Oi gente! Hoje estou aqui para falar sobre duas coisas muito bacanas, que juntas ficam ainda melhores: bicicletas e turismo. Quando tenho um tempinho, gosto de sair por aí pedalando, pois daí consigo olhar cada rua de outro jeito, curtir a natureza, me exercitar e prestar a atenção em detalhes que na correria do dia-a-dia a gente acaba não percebendo. Nesta foto meu filho Vicente foi o companheiro de pedal!
Bike tours
Por unir diversidade geográfica e climática, cultura, gastronomia, história e natureza, os chamados bike tours estão na moda. Mas eu entendo que é mais do que isso, pra mim representa um estilo de vida, uma forma diferente de viajar, praticar um esporte e se divertir. A Europa é um convite ao turismo de bike. A maioria dos países europeus tem duas coisas que são fundamentais para o turismo de bicicleta dar certo: estrutura (ciclovias e ciclofaixas) e educação (a relação entre pedestres, motoristas e ciclistas é pacífica). Em Portugal (foto), por exemplo, é comum operadoras venderem pacotes incluindo roteiro de pedal por Douro ou Lisboa.
Na América do Sul destaco a cidade de Lima, onde o cicloturismo também é levado muito a sério. Na capital do Peru você pode conhecer um de seus principais pontos turísticos – o Museu Pachacamac – fazendo um BiciTour (foto). E o mais bacana disso: o circuito é conduzido por jovens moradores das comunidades que vivem no entorno do museo. O projeto busca vincular o patrimônio arqueológico com a população vizinha, oferecendo um novo valor social, cultural e econômico, sendo apoiado pela National Geographic e a Sustainable Preservation Initiative, duas organizações interessadas na difusão e conservação do patrimônio.
Brasil
Aqui no Brasil o cicloturismo está cada vez mais ativo, movimentando muitos negócios, desde o operador, o agente de viagem até os parceiros fornecedores de todo aquele aparato que uma viagem de bike pede. E muitos destes apaixonados por viagens e bikes estarão juntos no 17º Encontro Nacional de Cicloturismo, que acontecerá de 31 de maio a 3 de junho, em Campos do Jordão/SP. O evento de confraternização terá diversas palestras e muitas pedaladas, é claro!
É incrível ver que a amplitude geográfica do nosso país e a sua diversidade formam o roteiro perfeito para se explorar de bike. Eu prefiro aqueles roteiros alternativos que percorrem estradas pelo interior, onde a natureza é o caminho. Aqui no sul do Brasil temos alguns bastante conhecidos: Circuito das Araucárias, Circuito Vale Europeu e Circuito Costa Verde e Mar, os três em Santa Catarina. E mais pertinho da nossa região, tem o circuito Parque Nacional Aparados da Serra (foto), Serra Geral e São Joaquim (que passa pelo Rio Grande do Sul e por Santa Catarina).
Por aqui
Canela e as cidades aqui da Região das Hortênsias como um todo, também formam um roteiro muito bacana para se fazer de bicicleta. E justamente por ser uma região com forte vocação turística, tem atraído cada vez mais pessoas que gostam de unir estas duas paixões. Tenho acompanhado um movimento muito positivo para tornar real o uso da bicicleta em Gramado. Há oito anos, a bacharel em turismo Tela Tomazeli (foto) encabeçou uma ideia que nasceu da sua vontade de fazer algo em favor da mobilidade urbana de Gramado: nascia assim o Gramado de Bicicleta, um projeto que eu admiro, porque propõe o compartilhamento na mesma via de rolamento, do veículo a motor e da bicicleta. Desde então, a Tela começou a agitar uma série de ações de conscientização na cidade envolvendo a criação de um folder educativo (foto) que foi distribuído em escolas e contou com o apoio do poder público, para que as pessoas como um todo – comunidade e turistas – compreendam que as ruas devem ser utilizadas de forma igualitária por ciclistas, motoristas e pedestres. Eu fui conversar com ela para entender melhor e dividir com vocês um pouco do que é o Gramado de Bicicleta. Vejam aqui:
1 – Quando surgiu o teu apreço pelas bicicletas?
“Desde a infância. Gostava de descer uma lomba onde meu tio morava. Aprendi andar ali, sentava na bici e me largava morro abaixo, caindo na serragem ao final do trajeto. Depois, andava pela Avenida das Hortênsias, já adulta, na Gertrudes (nome que dei para a bicicleta que troquei por uma calça jeans com uma amiga).”
2 – Como surgiu a ideia do projeto Gramado de Bicicleta?
“Foi em uma festa de ano novo que passei com amigos. Naquela noite eu disse que precisava fazer algo com relação à mobilidade urbana em Gramado. Não suportava mais o município com aquela mentalidade motor.”
3 – A que este projeto se propõe?
“Diferente do que todos entendem, o objetivo do Gramado de Bicicleta não é fazer ciclovias ou ciclofaixas. Nunca foi, a não ser em locais estratégicos e necessários para a segurança. O que queremos é o compartilhamento na mesma via de rolamento do veículo a motor e a bicicleta. Discuti isso em uma edição do Fórum de Bicicletas, em Porto Alegre. Não existe como fazer ciclovias ou ciclofaixas em todas as ruas e aí quando acaba a demarcação o motorista vai entender que o ciclista não pode mais circular? Temos que criar um ambiente humano, as pessoas devem ter civilidade.”
4 – Quais conquistas o Gramado de Bicicleta já alcançou?
“O poder público instalou 30 bicicletários (foto) e recentemente a ciclofaixa turística do Bairro Planalto (foto). Hoje as pessoas andam mais de bicicleta e vários hotéis de Gramado já adotaram as bicicletas, isso é muito legal. O atual departamento de Trânsito e Mobilidade Urbana tem trabalhando de forma séria. O deputado Henrique Fontana destinou mais R$ 250 mil para fazer mais ciclofaixas; a Secretaria de Governança trouxe um valor substancial para a implantação do cicloturismo no interior do município. Mas falta educação e campanhas de conscientização, que já estão em andamento, mas tem que ir para rua.”
5 – E quais metas ainda existem a serem alcançadas?
“Sinalização alta e identificação no asfalto que a via de rolamento é compartilhada também com as bicicletas. E uma campanha de conscientização (foto) para o ciclista utilizar os braços para indicar suas manobras e respeitar as normas (o ciclista também tem normas a cumprir).”
6 – Como uma cidade que é referência em turismo no Brasil, o que mais pode ser feito em Gramado com relação às bicicletas?
“Tornar Gramado uma cidade humana e não motor. Para isso, implantar a Ciclovia Estrada Gramado/ Canela; a Ciclovia Várzea Grande até Rotula das Bandeiras; a Ciclofaixa/Ciclovia Avenida das Hortênsias até a Perimetral; e a Ciclofaixa ExpoGramado até Parque dos Pinheiros;”
Que tal começar?
Se você gostou das dicas que eu trouxe aqui mas ainda não é um cicloturista, faço um convite. Que tal começar a praticar o cicloturismo na Serra Gaúcha? Comece devagarinho, com uma pedalada por um dos nossos cartões postais mais famosos: o Lago Negro (foto). Alguns hotéis de Gramado e a agência da Brocker Turismo (foto) oferecem este serviço de aluguel de bicicletas.
De bustour é ainda mais bacana
Se você já é um cicloturista, te convido a fazer um trajeto diferente no qual irá conhecer lugares lindos: embarque no Bustour (ônibus turístico que circula pelos principais pontos turísticos de Canela e Gramado) e leve sua bike junto! (sim, o bustour tem um suporte especial para levar as magrelas a bordo). Desembarque na parada 9 do Bustour no Parque do Caracol, em Canela, para pedalar até o Vale da Ferradura. Serão 8 km de bike (ida e volta) por uma região linda e com uma natureza quase intocada, vale muito a pena conhecer! O ponto de retorno ao bustour pode ser o mesmo (a parada 9 no Parque do Caracol). Você pode seguir com o ônibus turístico até Gramado, desembarcando por lá e fazendo outro trajeto de bike pelo interior, por exemplo. Aproveite o melhor da sua viagem estando mais próximo da natureza e das pessoas. Exercite-se, conecte-se com a essência do lugar e desfrute da sensação de liberdade que a bicicleta dá.
Abraço e boraaaaa pedalar!!!!
- Conteúdo produzido em parceria com a jornalista Adriana Silveira (@buenaviagem)