Borboletas do Copa dão adeus às Olimpíadas

O Rio anda incrível nos últimos dias. Depois de todo o mau humor que precedeu o início dos Jogos Olímpicos, o carioca fez as pazes (ainda que momentaneamente) com a sua cidade. As ruas e as diversas atrações estão cheias de moradores e visitantes. Nem a chuva fina ocasional e o friozinho à moda local afastam o povo do Boulevard Olímpico do Centro, o maior sucesso de público destas Olimpíadas. E não precisa de ingresso.

Detalhes dos grafites nos armazéns do Porto Maravilha / Foto de Carla Lencastre
Detalhes dos grafites nos armazéns do Porto Maravilha / Fotos de Carla Lencastre

A Praça Mauá, a Orla Conde, a região da Candelária e a Praça Quinze são passeios obrigatórios, inclusive depois dos Jogos. Mas se você estiver no Rio neste segundo fim de semana olímpico, tente encaixar no roteiro uma caminhada pela Praia de Copacabana. Ali, no Belmond Copacabana Palace, acontece até domingo um dos momentos mais bonitos destas Olimpíadas (fora dos estádios, claro). Pontualmente às 19h, a fachada do hotel é tomada por uma revoada de borboletas coloridas, em uma projeção criada pela ilustradora islandesa Kristjana S. Williams. Chegue com uns 15 ou 20 minutos de antecedência para garantir um bom lugar no calçadão.

Copacabana / Foto de Carla Lencastre

 

 / Foto de Carla Lencastre

 / Foto de Carla Lencastre

Antes ou depois das borboletas, vale a pena reservar um tempo para passear pela praia. Bem em frente ao Copacabana Palace há anéis olímpicos.

 / Foto de Carla Lencastre

Pertinho, na direção do Leme, na areia em frente à Avenida Princesa Isabel, fica a monumental Arena de Vôlei de Praia da Rio 2016, com 12 mil lugares e 21 metros de altura. Os ingressos estão esgotados para os jogos de sábado e domingo, mas ainda alguns para os dias de semana.

 / Foto de Carla Lencastre
Na direção oposta, sentido Posto 6, em frente à Rua Figueiredo Magalhães, encontra-se uma imensa loja da Rio 2016. É grande a variedade de produtos, incluindo versões em pelúcia do Vinicius, mascote que anda fazendo sucesso com seus passos de dança, nos intervalos das competições nos estádios.

Vinicius descansando da maratona olímpica
Vinicius descansando da maratona olímpica

***

Não faz parte da programação das Olimpíadas, mas tem uma exposição imperdível no Rio que termina no próximo dia 21, junto com os Jogos. “Millôr: obra gráfica” está em cartaz no Instituto Moreira Salles (IMS), na Gávea, e pode ser vista de terça-feira a domingo, das 11h às 20h. Escrevi aqui sobre a exposição em abril, quando ela foi inaugurada.

As Olimpíadas já começaram

Os anéis olímpicos foram instalados nas areias da Praia de Copacabana semana passada, o esquema de segurança teve início no domingo e os atletas estão chegando. Também já apareceram problemas na Vila Olímpica e muitos cariocas continuam de péssimo humor e reclamando (não sem razão, é importante ressaltar). O fato é que agora não existe mais um Rio sem Olimpíadas. A cerimônia de abertura será no próximo dia 5, e as transformações pelas quais a cidade passou se fazem notar por toda a parte.

Parte da nova Praça XV, com a Estação das Barcas ao fundo / Foto de Carla Lencastre
Parte da nova Praça XV, com a Estação das Barcas ao fundo / Foto de Carla Lencastre

Do ponto de vista urbanístico, o maior legado olímpico é o Centro da cidade, sobre o qual escrevi aqui diversas vezes neste último ano. Com a derrubada do Elevado da Perimetral, o Rio ganhou de volta a Praça Mauá e toda uma Região Portuária revitalizada, com o Museu do Amanhã e o Museu de Arte do Rio, o AquaRio (com inauguração prevista para o fim do ano) e a Orla Conde, calçadão que liga as praças Mauá e XV margeando a Baía de Guanabara.

Vista livre para a Baía de Guanabara / Foto de Carla Lencastre
Vista livre para a Baía de Guanabara na Praça XV / Foto de Carla Lencastre

A Praça XV ficou pronta por último (na realidade ainda há alguns pequenos trechos em obras). A promessa é estar tudo concluído até o próximo dia 5. O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), um importante legado na área de mobilidade urbana, só vai chegar à praça depois das Olimpíadas. Por enquanto o bonde liga o Aeroporto Santos Dumont à Região Portuária, pela Avenida Rio Branco, das 7h às 21h. Mesmo ainda sem VLT, a Praça XV já justifica o passeio. Como na Praça Mauá, a derrubada da Perimetral devolveu a vista para a Baía de Guanabara. E para o prédio centenário da Estação das Barcas, de onde partem as ligações para Niterói, Paquetá e Ilha do Governador.

A torre remanescente do antigo Mercado Municipal / Foto de Carla Lencastre
A torre remanescente do antigo Mercado Municipal / Foto de Carla Lencastre

Logo ao lado, a Praça Marechal Âncora também está tinindo de nova. É o endereço do Museu Histórico Nacional e do tradicional Albamar, que agora se chama Ancoramar. O restaurante está localizado na única torre que restou do antigo Mercado Municipal, projetado por Grandjean de Montigny no início do século XIX. O mercado foi inaugurado em 1908 para as comemorações do centenário da Abertura dos Portos. O restaurante surgiu em 1933. Teve período de altos e baixos, mas continua um clássico carioca. O menu dá ênfase aos frutos do mar, em pratos bons, bonitos e caros.

O salão do restaurante / Foto de Carla Lencastre
O salão do restaurante / Foto de Carla Lencastre

Nesta nova fase, o Albamar, ops, Ancoramar (vou demorar a me acostumar com o novo nome) tem uma versão mais informal no térreo. Ali funciona um bar com as portas abertas para a praça e a baía. Quase todo fim de semana as praças Marechal Âncora e XV têm sido palco de eventos variados. Durante as Olimpíadas a Praça XV terá um bungee jump e um dos palcos do Boulevard Olímpico com shows diários de artistas brasileiros. O trecho entre a Praça XV e a Região Portuária, com três quilômetros de extensão, foi batizado de Boulevard Olímpico Porto Maravilha e terá ao todo três palcos. Telões vão transmitir as principais competições.

***

Detalhes da inauguração do novíssimo Yoo2 / Fotos de Carla Lencastre
Detalhes da decoração do novíssimo Yoo2, em Botafogo / Fotos de Carla Lencastre

Além da inauguração das obras públicas, o Rio tem visto a abertura de um hotel atrás do outro nesta reta final (será um grande desafio manter uma boa taxa de ocupação pós-Olimpíadas). Muitos ficam na Barra da Tijuca, como o Grand Hyatt Rio e os recém-inaugurados Pestana Barra Beach, Courtyard e Residence Inn, estes dois últimos da Marriott. Na Zona Sul, a grande estrela dos últimos dias é o Yoo2 by Intercity, na Praia de Botafogo, com um das vistas mais deslumbrantes do Rio. Escrevi sobre o hotel para a edição da semana passada do Jornal Panrotas. Dá para ler a reportagem na versão digital (páginas 28 e 29) aqui no Portal Panrotas.

Vista de um dos quartos do Yoo2 / Foto de Carla Lencastre
A vista espetacular de um dos quartos do Yoo2 / Foto de Carla Lencastre

Que comecem os Jogos!

Michelin 2016: os cariocas estrelados

O Golden Room ficou pequeno para tantos chefs de cozinha. O mais nobre dos salões do Copacabana Palace foi o local escolhido pelo guia Michelin para anunciar hoje os restaurantes estrelados de Rio e São Paulo em sua edição 2016. A única casa com duas estrelas do Brasil continua sendo, nenhuma surpresa, o D.O.M, comandado por Alex Atala em São Paulo. Atala manteve também a sua estrela no Dalva e Dito.

Alex Atala e Giovane Carneiro: o D.O.M. é o único restaurante brasileiro com duas estrelas Michelin / Foto de divulgação
Alex Atala e Giovane Carneiro: o D.O.M. é o único restaurante brasileiro com duas estrelas Michelin / Foto de divulgação

O Eleven Rio (Joachim Koerper) vem se juntar ao time de restaurantes cariocas com uma estrela. No guia desde a primeira edição brasileira, ano passado, estão Lasai (Rafa Costa e Silva), Mee (Kasuo Harada), Olympe (Claude e Thomas Troisgros), e Roberta Sudbrack. A lista de cariocas estrelados inclui ainda o Le Pré Catelan, fechado desde a saída do chef francês Roland Villard, mês passado.

Cinthia e Joachim Koerper: o chef é o novo estrelado do Rio / Foto de divulgação
Cinthia e Joachim Koerper: o chef é o novo estrelado do Rio / Foto de divulgação

Inaugurado há menos de um ano, o estreante Eleven Rio é um projeto do chef Joachim Koerper, alemão que passou por diversas cozinhas premiadas. Hoje ele mantém em Lisboa o Eleven original, também com uma estrela Michelin. A filial carioca, com o chef Paulo Leite à frente, fica em uma casa na Rua Frei Leandro, entre a Lagoa e o bairro do Jardim Botânico.

A lista de restaurantes cariocas Bib Gourmand, que reconhece casas com uma boa relação entre custo e qualidade, com menus de até R$ 90, trouxe mais novidades. Anna (Lagoa), Entretapas Jardim Botânico, Gurumê (São Conrado) e Riso Bistrô (Ipanema) agora fazem companhia a Artigiano (Ipanema), Entretapas Botafogo, Lima Restobar (Botafogo), Miam Miam (Botafogo), Oui Oui (Botafogo), Pomodorino (Botafogo) e Restô (Ipanema). Muitos dos Bib Gourmand cariocas estão entre os meus lugares favoritos do Rio, com destaque para o Entretapas de Botafogo e o Lima Restobar.

Rodrigo Oliveira e Roberta Sudbrack no lançamento do Michelin 2016 / Foto de divulgação
Rodrigo Oliveira, do Esquina Mocotó, e Roberta Sudbrack no lançamento do Michelin 2016 / Foto de divulgação

A lista de restaurantes estrelados traz três outras estreias, além do Eleven Rio. Em São Paulo, conquistaram a sua primeira estrela o Esquina Mocotó, o Kan Suke e o Tête à Tête. Os três fazem parte da lista de 11 casas com uma estrela em São Paulo. Entre os 19 restaurantes paulistanos Bib Gourmand há cinco novos: Le Bife, Bona, Manioca, Petí Gastronomia e Tordesilhas.

Durante a cerimônia de lançamento, Michael Ellis, diretor internacional dos guias Michelin, avisou aos chefs que a seleção de 2017 já começou. Com 44 hotéis e 160 restaurantes de Rio e São Paulo, o guia 2016 está disponível gratuitamente em aplicativos para celular e tablet. Nas livrarias a edição impressa, com 320 páginas, custa R$ 80.

Eleven Rio: O novo restaurante estrelado do Rio abre de terça-feira a sábado para almoço e jantar. Aos domingos, somente almoço. Menus degustação entre R$ 198 e R$ 370. Rua Frei Leandro 20, Lagoa. Tel + 21 2266 7591. www.elevenrio.com.br