A minha história se confunde e se mistura com a da entidade. Faz muito tempo que andamos e crescemos juntas e nesse tempo, o mundo e o Brasil mudaram, o turismo e nossos negócios também. Minha essência é a mesma, mas foram tantas mudanças, tantas conquistas. Percorri um longo caminho, mas foi tão rápido, que às vezes, sem me dar conta, já me transformei, e tenho que me reconhecer novamente
A primeira vez a gente nunca esquece… já tive algumas “primeiras vezes” na minha vida.
Em 2015, a Braztoa e eu fomos cúmplices, inauguramos a primeira presidência feminina da entidade. Não deveria ter sido motivo de comemoração. Afinal, estamos no século XXI, mas foi. Porém, sempre tive comigo que meu reconhecimento deveria ser fruto da minha capacidade e da minha autenticidade, nunca do meu gênero. E ali vivendo “mais” uma crise, um momento de quebras, de reinvenção, de desafios de toda ordem, comecei a historia desta presidência.
Nós ousamos, fomos atrevidas… para questionar, para explicitar, sair do lugar comum, para fazermos do nosso jeito, para acharmos novas respostas para as mesmas perguntas de sempre. Sabemos que se não tivermos coragem para colocar o dedo nas feridas do nosso setor, seremos omissas… e não podemos nos calar… nem eu e nem a Braztoa.
É…nesses 30 anos vivemos tempos extremos…muitos inocentes foram prejudicados pela corrupção, irresponsabilidade e ganância de outros.
Há os que persistem a todo custo, matando famílias e sonhos, condenando destinos turísticos e o sustento de muitos, tirando o sono de inocentes com o alarme de “mais lama” iminente… As obras de Aleijadinho não têm pernas para correr.
Não podemos permitir que nossa história fique sem manutenção, naufragando na lama… ou sendo queimada de forma irresponsável…
As tragédias se seguem: passam pelos jovens do Flamengo, pela proliferação da violência contra as mulheres, pela incapacidade das nossas cidades de absorver as águas das chuvas, os doentes em hospitais, ou mesmo os foliões que só querem brincar o Carnaval com segurança…
Não se tratam de catástrofes naturais, como furacões e terremotos. Nem de terrorismo, grande mal que atormenta outros países. Estou falando de uma crise interna, causada pela falta de planejamento e pelas omissões das autoridades para o investimento real e correto do dinheiro dos nossos impostos. Nós, que sobrevivemos até aqui, temos a responsabilidade de não achar normal, o que não é.
Ninguém pode calar a voz ou tirar da nossa gente o direito de viver em paz… de ser quem é… de usar a cor que bem entender… de não comungar de valores que não lhe respeitem.
Não é quem nos governa que vai garantir a ordem e o progresso que perseguimos. A gente não tem que lutar contra um governo ou a favor de outro. Precisamos ser nossa melhor versão e nos representar. Exigir que sejamos valorizados e respeitados como seres humanos, não permitir sermos manipulados.
O Brasil é resultado de uma maravilhosa mistura. Mais que isso, precisamos valorizar nossas diferenças, entendendo que não carregamos uma mácula, mas um trunfo. Somos um e não queremos ser divididos, queremos continuar nos misturando …
Conquistamos a redução do IRRF e a flexibilidade nos vistos, a nossa experiência não tem preço e nem concorrência, paguem os mesmo impostos, gerem empregos, girem a economia brasileira e vamos ver quem sai ganhando? Aposto que o Brasil.
É gente, fazer 30 anos dá nisso. Não queremos mais tapar o sol com a peneira…e nos recusamos a esconder as coisas debaixo do tapete. Ficamos à flor da pele… e mais emotivos com as celebrações.
Agradeço e parabenizo a cada um dos associados Braztoa. Aos presidentes que me antecederam e ao conselho de administração que divide comigo essa gestão. Unidos estamos construindo diariamente o caminho, uma associação sustentável e reconhecida como uma das mais importantes entidades do setor.
Enfim, celebro este aniversário com orgulho da minha trajetória, da minha associação, dessa jornada emocionante e bem-sucedida.
Encerro este ciclo sendo, mais uma vez, sendo eu mesma. Quero dizer que muitas pessoas moram dentro do meu coração e muitas construíram a mulher que sou hoje. Por isso, hoje sou branca, sou negra, sou mulher e sou homem, sou pai e mãe, sou trabalhadora, sou diversa e amo a diversidade. Sou brasileira, patriota, agente de viagens com muito orgulho de mim e dos meus pares.
Termino este texto com uma das frases mais poderosas que já ouvi nos últimos anos: Ninguém solta a mão de ninguém!
Published by