Roteiro neo-Esô no sudeste

Há viagens que descansam o corpo — e há aquelas que despertam a curiosidade e lados da alma. Entre o litoral paulista e as montanhas de Minas e do Rio, existe um percurso que une energia telúrica, paisagens exuberantes e mitos que desafiam a razão. Um roteiro místico , voltado para os neo-esotéricos, que atravessa Peruíbe, São Tomé das Letras, Sana e Visconde de Mauá, destinos ligados por uma mesma busca: a do reencontro entre natureza e transcendência.

Peruíbe: portais do mar e da ufologia

Localizada no litoral sul paulista, Peruíbe é um dos vértices do chamado Triângulo da Ufologia Brasileira, ao lado de São Tomé das Letras (MG) e Alto Paraíso (GO). Cercada pela Estação Ecológica da Jureia-Itatins, a cidade combina praias selvagens com mistérios cósmicos. Moradores e visitantes relatam avistamentos de luzes no céu e fenômenos que desafiam a ciência. Trata-se de uma dos municípios brasileiros com mais relatos de OVNIS. É preciso lembrar que um OVNI não indica necessariamente a existência de uma nave alienígena. Como o próprio nome diz, trata-se de um objeto voador não identificado. Mas o verdadeiro encanto está na energia densa da Mata Atlântica, onde se acredita que antigos povos guardaram segredos sobre portais dimensionais e civilizações perdidas.

São Tomé das Letras: a cidade das pedras e das estrelas

Nas montanhas do sul de Minas, São Tomé das Letras é o coração desse roteiro esotérico. A cidade, feita de quartzito e lendas, vibra com histórias de duendes, fadas e também discos voadores. Cada pedra parece conter um símbolo, e cada gruta um segredo. No alto da Casa da Pirâmide, visitantes observam o pôr do sol como um ritual de reconexão. Diz-se que a cidade está sobre uma das sete cidades subterrâneas de Agartha, e que suas águas e cristais canalizam uma das maiores energias telúricas do planeta. Dizem as boas e más línguas que existe um portal que conecta São Tomé a Machu Picchu. Vale passar um final de semana para conhecer uma atmosfera que não se encontra em nenhum outro lugar do mundo.
Mas para além dos mitos, São Tomé é um convite à contemplação e à convivência entre o humano e o sagrado natural.

Sana: o vilarejo do silêncio e da cura

Descendo a serra rumo ao norte fluminense, o pequeno Sana, distrito de Macaé, é refúgio de terapeutas, artistas e buscadores espirituais. Suas cachoeiras — especialmente a Sete Quedas — são templos naturais onde o banho é quase um batismo energético. O clima bucólico, o artesanato e as rodas de música ao entardecer criam um ambiente de espiritualidade simples e comunitária, herança dos hippies que ali chegaram nos anos 1970 e fundaram uma cultura de paz e reconexão com a terra. Não espere grandes luxos, mas muito acolhimento e sorrisos.

Visconde de Mauá: o sagrado nas montanhas

Encerrando o percurso, Visconde de Mauá, entre o Rio e Minas, une luxo, natureza e espiritualidade. Suas pousadas charmosas e alta gastronomia convivem com a força dos rios e o silêncio das montanhas. É destino para quem busca retiros, meditação, astrologia e terapias holísticas — mas também para quem entende que o verdadeiro luxo é a introspecção. O clima frio e a paisagem alpina transformam cada caminhada em contemplação, cada neblina em metáfora do invisível. Trata-se de um destino também muito voltado para casais e lua-de-mel.

Uma rota de autoconhecimento

Mais do que um roteiro turístico, esse percurso é, para muitos, uma rota iniciática, onde cada parada indica um portal de autoconsciência. Ligando o mar ao planalto e às montanhas, conecta símbolos — água, pedra, ar e fogo — e experiências que atravessam a fé, o mito e o mistério. De Peruíbe a Mauá, o viajante encontra não apenas destinos, mas espelhos: cada cidade revela um fragmento do sagrado que ainda habita em nós. Como acontece em todo o turismo religioso e espiritual no país, as atividades ainda são pouco sistematizadas, embora demanda não falte. Fique de olho!