Viagens corporativas: a tecnologia acelera, mas a experiência guia

*Edmar Mendoza, CEO da Copastur

Em um mundo em que a inovação é a principal tendência, muitas vezes negligenciamos o valor inestimável da experiência acumulada. No setor de viagens corporativas, principalmente, o equilíbrio entre tradição e tecnologia tornou-se essencial.

Os gastos globais em viagens corporativas estão projetados para alcançar US$ 1,57 trilhão em 2025, segundo o GBTA Business Travel Index Outlook. Nesse contexto de volumes extraordinários, até pequenas otimizações geram impacto significativo. É aqui que entra o retorno sobre investimento de contar com agências experientes e consolidadas, que vão além da negociação de tarifas, antecipando Crises, gerenciando incidentes de forma proativa e evitando custos emergenciais e retrabalho, garantindo previsibilidade orçamentária e proteção à pessoa viajante. Hoje em dia, observamos um cenário de constante evolução, em que novas soluções tecnológicas surgem para transformar os processos de gestão de viagens. No entanto, é fundamental questionar: a tecnologia isoladamente consegue atender a todas as complexidades que envolvem o deslocamento global de executivos(as) e equipes?

A resposta, como muitos gestores e gestoras de viagens experientes já descobriram, é inequívoca: não. A bagagem de conhecimento faz toda a diferença quando o imprevisto acontece e, no mundo das viagens corporativas, o inesperado não é exceção, é regra.

Quando um(a) executivo(a) fica retido(a) em um aeroporto internacional às 2h da manhã, quando uma conferência é cancelada de última hora ou quando uma crise global impacta rotas e destinos, não é só um algoritmo que resolve o problema. É a combinação de tecnologia com a vivência de quem já navegou por cenários semelhantes diversas vezes.

As empresas que sobreviveram e prosperaram por décadas no mercado do turismo não são dinossauros resistentes à mudança, mas sim organismos resilientes que souberam se adaptar, preservando o que funciona e incorporando o que inova. A longevidade no setor não é um acidente: é resultado de inúmeros ciclos de aprendizado, ajuste e evolução.

Na minha visão, três aspectos fundamentais diferenciam a gestão de viagens ancorada em experiência:
:: Visão 360° do ecossistema de viagens: conhecer profundamente fornecedores, destinos, regulamentações e práticas globais permite antecipar riscos e enxergar oportunidades que seriam invisíveis para quem está começando.

:: Atendimento humanizado em escala: por trás de cada viagem, há um ser humano com necessidades, anseios e preferências. Saber equilibrar personalização com processos eficientes é uma arte que se aperfeiçoa com o tempo.

:: Capacidade de integrar tecnologia com propósito: a verdadeira inovação não está em adotar cada nova tendência tecnológica, mas em implementar apenas aquelas que genuinamente agregam valor à experiência do(a) viajante corporativo(a).

O futuro das viagens corporativas não pertence exclusivamente a novos entrantes nem a players tradicionais, mas às empresas que souberem criar pontes entre esses mundos. Os(as) gestores(as) estratégicos(as) estão buscando agências que combinam a solidez de processos testados e auditados com a agilidade para incorporar inovações significativas.

À medida que avançamos para um cenário pós-pandêmico com novos desafios, que vão desde a urgência da sustentabilidade diante da crise climática até a integração do trabalho remoto com viagens estratégicas, o GPS mais confiável continuará sendo a experiência acumulada. Não como âncora que prende ao passado, mas como base que permite construir o futuro com mais segurança.

Na gestão de viagens corporativas e na vida, os futuros mais promissores são construídos por quem viaja sem limite de bagagem, carregando os aprendizados do passado, o poder do presente e abrindo espaço para as possibilidades do amanhã.

*Edmar Mendoza – CEO da Copastur

Soluções de pagamento eficazes para hotelaria e eventos corporativos

O futuro já chegou: os cartões corporativos consolidam-se como a principal forma de pagamento de diárias em hotelaria e eventos, substituindo gradualmente o faturamento tradicional.

Com o faturamento (intermediado por TMCs), os desafios são conhecidos: burocracia, risco de inadimplência, processos lentos de aprovação e dificuldades de conciliação financeira. Em um mercado que exige eficiência e previsibilidade, manter esse modelo como regra representa perda de competitividade.

Nesse contexto, os cartões corporativos, principalmente os virtuais (com tecnologia VCN), se consolidam como a alternativa mais eficaz. Eles permitem definir limites de valor e prazo, trazem segurança adicional contra fraudes e simplificam a conciliação das despesas. Além disso, oferecem às empresas maior transparência na gestão de custos e aos fornecedores a garantia de liquidez imediata.

Os cartões físicos seguem tendo sua utilidade, especialmente para despesas imprevistas em viagens e eventos, mas tendem a assumir um papel complementar em relação às soluções virtuais.

A migração para esse novo modelo não é apenas uma atualização operacional; trata-se de uma mudança estrutural. Para hotéis e organizadores de eventos, significa redução do risco financeiro e processos internos mais ágeis. Para as empresas clientes, representa eficiência, clareza e maior controle sobre seus gastos.

É possível que o faturamento continue existindo em casos específicos, mas sua participação será cada vez mais limitada. O movimento do segmento, novas tecnologias indicam de forma consistente que os pagamentos digitais, em especial os cartões virtuais, devem se tornar o novo padrão do setor.

Mais do que uma tendência tecnológica, trata-se de uma evolução necessária. A forma de pagar já não pode ser um obstáculo: precisa ser parte da solução para construir relações mais ágeis, seguras e sustentáveis entre empresas e fornecedores.

Viviane Amadei
BWH Hotels

O peso da política nas viagens corporativas

Tarifaço de 50% dos EUA, novas regras de visto e custos crescentes criam barreiras que exigem planejamento e estratégia das empresas para manter suas agendas internacionais

As viagens corporativas internacionais sempre foram um termômetro da economia global. Quando as empresas reduzem os deslocamentos de seus executivos, não se trata apenas de uma mudança operacional, mas de um reflexo direto do ambiente político e econômico. É exatamente isso que observamos diante das recentes medidas anunciadas pelo governo Trump.

O tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, que entrou em vigor no início de agosto, inclui exceções para itens como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos, que podem ser interpretadas como uma forma de reduzir impactos sobre setores estratégicos. Ainda assim, a nova tarifa tende a elevar custos em diferentes cadeias produtivas e impactar a viabilidade de operações que dependem do intercâmbio com o mercado norte-americano. Além do efeito imediato nos preços, há expectativa de que empresas de diversos setores, incluindo aquelas com atuação nos Estados Unidos, questionem internamente a medida, buscando formas de mitigar seus impactos.

Para o segmento de viagens corporativas, o efeito pode ser significativo. Custos mais altos de exportação reduzem margens e pressionam orçamentos, tornando deslocamentos técnicos, treinamentos e reuniões presenciais mais restritos. Paralelamente, a valorização do dólar e a inflação importada encarecem ainda mais cada viagem, forçando muitas companhias a priorizar encontros virtuais ou postergar agendas presenciais.

A pressão sobre o setor também é intensificada pelas mudanças nas regras de visto norte-americano, que entram em vigor a partir de 2 de setembro. Grande parte dos solicitantes de vistos não imigrantes, incluindo turismo, estudos, trabalho e intercâmbio, precisará comparecer presencialmente a entrevistas consulares. O processo se torna mais burocrático, sujeito a atrasos e filas, o que vai exigir um planejamento ainda mais antecipado. Além disso, em outubro, a nova taxa adicional de US$ 250 elevará o custo do visto para mais de R$ 2,5 mil, somando mais um obstáculo para empresas que enviam profissionais aos Estados Unidos.

O momento exige bom senso e ação coordenada entre governos e setores produtivos. Medidas comerciais e migratórias que elevam custos e criam barreiras de entrada têm potencial de frear negócios, reduzir investimentos e comprometer a competitividade de ambos os países. É preciso que haja ajustes e negociações para evitar um impacto irreversível nas relações econômicas.

Enquanto isso, as empresas não podem esperar. É preciso agir imediatamente: renegociar contratos com maior flexibilidade, incorporar de forma consistente o uso de videoconferências, priorizar destinos alternativos na América Latina e Europa e planejar cada deslocamento de forma criteriosa para extrair o máximo retorno.

Viagens corporativas não são simples deslocamentos: representam um ativo estratégico, fundamental para gerar conexões, consolidar parcerias e abrir novas oportunidades de negócios. Proteger esse ativo em tempos de instabilidade é determinante para sustentar a relevância das empresas no cenário global.

*Luana Nogueira é diretora-executiva da Associação Latino-Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (ALAGEV)