Tecnologia e o Brasil fora do radar dos eventos: insights da ALAGEV no IMEX Frankfurt

Nos últimos meses, a ALAGEV marcou presença nos principais eventos de negócios, incluindo o IMEX Frankfurt, que aconteceu em maio na Alemanha. O nosso destaque foi os conversas sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) para apresentar soluções inovadoras e práticas avançadas no setor brasileiro. 

Inteligência Artificial em eventos
Durante o encontro, mostramos como a IA pode transformar a acessibilidade e a inclusão em eventos, utilizando closed caption (legenda oculta) e tradução simultânea em diferentes idiomas de forma online e instantânea. Destacamos a importância de criar experiências inclusivas, levando em consideração gênero, deficiências e diferenças culturais e regionais. Demonstramos um design imersivo e emotivo com foco em storytelling de alto nível, transformando pequenos momentos no espaço de eventos.

A transformação digital, por meio de multicanais, foi outro ponto crucial abordado. Acreditamos que ter dados é sinônimo de poder, uma vez que eles agregam imenso valor à experiência do usuário. A comunicação digital deve ser um diálogo em “duas vias” e, para isso, utilizamos ferramentas de sugestão de incentivos. Com dados sólidos e históricos, foi possível predizer, com base no perfil dos participantes e no orçamento disponível, a melhor indicação de programa e destino para a próxima viagem.

Personalização com Big Data
Utilizamos também o Big Data para personalizar a jornada do participante, coletando e analisando dados para criar experiências únicas. A personalização se mostrou fundamental para aumentar a satisfação e o engajamento de cada visitante.

Brasil fora do radar
Durante o encontro, tivemos acesso a uma série de pesquisas mundiais. Um dado que nos chamou a atenção foi o estudo da Incentive Travel Index, que mostrou que os dez destinos mais desejados pelos compradores norte-americanos e europeus são Canadá, Alasca, Cruzeiros, Havaí, Europa Emergente, América Central, Europa Ocidental, Caribe, Estados Unidos e México. Surpreendentemente, o Brasil não estava nessa lista.

Na minha perspectiva, essa ausência reflete uma realidade preocupante: a falta de investimento no turismo nacional. O Brasil, apesar de suas belezas naturais e culturais, enfrenta desafios significativos, como a falta de valorização por parte dos próprios brasileiros, altos custos de viagens para os nossos destinos e pouco aproveitamento em divulgações internacionais, especialmente nos países da América Latina que deveriam ser nossos principais aliados. É alarmante constatar que Paris (França), uma única cidade, recebe mais turistas anualmente do que todo o Brasil, um país continental. Para reverter essa situação, é fundamental investir em educação e conscientização sobre a importância do turismo e o potencial do destino. Além disso, é essencial continuarmos com a nossa luta diária com os políticos para o incentivo e prospecção desse setor, que é responsável por quase 8 milhões de empregos e 7,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil (WTTC, 2023).

Meetings Outlook

Já no estudo do Meetings Outlook, foram apresentados os fatores de interesse na escolha de um local para eventos. A pesquisa mostrou que 28% dos participantes desejam um novo lugar; 23% preferem um destino já conhecido; 19% escolhem espaços usados anualmente; 17% optam por regiões não visitadas desde 2019; e 8% querem locais que proporcionem benefícios e all-inclusive. As principais justificativas para selecionar um espaço foram economia de custos (mais de 70%); redução de desperdício (acima de 50%); necessidades (próximo a 50%); sustentabilidade (mais de 40%); experiência (40%); apresentação (mais de 30%); localização (superior a 20%); jantar e individualização (20%).

Futuro do trabalho: elemento humano
O futuro do trabalho foi outro tema importante discutido. O IMEX destacou a relevância do bem-estar no ambiente de trabalho; a mudança de foco do dinheiro como principal fator de retenção de talentos; a redução de riscos com a contratação correta; e o foco em nichos de mercado. As habilidades cada vez mais valorizadas serão criatividade; comunicação com base em escuta ativa; pensamento crítico/analítico; e conexão em comunidade (ubuntu).

Realidade aumentada para tours e demonstrações
Nas minhas highlights do IMEX, percebi também a implementação de tours virtuais e demonstrações interativas usando Realidade Aumentada (AR), permitindo aos participantes explorar locais e interagir com produtos de maneiras inovadoras, mesmo sem a presença física.

Aplicativos personalizados para eventos
Os aplicativos personalizados são as ferramentas do momento. Eles centralizam informações importantes, facilitam o networking, e enviam notificações e atualizações aos participantes. 

Aliado a isso, a gamificação aumentou o engajamento. Com as plataformas de interação para perguntas e respostas ao vivo, enquetes e feedback em tempo real, além de experiências imersivas em Realidade Virtual (VR), há maior interatividade do público.

Plataformas de streaming e conteúdo sob demanda
O acesso on-demand a gravações de sessões e conteúdos adicionais, além de ferramentas que permitem interatividade online foram tão ricas quanto a experiência presencial. Esses pontos são importantes para que as empresas se atualizem e utilizem esses insights para atrair ainda mais os clientes e fornecedores internacionais e alcançar o seu lugar na lista de destinos mais desejados para eventos. 

Continuaremos com a nossa missão de inovar e liderar o setor de eventos com tecnologias avançadas e estratégias personalizadas, sempre focando na experiência do participante e na eficiência operacional. Porém, é crucial que o Brasil aumente seus investimentos em turismo, educação e promoção internacional para realmente se destacar como destino global.

*Luana Nogueira, diretora executiva da ALAGEV

O futuro do trabalho: preparação e adaptabilidade

Se tem um assunto que atrai atenção das pessoas é o futuro do mercado de trabalho. Durante o LACTE-19ª edição, evento anual promovido pela  Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (ALAGEV), Dado Schneider, professor e doutor em comunicação, em sua palestra “O Futuro mudou bem na minha vez” compartilhou sua experiência e visão sobre as transformações das gerações. 

Me identifiquei com seus pensamentos e decidi escrever esse artigo. De acordo com o especialista, a maioria dos profissionais que hoje está no mercado de trabalho é do século e milênio anterior e enfrenta um cenário de constante mudança. Durante a juventude, ele observou a resistência dos mais velhos em mudar seus ideais. Agora, ao amadurecer, percebeu uma nova dinâmica da evolução no mundo corporativo e que hoje é preciso  se adaptar rapidamente para permanecer relevante no mercado de trabalho.

Estruturas e hierarquias

No final do século XX, as estruturas empresariais, escolares e familiares eram verticais. O palestrante, quando mais novo, trabalhou em uma agência de publicidade e se inspirava para alcançar “essa vida tranquila” dos diretores. Após muito tempo de esforço, ao atingir esse patamar, o mundo mudou: agora, gerentes e empreendedores trabalham, muitas vezes, mais do que seus colaboradores.

Anos atrás era comum usar a frase “manda quem pode e obedece quem tem juízo”. Agora, as novas gerações não aceitam qualquer tipo de liderança e questionam quando percebem algo errado. 

Mentalidades e adaptação

Schneider refletiu sobre a distinção entre jovens e velhos em termos de abertura à mudança. Ele nota a existência de “jovem velho”, “velho jovem”, “jovem que é jovem” e o “velho que é velho”, destacando que a diferenciação é pela mentalidade e vontade de se atualizar, e não pela idade. No século XXI, preconceitos de cor, gênero e idade não são mais aceitáveis. Mudar hoje significa entender e aceitar o que acontece ao nosso redor, mesmo não gostando.

Futuro e evolução

Precisamos estar preparados para essa nova realidade. Vivemos a “adolescência do futuro”, onde o século XX tenta manter seu poder, mas o XXI está prestes a decolar, especialmente após a pandemia de covid-19. Com a inteligência artificial, valorização das minorias e a empatia, estamos dando um salto evolutivo. 

Vejo que as crianças estão mais conectadas ao mundo das notícias e com uma infância mais equipada, diferente do passado. Um exemplo claro sobre as alterações do comportamento da sociedade é que anos atrás o melhor bife em um jantar ficava com o adulto, hoje, o melhor alimento é destinado aos mais jovens. 

O especialista traz ainda uma reflexão valiosa “somos adultos inéditos, nunca houve adultos iguais a nós, porque vamos durar mais”. Com o avanço da medicina, qualidade de vida e tecnologia, as pessoas vão viver por mais tempo e precisam se adaptar às mudanças.

Há apenas dois séculos, nossa expectativa de vida mal ultrapassava 40 anos. Segundo o estudo, detalhado na revista The Lancet, a perspectiva de vida global deve aumentar de 73,6 anos em 2022 para 78,1 anos em 2050. E a vida saudável deve crescer de 64,8 anos para 67,4 anos. 

Por exemplo, na Espanha, a expectativa de vida dobrou no último século: passou de 40 anos em 1900 para mais de 83 anos em 2019, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) espanhol. Já nos últimos 50 anos, o número de pessoas com mais de 80 anos triplicou, enquanto o total de pessoas com 90 anos aumentou cinco vezes. Segundo estudo da Organização das Nações Unidas, essa tendência global indica que, até 2050, o número de centenários aumentará de 533 mil para mais de três milhões.

O Juan Carlos Izpisúa, bioquímico e participante do documentário da National Geographic “Life Science: Longevity”, comenta que “estamos muito próximos de viver 150 anos”. O especialista ressalta que os avanços científicos estão aumentando e nos aproximam de um futuro que está mais próximo do que parece.

Reflexão final

Pensando nesses dados e com base na palestra do LACTE, entendo que o problema não é a idade, mas sim parar no tempo e não querer se adaptar. 

Em um mundo em constante evolução, a capacidade de se atualizar e evitar envelhecer por dentro é crucial. Para continuar a crescer intelectualmente, é essencial abraçar a mudança e compreender as transformações ao nosso redor.

*Luana Nogueira, diretora executiva da ALAGEV

Sete principais bloqueadores da inteligência cognitiva, social e prática

Durante o LACTE-19ª edição, Vania Ferrari, escritora e consultora, em sua palestra “Sua Maravilhosa e Inexplorada Potência” apresentou a transformação no mundo do trabalho, a partir da sua potência. 

O conteúdo trouxe os sete principais bloqueadores da nossa inteligência cognitiva, social e prática, sendo eles:

:: Medo: várias estruturas sociais são criadas para instalar medo nas pessoas, limitando a capacidade de explorar novas possibilidades e tomar decisões ousadas;

:: Pensamentos negativos e redundantes: algumas pesquisas em psicologia cognitiva e neurociência sugerem que uma proporção significativa dos pensamentos diários pode ser negativa ou redundante. Um exemplo mais direto é o estudo publicado na revista “Psychological Science”, que descobriu que as pessoas tendem a ter uma tendência de “pensamento ruminante”, onde elas repetidamente revisitam preocupações, o que pode contribuir para a prevalência de pensamentos negativos. Segundo Vania, isso pode prejudicar a autoconfiança e a criatividade;

:: Identificação com os pensamentos: segundo a palestrante, a voz negativa em nossa mente muitas vezes não nos representa verdadeiramente, mas nos identificamos com ela, o que pode minar nossa autoestima e autoaceitação;

:: Submissão e intimidação: sentir-se inferior a outros indivíduos ou situações pode nos impedir de agir com confiança e assertividade, limitando nosso potencial;

:: Falta de limites pessoais: permitir que outros nos tratem mal ou ultrapassem nossos limites pode prejudicar nossa autoestima e bem-estar emocional;

:: Ausência de celebração e reconhecimento: não identificar nossas conquistas ou não celebrar nossos sucessos pode diminuir a motivação;

:: Negligência da saúde mental e emocional: ignorar as emoções e não cuidar da saúde mental prejudica a capacidade de lidar com os desafios da vida e o alcance do potencial máximo.

Exemplos históricos que desbloquearam seu potencial 

A especialista destacou nomes históricos e contemporâneos de pessoas que desbloquearam seu potencial criativo e inovador. Exemplos como Nicolau Copérnico, que formulou a teoria heliocêntrica em que a Terra gira em torno do Sol, não o contrário, como era amplamente aceito na época; o chinês Su Song (ou Su Sung) criador de um dos primeiros dispositivos de medição do tempo; Michael Faraday, que contribuiu significativamente para a criação do motor elétrico; e o Friedrich Miescher, um bioquímico suíço que isolou pela primeira vez o que ele chamou de “nucleína” a partir dos núcleos das células – essa substância mais tarde foi identificada como ácido desoxirribonucleico (DNA).

Estudiosos inspiradores que nos lembram da importância de desafiar os padrões, persistir diante das adversidades e buscar continuamente novos caminhos para alcançar o potencial criativo e inovador. 

Pense fora da caixa

No debate, Vania ressaltou um tema muito importante. Hoje, muitas empresas levam os executivos para lugares paradisíacos e os colocam em salas, sem ter as experiências sensoriais do local. 

Como diretora executiva da ALAGEV, acredito que essas vivências trazem uma perspectiva muito além do potencial do profissional. Essas ações externas proporcionam aos participantes a ampliação de suas visões e o aumento da criatividade. 

Fazendo uma analogia com o tema. Em um fim de semana do mês de abril, levamos um grupo de gestores de viagens para Campos do Jordão e proporcionamos uma ação bem diversificada com atividades para que conhecessem a região, sobretudo os principais pontos turísticos da cidade. Tivemos apresentações em salas, mas o principal objetivo foi oferecer momentos diferentes e inesquecíveis.

Genialidade

Nós somos polímatas, ou seja, possuímos vários talentos, conhecimento em diversas áreas ou disciplinas. E devemos utilizar essa potência para ajudar o outro. 

Vania reforçou que o esforço dedicado, às vezes, é melhor que uma genialidade. E concordo com esse pensamento. 

Walter Isaacson, autor da biografia de Leonardo da Vinci, diz que chamar Leonardo de gênio é quase como um crime, pois apenas nomeá-lo desta forma minimiza o empenho, a curiosidade e a dedicação incansável que ele dedicou aos seus estudos. Em vez disso, Isaacson destaca a importância do trabalho árduo e da paixão de Leonardo pela aprendizagem e observação meticulosa do mundo ao seu redor.

Hoje, existem líderes que gostam de escutar a própria voz, mas o correto é que ouçam mais o outro. Leonardo era esse tipo, ele olhava para todas as áreas do conhecimento com muito interesse. Ele foi pintor, escultor, inventor, arquiteto, matemático, botânico, astrônomo, engenheiro e apaixonado por anatomia. 

Com isso, a palestra encoraja o uso da potência individual para ajudar o próximo. Destaca também a importância de ouvir outras vozes e áreas do conhecimento para ampliar a perspectiva.

Dicas para a vida profissional e pessoal

Na sequência, o conteúdo apresentou dicas para a vida profissional e pessoal. 

:: Reforce a necessidade de ter pessoas diversas em sua equipe como um catalisador para novas ideias e soluções;

:: Inicie o dia com tarefas desafiadoras para economizar a força de vontade;

:: Estabeleça metas positivas e realistas para si mesmo;

:: Tenha sono e alimentação adequadas e reconheça as próprias limitações;

:: Evite armadilhas e situações negativas, valorizando as conquistas pessoais;

:: Aborde questões de inclusão social e curiosidade intelectual como ferramentas para aprimorar processos e promover mudanças positivas;

:: Enfatize a necessidade de pensamento crítico, flexibilidade cognitiva e coragem para desafiar padrões e expandir horizontes.

Vivência seus sentimentos

De acordo com a palestrante, devemos nos perdoar por erros passados e permitir que a mente explore todo o seu potencial. Isso está intrinsecamente ligado à inteligência emocional, que vai além da simplificação das emoções em alegres ou tristes, reconhecendo a complexidade dos sentimentos que experimentamos diariamente.

Ressaltou ainda que a inveja, muitas vezes vista como negativa, pode ser transformada em uma força positiva quando usada para motivar a busca por objetivos semelhantes aos de quem invejamos.

Destacou, ainda, insights sobre a gestão das emoções, como reconhecer e nomear sentimentos antes que eles causem estragos irreparáveis. Destaca-se a importância de estabelecer limites pessoais e profissionais para proteger-se do abuso e da exploração.

Por fim, a mensagem central foi sobre assumir a responsabilidade por nossa própria felicidade e sucesso, desenvolvendo habilidades de comunicação, inteligência emocional e liderança. Isso inclui cultivar o bom humor, colaboração e confiança, além de entender que cada um é responsável por sua própria jornada de transformação.

O discurso foi finalizado com um chamado à ação: é necessário não apenas compreender, mas também mudar a realidade. Isso implica em se envolver ativamente na criação de experiências significativas que estejam alinhadas com os valores e metas pessoais e organizacionais. A celebração das conquistas é essencial para manter a motivação e reconhecer o progresso ao longo do caminho.

Para saber mais sobre esse tema e outros conhecimentos do setor, acesse https://educaonline.alagev.org/.

*Luana Nogueira, diretora executiva da ALAGEV