Vizinhos da pira olímpica

A tocha olímpica chegou hoje ao Rio. E pela primeira vez na história das Olimpíadas de verão a pira ficará fora de um estádio. A imponente Igreja da Candelária, no Centro da cidade, pertinho da nova Orla Conde, é o cenário escolhido para a chama olímpica, que será acesa sexta-feira à noite.

Nos arredores da Candelária / Foto de Carla Lencastre
Nos arredores da Candelária / Foto de Carla Lencastre

Não me canso de escrever sobre como está encantadora a alma do novo Centro do Rio. No momento em que a pira for acesa, a orla às margens da Baía de Guanabara será inteiramente aberta ao público (alguns trechos ainda estão em fase de acabamento). Passear pelos seus 480 metros de extensão será programa imperdível durante os Jogos. Entre as praças XV e Mauá, a nova orla faz parte do Boulevard Olímpico Porto Maravilha, que terá cerca de três quilômetros.

Centro / Foto de Carla Lencastre

Centro / Foto de Carla Lencastre

Fachadas do Rio Antigo e o céu de inverno / Foto de Carla Lencastre
Fachadas do Rio Antigo e o céu azul de inverno / Foto de Carla Lencastre

Na região perto da Candelária, os caminhos do Rio Antigo estão muito bem cuidados, com a maioria dos sobrados restaurados. Vale a pena reservar um tempo para andar pelas ruas do Ouvidor e do Mercado, entre outras. Na Rua do Rosário fica a escultura em aço “Vênus reclinada”, de José Resende. A área abriga o Centro Cultural Banco do Brasil, o Centro Cultural dos Correios e a Casa França-Brasil. No CCBB carioca o destaque do mês de agosto é a exposição “O triunfo da cor”, com obras de artistas do pós-impressionismo vindas dos museus d’Orsay e de l’Orangerie, em Paris.

Escultura de José Resende no Centro Histórico / Foto de Carla Lencastre
Escultura de José Resende no Centro Histórico / Foto de Carla Lencastre

Com a derrubada do Elevado da Perimetral, várias construções históricas do Centro da cidade voltam a ter suas fachadas “livres”. Os prédios voltados para a Baía de Guanabara ficavam encobertos pelo pavoroso viaduto. A Casa França-Brasil é um destes edifícios históricos beneficiados com a abertura da nova orla. Agora é novamente possível apreciar a fachada do prédio do início do século XIX projetado por Grandjean de Montigny. Entre muitas outras belezas do Rio Antigo.

Flores no Rio Antigo / Foto de Carla Lencastre
Flores no Rio Antigo / Foto de Carla Lencastre

 

A nova cara da Marina da Glória

O barquinho vai, a tardinha cai e a marina do Rio, sede das competições de vela dos Jogos Olímpicos, reabriu. Para o público em geral, o mais bacana é que a Marina da Glória, às margens da Guanabara, agora tem livre acesso, a pé, de carro ou de barco.

O Centro do Rio visto da marina / Foto de Carla Lencastre
O Centro do Rio visto da marina / Foto de Carla Lencastre

Construída há 34 anos no Parque do Flamengo, a área passou por obras que renovaram os píeres e o pavilhão de eventos e aumentaram as vagas (secas e molhadas) para barcos e carros. O novo pavilhão tem mais capacidade para restaurantes, com mesas ao ar livre, e lojas. A paisagem espetacular da baía e do Centro do Rio continua a mesma. Da marina urbana também se vê o Outeiro da Glória e, tristeza, as ruínas do Hotel Glória.

A entrada da marina, agora aberta ao público / Foto de Carla Lencastre
A entrada da marina, agora aberta ao público / Foto de Carla Lencastre

O local continua a sediar eventos, como acontecia antes de sua reforma para as Olimpíadas. O primeiro da nova fase foi o Rio Boat Show, mês passado, logo depois da reinauguração. De hoje até sábado é a vez do Veste Rio, programa de moda organizado pela revista “Vogue” e o jornal “O Globo”. Em julho, a área será entregue ao comitê organizador da Rio 2016. Além de grandes eventos no novo pavilhão, a Marina da Glória também pode abrigar encontros menores em seus restaurantes, todos com vista.

A deli Maruru, com o Hotel Glória ao fundo / Foto de Carla Lencastre
A deli Maruru e o Hotel Glória ao fundo, à direita / Foto de Carla Lencastre

Estive lá no início da semana para um brunch promovido por representantes do Visit California e de Santa Monica. Foi na delicatessen Maruru, com um gostoso cardápio servido em mesas ao ar livre protegidas do sol (ainda forte) de outono por ombrelones brancos. E a vista… Acompanhamento luxuoso para as novidades californianas. E olha que bacana: será inaugurada no próximo dia 20 uma extensão do metrô de Los Angeles. A nova linha vai ligar Downtown LA a Santa Monica e terá sete novas estações.

Nova filial do Corrientes 348 / Foto de Carla Lencastre
Nova filial do Corrientes 348 / Foto de Carla Lencastre

Na marina, além da deli Maruru, já está funcionando também uma filial do paulistano Corrientes 348, casa de carnes à moda argentina. O próximo restaurante a abrir as portas é o japonês Soho, filial do homônimo na Bahia Marina, em Salvador, à beira da Baía de Todos os Santos. Em seguida, vem o Empório Celidônio, de José Hugo Celidônio.

Até ficar pronto para ser o palco de chegada e partida das competições de vela dos Jogos Olímpicos, o controverso projeto sofreu várias alterações. O desenho inicial, do empresário Eike Batista, previa uma área construída maior. A versão atual é um investimento de cerca de R$ 70 milhões da BR Marinas, atual concessionária.

Antes o acesso à marina era restrito aos donos de embarcações ancoradas por lá ou a quem ia sair para algum passeio de barco ou almoçar no restaurante Barracuda, o único que existia no local. Agora, além do livre acesso, um terreno ao ar livre de 30 mil quadrados, onde ficava o estacionamento, será integrado ao Parque do Flamengo depois das Olimpíadas. Esta parte da marina, última a ser aberta ao público, pois vai funcionar como área de apoio durante os Jogos, terá projeto paisagístico do escritório Burle Marx.

Frase em uma das fachadas do Corrientes / Foto de Carla Lencastre
Frase em uma das fachadas do Corrientes / Foto de Carla Lencastre

Marina da Glória: Avenida Infante Dom Henrique, Glória. Tel + 21 2555-2200. www.brmarinas.com.br

A nova Praça XV

O Museu Histórico Nacional (MHN), na Praça Marechal Âncora, é um dos oásis no meio do imenso canteiro de obras no qual se transformou a Praça XV e arredores, no Centro do Rio. Vale contornar os tapumes e ir até lá para ver a comovente exposição “Rio como destino”, sobre a qual escrevi no post anterior, que reúne cartazes publicitários do século passado de companhias aéreas e marítimas, todos com a cidade como tema. Na saída, dê uma volta pela Praça XV, uma das mais significativas do Rio, para ter uma ideia de como vai ficar a região daqui a alguns (poucos) meses.

A Praça XV e a Estação das Barcas, já sem o Elevado da Perimetral / Foto de Carla Lencastre
Estação das Barcas na Praça XV, já sem o Elevado da Perimetral / Foto de Carla Lencastre

Assim como na Praça Mauá, a derrubada do Elevado da Perimetral trouxe de volta a vista para a Baía de Guanabara. Na frente da entrada principal do Paço Imperial, olhando para a Estação das Barcas (que ligam o Rio a Niterói e a Paquetá), já se vê como a área vai ficar diferente. Na praça ficava o antigo o Cais Pharoux, cujos vestígios estão lá até hoje. Do outro lado do Paço Imperial, na Rua Primeiro de Março, encontram-se duas igrejas históricas do Rio: Igreja de Nossa Senhora do Carmo (a Antiga Sé) e Igreja da Ordem Terceira do Carmo, com sua fachada toda em pedra. Mais adiante este ano, a Praça XV será uma das pontas da Orla Luiz Paulo Conde, um caminho que vai margear a baía até a Praça Mauá.

A passagem do Arco do Teles, com a Rua do Ouvidor ao fundo / Foto de Carla Lencastre
A passagem do Arco do Teles, com a Rua do Ouvidor ao fundo / Foto de Carla Lencastre

Por enquanto a sugestão de passeio pela região é dar as costas para a Baía de Guanabara, passar pelo Arco do Teles, do período colonial, e caminhar pelas bonitas ruelas do Rio Antigo, com sobrados em geral bem preservados e ocupados por bares, restaurantes, lojas e galerias de arte. Entre os restaurantes, encontra-se o The Line, na Travessa do Comércio (entre o Arco do Teles e a Rua do Ouvidor), que está também no Museu Histórico Nacional.

The Line, restaurante na Travessa do Comércio
The Line, restaurante na Travessa do Comércio / Foto de Carla Lencastre

As ruas calçadas de pedra levam até o Centro Cultural dos Correios, o Centro Cultural Banco do Brasil e a Casa França-Brasil. No caminho, não deixe dar uma paradinha na minúscula e linda Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, na Rua do Ouvidor.

Igreja Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores / Foto de Carla Lencastre
Igreja Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores / Foto de Carla Lencastre

 

O interior da igreja / Foto de Carla Lencastre
O interior da igreja / Foto de Carla Lencastre

A Rua do Ouvidor já foi uma das ruas mais importantes do Rio. Hoje continua muito movimentada, mas é uma rua bem estreita, ainda mais se comparada com as grandes avenidas abertas no Centro da cidade no início do século XX.