Como o trade deve aproveitar os 800 anos de São Francisco de Assis em 2026

A celebração dos 800 anos da morte de São Francisco de Assis, em 2026, abre uma das mais promissoras oportunidades para o mercado brasileiro de turismo religioso, cultural e experiencial. Para aproveitar esse momento de grande mobilização global, operadores, agências e DMCs precisam trabalhar com estratégia e antecedência.

O primeiro ponto é a organização logística: a veneração pública dos restos mortais do santo, algo inédito em oito séculos, ocorrerá entre 22 de fevereiro e 22 de março de 2026, mediante agendamento prévio. Isso exige que grupos e peregrinos façam reservas com muitos meses de antecedência, considerando hospedagem na Úmbria, transporte regional e ingressos oficiais.

Outro aspecto decisivo é a criação de produtos híbridos, combinando espiritualidade, cultura, história, natureza e gastronomia. O peregrino contemporâneo busca, além da devoção, uma experiência de sentido, contemplação e conhecimento. Por isso, roteiros que integrem visitas a santuários franciscanos, refeições típicas, atividades ao ar livre, museus e vivências guiadas tendem a atrair públicos mais amplos e qualificados. Vale lembrar que Assis é Patrimônio Mundial da UNESCO, o que amplia seu apelo para viajantes interessados em arte medieval, arquitetura e patrimônio histórico.

Guias especializados fazem toda a diferença nesse tipo de viagem. Profissionais com formação em história da arte, turismo religioso ou teologia agregam valor ao produto, aproximam o passageiro da narrativa franciscana e elevam a percepção de exclusividade do roteiro.

Além disso, o mercado brasileiro deve ser tratado como prioritário: o país tem forte tradição católica e cresce rapidamente no consumo de viagens de significado, especialmente entre grupos paroquiais, terceira idade, escolas confessionais e viajantes em busca de espiritualidade.

Como a procura por Assis tende a ser intensa, é essencial considerar a infraestrutura da Úmbria. Hospedar passageiros em cidades próximas como Perugia, Foligno, Spello ou Bastia Umbra, oferecendo transfers diários, pode ser uma solução eficiente para garantir conforto e disponibilidade mesmo nos períodos mais concorridos. Preparar o cliente também é fundamental: materiais educativos: vídeos, e-books, textos explicativos e lives ajudam a contextualizar a viagem, contar a história de São Francisco, esclarecer a importância da data e explicar como funcionará a visitação extraordinária aos restos mortais.

Outro diferencial competitivo está em conectar a viagem a temas contemporâneos associados ao legado franciscano: ecologia integral, economia solidária, diálogo inter-religioso e preservação do patrimônio. Esses eixos conversam com o público jovem, com segmentos culturais e com viajantes interessados em causas sociais, expandindo o perfil tradicional do peregrino.

Além disso, o ciclo dos Centenários Franciscanos não se limita a 2026; há demanda crescente por viagens pré-jubilares e pós-jubileo, o que permite aos operadores trabalhar o destino de forma contínua ao longo de 2025, 2026 e 2027.

Por fim, é possível ampliar ainda mais o potencial da data integrando Assis a outros destinos de relevância religiosa e cultural. Combinações como Assis e Roma, Assis e Toscana espiritual, ou extensões para rotas como Fátima, Lourdes e Santiago de Compostela criam itinerários mais completos e atraentes, posicionando o produto franciscano como porta de entrada para experiências espirituais europeias mais amplas.

Em síntese, os 800 anos de São Francisco não representam apenas uma efeméride religiosa, mas uma oportunidade de ouro para reposicionar produtos, inovar no turismo de fé e entregar experiências profundas e transformadoras. Com planejamento, conteúdo qualificado e integração de tendências atuais, o trade brasileiro tem tudo para ocupar um espaço privilegiado nesse momento histórico.

Fórum turismo religioso acontece esta semana

A nova edição do Fórum Nacional de Turismo Religioso se aproxima e será realizada nesta semana, nos dias 25 e 26 de novembro, no Cine Teatro Padre Jesus Flores, localizado no Santuário do Divino Pai Eterno. O encontro reunirá lideranças religiosas, representantes do poder público, universidades, empresas do setor turístico e diversas instituições brasileiras. Totalmente gratuito, o Fórum consolida-se como uma das principais plataformas de articulação, pesquisa e negócios dedicadas ao turismo de fé no país.

A programação contempla palestras, seminários técnicos, apresentações institucionais, rodadas de negócios e o lançamento e reconhecimento de iniciativas voltadas ao desenvolvimento territorial, inovação e governança do segmento.

No dia 25, as atividades estarão concentradas em debates sobre espiritualidade, governança, políticas públicas, dados e hospitalidade. Entre os palestrantes confirmados estão Padre Marco Aurélio, Padre Omar Raposo, Padre Manoel Filho, Adriane Rengel, Amadeu Castanho e Padre Rodrigo Castro. À tarde, o foco se volta para sustentabilidade integral e planejamento estratégico, sob condução do Padre Daniel Aguirre.

No dia 26, a programação integra o 2º Seminário Goiano de Turismo Religioso, promovido pelo SEBRAE Goiás, reunindo representantes da Arquidiocese de Goiânia, Goiás Turismo e operadoras como Catedral Viagens, TrieloTur, Peregrinos Brasil e Domus Viagens. O seminário discutirá desafios de mercado, integração regional e oportunidades de comercialização de rotas religiosas.

A programação inclui ainda o Palco Drops/Pitch, com rodadas e apresentações rápidas voltadas à conexão comercial entre destinos, santuários, agências e operadores. Entre os participantes confirmados estão Nova Trento (SC), Congonhas (MG), Santuário Dom Bosco (DF), SEBRAE-ES e Santuário de La Salette. O objetivo é aproximar projetos e roteiros religiosos do mercado, fortalecendo oportunidades de negócios e fomentando articulações institucionais.

O Fórum chega a esta edição respaldado por importantes instituições que reconhecem sua relevância para o desenvolvimento do turismo de fé no Brasil. O evento recebeu chancela da EMBRATUR – Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo e conta com apoio de entidades como a ABBTUR, SEBRAE, Ministério do Turismo e Confederação Nacional do Turismo (CNTur). Essas chancelas reforçam o Fórum como espaço estratégico de integração entre poder público, trade turístico, academia e Igreja, legitimando-o como ambiente de formulação, articulação e promoção do turismo religioso em escala nacional.

A edição também contempla a entrega do Troféu São João Paulo II – Caminho da Fé e da Cultura, que homenageia iniciativas e personalidades de destaque no turismo religioso, reconhecendo ações de impacto cultural, social e territorial. Eu serei agraciado com o troféu por conta da discussão que promovo nesse blog evidenciando a importância econômica e cultural desse setor.

Além disso, serão anunciadas as submissões aprovadas para publicação na Revista Científica de Turismo Religioso, fortalecendo o eixo acadêmico e a produção de conhecimento sobre o setor.

O Fórum adota diretrizes de responsabilidade socioambiental, incentivando o uso de QR Codes, materiais digitais e brindes sustentáveis, reduzindo o consumo de papel. As práticas dialogam com princípios de ecologia integral e com debates inspirados na encíclica Laudato Si, articulando sustentabilidade e turismo religioso.

Europa Sagrada chegando ao Brasil

Nos dias 26 e 27 de novembro, o projeto Sacred Horizons chega ao Brasil com uma proposta clara: aproximar alguns dos destinos espirituais e culturais mais emblemáticos da Europa do trade turístico brasileiro. Com apoio da European Travel Commission (ETC), a iniciativa promove encontros em Belo Horizonte e Curitiba, reunindo agentes de viagem, operadores e representantes oficiais de turismo da Itália, San Marino, Grécia e Croácia — um movimento estratégico para um segmento que cresce de forma acelerada: o turismo espiritual, cultural e experiencial.

Em Belo Horizonte, o encontro acontece no Hilton Garden Inn, reunindo autoridades locais, imprensa especializada e buyers convidados. A programação combina apresentações institucionais e rodadas de negócios (B2B meetings), favorecendo conexões diretas entre o mercado brasileiro e os expositores europeus.

No dia seguinte, é a vez de Curitiba sediar a segunda etapa do projeto, desta vez no Radisson Hotel. O formato se repete, com foco em fortalecer o diálogo entre fé, cultura e hospitalidade, além de consolidar o Sul do Brasil como um polo estratégico para viajantes qualificados. Na capital paranaense, os participantes também terão acesso a um almoço de networking, que une tradições europeias e a gastronomia local.

A delegação europeia chega ao país com um conjunto especialmente robusto de destinos e instituições. Da Itália e San Marino, participam representantes de Emilia-Romagna, além de cidades historicamente ligadas à peregrinação e ao patrimônio cultural, como Assis, Loreto e Chiusi Della Verna. A Grécia marca presença com cinco regiões — Florina, Kastoria, Monemvasia, Nafplio e Mystras — reconhecidas por seu profundo legado ortodoxo e bizantino. Da Croácia, o destaque é a ilha de Rab, famosa por suas paisagens intocadas, tradições autênticas e a serenidade de seu litoral.

As duas cidades , Belo Horizonte e Curitiba, foram escolhidas pelo forte potencial para o turismo espiritual na Europa. Que venham muitos negócios…

Monte Athos: o sagrado inacessível às mulheres

Entre tradição, espiritualidade e exclusão, o coração da fé ortodoxa grega revela uma experiência única de turismo religioso. No norte da Grécia, o Monte Athos ergue-se sobre o Mar Egeu como um refúgio de espiritualidade e mistério. Conhecido como República Monástica do Monte Athos, esse enclave autônomo abriga vinte mosteiros e cerca de duas mil pessoas que vivem segundo regras milenares da Igreja Ortodoxa. Reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade, o lugar preserva tradições bizantinas quase inalteradas desde o século X.

Mais do que um destino turístico, o Monte Athos é um território sagrado e, paradoxalmente, proibido às mulheres. A exclusão feminina, conhecida como avaton, é uma das leis mais antigas da península. Segundo a tradição ortodoxa, a Virgem Maria, ao visitar a região, teria abençoado o local e pedido que se tornasse seu “jardim”, um espaço exclusivamente masculino de devoção. Desde então, nenhuma mulher pode pisar ali, nem mesmo animais fêmeas, em alguns casos.

O território é considerado consagrado à Mãe de Deus, e os monges afirmam que permitir a entrada de mulheres seria quebrar um pacto espiritual que sustenta a vida contemplativa da comunidade.

O acesso é restrito e altamente controlado. Apenas homens com uma permissão especial chamada diamonitirion podem entrar. O documento é emitido pela administração monástica e limita a entrada diária a 100 peregrinos ortodoxos e 10 não ortodoxos. É preciso solicitar a autorização com várias semanas de antecedência.

A chegada ao Monte Athos se faz exclusivamente por mar, a partir das cidades de Ouranoupolis ou Ierissos, na região da Macedônia Central. O porto de Dafni é o principal ponto de entrada. De lá, os visitantes seguem em veículos oficiais ou trilhas até os mosteiros, onde são hospedados gratuitamente pelos monges.

Durante a estadia, o visitante compartilha refeições simples, participa de orações e vivencia o ritmo contemplativo do monacato ortodoxo. O uso de celulares, câmeras e dispositivos eletrônicos é desaconselhado; aqui, o tempo corre em outro compasso.

Os meses de abril a outubro são ideais, com clima ameno e mares mais calmos. No inverno, ventos e tempestades podem interromper as travessias. As grandes festas religiosas, como a Dormição da Virgem Maria (15 de agosto), atraem um número maior de peregrinos e exigem planejamento antecipado.

O Monte Athos é o centro espiritual do cristianismo ortodoxo, tradição seguida por cerca de 260 milhões de fiéis em países como Grécia, Rússia, Sérvia e Romênia. Diferente do catolicismo romano, a Ortodoxia não tem um papa, mas sim igrejas independentes, lideradas por patriarcas.

A espiritualidade ortodoxa valoriza o silêncio, a contemplação e o ícone, imagem sagrada que simboliza a presença divina. Nos mosteiros do Monte Athos, essa tradição se manifesta em liturgias longas, cânticos bizantinos e manuscritos preservados há séculos.

Apesar de sua beleza e profundidade espiritual, o Monte Athos também é símbolo de uma fé que resiste ao tempo e às mudanças sociais. A proibição de entrada de mulheres levanta debates sobre igualdade de gênero, direitos humanos e tradição religiosa.

Para os monges, abrir o Monte Athos significaria romper um pacto com o divino. Para outros, manter o avaton é perpetuar uma exclusão incompatível com o mundo contemporâneo.

Visitar o Monte Athos é mergulhar em um universo que parece suspenso entre o céu e o mar, entre o silêncio e a eternidade. Uma experiência espiritual rara e, para muitos, transformadora. Mas também um lembrete de que o sagrado, mesmo em sua beleza, carrega fronteiras que refletem o peso da história.

Roteiro neo-Esô no sudeste

Há viagens que descansam o corpo — e há aquelas que despertam a curiosidade e lados da alma. Entre o litoral paulista e as montanhas de Minas e do Rio, existe um percurso que une energia telúrica, paisagens exuberantes e mitos que desafiam a razão. Um roteiro místico , voltado para os neo-esotéricos, que atravessa Peruíbe, São Tomé das Letras, Sana e Visconde de Mauá, destinos ligados por uma mesma busca: a do reencontro entre natureza e transcendência.

Peruíbe: portais do mar e da ufologia

Localizada no litoral sul paulista, Peruíbe é um dos vértices do chamado Triângulo da Ufologia Brasileira, ao lado de São Tomé das Letras (MG) e Alto Paraíso (GO). Cercada pela Estação Ecológica da Jureia-Itatins, a cidade combina praias selvagens com mistérios cósmicos. Moradores e visitantes relatam avistamentos de luzes no céu e fenômenos que desafiam a ciência. Trata-se de uma dos municípios brasileiros com mais relatos de OVNIS. É preciso lembrar que um OVNI não indica necessariamente a existência de uma nave alienígena. Como o próprio nome diz, trata-se de um objeto voador não identificado. Mas o verdadeiro encanto está na energia densa da Mata Atlântica, onde se acredita que antigos povos guardaram segredos sobre portais dimensionais e civilizações perdidas.

São Tomé das Letras: a cidade das pedras e das estrelas

Nas montanhas do sul de Minas, São Tomé das Letras é o coração desse roteiro esotérico. A cidade, feita de quartzito e lendas, vibra com histórias de duendes, fadas e também discos voadores. Cada pedra parece conter um símbolo, e cada gruta um segredo. No alto da Casa da Pirâmide, visitantes observam o pôr do sol como um ritual de reconexão. Diz-se que a cidade está sobre uma das sete cidades subterrâneas de Agartha, e que suas águas e cristais canalizam uma das maiores energias telúricas do planeta. Dizem as boas e más línguas que existe um portal que conecta São Tomé a Machu Picchu. Vale passar um final de semana para conhecer uma atmosfera que não se encontra em nenhum outro lugar do mundo.
Mas para além dos mitos, São Tomé é um convite à contemplação e à convivência entre o humano e o sagrado natural.

Sana: o vilarejo do silêncio e da cura

Descendo a serra rumo ao norte fluminense, o pequeno Sana, distrito de Macaé, é refúgio de terapeutas, artistas e buscadores espirituais. Suas cachoeiras — especialmente a Sete Quedas — são templos naturais onde o banho é quase um batismo energético. O clima bucólico, o artesanato e as rodas de música ao entardecer criam um ambiente de espiritualidade simples e comunitária, herança dos hippies que ali chegaram nos anos 1970 e fundaram uma cultura de paz e reconexão com a terra. Não espere grandes luxos, mas muito acolhimento e sorrisos.

Visconde de Mauá: o sagrado nas montanhas

Encerrando o percurso, Visconde de Mauá, entre o Rio e Minas, une luxo, natureza e espiritualidade. Suas pousadas charmosas e alta gastronomia convivem com a força dos rios e o silêncio das montanhas. É destino para quem busca retiros, meditação, astrologia e terapias holísticas — mas também para quem entende que o verdadeiro luxo é a introspecção. O clima frio e a paisagem alpina transformam cada caminhada em contemplação, cada neblina em metáfora do invisível. Trata-se de um destino também muito voltado para casais e lua-de-mel.

Uma rota de autoconhecimento

Mais do que um roteiro turístico, esse percurso é, para muitos, uma rota iniciática, onde cada parada indica um portal de autoconsciência. Ligando o mar ao planalto e às montanhas, conecta símbolos — água, pedra, ar e fogo — e experiências que atravessam a fé, o mito e o mistério. De Peruíbe a Mauá, o viajante encontra não apenas destinos, mas espelhos: cada cidade revela um fragmento do sagrado que ainda habita em nós. Como acontece em todo o turismo religioso e espiritual no país, as atividades ainda são pouco sistematizadas, embora demanda não falte. Fique de olho!

Europa investe em turismo espiritual no Brasil

A Comissão Europeia de Turismo, com sede em Bruxelas, tem uma certeza: fé também viaja. E o Brasil é um dos maiores mercados para turismo espiritual, razão pela qual recebe em novembro o projeto “Sacred Horizons”, da European Travel Commission (ETC), que promove duas rodadas de negócios focadas em turismo espiritual e cultural. As edições acontecem em Belo Horizonte (26/11) e Curitiba (27/11), conectando representantes oficiais de destinos europeus com agentes de viagens, operadores brasileiros e imprensa especializada.

Não é um nicho pequeno como dissemos muitas vezes nesse blog, e como atestam as notícias do Panrotas. Segundo dados da ONU Turismo, o turismo religioso e espiritual movimenta cerca de 300 milhões de viajantes por ano e gera algo em torno de 18 bilhões de euros em receitas mundiais. Esse movimento não se explica apenas pela devoção tradicional. Há um interesse cada vez maior por experiências de transformação pessoal, reconexão interior e sentido de vida — tendência que, como mostrou recentemente a revista Forbes, vem crescendo tanto entre pessoas de fé quanto entre quem busca bem-estar, silêncio e cura emocional. Esse tipo de viajante está reativando não só os grandes polos de peregrinação, mas também pequenos destinos que encontram, na espiritualidade, uma forma de preservação cultural e de desenvolvimento econômico local.

O “Sacred Horizons” traz ao Brasil delegações de San Marino, Itália, Grécia e Croácia. Do lado italiano, estarão presentes cidades e rotas que fazem parte do imaginário espiritual europeu: Assis, Loreto e Chiusi della Verna — destinos ligados a São Francisco, Santa Clara e à devoção mariana — além de regiões como a Emilia-Romagna, que vem trabalhando experiências culturais e espirituais combinadas. Operadores como Malatesta Viaggi e Istoria Viaggi participam com propostas de peregrinação e vivência estética do patrimônio religioso, não só como “roteiro de igreja”, mas como experiência de arte, memória e contemplação.

San Marino chega representado institucionalmente pelo próprio Ministério do Turismo da República de San Marino, acompanhado por empresas locais, entre elas o Grand Hotel San Marino e a San Marino Outlet Experience. É uma mensagem clara: espiritualidade e hospitalidade premium podem andar juntas, unindo bem-estar, lifestyle e consumo qualificado. A Grécia apresenta seu legado ortodoxo e bizantino, com monastérios históricos e tradições litúrgicas que formam um eixo de peregrinação que vai além da imagem clássica “sol e ilhas”. Já a Croácia traz Rab Island, destino que combina natureza mediterrânea, tradição monástica e um tipo de silêncio buscado hoje por viajantes que desejam desacelerar.

A dinâmica dos encontros inclui apresentações institucionais, rodadas pré-agendadas entre expositores europeus e compradores brasileiros, além de momentos de networking em coffee breaks e conversas com autoridades e formadores de opinião. Em Belo Horizonte, o evento será realizado no Hilton Garden Inn, reunindo também parceiros locais. Em Curitiba, o encontro acontece no Radisson. A meta é ambiciosa: mais de 150 reuniões de negócios e ao menos 40 compradores brasileiros qualificados nas agendas, com foco direto em geração de produto e novas vendas.

A ETC define o objetivo do projeto como a criação de “pontes entre fé e cultura”: fortalecer destinos que preservam tradições espirituais, apresentar essas experiências ao mercado brasileiro e convidar o viajante a algo que está muito além do city tour — uma jornada que combina patrimônio, emoção, estética e sentido.

Caminhos de Luz – Chico Xavier

O Brasil abriga uma das maiores comunidades espíritas do mundo. Estimativas apontam que, em 2020, cerca de 3 % da população brasileira (ou aproximadamente seis milhões de pessoas) se declaravam seguidores do Espiritismo.

Desse modo, ao lançar o olhar para o roteiro Caminhos de Luz – Chico Xavier, não se trata apenas de um passeio turístico, mas de um mergulho em uma trajetória que dialoga com milhões de brasileiros que vivem e inspiram-se pelos princípios espíritas.

Trata-se de uma das mais importantes rotas de turismo religioso do Brasil, unindo as cidades de Pedro Leopoldo e Uberaba, ambas em Minas Gerais, em um percurso que celebra a vida, a obra e a mensagem de amor e caridade do médium Chico Xavier. Criado com o propósito de preservar sua memória e difundir seu legado espiritual, o roteiro convida o visitante a percorrer lugares marcantes da trajetória de um dos maiores expoentes do espiritismo mundial, em uma jornada que combina fé, cultura e introspecção.

A primeira etapa acontece em Pedro Leopoldo, cidade natal de Chico Xavier. Lá, o visitante pode conhecer a Praça Chico Xavier, o Centro Espírita Luiz Gonzaga, a Fazenda Modelo, onde o médium trabalhou e produziu suas primeiras psicografias, e a Casa de Chico Xavier, mantida como um espaço de memória e devoção. Essa fase do roteiro revela o ambiente simples onde tudo começou, mostrando o cotidiano do jovem Francisco Cândido Xavier antes de se tornar uma figura reconhecida nacional e internacionalmente.

A segunda parte do percurso conduz o viajante até Uberaba, cidade para onde Chico se mudou em 1959 e onde viveu até seu falecimento, em 2002. Ali, o roteiro inclui visitas à Casa de Memórias e Lembranças de Chico Xavier, ao Museu Chico Xavier, ao Centro Espírita da Prece, local onde ele realizava suas reuniões e psicografias, e ao Cemitério São João Batista, onde repousam seus restos mortais e para onde acorrem milhares de peregrinos todos os anos. Uberaba tornou-se, assim, um centro de espiritualidade e acolhimento, recebendo visitantes de todo o país que buscam inspiração em sua mensagem de amor incondicional e serviço ao próximo.

Mais do que um roteiro turístico, “Caminhos de Luz – Chico Xavier” é uma experiência transformadora que transcende doutrinas e convida à reflexão sobre valores humanos universais. Entre as montanhas e igrejas de Minas, o viajante reencontra a simplicidade e a fé que marcaram a vida do médium. Percorrer o caminho entre Pedro Leopoldo e Uberaba é, portanto, trilhar também um percurso interior, em que cada parada revela um fragmento de espiritualidade, humildade e esperança; virtudes que fizeram de Chico Xavier um símbolo de luz e consolo para milhões de pessoas.

Aroya Cruises inaugura nova era no turismo halal com cruzeiro religioso

O turismo religioso ganha um novo capítulo com a estreia do cruzeiro halal da Aroya Cruises, uma jornada de 13 noites entre a Malásia e Jidá (Arábia Saudita). Mais do que uma viagem, trata-se de uma experiência espiritual que une fé, cultura e hospitalidade.

Partindo de Port Klang, na Malásia, o itinerário contempla escalas em Indonésia, Maldivas e Omã, antes de chegar a Jidá, a porta de entrada para Meca e Medina. Em cada destino, os viajantes mergulham em tradições islâmicas milenares, visitam mesquitas históricas e participam de atividades culturais guiadas por estudiosos do Islã.

A bordo, o navio Aroya — com capacidade para 3.400 pessoas — oferece palestras espirituais, espaços de oração e gastronomia 100% halal, tornando a experiência completa em todos os sentidos.

O retorno, programado para janeiro de 2026, fará o mesmo trajeto em sentido inverso. Além disso, a empresa planeja minicruzeiros de 2 noites a partir de Langkawi, ampliando o acesso ao turismo religioso por via marítima.

Em um cenário global de expansão do turismo halal, que deve ultrapassar US$ 500 bilhões até 2035, a Aroya se consolida como pioneira ao transformar a peregrinação marítima em símbolo de fé moderna e conectada com o mundo.

Fórum de Turismo Religioso consolida o Brasil como referência no segmento

O turismo religioso deixou há muito tempo de ser apenas uma expressão de fé. Tornou-se também um fenômeno econômico, cultural e social que movimenta comunidades, preserva tradições e gera oportunidades. Em um mundo cada vez mais ávido por experiências transformadoras, o Brasil desponta como um dos principais polos globais desse tipo de turismo — e o Fórum Nacional de Turismo Religioso é a prova viva dessa vocação. Em 2025, o evento chega à sua sétima edição, entre 25 e 26 de novembro, no Cine Teatro do Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), reafirmando o país como referência internacional no segmento.

A força do Fórum está na sua capacidade de unir dimensões distintas: fé, cultura, negócios e conhecimento. Trata-se de um espaço onde gestores públicos, lideranças religiosas, profissionais do turismo e pesquisadores dialogam sobre como transformar a espiritualidade em uma alavanca de desenvolvimento sustentável. A presença de instituições como EMBRATUR, Ministério do Turismo, SEBRAE Goiás, ABBTUR e CNTur confere legitimidade e amplitude a essa agenda, revelando que o turismo religioso já não é um nicho, mas uma vertente estratégica da economia criativa e do turismo cultural brasileiro.

De acordo com dados apresentados recentemente pelo ministro do Turismo, Celso Sabino, e pela deputada federal Simone Marquetto, o turismo religioso movimenta cerca de R$ 15 bilhões por ano no Brasil, distribuídos entre as diversas celebrações e festividades que ocorrem de Norte a Sul do país.

Nesse contexto de crescimento recorde, o Fórum Nacional de Turismo Religioso assume papel central ao integrar fé, cultura e estratégia. O apoio do SEBRAE Goiás, com o Seminário de Turismo Religioso, reforça a importância do empreendedorismo local e das micro e pequenas empresas no fortalecimento desse ecossistema. Artesãos, guias, produtores culturais e empreendedores do entorno de santuários e destinos de fé encontram nesse movimento uma oportunidade concreta de prosperar de forma sustentável, transformando espiritualidade em desenvolvimento econômico.

Desde sua criação, em 2015, o Fórum diferencia-se pela continuidade e resiliência. Mesmo durante a pandemia, manteve suas atividades em formato digital, provando que a fé pode ser também motor de inovação. Agora, ao ocupar o espaço simbólico do Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade — um dos maiores polos de peregrinação da América Latina —, o evento une tradição e modernidade, espiritualidade e estratégia, em torno de um propósito comum: consolidar o Brasil como protagonista global no turismo religioso.

Mais do que um evento, o Fórum Nacional de Turismo Religioso é um movimento que reafirma o valor da fé como patrimônio imaterial e motor de desenvolvimento. É também um espelho da vocação brasileira para acolher, celebrar e transformar — atributos que fazem do turismo religioso um dos pilares mais promissores da economia contemporânea e um símbolo da união entre cultura, devoção e prosperidade.

Impacto do apoio federal ao Círio de Nazaré 2025

O Círio de Nazaré já é um dos eventos religiosos mais emblemáticos do Brasil, atraindo multidões todos os anos, inclusive do exterior. Em 2025, no entanto, a celebração atravessa um momento especial: pela primeira vez, contará com R$ 2 milhões em investimentos federais para reforçar sua estrutura e promover ainda mais o turismo de fé.

A injeção de recursos não precisa ser vista apenas como um gesto simbólico. Ela tem impacto direto nos setores que compõem o ecossistema turístico: hospedagem, alimentação, transporte, comércio e serviços auxiliares. Com uma infraestrutura melhor, os visitantes terão uma experiência mais confortável e segura, o que tende a aumentar a estadia média e o consumo local.

Em 2024, estima-se que o Círio tenha reunido cerca de 2 milhões de pessoas em Belém, gerando um impacto econômico superior a R$ 190 milhões. O desafio agora é aproveitar essa base e elevá-la ainda mais em 2025.

O investimento federal no Círio reforça uma tendência crescente: o turismo ligado à fé e espiritualidade tem se consolidado como um dos segmentos mais promissores no Brasil. Cidades como Aparecida (SP) e Juazeiro do Norte (CE) já comprovam que unir devoção com estrutura turística pode promover desenvolvimento regional.

Para o trade turístico, isso significa que destinos de cunho religioso merecem atenção estratégica no planejamento — não apenas nas épocas tradicionais de festa, mas o ano todo, com roteiros, produtos turísticos e divulgação focada. Para refletir a importância de tal investimento:

  1. Planejamento integrado
    Operadores, hotéis, agências, guias e entidades religiosas podem unir forças para estruturar roteiros que explorem os arredores do evento, promovendo turismo complementar (turismo ecológico, cultural, gastronômico).
  2. Qualificação da experiência
    Investir em conforto, sinalização, acessibilidade, segurança e atendimento ao visitante diferencia o destino. Experiências positivas geram recomendações boca a boca e estimularão retornos futuros.
  3. Marketing segmentado
    Comunicar não só para devotos, mas também para turistas que têm interesse por cultura, história e religiosidade. Apostar em canais digitais, conteúdos visuais e parcerias com influenciadores pode ampliar o alcance.
  4. Monitoramento de impacto
    Mensurar os resultados em hospedagem, receita, fluxo de visitantes e emprego ajudará a ajustar ações para edições futuras e justificar novos investimentos públicos e privados.

O anúncio de um apoio federal significativo ao Círio de Nazaré em 2025 evidencia que eventos religiosos podem servir como fortes vetores de desenvolvimento turístico. Para quem atua no trade turístico, o momento é de olhar com atenção, planejar com integração e estar pronto para aproveitar o fluxo de visitantes com serviços de qualidade.