Inclusão em Parques de Orlando – Sea World Parks

Discovery Cove – Respeito, inclusão e diversão criam memórias inesquecíveis para todos os tipos de visitantes – Arquivo pessoal

Quando falamos em viagem a Orlando, EUA, logo nos vem á mente, um roteiro repleto de Parques de diversão.

Os parques de Orlando estão na lista de muitas famílias. Independente de suas idades, neurotipicidade e condições físicas. Por essa razão, há um constante movimento de capacitação de funcionários. Somado á adequação desses lugares para receber visitantes com diferentes perfis e necessidades. Contudo, há muitas situações que vão além do controle de funcionários bem treinados. Como a quantidade de estímulos visuais e sonoros. O que compõe a magia. Entretanto, pode trazer um grande desconforto ao visitante atípico.

Tendo esse cenário em vista, como mãe de adolescente com autismo, procuro sempre minimizar o que está em meu controle. Adaptar a viagem às necessidades dele, como indivíduo único, traz também um conforto para toda a minha família.

Enquanto a maioria das famílias se organiza para fazer uma quantidade de parques em um breve período – geralmente, um parque por dia – a nossa família, passa um dia no parque e no dia seguinte faz uma atividade mais tranquila. O que requer menos tempo e que nos permite descansar e sair da correria. Por isso, nesse texto (parte 1), falo apenas dos parques que visitamos e seus diferenciais no quesito, inclusão.  

No topo da lista, ao identificar o forte trabalho de inclusão feito pelo time do Sea World Parks – que incluí os parques: Sea World, Busch Gardens, Discovery Cove e o Aquatica, decidimos que essa seria nossa 1ª opção.

RIDE ACCESSIBILITY PROGRAM – RAP

O Sea World Parks oferece um cartão de acessibilidade aos visitantes com necessidades especiais ou limitações físicas em todos os parques da rede. O cartão permite acesso á filas especiais (geralmente mais rápidas), e acomodações especiais que garantem mais conforto.

O processo é muito simples. Na entrada do parque, o visitante ou a família do indivíduo com necessidades especiais, se dirige ao Guest Services (atendimento ao cliente) e solicita o cartão. Ali, um dos funcionários (team member) entenderá suas necessidades e fornecerá o cartão dando todas as informações necessárias. Minha dica “extra” é: sempre consultar as regras e opções previamente á visita. Como resultado, você evita dúvidas e garante mais entendimento do que é e o que o programa comtempla. Por isso, acesse aqui.

adrenalina pura

Como já mencionei em outros textos, minha família é constituída de jovens em diferentes idades (26, 18, 17 e 15 anos). Rafael, o mais jovem, é atípico, com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Mesmo de nível de suporte leve, ele enfrenta muitos desafios. Alguns deles, são sem dúvida lidar com longas esperas, locais com muita concentração de gente, muitos sons e incidência de luzes.

Iniciamos nossa viagem em família no Busch Gardens, já que é um parque com bastante área ao ar livre, e opções que vão além das montanhas russas.

Notem que meu filho nunca havia tido uma experiência com muita adrenalina. O que para mim, como mãe, era um ponto de interrogação quanto ao que essa aventura poderia significar para ele e causar. Por isso, chegamos ao parque e decidimos que meu marido ficaria com os outros 2 filhos (18 e 17 anos) desbravando os brinquedos mais radicais. Enquanto eu e Rafael (TEA), passearíamos pelo parque, explorando as possibilidades.

De forma bastante tranquila, estudamos o mapa, as atrações e deixei que meu filho, me guiasse de acordo com o que ele desejava fazer. E para minha surpresa, após pouco mais de 1 hora passeando no parque e curtindo atrações “leves”, meu filho decidiu que gostaria de experimentar algo mais “radical”. E lá fomos nós.

De forma natural e genuína, Rafael aproveitou todas as atrações as quais se sentiu á vontade – Arquivo pessoal

a primeira vez

Como tínhamos acesso rápido á todas as atrações, não enfrentamos filas. O que não causou o desconforto e nem a ansiedade da espera. E logo estávamos sentados em um dos carrinhos da 1ª montanha russa.

Confesso que o nervoso pairava no ar, tanto meu, quanto dele … me certifiquei algumas vezes que ele estava “ok” com a escolha antes da partida do nosso carrinho. E vualá … ali começava a 1ª experiência dele com adrenalina, medo e ao mesmo tempo, a sensação de poder estar ali. E tudo saiu tão bem que nos juntamos ao resto da família e praticamente “gabaritamos” o parque. Deixando 3 atrações para uma próxima visita!

Aqui, é importante salientar que todos os funcionários ao tomarem conhecimento que Rafael é atípico, trouxeram palavras de conforto, brincaram com ele para quebrar o gelo e se certificaram que ele (e nós) estávamos bem.

águas calmas

Com perfil completamente diferente dos demais parques de Orlando, o Disovery Cove é um oásis em meio á frenesia. Lá, o ritmo é mais lento e o contato com a natureza desacelera os corações adrenalizados.

A inclusão é visível já no atendimento da chegada ao ver funcionários com necessidades especiais no “front“. O que particularmente me agrada muito, pois sinto que a empatia é ainda maior.

Esse é um parque de águas. Logo, dias mais quentes trazem maior conforto ao visitante. Há também um limite controlado de visitantes por dia e por atração que requer agendamento no momento da chegada. Logo, o dia flui de maneira mais tranquila, organizada e sem aglomerações e muito barulho. Note que não há tobogãs e nem atrações mais eletrizantes. Ali, a experiência inclui nado com lontras, arraias e golfinhos.

Sea Venture uma aventura inclusiva debaixo d´água – Arquivo pessoal

Durante nossa permanência, todos os funcionários pareciam estar cientes de que em nossa família, havia um membro com TEA. Apesar de não portarmos uma identificação óbvia. E nossa experiência foi impecável, em todos os sentidos. Igualmente, o parque se orgulha de ser um Centro especializado em Autismo. E pude ver que não é apenas teoria

Por se tratar de um parque all-inclusive, a alimentação e as bebidas não alcoolicas, são oferecidas aos visitantes, sem custo adicional. Um largo buffet é preparado, com opções frescas ou feitas na hora, para todos os gostos. Eu, como vegetariana que sou, não tive problemas em me alimentar. Por outro lado, no caso de alimentação seletiva, vale se informar de como proceder, uma vez que não é permitido levar alimentos de fora do parque.

No Discovery Cove, destaco a experiência de mergulhar com escafandro – um capacete com oxigênio que permite a permanência submersa no tanque de água para observação de diferentes espécies marinhas. Chamado de Sea Venture, a atividade encantou á toda minha família e deixou Rafael bastante tranquilo. Não há necessidade do uso de máscaras e respiradores. O capacete usado, se assemelha aos capacetes de astronautas e os “mergulhadores” respiram como se estivessem fora d´água.

meio á meio

Nem muita adrenalina e nem muita calmaria. O tradicional e mais conhecido parque do grupo, é o Sea World.

O parque vem se adaptando aos dias atuais. Consequentemente, reduziu a quantidade de shows e atrações com animais. E trouxe ao menu, as tão disputadas montanhas russas.

Meus filhos, parte de uma geração que não fica confortável com o uso de animais para o entretenimento, não estavam interessados em assistir aos shows. Queriam sentir o friozinho na barriga. Por consequência, exploramos as atrações mais radicais. E aqui destaco a ousadia do meu filho em experimentar a montanha russa em que os usuários vão em pé. Ele literalmente surfou no ar!

Pipeline, a montanha-russa que atrai milhares de visitantes ao Sea World – Imagem de divulgação

Vale dizer que, ao longo do parque há uma variedade de comodidades como: Dispositivos e roteiros de escuta assistida para os shows, interpretes de linguagem de sinais (ASL – língua de sinais americana), fones redutores de ruídos, assentos especiais para cadeirantes e banheiros adaptados.

Cães-guia (service dogs) são bem vindos em todos os parques (porém não podem entrar na água).

O parque também conta com uma sala silenciosa (quiet room), onde os visitantes podem descansar em um ambiente tranquilo.

dica de mãe atípica

Além do programa de acessibilidade RAP, vale solicitar o guia sensorial. Uma ajuda extra para entender quais as atrações mais desafiadoras, com luzes fortes, ruídos altos ou outros tipos de estímulos.

Cacá Filippini ao lado de seu filho com TEA durante férias em Orlando, EUA

Como os parques demandam de longas caminhadas e oferecem atrações que também molham o visitante, sugiro levar uma mochila com itens que você possa precisar. Com exceção do Discovery Cove, os demais parques permitem que os visitantes levem alimentos e bebidas, o que pode trazer mais conforto para vocês.

Procure chegar cedo aos parques. Inclusive, antes ou próximo ao horário de abertura. Isso facilita o estacionamento mais próximo aos acessos aos parques. Consequentemente, o parque também estará mais vazio, o que pode ajudar na adaptação ao local e organização das atividades.

Concluindo, como disse antes, para não sobrecarregar meu filho, intercalamos parques á outras opções de passeios. Se você busca sugestões do que fazer em Orlando, além de parques, confira o próximo texto.

dicas de como melhorar a experiência do viajante com autismo

Viajante com autismo contempla vista em janela de avião

Final de ano, férias ou feriado, sempre foram convites para que nós fizéssemos nossas malas e aproveitássemos alguns dias “OFF” em algum novo destino. Entretanto, com a chegada do meu caçula há 15 anos, esse cenário precisou ser revisado e adaptado para nossa nova realidade.

Embora muitas famílias prefiram não arriscar, como mãe de um adolescente atípico que sou, decidi experimentar possibilidades para que ele pudesse aproveitar esse momento conosco e nós com ele.

quebra na rotina

Vale dizer que nem todas as quebras de rotina, foram boas. Tivemos situações difíceis e outras, maravilhosas que já contei aqui.

Com o objetivo de melhorar a experiência do viajante com autismo, ao longo desses 15 anos, criei uma espécie de cartilha como mãe, com conselhos de especialistas, vivenciais de outras famílias atípicas e claro, com a opinião do meu filho.

Ademais, é importante ressaltar que viajar pode ser uma experiência emocionante, mas que para viajante com autismo, pode trazer desafios únicos. Entretanto, com algumas adaptações e considerações especiais, é possível criar um ambiente mais confortável e inclusivo para tornar a viagem uma experiência positiva para todos.

planejamento

   – Faça um planejamento detalhado da viagem, incluindo horários, itinerários e atividades planejadas. A previsibilidade pode reduzir a ansiedade.

   – Informe, antecipadamente, ao viajante com autismo, sobre os detalhes da viagem. Comunique claramente os detalhes da logística. Tipo de transporte, os possíveis desafios, o tempo de permanência em cada estágio da jornada e informações acerca do destino em si. Mas atenção para não sobrecarregar o viajante com autismo com muita informação.

   – Utilize recursos visuais. Cronogramas visuais, mapas ou listas de verificação, ajudam o viajante com autismo a compreender e seguir a sequência de eventos durante a viagem. Com nosso adolescente, repassamos a rotina do dia seguinte, na noite anterior. Funciona bem!

   – Como responsável pelo viajante com autismo, pesquise as políticas e serviços específicos da companhia aérea, empresa de ônibus, ou outro meio de transporte. Algumas empresas oferecem assistência especial para passageiros com necessidades específicas. E mesmo que não ofereçam, muitos funcionários, quando solicitados, nos ajudam.

#partiu e agora?

   – Escolha Assentos Estratégicos. Ao reservar assentos, escolha aqueles que proporcionem mais conforto e menos estímulos visuais ou sonoros. Além disso, alguns meios de transporte oferecem áreas designadas para passageiros com necessidades especiais.

   – Tenha à disposição itens familiares e confortáveis, como travesseiros, cobertores ou brinquedos favoritos. A fim de criar um ambiente mais acolhedor.

   – Fones de ouvido com cancelamento de ruído podem ser úteis para reduzir estímulos sonoros e proporcionar um ambiente mais tranquilo. Durante algum tempo meu filho fez uso. Hoje em dia, ele opta em usar fone tocando suas músicas preferidas. Portanto, sente-se confortável com o que ouve.

   – Esteja atento às sensibilidades sensoriais do passageiro. Algumas pessoas com autismo são sensíveis a luzes fortes, cheiros ou texturas. Respeite essas necessidades ao planejar atividades e escolher locais. Mesmo que não consiga controlar o ambiente por todo, ter contigo alguns itens de uso frequente do viajante, podem ajudar. Meu filho por exemplo, gosta de contribuir na hora de organizar a mala de bordo. Inclusive em viagens de carro ou ônibus.

antecipe-se ao desconforto

   – Tempo extra para check in e embarque. Costumo dizer que para o sucesso de uma viagem, precisamos ter uma jornada tranquila. De modo que quando falo “jornada”, me refiro á todas as etapas da viagem. Então, o dia “D”, precisa ser o mais tranquilo possível. Aeroportos são tumultuados, em especial durante a época de festas e férias. Sendo assim, se antecipe em tudo que puder.  

   – Complementando o item anterior: Esteja aberto à flexibilidade no itinerário. Se possível, reserve tempo para pausas e intervalos, permitindo que o passageiro relaxe e recarregue durante a viagem. Alguns aeroportos e rodoviárias têm espaços destinados para essas pausas.

   – Há que não goste ou discorde, mas eu como mãe atípica, sempre preferi conversar com as pessoas que nos cercam sobre detalhes relevantes para o conforto do meu filho. Sabemos que muitas pessoas e empresas vem se educando sobre TEA e PCDs. Mas sabemos também, que esta realidade está aquém do “mundo ideal”. A viagem, é um momento que tem como premissa, construir boas lembranças. Nesse sentido, eu, Cacá Filippini, prefiro me antecipar á possíveis desconfortos. A compreensão e sensibilidade da equipe que nos atende, podem fazer toda a diferença na experiência do viajante com autismo.

Por fim, precisamos ter em mente que somos seres humanos. Respondemos ao ambiente em que estamos inseridos. Não temos um padrão engessado de comportamento. A pessoa com Transtorno do Espectro Autista também. Portanto, compreenda que o processamento de informações pode levar mais tempo. Dê espaço para que o viajante com autismo, processe as informações e evite pressionar para respostas rápidas.

Ao implementar essas dicas e se manter aberto á ouvir a pessoa com TEA, é possível criar uma experiência de viagem mais positiva e inclusiva. Como resultado: a oportunidade de explorar o mundo com mais conforto e confiança.

Como me referir á uma pessoa com deficiência?

Recentemente, recebi o comentário de um leitor, parabenizando o artigo que escrevi, mas também pontuando erros e acertos relacionados aos termos que usamos á nos referir àqueles que possuem alguma deficiência. Esse leitor não é a primeira pessoa que me traz essa observação, em especial poque, na tentativa de alcançar cada vez mais pessoas, adoto termos “populares”, nem sempre tidos como os mais adequados. Há muita discussão e polêmica sobre o assunto. Há quem diga que isso é “bobagem” e o que importa é atingir o maior número de pessoas. Por outro lado, há quem defenda com unhas e dentes, o uso e aplicação dos termos considerados, corretos, mesmo que isso restrinja a compreensão de quem lê um tema, assisti á um vídeo ou acompanha uma palestra.

Ademais, é importante ressaltar que o artigo de hoje não é nenhuma crítica á nenhum dos grupos. É sim um texto informativo, para aqueles que estão dispostos á aprender mais sobre INCLUSÃO. Reitero que toda a troca comigo é muito bem vinda e que embora conviva com a temática ligada á um Transtorno, o aprendizado sobre as diferentes deficiências, é contínuo e diário.

Há 15 anos, vivo a maternidade atípica como mãe de um adolescente com Transtorno de Espectro Autista, atualmente reconhecido, legalmente, como uma deficiência. Ao longo desse período, inicialmente, para minha própria ação como mãe, passei a me munir do máximo de informações sobre TEA, também conhecido como Autismo. Foram cursos, palestras, salas de bate-papo, grupos de redes sociais e diversas conversas com especialistas.

Em poucos anos, acumulei uma bagagem expressiva e como comunicadora, decidi fazer do “limão, uma limonada e ajudar outras famílias á terem uma vida, emocionalmente, mais confortável. Desse modo, comecei a encabeçar alguns grupos de “mães especiais”, dar palestras, consultoria de inclusão e finalmente, ter um espaço para tratar do assunto aqui no PANROTAS.

Vamos entender algumas coisas … quando digo emocionalmente melhor, me refiro à minha própria experiência de dar a luz e horas depois, ver a minha vida mudando radicalmente, ainda na sala de recuperação pós-parto. Já que meu filho Rafael, sofreu dentre outras coisas, uma hemorragia cerebral, minutos após o seu nascimento. A princípio um choque, hoje uma missão maravilhosa que norteia meus dias.

Deixei o hospital, sozinha, com um bebê com paralisia cerebral e a sentença condenatória de “se ele sobreviver, viverá em estado vegetativo!” Sozinha, por que diante desse cenário, o pai já não tinha mais “interesse” em enfrentar o que estivesse por vir. Nenhuma novidade para mães de crianças com deficiência.

Mas vamos lá … não bastassem os 31 dias entre a vida e a morte, os meses seguintes eram pequenas caixas “surpresas”. Com diagnósticos de baixa visão, hidrocefalia, paralisia cerebral, algumas inúmeras interrogações e o diagnóstico de autismo.

Consequentemente, naquele momento, como mãe, eu não me importava com que forma, eu me referiria à cada deficiência do meu filho. Eu só queria saber o que eu poderia fazer para ajudá-lo em seu desenvolvimento.

Contudo, é importante salientar que não estou dizendo que nomenclaturas não são importantes. Respeitar as preferências da pessoa em relação à terminologia usada para descrever sua condição, é o que importa. Por exemplo, ao longo desses 15 anos, conheço algumas pessoas que preferem ser chamadas de “pessoas com autismo” em vez de “autistas”, enquanto outras podem se identificar diretamente com o termo “autista”. E, em grande parte das vezes, sejam pessoas com TEA e/ou seus familiares/responsáveis, o termo pessoa com deficiência não é usado. Salvo na garantia dos direitos estabelecidos por lei.

Alguns interpretam esse posicionamento como “preconceito”, outros como, “preferência pessoal”. Eu, respeito à todos e geralmente, em uma entrevista ou conversa informal, costumo perguntar: “Como vc prefere que eu me refira à vc e à sua deficiência?”

Tipos de deficiência

Pessoa com deficiência, é o termo mais apropriado para se referir à quem possua limitações físicas, mentais, intelectuais ou sensoriais que podem afetar a sua participação em atividades cotidianas. Porém, não são raras as situações em que a pessoa, legalmente considerada, com deficiência, prefira usar outra nomenclatura, por razões estritamente pessoais.

Assim, tenhamos em mente que as deficiências podem ser de diferentes tipos, e aqui estão algumas categorias comuns:

  1. Física: Refere-se a limitações no funcionamento do corpo ou de partes específicas do corpo. Exemplos incluem paraplegia (paralisia das pernas), tetraplegia (paralisia dos braços e pernas), amputações, paralisia cerebral, entre outras.
  2. Visual: Inclui pessoas com baixa visão ou cegueira total. A baixa visão geralmente significa que a pessoa tem dificuldade em ver detalhes, mesmo com correção, enquanto a cegueira total é a perda completa da visão.
  3. Auditiva: Pode variar de uma perda auditiva parcial a uma surdez total. Alguns indivíduos podem usar aparelhos auditivos ou implantes cocleares para melhorar sua audição.
  4. Intelectual: Anteriormente conhecida como retardo mental, é caracterizada por limitações significativas nas habilidades intelectuais e no funcionamento adaptativo.*
  5. Psicossocial: Refere-se a condições de saúde mental que podem afetar o funcionamento social, emocional ou psicológico de uma pessoa.*
  6. Cognitiva: Engloba problemas no processo de aprendizado, compreensão, memória e raciocínio.*
  7. De linguagem: Inclui dificuldades na expressão ou compreensão da linguagem, podendo afetar a fala ou a capacidade de ler e escrever.*
  8. Deficiência múltipla: Algumas pessoas podem apresentar mais de um tipo de deficiência, como combinações de deficiência visual e auditiva ou deficiência física e intelectual, por exemplo.

É importante lembrar que cada pessoa com deficiência é única e tem habilidades, interesses e necessidades individuais. O respeito à diversidade e a inclusão são fundamentais para garantir a participação plena e igualitária de todas as pessoas na sociedade.

Neurodivergência

Nos itens supracitados, usei (*) para destacar a possibilidade da combinação das deficiências: intelectual, psicossocial, cognitiva e de linguagem. Essa combinação é muito comum nos indivíduos com Transtorno do Espectro Autista. Também chamados de pessoas neurodivergentes: quando há uma condição neurológica que difere do padrão considerado “neurotípico” ou neurologicamente típico.

Em outras palavras, suas características cognitivas, comportamentais e emocionais podem estar fora do que é considerado como a norma na sociedade em termos de funcionamento cerebral.

Alguns exemplos, incluem:

  1. Transtorno do Espectro Autista (TEA): É um conjunto de condições caracterizadas por dificuldades na comunicação, interação social e comportamentos repetitivos.
  2. TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade): É uma condição que afeta a capacidade de concentração, controle de impulsos e organização.
  3. Dislexia: Refere-se a uma dificuldade específica na aprendizagem da leitura e, às vezes, da escrita.
  4. Síndrome de Tourette: Caracteriza-se pela presença de tiques motores e vocais.
  5. Síndrome de Asperger: Embora anteriormente considerada como um tipo de autismo, agora é comummente considerada como parte do espectro do autismo, mas com algumas características distintas.

Assim sendo, o termo “neurodivergente”, refere-se a qualquer pessoa que se enquadre em uma das condições mencionadas ou em outras condições neurológicas fora do padrão. É um termo inclusivo que busca valorizar a diversidade neurocognitiva e promover a aceitação e a compreensão mútua.

dicas para não errar ou errar menos

  1. Use terminologia adequada: Respeite as preferências da pessoa em relação à terminologia usada para descrever sua condição. A dica que usei acima, costuma funcionar bem.
  2. Escute e aprenda: Se você estiver em contato com uma pessoa com deficiência, esteja disposto a ouvir suas experiências e aprender com elas. Cada pessoa tem sua própria perspectiva e pode oferecer insights valiosos.
  3. Evite estereótipos: Reconheça que cada indivíduo é único e evite generalizações sobre pessoas com determinada deficiência. Lembrando que há deficiências ocultas, e a pessoa pode ou não, estar usando algum cordão ou pulseira de identificação. Meu filho mesmo, não gosta e não usa. Fato comum há muitos indivíduos no TEA.
  4. Pratique a empatia: Tente compreender as dificuldades e necessidades específicas da pessoa, e ofereça suporte e compreensão sempre que necessário.

Em suma, saber como se referir a cada pessoas diante de sua deficiência, é importante, mas muito mais importante (na minha humilde opinião) é RESPEITAR as diferenças e criar meios de incluir essa pessoa em todo e qualquer lugar, seja em uma viagem ou no dia a dia em sua própria cidade.

Turismo Acessível e inclusivo

(Imagem criada por Cacá Filippini através do Canva) Sobre: Turismo Acessível e Inclusivo, bom para a pessoa com deficiência e uma oportunidade para o setor.

Muitas são as dúvidas que empresas ligadas ao turismo apresentam quando o assunto é: Turismo inclusivo e Turismo acessível. O que difere inclusão e acessibilidade? Qual ação diante de um viajante com necessidades especiais? O que posso fazer para melhor atendê-lo? Que medidas tomar para aprimorar sua experiência no turismo?

Como mãe de adolescente atípico, vivenciei diferentes situações ao longo desses 15 anos. Sendo muitas dessas negativas, comecei a me especializar no assunto para descomplicar a temática tanto para o trade, como também para o viajante e/ou sua família.

É importante destacar que no caso do meu filho, autista – pessoa com transtorno do Espectro Autista, suporte 1, não há dificuldades de mobilidade. Sua deficiência é intelectual. De modo a dificultar a classificação de “pessoa com deficiência”.

A pessoa é considerada “deficiente” quando tem um impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. Os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com outras pessoas. 

BRASILEIROS COM DEFICIÊNCIA

45 milhões! Esse é o número de brasileiros que se reconhecem com alguma deficiência. Seja: visual, auditiva, motora ou mental.

Deficientes no Brasil – Censo 2021

Quase 24% da população, de acordo com o censo demográfico realizado pelo IBGE em 2021. Número esse que corresponde a toda a população da Espanha. Adicionalmente, dos 45,6 milhões de brasileiros com deficiência, 18,8% são exclusivamente, visuais. Em segundo lugar está a deficiência motora, ocorrendo em 7% da população; seguida da deficiência auditiva, em 5,1%; e da deficiência mental ou intelectual, em 1,4%.

Tendo como referência a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, assim como a Lei Brasileira de Inclusão, entendemos que a deficiência é um conceito em evolução. Composta pela interação de três dimensões principais: os impedimentos, as barreiras e as restrições de participação dessas pessoas quando comparamos com o restante da população.

Estima-se que mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo tenham algum tipo de deficiência (Organização Mundial da Saúde – OMS, 2012). Dessa forma, a conscientização da importância da acessibilidade tem crescido de forma significativa no Brasil e no mundo, refletindo esse resultado na legislação e nas políticas públicas voltadas para o tema, bem como, em todo o ecossistema que forma o Turismo.

oportunidade de negócios

Trata-se de um importante segmento da população que tem dificuldades em realizar viagens de lazer, seja por ausência de acesso às instalações e serviços turísticos, seja pela inabilidade ou incapacidade no atendimento preferencial e personalizado para as diferentes tipologias de deficiência que essas pessoas apresentam. Além disso, a pouca informação acerca da acessibilidade nos serviços e empreendimentos turísticos, a discriminação e experiências negativas e constrangedoras desencorajam esses potenciais consumidores

Uma pesquisa eletrônica, feita recentemente pelo Ministério do Turismo com a Unesco, apontou que 50% das pessoas com deficiência deixaram de viajar por falta de acessibilidade.

Embora não tenhamos dados em relação à representatividade dessa faixa da população no turismo brasileiro, pesquisas internacionais enfatizam a importância desse público consumidor. Nos Estados Unidos, a Open Doors Organization5, realizou um estudo conduzido pela The
Harris Poll nos anos de 2018-19, em que em um período de 2 anos, 27 milhões de viajantes fizeram um total de 81 milhões de viagens e gastaram US$ 58,7 bilhões em suas viagens, ante US$ 34,6 bilhões no estudo anterior, realizado em 2015. Os gastos com viagens aéreas também aumentaram para US $ 11 bilhões, ante US $ 9 bilhões em 2015.

Acessibilidade e inclusão no turismo

O turismo acessível é um conceito que promove a igualdade de oportunidades, permitindo que todos os indivíduos possam explorar e desfrutar de destinos turísticos sem barreiras ou obstáculos que possam limitar sua participação.

A acessibilidade no turismo abrange diversas dimensões. Inicialmente, refere-se à criação de infraestruturas e instalações que atendam às necessidades de pessoas com mobilidade reduzida, como rampas de acesso, elevadores, corrimãos, banheiros adaptados e estacionamentos adequados. Essas medidas tornam os locais turísticos mais fáceis de serem explorados, garantindo a independência e a autonomia dos viajantes com deficiência.

Além da acessibilidade física, o turismo acessível também envolve a disponibilização de informações turísticas claras e acessíveis. Isso pode ser feito por meio de websites, aplicativos móveis, guias impressos e placas informativas que sejam compatíveis com leitores de tela, contenham linguagem simples e ofereçam descrições detalhadas das atrações e atividades disponível.

Complementarmente, o turismo inclusivo é uma abordagem que visa garantir que todas as pessoas, independentemente de suas habilidades e necessidades, tenham igual acesso a experiências de viagem. Ele se concentra em criar um ambiente acolhedor e acessível para todos os turistas, incluindo aqueles com deficiências físicas, sensoriais, cognitivas ou outras necessidades especiais.

O objetivo do turismo inclusivo é permitir que todas as pessoas desfrutem de destinos turísticos, atrações, atividades e serviços de maneira equitativa. Isso envolve a remoção de barreiras físicas, comunicacionais e atitudinais que possam impedir a participação plena de pessoas com necessidades especiais.

Em adição ao turismo acessível, o turismo inclusivo inclui a acessibilidade comunicacional, que envolve o fornecimento de informações em formatos acessíveis, como linguagem de sinais, braille, letras grandes ou tecnologias assistivas.

Em suma, ao adotar práticas e políticas inclusivas, destinos e prestadores de serviços turísticos podem criar ambientes mais acolhedores e acessíveis, contribuindo para uma sociedade mais inclusiva e igualitária. Ao adotar práticas inclusivas, destinos e empresas do setor podem alcançar um público mais amplo e diversificado, aumentando sua visibilidade e atraindo novos clientes. Outrossim, benéfico para as pessoas com deficiência, mas também para toda a indústria do turismo.