brasileiro enfrenta cenários cada vez mais desafiadores (greves, megaeventos, eleições, crise econômica, crise política, crise ética, baixa capacitação profissional, juros extorsivos, impostos absurdos, estado ineficiente, etc etc)

Nosso mercado de viagens e turismo segue o grande prêmio da economia brasileira, muitos projetos na gaveta, alguns investimentos represados, muitos empresários sonhando com uma proposta, alguns investindo o que não têm para valorizar seu dote, outros na base do “Deus me livre quem me dera…”, mas a grande maioria segue aplicando muito empenho e criatividade para perpetuar o seu negócio, tanto é verdade que todos esses atores se encontrarão no maior palco do mercado de viagens e turismo brasileiro: a ABAV Expo 2018, de 26 a 28 de setembro, no Centro de Exposições do Anhembi, São Paulo.

A ABAV Expo segue sendo a grande vitrine dos negócios relacionados ao mercado de viagens e turismo na America Latina

Dois terços do ano foram embora, restando escassos 4 meses para buscar as metas planejadas para 2018, mas que a greve dos caminhoneiros, a copa do mundo de futebol, as eleições e os impostos cada vez mais absurdos, impediram de cumprir.

As empresas preparam-se para um 2019 de incertezas, “melhor economizar do que desperdiçar”, dizem alguns, “mas o futuro do Brasil é promissor”, acreditam os ingênuos, “a saída do Brasil é GRU”, afirmam os desiludidos, enquanto os mais realistas preparam-se para planejar o novo ano com um pé na realidade e outro no escapismo desta dura realidade.

É, tudo indica que o ano está mesmo acabando…

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ONDE ESTÁ O NOVO?

Faltando pouco mais de um mês para as eleições, resolvi postar o texto do cientista político Nelson Paes Leme, escrito no início de julho, a respeito do risco iminente de tudo continuar absolutamente igual ao que sempre foi…

ONDE ESTÁ O NOVO?

Mais do mesmo, infelizmente, é o que teremos dessas urnas que, inocente e idealisticamente, imaginava-se que seriam plebiscitárias, renovadoras.

A menos de três meses das eleições, as pesquisas e a mobilização partidária retratadas pela mídia demonstram claramente que teremos as mesmas caras da velha política, os mesmos caciques e coronéis e a mesma ordem perversa que nos fez chegar ao descalabro jurídico-policial na práxis da representação popular a que chegamos nestes estertores da Nova República — inaugurada há 30 anos com a Constituição erroneamente congressual de 1988.

O único partido realmente inovador, com propostas concretas de mudança, o Partido Novo, não tem merecido qualquer atenção dos meios de divulgação e comunicação. Seus candidatos simplesmente são ignorados pela mídia, que só cobre e só dá espaço à velha politicagem de alianças espúrias e barganhas de conveniência, não ideológicas e não programáticas, em torno apenas de maior tempo na televisão, por exemplo.

De outro lado, o TSE silencia, irresponsável e conivente, com o status quo ante. Não entendeu a História nem as mudanças exigidas pela esmagadora maioria do povo brasileiro. Nenhuma mudança se vê nas regras antigas que nos levaram ao caos eleitoral responsável por impeachments e prisões de autoridades por malversação de fundos públicos, roubalheira deslavada de “caixas 2” e outros expedientes espúrios notórios.

O eleitor grita, berra, estrebucha, mas não mostra forças suficientes para mudar o nefasto cenário político brasileiro

Com exceção da aplicação da Lei da Ficha Limpa, de iniciativa popular, não se vê um gesto do tribunal para tentar melhorar o sistema de eleições e essa vergonhosa propaganda eleitoral “gratuita” herdada dos grilhões da ditadura militar, como se fosse a coisa mais natural e corriqueira em democracias consolidadas, com seu vergonhoso escambo escancarado para a exposição pública dos candidatos.

Mais do mesmo, infelizmente, é o que teremos dessas urnas que, inocente e idealisticamente, imaginava-se, seriam plebiscitárias, renovadoras e de grande mobilização popular. Ao contrário, a decepção generalizada com a política faz com que o “candidato” mais cotado nas pesquisas seja a o voto nulo. Ou a abstenção. Ou ambos, pouco importa, o que é ainda mais terrível para a democracia.

Veja-se o quadro atual: a esquerda se aglutina em torno de um personagem de fancaria, completamente descompensado, com propostas mirabolantes de um socialismo do século passado, enquanto a direita se reúne em torno de um capitão de tropas reacionário e igualmente destemperado, que nunca apresentou um projeto de lei razoavelmente plausível em anos a fio de presença no Legislativo e defende as ideias mais retrógradas e reacionárias possíveis, chegando à apologia explícita da tortura.

Ambas em busca desesperada do apoio de um assim chamado e notório “centrão”, fisiológico e pragmático em termos de assalto sistemático ao butim de um Estado paquiderme e centralizador. Sobra o multipresidenciável e multiderrotado ex-governador de São Paulo, insosso como só ele, como opção ao centro. Nenhuma proposta de mudança da Constituição. Nenhum enfrentamento das questões estruturais que travam o país a despeito de sua pujante economia potencial.

O Brasil é hoje a oitava economia do planeta, com mais de 200 milhões de almas. O FMI já o coloca na quinta posição em termos de PIB até meados do século, tendo apenas China, Índia, EUA e Indonésia (nessa ordem) à nossa frente. À frente da Rússia, Japão, Alemanha, Reino Unido e França. Temos menos de 6%, em média, de população favelada e uma classe média pujante e sólida. Nossa indústria aeronáutica é reconhecida como uma das mais bem-sucedidas do planeta e é cobiçada pela Boeing e congêneres. Mas importamos caças suecos e franceses para nossa defesa…

Seremos brevemente o maior exportador de commodities do mundo, como já somos hoje o maior exportador de proteína animal e um dos maiores de soja. Mas insistimos numa política de republiqueta de bananas. Na manutenção de uma infraestrutura modal de transportes, portuária e de armazenamento anacrônica. Numa divisão federativo-tributária da República Velha e em regras inacreditáveis de representação política como essa vergonhosa barganha de segundos de televisão.

As velhas raposas posam de vestais enquanto atuam em conluio visando sua perpetuação no poder

E o que fazem os tribunais superiores? Situam-se sistematicamente na direção do atraso. Do gongorismo e do barroco, quando suscitados esses quesitos. O Brasil das ruas e da economia real nada tem a ver com o Brasil do Plano Piloto de Lúcio Costa. Ali se situa a mais retrógrada, régia e medieval burocracia. Aqui se produzem riqueza e impostos escorchantes para a manutenção daquela máquina obsoleta. Onde estão esses dados nos discursos dos candidatos que se apresentam e que são diariamente expostos por uma mídia sem imaginação nem criatividade? Mais do mesmo é o que teremos com esses nomes que a imprensa irresponsavelmente abana e insufla. Nada de novo no front. Lamentavelmente.”

Nelson Paes Leme é cientista político.

BOLSONARO É O NOVO LULA?

Como sei que este assunto costuma gerar reações acaloradas nos leitores, antes de mais nada declaro aqui o meu voto no candidato João Amoêdo, do Partido Novo.

Fujo do que Vabo Jr chama de “profecia autorrealizável”, que é quando o eleitor escolhe o seu melhor candidato, mas não vota nele por achar que tem pouca chance de vencer…

Mas o assunto aqui é o Bolsonaro, este personagem político que representa muito mais do que querem desacreditar seus detratores e bem menos do que acreditam seus seguidores.

Pelas entrevistas recentes em que participou (no Roda Viva e na GNT), Bolsonaro confirmou o que todos nós já sabíamos, seus conhecimentos limitados a respeito dos grandes problemas nacionais, sua formação conservadora, seu patriotismo exacerbado, sua intolerância com a desonestidade e o crime, seus conceitos muito pessoais (que alguns chamam de arcaicos, outros de tradicionais), sua doutrina militar, suas opiniões a respeito da ideologia de gênero, do aborto, das drogas, e de outros temas polêmicos etc etc etc.

Mas o que não sabíamos é que ele subiria nas pesquisas amparado justamente nas mesmas 2 premissas fundamentais que elegeram Lula:

1) Bater de frente com a imprensa

Bolsonaro descobriu que brigar com a imprensa pode não dar ibope de imediato, mas rende voto ao longo da campanha.

Apesar de não ser um bom orador e de sua conhecida inflexibilidade política, Bolsonaro foi o entrevistado que melhor usufruiu do espaço dessas entrevistas, pois se expôs abertamente (autêntico), sempre foi direto ao ponto (objetivo), sem fugir das verdades (genuíno), mantendo a coerência até nos absurdos (obstinado), reafirmando a todos que “gostem ou não, eu sou assim”. Cheguei a lembrar da famosa “profecia de Zagalo”…

Do outro lado, jornalistas muito bem preparados para tratar com gênios da política (aquelas velhas figuras poderosas e plastificadas), mas que não sabem entrevistar um sujeito simplório, sem meias verdades, que fala o que lhe vem à cabeça (a exceção entre os entrevistadores foi o Gabeira, que percebeu e considerou a personalidade do entrevistado desde o início).

Bolsonaro segue os passos de Trump até no relacionamento com a imprensa, pois quanto pior a relação com os jornalistas, tanto melhor a aceitação popular

A Miriam Leitão passou pelo maior constrangimento de seus 40 anos de carreira, ao repetir, igual a um papagaio, o que ouvia pelo ponto eletrônico, afirmando que “O Globo mudou de opinião”, apesar de Bolsonaro não ter se referido aO Globo em nenhum momento, mas sim ao Roberto Marinho.

Cheguei a sentir pena da Miriam Leitão, uma ex-guerrilheira que se destacou no jornalismo econômico brasileiro, ter que pagar um mico desta magnitude ao vivo…

São entrevistas como estas, com jornalistas em cima do sapato alto, com falas rebuscadas e doutorados em ciência política, que fazem com que um candidato como este suba nas pesquisas.

A fórmula é tão simples quanto óbvia: o jornalista, preocupado em parecer perspicaz, faz uma pergunta que o povo não entende e o candidato, um homem simples de classe média, responde algo que o povo entende, e ainda aproveita para falar o que o povo quer ouvir.

Pronto, são mais 100 mil votos pra contagem…

2) Falar a linguagem simples, óbvia e direta que o povão entende

Embora situados nos extremos opostos do espectro político brasileiro, Bolsonaro e Lula reúnem características pessoais muito parecidas.

Calma, eu vou explicar !

Bolsonaro me parece tão despreparado quanto Lula há 20 anos (quando o molusco entrou pra valer na corrida presidencial).

Lula também aproximou-se de lideranças de esquerda que o inspiram até hoje, sob o argumento de que o socialismo é maior do que todos os seus personagens.

Ambos (Bolsonaro hoje e Lula há 20 anos) têm o mesmo discurso moralizador (de honestidade e caça aos corruptos), falam em acabar com o desemprego (embora com estratégias bem diferentes), dizem ter a solução para a segurança pública (sem detalhar o que será feito), prometem investir em saúde e educação (sem explicar de onde virão os recursos) e resolver o rombo da previdência (apesar da conta não fechar), mas garantindo aposentadorias dignas (seja lá o que isso significa), além de divulgar que são apegados às suas famílias e amigos (o povo entende isso como honradez), que são muito trabalhadores (embora ambos sejam aposentados), que acreditam no valor de resgate do passivo social (um diz defender a doação do peixe, o outro diz que ensinará a pescar) da população desassistida.

Não quero aqui destilar ceticismo, mas eu já vi esse filme e não gostei do final…

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