As tendências do setor de viagens e eventos corporativos para 2026

O setor de viagens corporativas encerra 2025 em um dos momentos mais sólidos de sua história. De janeiro a setembro, as empresas brasileiras investiram R$ 106,5 bilhões em deslocamentos profissionais, segundo o Levantamento de Viagens Corporativas (LVC), realizado pela FecomercioSP em parceria com a Alagev. O número representa crescimento de 6,8% em relação ao ano anterior e aponta para um encerramento de 2025 com R$ 144 bilhões movimentados, a maior marca já registrada. Esses resultados, somados ao recorde de movimentação em setembro, R$ 13,4 bilhões no mês e 8,5 milhões de passageiros transportados, oferecem um panorama claro sobre o que podemos esperar de 2026.

Após anos de transformações profundas, o mercado deixou de falar em “retomada” para entrar definitivamente em um ciclo de consolidação. O que vemos agora é um setor mais maduro, orientado por dados, com empresas que entendem o papel estratégico da presença física nos negócios. Reuniões, treinamentos, visitas a clientes, congressos e grandes feiras voltaram a ocupar um lugar central na agenda corporativa. A força desse movimento pode ser explicada por um fator simples: a interação presencial acelera decisões, fortalece vínculos e abre oportunidades que o ambiente virtual não consegue replicar. Por isso, mesmo com a economia brasileira avançando em um ritmo moderado, o interesse em viajar para trabalhar continua aumentando e ocupando lugar estratégico nas empresas dos mais diferentes portes e setores.

A estabilidade nos custos também ajuda a explicar a curva ascendente. Em setembro, o preço médio das passagens aéreas ficou em R$ 717, um patamar muito próximo do registrado no ano anterior, o que garante previsibilidade no planejamento das empresas. A hotelaria acompanha esse movimento: a taxa de ocupação subiu de 64% para 67% em um ano, pressionando a diária média, que avançou mais de 6% segundo análise do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB). Esse equilíbrio de tarifas vem sendo influenciado pela inflação mais baixa, pela valorização do real e pela maior competição entre fornecedores, elementos que devem se manter presentes em 2026.

Outro ponto relevante é o comportamento das viagens internacionais. O tarifaço americano, que gerou preocupações, acabou produzindo impacto menor do que o esperado. O fluxo entre Brasil e Estados Unidos segue aquecido, impulsionado pelo retorno das negociações presenciais e pela necessidade de ampliar conexões globais.

Tudo isso nos permite afirmar que a tendência para 2026 é de um crescimento ainda mais expressivo, já que há uma agenda econômica internacional mais favorável, com empresas buscando inovação, tecnologia, capacitação e expansão comercial.

A tecnologia terá um peso cada vez maior na gestão das viagens corporativas. No próximo ano, veremos mais empresas adotando inteligência artificial para otimizar custos, prever demandas, reduzir riscos e integrar toda a jornada do viajante aos seus sistemas internos. Automatização de relatórios, maior precisão nas políticas de compliance e plataformas unificadas que conversam umas com as outras serão elementos centrais desse novo momento. A tecnologia não substitui a necessidade das viagens presenciais, mas ela simplifica a gestão, aumenta a eficiência e assegura que as viagens corporativas sejam decisões estratégicas e não operacionais.

O crescimento do setor também acende um alerta para a capacidade dos destinos brasileiros. Com ocupação elevada na hotelaria e um calendário cada vez mais cheio de feiras e congressos, a pressão por espaços, serviços e infraestrutura será maior em 2026. Cidades que investirem em equipamentos modernos, qualificação profissional, conectividade, transporte urbano e incentivos ao turismo de negócios se destacarão nacional e internacionalmente. O Brasil possui destinos altamente competitivos, mas o ritmo de demanda exige uma agenda contínua de investimento.

A profissionalização da indústria é outro fenômeno que deve se intensificar. O setor aprendeu muito com os últimos anos e hoje opera de maneira mais integrada, qualificada e orientada por dados. Gestores de viagens, fornecedores, organizadores de eventos e empresas estão mais alinhados, construindo políticas claras, medindo resultados e adotando práticas mais eficientes. Esse amadurecimento tem impacto direto na produtividade das organizações e na competitividade do país.

Todas essas tendências moldam um cenário promissor para 2026. A economia deve entrar em um ciclo de crescimento moderado, mas consistente, estimulada por fatores eleitorais, possíveis reduções nas taxas de juros e maior volume de investimentos corporativos. Isso significa mais reuniões, negociações, eventos e oportunidades de negócios em todo o país. E é justamente esse conjunto de fatores que reforça a importância do setor de viagens corporativas como um pilar estratégico da economia brasileira, uma engrenagem que movimenta destinos, aquece cadeias produtivas inteiras e impulsiona resultados que vão muito além do faturamento direto.

Como diretora-executiva da Alagev, acompanho diariamente a força dessa indústria e vejo com entusiasmo o que está por vir. O setor está preparado para um novo ciclo: mais inteligente, integrado, orientado por dados e, acima de tudo, consciente do seu papel estratégico. Se 2025 foi o ano da consolidação definitiva, 2026 será o ano da expansão qualificada, um período em que as viagens e os eventos corporativos continuarão a conectar pessoas, impulsionar negócios e gerar valor para todo o país.

* Luana Nogueira, diretora-executiva da Alagev

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ALAGEV

Juliana Patti - Graduada pela Universidade Paulista e pós-graduada em Marketing e Turismo Mercadológico pela Universidade de São Paulo (USP), a nova diretora presidente da ALAGEV possui mais de 10 anos de experiência na área de viagens e eventos, liderando diversos projetos corporativos e de marketing.

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