Elas no comando: liderança feminina e os desafios do Brasil em 2025

O Brasil enfrenta um cenário econômico e social desafiador, mas também repleto de oportunidades, especialmente para a ascensão da liderança feminina nos negócios. De acordo com o levantamento da Fundação Instituto de Administração (FIA) Business School, que analisou respostas de mais de 150 mil funcionários de 150 grandes empresas premiadas com o selo Lugares Incríveis para Trabalhar 2023, as mulheres representavam 38% dos cargos de liderança no Brasil, mantendo a mesma proporção do ano anterior.

Já a publicação “Criando sinergias entre a Agenda 2030 e o G20 – Caderno Desigualdades”, que utiliza dados do Banco Mundial, Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), aponta que a proporção de mulheres em cargos de chefia em nosso país (38,8%) superou a média dos membros do G20 (30,58%). No ranking global, ficamos em terceiro lugar, atrás da Rússia (46,2%) e dos Estados Unidos (41,4%) – números referentes a 2021, último período com dados comparáveis entre as nações do bloco econômico.

Em um ambiente de incertezas, estamos assumindo papéis cada vez mais relevantes, demonstrando resiliência e capacidade de adaptação. Um exemplo foi o painel “Elas no comando: o auge da carreira tem nome de mulher”, realizado no LACTE 20, que reuniu lideranças como Chieko Aoki, presidente da Blue Tree Hotels, e Jacqueline Conrado, country manager da United Airlines no Brasil. As palestrantes destacaram como temos superado barreiras históricas e alcançado posições de destaque em diferentes setores, impulsionadas por redes de apoio e por uma maior conscientização sobre a importância da diversidade.

Jacqueline Conrado, country manager da United Airlines no Brasil; e Chieko Aoki, presidente da Blue Tree Hotels
Crédito: KV/Divulgação

A ascensão feminina no mercado de trabalho se reflete em dados concretos. O Levantamento da McKinsey & Company mostra que empresas com maior presença de mulheres em cargos de liderança apresentam um desempenho até 25% superior em rentabilidade. Essa informação reforça a necessidade de políticas corporativas mais inclusivas e incentivos para o desenvolvimento de carreiras. Exemplo desse cenário positivo é a própria Alagev, que tem entre equipe, diretoria, conselhos de clientes e fornecedores cerca de 81% de mulheres como tomadoras de decisões.

Equipe Alagev: Isadora Ribeiro, Andrea Matos, Natalia Teixeira, Luana Nogueira, Luciana Salustri e Giseli Fardin
Crédito: Vitória Ruano

No entanto, apesar dos avanços, ainda há obstáculos a serem superados. A disparidade salarial entre homens e mulheres, a falta de representatividade nos altos cargos das empresas e os desafios impostos pela cultura corporativa tradicional continuam a ser barreiras para muitas profissionais. Além disso, a sobrecarga de responsabilidades domésticas e a dificuldade de conciliar carreira e vida pessoal ainda pesam sobre cada uma de nós.

Para acelerar essa transformação, as organizações precisam adotar medidas concretas, como programas de mentoria e patrocínio para mulheres, flexibilização da jornada de trabalho, incentivo à equidade salarial e criação de ambientes que promovam a diversidade de maneira estruturada. Além disso, o compromisso com a liderança feminina deve ser uma prioridade na estratégia organizacional, com métricas claras para avaliar o progresso e garantir mudanças efetivas.

O crescimento da participação delas no mercado não é apenas uma questão de equidade, mas uma estratégia essencial para a inovação e o desenvolvimento sustentável. Empresas que investem nesse posicionamento não só impulsionam a performance financeira, mas também criam ambientes mais colaborativos e dinâmicos e ampliam possibilidades para novas gerações.

À medida que o Brasil navega por desafios econômicos e estruturais, investir na capacitação e ascensão das mulheres será um diferencial estratégico para o país. Vejo que o comando feminino está cada vez mais evidente e o futuro do Brasil passa, sem dúvida, pelo protagonismo das mulheres. 

*Luana Nogueira, diretora-executiva da Alagev

Mercado de viagens e eventos corporativos em 2025: desafios, oportunidades e tendências

O ano de 2024 não foi fácil para o setor de viagens e eventos corporativos, mas trouxe muitos benefícios e aprendizados. Em 2025, seguimos impulsionados principalmente pela variação cambial e pelas transformações nas estratégias. As empresas têm buscado otimizar seus orçamentos e repensar a frequência e a duração de suas viagens. Vejo que as corporações estão cada vez mais seletivas, priorizando deslocamentos essenciais e explorando novas soluções para equilibrar custos e benefícios.

O Brasil também se prepara para eventos globais relevantes, como a COP30, encontro que debaterá as mudanças climáticas marcado para novembro em Belém (PA). A expectativa é que eventos como a COP movimentem a infraestrutura, a hotelaria e o turismo corporativo no país, além de reforçarem a necessidade de planejamento estratégico para lidar com a alta demanda e garantir experiências eficientes para os participantes. Mostram ainda que podemos receber grandes eventos além daqueles esportivos, para os quais já somos conhecidos.

Impacto do câmbio
O câmbio desfavorável tem impactado diretamente as viagens internacionais, aumentando os custos e levando as empresas a ajustarem suas estratégias. Em muitos casos, os orçamentos se mantêm estáveis, mas o volume de deslocamentos é reduzido para compensar o aumento do ticket médio. Esse cenário estimula o mercado brasileiro a desenvolver novas opções de eventos e incentivos locais, favorecendo a movimentação interna e reduzindo a exposição às oscilações cambiais.

Por outro lado, o câmbio favorável para estrangeiros torna o Brasil um destino atrativo para eventos internacionais. Empresas estrangeiras podem enxergar o país como uma alternativa interessante a mercados tradicionais, como Paris, impulsionando a captação de eventos e fortalecendo o setor nacionalmente. No entanto, a infraestrutura e a malha aérea ainda representam desafios a serem superados. Desde a pandemia, a oferta de assentos não voltou aos níveis anteriores, e a fusão entre grandes companhias aéreas pode ou não resultar em um aumento significativo da disponibilidade de voos. Neste caso, vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos. 

Crescimento do setor e a pressão sobre preços
Os dados do Levantamento de Viagens Corporativas (LVC), realizado pela FecomercioSP em parceria com a Alagev, apontam que novembro de 2024 registrou um recorde, com um gasto de R$ 13 bilhões em serviços de turismo corporativo, um aumento de 5,8% em relação ao mesmo período de 2023. No acumulado do ano, o volume total chegou a R$ 122 bilhões, um crescimento de 5,4%.

Esse crescimento acontece em um cenário de pressão sobre preços. A recuperação tarifária na hotelaria e o aumento da diária média impactam diretamente os custos das viagens corporativas e eventos. Em São Paulo, por exemplo, as tarifas de hotéis econômicos superam R$ 900 em dias de maior demanda. Além disso, o preço médio do aluguel de veículos subiu mais de 22% em 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto a alimentação também sofreu alta significativa, elevando os gastos com deslocamentos corporativos.

Estratégias para 2025: automação, parcerias e inteligência artificial
Apesar dos desafios, as empresas continuam investindo em viagens e eventos, sem perspectiva de redução no volume total. No entanto, a maneira como esses deslocamentos são planejados e executados está mudando. A automação e a inteligência artificial (IA) terão papel fundamental na gestão de viagens, permitindo que gestores foquem em estratégias de longo prazo em vez de apenas otimizar custos de curto período.

A sustentabilidade também entra em pauta, com uma nova abordagem para negociações e contratos. O foco agora deve ser em parcerias mais longínquas, ao invés de trocas frequentes de fornecedores. Essa alteração de mentalidade contribui para maior previsibilidade e melhores condições de negociação, beneficiando tanto empresas quanto prestadores de serviço.

Perspectivas e investimentos no setor
A Pesquisa Anual de Viagens Corporativas (PAVC), também realizada pela Alagev, apresenta um panorama detalhado do mercado e suas tendências. O estudo revela que 27% dos gestores indicaram que suas empresas investiram mais de R$ 20 milhões em viagens corporativas em 2024. Para voos nacionais, 22% gastaram entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões, enquanto 22% dos investimentos em hospedagem no Brasil variaram entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão. No cenário internacional, 44% das empresas investiram menos de R$ 500 mil em viagens ao exterior.

A projeção para 2025 é de crescimento, com 74% dos respondentes esperando um aumento no volume total de viagens entre 10% e 20%. Diante desse cenário, a expectativa para esse ano é de um mercado dinâmico, que precisará equilibrar inovação, gestão eficiente, planejamento, tecnologia, inteligência e adaptação a novos desafios econômicos e operacionais para manter seu crescimento sustentável.

*Luana Nogueira, diretora-executiva da Alagev

Turismo corporativo: crescimento em meio aos desafios econômicos

Faltam poucos dias para encerrar 2024. O turismo corporativo no Brasil conquistou resultados expressivos, mesmo em meio a um cenário econômico desafiador. De acordo com o Levantamento de Viagens Corporativas (LVC), feito pela FecomercioSP em parceria com a Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev), o setor deverá registrar um crescimento de 5,5%, com faturamento total de R$ 130 bilhões, o maior da série histórica iniciada em 2011. Esse desempenho positivo reflete o aumento da demanda por serviços como transporte aéreo, hospedagem, locação de veículos e transporte rodoviário.

Durante o “Café com mantenedores”, da Alagev, Guilherme Dietze, da FecomercioSP, compartilhou importantes esclarecimentos sobre o panorama econômico nacional e as perspectivas para o setor. Ele destacou que o turismo brasileiro alcançou R$ 203 bilhões em faturamento, superando o recorde de 2014. O mercado corporativo representa 64% desse resultado, ou seja, R$ 130 bilhões

Apesar do otimismo, Dietze alertou sobre os desafios previstos para 2025. Entre os principais entraves, estão a alta carga tributária, a baixa produtividade e a escassez de mão de obra qualificada, além da pressão sobre os preços e a volatilidade cambial. Por isso, acreditamos que a economia brasileira deva crescer apenas 2%, evidenciando uma recuperação lenta.

Os ambientes político e econômico também trarão incertezas, especialmente em um ano pré-eleitoral. A atuação do novo presidente do Banco Central e as tensões geopolíticas globais, como a reeleição de Trump nos Estados Unidos, podem impactar o Brasil, seja nas relações comerciais ou nos mercados financeiros. As discussões da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em novembro, em Belém (PA), podem também afetar os discursos e decisões nacionais. 

O setor de viagens corporativas encerra 2024 com um recorde de faturamento. O mais recente dado que temos é de outubro,  quando  os gastos das empresas com esse tipo de serviços alcançaram R$ 12,7 bilhões, representando um aumento de 6,9% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. O valor supera o recorde anterior, de R$ 12,4 bilhões, registrado em 2013 (ajustado pela inflação). No acumulado do ano, o setor apontou um faturamento de R$ 108,4 bilhões, um crescimento de 5,3% em relação ao mesmo período de 2023 (veja tabela abaixo).

Esse desenvolvimento se deve, em parte, à elevação nos preços dos serviços, fator que limita um aumento mais expressivo da produtividade. Apesar disso, a tendência de crescimento do segmento se manterá em 2025, com previsão de elevação de 4% e faturamento de R$ 135 bilhões. O avanço consistente é motivo de celebração, mesmo diante dos desafios. 

Expectativas para o futuroCom o desempenho positivo da economia brasileira, que acumula um crescimento de 3,1% nos últimos 12 meses, há otimismo moderado em relação ao futuro do setor. O consumo das famílias e os investimentos são indicativos de resiliência econômica. Ainda que a alta dos juros e outros obstáculos possam reduzir o ritmo da evolução financeira, o setor de turismo corporativo deve continuar a desempenhar um papel fundamental no cenário econômico nacional.

Nosso compromisso é continuar inovando e fortalecendo o mercado de turismo corporativo por meio de eventos marcantes, como o LACTE, além de intensificar treinamentos, parcerias estratégicas e pesquisas que agreguem valor ao setor. A cada ano, buscamos superar desafios e inspirar o crescimento do turismo no Brasil, consolidando nossa posição como referência e promovendo avanços que beneficiem toda a cadeia produtiva.

*Luana Nogueira, diretora-executiva da Alagev