Espírito Santo: o novo destino do turismo de esporte e aventura

Sabe aquela viagem que você faz sem muita pretensão de grandes descobertas e se surpreende a cada dia no destino? Pois é … acabo de chegar de uma. Meu destino? Um Estado fronteiriço com 3 dos mais visitados Estados brasileiros – Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais. De topografia montanhosa e ao mesmo tempo, com 411km de costa litorânea. Composto por 78 municípios. Com um povo hospitaleiro de origem inicialmente italiana, alemã, holandesa e suíça. Conhecido por uma moqueca feita em panela de barro, produzida pela paneleiras. E uma torta criada no século XIX, rica em frutos do mar e pescados, feita especialmente para a semana Santa.

O Estado do Espírito Santo me surpreendeu ao longo dos 6 dias de estada.

um novo olhar

Essa não foi a minha primeira vez em terras capixabas. Voltando um pouquinho no túnel do tempo, me vejo aos 13 ou 14 anos, passando férias em Vila Velha – cidade vizinha da capital – na casa de primos. Contudo, nada além de praia, uma turma de condomínio e festas em clubes locais nas minhas lembranças. Alguns bons anos se passaram até que em novembro de 2018, volto ao estado rumo ás Montanhas Capixabas, e ajusto um novo olhar ao destino.

Entretanto, voltar 5 anos depois para o Estado, não foi nem de perto fazer “mais do mesmo”. Ao contrário, foi uma sequência de “uaus” seguidas de “quero mais”. Por isso, se você planeja viajar dentro do Brasil e busca uma pitada de esporte e aventura, mas não tinha o Espírito Santo no seu mapa …. prepare-se para mudar sua “lista de lugares á visitar”!

O Estado do Espírito Santo é um prato cheio de desafios em novas e exuberantes paisagens: canoa havaiana, stand up paddle (SUP), caiaque, barco á vela, surf, navegação marítima, mergulho, corrida, ciclismo, caminhada, escalada, trekking, mountain bike, trail run, rappel, raffting, voo livre, são apenas algumas das atividades que você pode praticar enquanto visita o destino.

Cachoeiras, montanhas, rios e a temperatura amena das regiões mais distantes da praia, facilitam a prática do turismo esportivo e de aventura em terras capixabas. Um destino com os 3 elementos: água, ar e terra.

vitória: porta de entrada

Comecemos por Vitória. Com voos diretos vindos de São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Porto Seguro e Recife. A capital oferece opções de praias para banho e Sol, e também, esportes aquáticos.

Imagem aérea da Capital Vitória, ES – Imagem de divulgação
  • Praia de Camburi: a mais famosa e uma das mais extensas da capital, com boa infraestrutura e opções de lazer.
  • Curva da Jurema: uma praia tranquila e familiar, com águas calmas e quiosques.
  • Ilha dos Frades: uma ilha paradisíaca com praias de águas cristalinas e natureza preservada.
  • Ilha do Boi: uma ilha nobre e exclusiva, com praias de areia branca e mar azul.
  • Praia das Castanheiras: uma praia urbana e movimentada, com sombra de castanheiras e águas limpas, situada na Ilha do Frade.
  • Praia do Canto: a mais central e badalada, com bares, restaurantes e vida noturna. Local que inclui a Praia da Guarderia, um lugar bem procurado pelo público jovem e por famílias com crianças. Que se destaca pela “guarderia”, um grande “estacionamento” de pranchas de Stand Up Paddle, caiaques, canoas havaianas e pequenos barcos á vela.

elemento 1: água

Vista aérea da Praia da Guarderia, em Vitória – ES (Imagem de divulgação)

Foi na Praia da Guarderia que euzinha, Cacá Filippini, conheci o Sr. Edmar Zouain Campos, que não tem apenas o mar no nome, como também em seu estilo de vida. Um dos responsáveis pela criação da instalação do CNC-CENTRO NÁUTICO CAPIXABA  (1998) ou simplesmente GUARDERIA. Inicialmente instalados na Praia de Camburi. Tornou-se uma associação náutica sem fins lucrativos em 2006 e em 2008, foi transferida para a Praia do Canto. No ano seguinte, o CNC passou a sediar as 2 primeiras escolas de canoa havaiana do Estado. Para se ter uma ideia, são mais de 400 equipamentos à vela, remo e canoagem, guardados na instalação. O que fez da Praia de Guarderia um point para a prática de esportes náuticos.

Desportista náutica que sou e habilitada com Arrais Amador, sempre conduzi embarcações de recreio (barcos motorizados) mas trazia comigo a curiosidade de conduzir barco de vela. Bastou apenas um convite do Sr. Edmar para eu vestir o colete salva-vidas, aprender á armar a vela e partir para o mar. Em pouco tempo, lá estava eu navegando em águas claras, impulsionada pelo vento da bacia abrigada. Em poucos minutos, realizei as primeiras manobras, me sentindo aprendiz de Torben Grael. Por fim, atraquei nas areais amareladas, de frente á Praça dos Namorados, querendo mais.

Mas se você pensa que esse foi meu único contato com a água, se engana. Não resisti e subi no caiaque para remar meio aos barcos ancorados na baia e em torno das rochas que despontam no mar. Ainda mais, após saber que a Praia da Guarderia integra a Área de Proteção Ambiental Baía das Tartarugas. Mergulhadora que sou, não poderia deixar de perder a chance de avistar tartarugas enquanto remava por lá. Lindo, lindo e lindo!

O CNC também oferece experiências e aulas de Stand Up Paddle, WindSurf, natação em águas abertas e canoa havaiana.

Na orla, é possível avistar praticantes de caminhada, corrida e bike. Vale também dizer que a praia em si é pequena, tem pouca estrutura e não conta com muitos quiosques e restaurantes a sua frente. Embora não tenha comércio, é bem provável que você encontre vendedores ambulantes por lá no período de alta temporada e finais de semana. Assim como pessoas alugando guarda-sóis e cadeiras de praia.

Outra opção de “água” é o mergulho … assunto para o futuro.

elemento 2: ar

Há quase 90km dali, o município de Alfredo Chaves marcou definitivamente a minha vida.

Vista aérea de Alfredo Chaves, na região das Montanhas Capixabas em Espírito Santo – Crédito: Rodolpho Cavalini

Muito procurado por turistas, o município de Alfredo Chaves possui uma paisagem exuberante formada pela Mata Atlântica, refletida em suas serras e cachoeiras. Recentemente passou a integrar as Montanhas Capixabas. Ali, reside o piloto de parapente, Rodolpho Cavalini, detentor do recorde capixaba de voo livre por 196,4km – 7h40min. Fundador da AVLAC (Associação de Voo Livre de Alfredo Chaves) e do espaço TakeOff Adventure Co, o brasileiro que acumula prêmios por todo o Mundo, colocou o Espírito Santo no cenário internacional da modalidade. E o parapente nas vivências da minha vida.

Sim, isso mesmo que você leu! Cacá Filippini voou por aproximadamente 11 minutos, em voo duplo com Rodolpho Cavalini. Ali, pude viver a adrenalina e a sensação de voar como um pássaro em uma paisagem que não sai da minha lembrança.

Confesso que até o momento de me desprender do chão, o nervoso tomava conta de mim. Rara foram as vezes que senti minhas pernas tremerem tanto, a ponto de achar que não conseguiria ficar em pé. Mas Rodolpho que iniciou sua história com os voos em 1995, de forma tranquila e voz calma, fez com que eu me sentisse cada vez mais segura e com vontade de viver aquela experiência. Aliás, saltei com 121 batimentos por minuto (bpm) e tão logo estava voando, registrei 82bpm. Logo, eu realmente me entreguei aquele cenário esplêndido e me senti muito bem voando. Com uma linda cachoeira, montanhas nos rodeando preenchidas de 50 tons de verde e um companheiro de voo, cheio de histórias para contar, a experiência foi singular. Estava tão radiante ali em cima que a vontade não era que acabasse. Vale conferir um trecho do meu voo aqui.

E adivinhe? Trago na mala o gostinho de “quero mais” e a promessa de que volto para conhecer outros “ares” locais.

Espírito santo no circuito internacional de voo livre

Espírito Santo entra para o Circuito Internacional de Voo Livre – Imagem de divulgação

Rampas de voo livre e beleza natural não faltam na região das Montanhas Capixabas. Outro município que se destaca e sedia campeonatos regionais e até internacionais, é Castelo, na região do sul do Estado do Espírito Santo. Em 2023, Castelo recebeu atletas de 25 países. Começando pelo Open Castelo/CCVL, seguindo pela etapa do Campeonato Britânico de Parapente, e finalizando com a Copa do Mundo de Parapente (PWC). Foi literalmente um colorido lindo no céu do Vale de Ubá.

Pancas, Mantenópolis e Cachoeira Alta, são alguns outros locais com rampas naturais para o voo livre em solo Capixaba. Ou seja, cenário e pessoas habilitadas para receber turistas aventureiros, é o que não falta!

elemento 3: terra

E por falar em Montanhas Capixabas, a região inclui diversas cidades e vilas montanhosas – cada uma com sua própria personalidade e atrações naturais. Portanto, um destino popular para amantes da natureza e aqueles que buscam uma experiência de montanha única no Brasil. Tendo como cartão postal capixaba, a formação rochosa que se destaca no horizonte, chamada: Pedra Azul.

A montanha tem esse nome devido à tonalidade azulada que assume em determinadas condições de luz e umidade. Mas, de acordo com a época do ano e a incidência solar, a rocha pode ganhar cores com tonalidades que vão do laranja ao rosa.

Vista do Patrimônio Geológico Brasileiro formado por Pedra Azul, Pedra das Flores e Pedra do Lagarto. E registro da subida de Cacá Filippini na Pedra Azul, ES

Ademais, Pedra Azul com seus 1822m de altura compõe patrimônio geológico brasileiro, junto á Pedra das Flores e a `Pedra do Lagarto.

Vale dizer que a Pedra Azul está dentro do Parque Estadual da Pedra Azul e também dá nome ao distrito que pertence ao Munícipio de Domingos Martins. A área do parque se estende por 1240 hectares e possui um circuito de trilhas autoguiadas (percurso sinalizado sem a necessidade de guias) que permite conhecer atrativos como: mirantes, piscinas naturais, formações rochosas, vegetação e animais silvestres. Apesar de termos acesso só a 5% da área do Parque, a visita vale á pena. Por isso, programe-se com antecedência. O Parque recebe apenas 150 pessoas por dia, distribuídas em grupos de até 30 pessoas. A entrada é gratuita e o agendamento deve ser feito aqui

Sobretudo, para os trilheiros, a região é um convite. Ali pertinho, temos o Parque Estadual de Forno Grande. Nomeado após o Pico do Forno Grande – montanha mais alta do estado do Espírito Santo, atingindo cerca de 2.039 metros de altitude. Acima de tudo, o Parque abrange uma área significativa de floresta tropical, riachos e rios, criando um ambiente rico em biodiversidade com trilhas bem conservadas que levam os visitantes a pontos de vista panorâmicos espetaculares. É dali que temos a vista panorâmica das Montanhas Capixabas e das áreas circundantes. Verdadeiramente deslumbrante!

Lá é possível fazer escalada. Todavia, lembro que a prática de escalada em rocha é um esporte que exige experiência do praticante e o uso de equipamentos de segurança, caso não seja um praticante regular, é necessária a contratação de um guia de escalada com certificação comprovada. O acesso geral é limitado á 20 pessoas com saídas diárias entre as 6 e 6h30. De modo que, o agendamento deve ser feito aqui.

trilhando novas experiências

Por outro lado, não posso deixar de mencionar a Gruta do Limoeiro, em Castelo. Uma formação rochosa que se destaca por suas estalactites e estalagmites, criando uma paisagem subterrânea espetacular. Acessada por meio de uma trilha cênica que leva os visitantes a uma jornada pelas paisagens montanhosas da região, a experiência na gruta surpreende pelas belezas das formações calcárias, e pelo ambiente misterioso e fresco que contrasta com o calor das montanhas capixabas.

Imagens de Divulgação – Formações da Gruta do Limoeiro, Castelo – ES

Não muito distante dali, a Cachoeira de Matilde é mais um atrativo de encher os olhos. Há 18km do Centro de Alfredo Chaves, é também conhecida como Cachoeira Engenheiro Reeve e tem aproximadamente 70m de queda. Para visitar, há uma taxa de entrada de R$5,00. No percurso de descida, pontos “instagramáveis” para fotos. A trilha é bem segura, pois é feita com bloquetes e alguns degraus, porém não há acessibilidade á cadeirantes. Do mesmo modo, para aqueles que querem ir além da contemplação, atividades como rapel, bungee jumping e pendulo jumping estão disponíveis desde que haja agendamento prévio. Mais informações aqui.

O Estado do Espírito Santo se destaca pela quantidade de Parques Estaduais onde o verde é protagonista. Além dos mencionados nessa matéria, temos os Parques Estaduais: Cachoeira da Fumaça, Itaúnas, Mata das Flores e Paulo César Vinha, que valem a menção.

hospedagem com experiências

Tendência em alta, o turismo de experiência, vem ganhando cada vez mais os holofotes quando o assunto é viajar. Por consequência, os hotéis e pousadas capixabas estão caprichando na experiência de seus hóspedes.

Um bom exemplo disso é o complexo Hotel Fazenda China Park , no Munícipio de Domingos Martins, há 51km da capital capixaba. O local possui 140 unidades para hospedagem entre chalés e suítes. Teleférico, Tirolesa, Arvorismo, Parque Aquático, Trenzinho, Pesca Esportiva, Recreação, Mini fazenda, Caiaques, Pedalinhos, Trilhas ecológicas, Mirante, piscinas aquecidas, cinema, salão de jogos, restaurantes buffet e a la carte, lanchonetes, centro de eventos, campo society, e muito verde em mais de um milhão de metros quadrados, agradam viajantes de todos os tipos.

Cacá Filippini aproveita a estrutura do Hotel Fazenda China Park e se aventura na maior tirolesa do Espírito Santo

Com 107 m de altura e 669 m de extensão, a tirolesa do China Park é a maior do Espírito Santo e terceira maior do Brasil. O aventureira chega por meio de um teleférico individual e acessa a plataforma. Ali, preenche termo de responsabilidade, recebe instruções, se equipa e sente o coração acelerar ao se deparar com toda a vista área e a imensidão do horizonte. São 60 segundos de percurso com velocidade de até 65 km/h. Uma baita experiência. Foi o aquecimento para o meu voo livre, que aconteceu 2 dias depois.

Essa atração é gerida por uma empresa terceirizada. Portanto, o valor do ingresso não está incluso no passaporte (day use) ou hospedagem. Importante ressaltar que ás sextas-feiras a atração permanece fechada para manutenção semanal. Para mais informações, acesse aqui.

Uma outra experiência, com menos adrenalina porém, repleta de emoções, é o Banho de Floresta na Reserva Natural Águia Branca, quintal do Natureza Eco Lodge, em Vargem Alta, ES. Com a proposta de desacelerar e se conectar ao aqui e agora, a atividade nos possibilita uma pausa para o que nos rodeia. O banho de floresta, ou shinrin-yoku, é uma técnica japonesa de terapia florestal que consiste em passar algum tempo em contato com a natureza e ao ar livre. A técnica foi desenvolvida em 1982 pela Agência Florestal do governo japonês, que buscava encorajar as pessoas a saírem de casa e passarem algum tempo fazendo imersão na natureza.

Cacá Filippini vivencia o Banho de Floresta na Reserva Natural Águia Branca, no Natureza Eco Lodge em Vargem Alta, ES (Arquivo pessoal)

A Reserva Ambiental Águia Branca foi criada em 2017 para proteger o maior remanescente florestal de Mata Atlântica da região. Possui mais de 2.225 hectares e uma riquíssima biodiversidade, com registro de várias espécies da fauna e de flora, algumas raras e ameaçadas de extinção. E além da experiência de Banho de Floresta, também oferece trilhas aos seus hóspedes, desde que agendadas previamente.

experências para todos

Se pensa você que viver experiência é sinônimo de gastar dinheiro, se engana. Não é preciso muito para experimentar contemplar o nascer do Sol. Precisa ter disposição!

Uma trilha de esforço médio (cerca de 30min), chão de terra, pedras e erosões, nos leva ao topo Morro do Moreno, em Vila Velha, há 184m de altura. Local de encontro de trekking, trail run (corrida de trilha) e mountain bike em plena cidade. O presente pela chegada ao topo, é uma vista 360, onde de um lado você se depara com o Convento da Penha, maior o símbolo turístico do Espírito Santo. Fundado em 1558 e localizado no alto de um morro de 154m, no tranquilo bairro da Prainha. Cercado pela Mata Atlântica, tem uma vista incrível e é um passeio imperdível para quem visita Vitória e Vila Velha. E do outro lado, é possível admirar a beleza da Terceira Ponte, bem como toda a baía de Vitória. Além desses locais, o visitante ainda pode contemplar as belezas da praia de Camburi contrastando com o mar de Vila Velha. De longe, você também verá a Ilha do Frade, a Ilha do Boi e o Porto de Tubarão, com suas chaminés.

Embora eu tenha visitado o local para comtemplar o nascer do Sol, o pôr do sol é o período mais escolhido dos visitantes.

Para não perder a oportunidade, contemplei o entardecer bem no centro de Vitória, no Parque Estadual Fonte Grande. Com área equivalente a 218 campos de futebol, o parque é composto pela maior área de remanescentes de Mata Atlântica protegida por Lei em área urbana do país. É um respiro da agitação da cidade que eu desconhecia até então.

Mesmo localizado em um terreno acidentado ele atende também quem gosta de um parque natural, mas não quer ou não pode fazer muito esforço. As trilhas mais tranquilas começam na sede do parque que apesar de ficar no alto de 300m, chega-se facilmente de carro por uma estrada calçada de aproximadamente 3km. No caminho á sede, fizemos nossa primeira parada de carro no Mirante Mochuara.

 

Vista a partir do Parque Estadual de Fonte Grande em Vitória, ES

Atrás da sede tem início a Trilha da Pedra da Batata com 320m. Uma trilha calçada e fácil de ser feita em meio a mata terminando no Mirante Sumaré. Há também a trilha que leva ao Mirante da Cidade de onde se tem uma vista panorâmica voltada para outro lado da cidade e litoral. E uma terceira trilha, que está em frente a sede. A Trilha do Caracol sem calçamento, porém fácil. De lá é possível observar a extensão do parque com vegetação rupestres, arvores centenárias, fauna variada, mirantes naturais, trilhas mais difíceis e fontes de água que dão nome ao parque. Esta área deve ser explorada com guias de turismo ou condutores ambientais.

Por fim, como vocês podem ver, são tantas possibilidades que uma única viagem é pouco para se viver tudo que o Estado do Espírito Santo oferece. O destino que até pouco tempo não tinha muito destaque quando o assunto era turismo, fez a lição de casa e começará um 2024 escrevendo uma história promissora e oferecendo aos visitantes o melhor que tem. Belezas naturais, o jeito capixabear de ser, cores de cenários exuberantes e muitos atrativos, lançam Espírito Santo como o mais novo destino de Turismo no Brasil.

Portanto, não perca tempo e programe agora mesmo a sua próxima viagem!

Maraturismo em Buenos aires, Argentina

Cacá Filippini corre a Meia Maratona de Buenos Aires 2023 e explora destino durante sua estada na Argentina

1500 brasileiros! Esse foi o número de corredores participantes da Meia Maratona de Buenos Aires, no domingo, 27 de agosto. Mais uma vez, a maior bandeira de estrangeiros em uma prova de corrida internacional.

De acordo com a organização da prova, foram exatamente 21.765 corredores, sendo 19mil deles, Argentinos. Ano a ano, os números de brasileiros participando de provas internacionais, só aumenta, o que mostra constante crescimento de viagens que mesclam corrida e turismo: o “maraturismo”.

Contudo, não é apenas o incentivo da valorização do Real sob o Peso Argentino que faz com que os praticantes de corrida de rua, saiam de suas casas e viajem rumo á terra dos “hermanos”. A Meia Maratona de Buenos Aires é hoje a sexta prova mais rápida dentre as principais do Mundo e ocupa o 1º lugar na América Latina, segundo a AIMS (Association of International Marathons and Distance Races). O que torna o evento, um dos mais desejáveis e possíveis para os corredores brasileiros que querem estrear nas corridas pelo mundo.

CORRIDAS PELO MUNDO

Eu, Cacá Filippini, maratonista e praticante ativa do maraturismo, participo de diferentes comunidades e grupos de corredores brasileiros. A assessoria esportiva MPR, da qual faço parte, como aluna, juntou um grupo de 130 alunos só para esse evento. Isso sem contar os acompanhantes, que geralmente são parceiros ou membros da família. Assim, podemos considerar pelo menos 260 turistas durante o final de semana da corrida. Da mesma forma, se consideramos os 1.500 brasileiros registrados na Meia Maratona desse ano, podemos tranquilamente afirmar que a cidade de Buenos Aires recebeu pelo menos 3mil corredores do Brasil. Um nicho para o trade de turismo explorar mais.

MPR – Assessoria esportiva, responsável pelos treinos de corrida de Cacá Filippini, leva 130 corredores brasileiros para a Meia Maratona de Buenos Aires 2023

Uma das principais discussões nos grupos que se formam no “pré-prova” orbita em: “O que fazer no destino antes e depois da corrida?”

Em primeiro lugar, como corredora, sei que os dias que antecedem o “grande dia”, devem ser de atenção e sem exageros, inclusive no turistar. O que não nos obriga ficar no quarto do hotel, deitados com as pernas pra cima. Entretanto, também não nos encoraja a pegar o mapa, calçar os tênis e sair batendo perna por aí. Como diz meu treinador Marcos Paulo Reis: “Andar cansa muito mais do que correr!” – e eu concordo.

o QUE FAZER PRÉ-PROVA

Optar por programas que demandem menos dos nossos corpos, são boas pedidas. Por isso, sempre contrato o ônibus no estilo HopON e HopOFF que me permite conhecer os principais pontos turísticos em 1 ou 2 dias. Em Buenos Aires, recomendo fortemente o Buenos Aires Bus, um ônibus amarelo, prestador oficial de turismo, que passa por 22 pontos espalhados pela cidade, a cada 20-30 minutos das 9 ás 17h diariamente. Em todos os assentos de todos os ônibus da frota, é possível conectar-se á um áudio-guia em 9 idiomas. E o nosso Português (BR) está lá!

Ônibus HopOn HopOff é excelente opção pré prova, para corredores conhecerem o destino

Adepta á esse serviço, tenho que destacar que a empresa permite que você utilize-o por 24 horas e não o costumeiro 1 (um) dia. De modo que você pode, inclusive se programar para fazer o turismo começando ao meio dia de um dia, e terminando ao meio dia, do dia seguinte. Eu particularmente gostei muito dessa possibilidade!

Vale dizer que as provas de corrida de rua, geralmente acontecem aos domingos. Há casos que as organizações optam por fazer em 2 dias. É o caso dos desafios, em que é possível correr 21k (Meia Maratona) no sábado e 42k (Maratona) no domingo. Algo que tem sido mais explorado no Brasil recentemente.

Assim sendo, os “maraturistas” saem de sua cidade entre quinta e sexta-feira – isso varia de acordo com o tempo de deslocamento e agenda de cada corredor. E em geral, chegam no destino antes das 17h do sábado. Prazo limite para retirar o kit da corrida, que traz o numero de peito e a camiseta que usarão para correr.

Quando é possível, os “viajantes-corredores” esticam o retorno para segunda-feira. Mas também é comum casos em que ficam mais dias para conhecer o local, a cultura e os arredores.

HOSPEDAGEM E LOGÍSTICA

Antes de tudo, um ponto importante e de extrema valia para aqueles que irão correr, é a hospedagem. Na grande maioria das vezes, se hospedar próximo ao local de largada é a opção mais desejada. No caso de Buenos Aires, a largada está mais afastada, o que faz com que, nossa 2ª preferência, ocupe o 1º lugar: se hospedar em um local que nos permita passear, comer e comprar itens essenciais sem a necessidade de carro.

Eu, particularmente já estive algumas vezes na cidade e dividia a busca por hotéis entre Palermo e Recoleta. Bairros com maior movimentação gastronômica, vida noturna e locais de compras. Mas dessa vez, experimentei vivenciar a região de Puerto Madero de forma mais intensa. E nossa estada de 5 dias e 4 noites foi no SLS Puerto Madero. Pertencente ao Grupo Accor, o hotel foi inaugurado no primeiro semestre de 2022 e entra na categoria luxo, 5 estrelas.

SLS Puerto Madero é uma excelente opção para quem busca estar próximo de pontos turísticos sem a necessidade de usar carro ou transporte público

Nesse sentido, o hotel em si é uma experiência á parte desde a recepção, com obras de arte que preenchem todos os espaços. São 58 suítes não fumantes, muito bem montadas, desenhadas e decoradas pelo italiano Piero Lissoni. Em adição, o renomado restaurante Leynia oferece Paella Argentina á hospedes e visitantes, que ainda podem optar por outros pratos á la carte. Na área do Spa, uma academia muito bem equipada, piscina climatizada e salas para massagem. O hotel ainda conta com uma sala para pequenos eventos. E vale dizer, que o café da manhã é bem variado, com itens frescos e incluso na diária.

CONSIDERAÇÕES GERAIS

acima de tudo, penso ser importante salientar que os argentinos são bastante receptivos á nós, brasileiros. Todas as minhas estadas foram bem felizes no quesito hospitalidade e tratamento. Mas pude observar um “quê” á mais na equipe SLS, o que tornou nossa experiência de viajante e corredor, ainda melhor. Digo corredor, pois foi nítida a preocupação em atender nossas necessidades. Tanto em relação ao jantar pré-prova (que geralmente teve ter uma ingestão boa de carboidratos e pouco condimento, derivados do leite e alimentos mais pesados) , quanto ao café da manhã, que precisa ser ingerido por volta das 5 da manhã e também com algumas preferências específicas.

Dito isso, além da bela vista através da varanda de nossa suíte, estávamos há poucos passos de um dos cartões postais mais visitados em Buenos Aires: La Puente de la mujer, ao lado do Barco Museo Fragata Presidente Sarmiento. Há 7 quadras do bairro de San Telmo, outro ponto bastante interessante para se visitar. Há apenas 2km da Casa Rosada. Uma quadra da Reserva Ecológica Costanera Sur, local inclusive de passagem do amarelinho Buenos Aires Bus.

Por fim, embora eu, Cacá Filippini, tenha muito ainda para contar, vou me despedindo por aqui com a promessa de trazer em nosso próximo encontro, um copilado de dicas úteis para aproveitar Buenos Aires no pós-corrida ou a qualquer oportunidade de visita. Nos vemos em breve!

Turismo Acessível e inclusivo

(Imagem criada por Cacá Filippini através do Canva) Sobre: Turismo Acessível e Inclusivo, bom para a pessoa com deficiência e uma oportunidade para o setor.

Muitas são as dúvidas que empresas ligadas ao turismo apresentam quando o assunto é: Turismo inclusivo e Turismo acessível. O que difere inclusão e acessibilidade? Qual ação diante de um viajante com necessidades especiais? O que posso fazer para melhor atendê-lo? Que medidas tomar para aprimorar sua experiência no turismo?

Como mãe de adolescente atípico, vivenciei diferentes situações ao longo desses 15 anos. Sendo muitas dessas negativas, comecei a me especializar no assunto para descomplicar a temática tanto para o trade, como também para o viajante e/ou sua família.

É importante destacar que no caso do meu filho, autista – pessoa com transtorno do Espectro Autista, suporte 1, não há dificuldades de mobilidade. Sua deficiência é intelectual. De modo a dificultar a classificação de “pessoa com deficiência”.

A pessoa é considerada “deficiente” quando tem um impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. Os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com outras pessoas. 

BRASILEIROS COM DEFICIÊNCIA

45 milhões! Esse é o número de brasileiros que se reconhecem com alguma deficiência. Seja: visual, auditiva, motora ou mental.

Deficientes no Brasil – Censo 2021

Quase 24% da população, de acordo com o censo demográfico realizado pelo IBGE em 2021. Número esse que corresponde a toda a população da Espanha. Adicionalmente, dos 45,6 milhões de brasileiros com deficiência, 18,8% são exclusivamente, visuais. Em segundo lugar está a deficiência motora, ocorrendo em 7% da população; seguida da deficiência auditiva, em 5,1%; e da deficiência mental ou intelectual, em 1,4%.

Tendo como referência a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, assim como a Lei Brasileira de Inclusão, entendemos que a deficiência é um conceito em evolução. Composta pela interação de três dimensões principais: os impedimentos, as barreiras e as restrições de participação dessas pessoas quando comparamos com o restante da população.

Estima-se que mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo tenham algum tipo de deficiência (Organização Mundial da Saúde – OMS, 2012). Dessa forma, a conscientização da importância da acessibilidade tem crescido de forma significativa no Brasil e no mundo, refletindo esse resultado na legislação e nas políticas públicas voltadas para o tema, bem como, em todo o ecossistema que forma o Turismo.

oportunidade de negócios

Trata-se de um importante segmento da população que tem dificuldades em realizar viagens de lazer, seja por ausência de acesso às instalações e serviços turísticos, seja pela inabilidade ou incapacidade no atendimento preferencial e personalizado para as diferentes tipologias de deficiência que essas pessoas apresentam. Além disso, a pouca informação acerca da acessibilidade nos serviços e empreendimentos turísticos, a discriminação e experiências negativas e constrangedoras desencorajam esses potenciais consumidores

Uma pesquisa eletrônica, feita recentemente pelo Ministério do Turismo com a Unesco, apontou que 50% das pessoas com deficiência deixaram de viajar por falta de acessibilidade.

Embora não tenhamos dados em relação à representatividade dessa faixa da população no turismo brasileiro, pesquisas internacionais enfatizam a importância desse público consumidor. Nos Estados Unidos, a Open Doors Organization5, realizou um estudo conduzido pela The
Harris Poll nos anos de 2018-19, em que em um período de 2 anos, 27 milhões de viajantes fizeram um total de 81 milhões de viagens e gastaram US$ 58,7 bilhões em suas viagens, ante US$ 34,6 bilhões no estudo anterior, realizado em 2015. Os gastos com viagens aéreas também aumentaram para US $ 11 bilhões, ante US $ 9 bilhões em 2015.

Acessibilidade e inclusão no turismo

O turismo acessível é um conceito que promove a igualdade de oportunidades, permitindo que todos os indivíduos possam explorar e desfrutar de destinos turísticos sem barreiras ou obstáculos que possam limitar sua participação.

A acessibilidade no turismo abrange diversas dimensões. Inicialmente, refere-se à criação de infraestruturas e instalações que atendam às necessidades de pessoas com mobilidade reduzida, como rampas de acesso, elevadores, corrimãos, banheiros adaptados e estacionamentos adequados. Essas medidas tornam os locais turísticos mais fáceis de serem explorados, garantindo a independência e a autonomia dos viajantes com deficiência.

Além da acessibilidade física, o turismo acessível também envolve a disponibilização de informações turísticas claras e acessíveis. Isso pode ser feito por meio de websites, aplicativos móveis, guias impressos e placas informativas que sejam compatíveis com leitores de tela, contenham linguagem simples e ofereçam descrições detalhadas das atrações e atividades disponível.

Complementarmente, o turismo inclusivo é uma abordagem que visa garantir que todas as pessoas, independentemente de suas habilidades e necessidades, tenham igual acesso a experiências de viagem. Ele se concentra em criar um ambiente acolhedor e acessível para todos os turistas, incluindo aqueles com deficiências físicas, sensoriais, cognitivas ou outras necessidades especiais.

O objetivo do turismo inclusivo é permitir que todas as pessoas desfrutem de destinos turísticos, atrações, atividades e serviços de maneira equitativa. Isso envolve a remoção de barreiras físicas, comunicacionais e atitudinais que possam impedir a participação plena de pessoas com necessidades especiais.

Em adição ao turismo acessível, o turismo inclusivo inclui a acessibilidade comunicacional, que envolve o fornecimento de informações em formatos acessíveis, como linguagem de sinais, braille, letras grandes ou tecnologias assistivas.

Em suma, ao adotar práticas e políticas inclusivas, destinos e prestadores de serviços turísticos podem criar ambientes mais acolhedores e acessíveis, contribuindo para uma sociedade mais inclusiva e igualitária. Ao adotar práticas inclusivas, destinos e empresas do setor podem alcançar um público mais amplo e diversificado, aumentando sua visibilidade e atraindo novos clientes. Outrossim, benéfico para as pessoas com deficiência, mas também para toda a indústria do turismo.