Brasil em destaque na IMEX Frankfurt 2025: tecnologia, estratégia e oportunidades para o avanço do MICE internacional

Mais uma vez, a Alagev esteve presente em um dos eventos mais relevantes do turismo de negócios global: a IMEX Frankfurt, realizada em maio, na Alemanha. Tive a oportunidade de acompanhar de perto as principais tendências e insights que estão moldando o futuro do setor.
O encontro reuniu representantes de mais de 150 países e reforçou o papel estratégico dos eventos internacionais na economia mundial — com importantes reflexões para o desenvolvimento do segmento no Brasil.
Entre os destaques, está o avanço expressivo do nosso país no ranking da ICCA (International Congress and Convention Association), que administra o maior banco de dados de eventos do mundo. O Brasil conquistou a 15ª posição global, consolidando sua liderança na América Latina e no Caribe. Foram 234 eventos internacionais realizados em 2024 — um crescimento de 50% em relação ao ano anterior, superando em 17% a meta estipulada. Esse resultado histórico é fruto da mobilização entre Embratur, CVBs regionais e setor privado, aliada ao esforço coletivo para posicionar o Brasil como um destino plural, competitivo e atrativo para o mercado MICE (Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions).
Outro avanço significativo foi a descentralização dos destinos brasileiros. Ao todo, 42 cidades sediaram eventos internacionais — um aumento de mais de 60% em comparação com 2023. Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, Brasília, Campinas e São Paulo foram alguns dos destaques, comprovando o potencial de diferentes regiões para atender às exigências do mercado global.
Esses avanços refletem também os dados do Levantamento de Viagens Corporativas (LVC), realizado pela FecomercioSP em parceria com a Alagev. O setor segue em expansão: só no primeiro trimestre de 2025, o faturamento alcançou R$ 32,7 bilhões — novo recorde histórico, com crescimento de 7,2% em relação ao mesmo período de 2024. Esse desempenho reforça a relevância dos encontros presenciais como ferramentas de relacionamento, geração de negócios e valorização institucional, algo amplamente discutido na IMEX.

Captação estratégica e tecnologia como alavancas
Durante o evento, ficou evidente que alinhar a captação de eventos às vocações econômicas, acadêmicas e culturais de cada destino é essencial. Essa abordagem agrega valor e diferenciação em um mercado altamente competitivo.
A transformação digital segue como protagonista. Desde a jornada do participante até a análise de dados, a tecnologia tem impulsionado decisões mais eficazes e experiências mais conectadas. Um exemplo foi o lançamento, durante a feira, do novo módulo de capacitação em MICE da Embratur, que prepara profissionais e destinos brasileiros para atuar com excelência na atração de eventos internacionais — uma iniciativa totalmente alinhada à missão da Alagev de fomentar a qualificação e a inovação.

Dados, IA e personalização
Big Data e inteligência artificial (IA) deixaram de ser tendência para se tornarem realidade. A personalização baseada em dados permite sugerir incentivos, entender perfis e antecipar comportamentos. Essa inteligência contribui para eventos mais assertivos, com maior engajamento e retorno sobre o investimento.
Outro aspecto fundamental é a inclusão. Recursos como closed caption, tradução simultânea, storytelling imersivo e formatos adaptados a diferentes culturas não são mais diferenciais — são requisitos para uma entrega verdadeiramente global e humanizada.

Experiências imersivas e o papel do digital
A interatividade ganhou força com o uso de realidade aumentada para tours virtuais, gamificação, aplicativos personalizados e conteúdos sob demanda. A experiência híbrida — que combina participação presencial com acesso remoto — se mostrou uma solução valiosa para ampliar alcance e engajamento, sem perder qualidade.

Desafios e caminhos do Brasil no cenário internacional
Apesar dos avanços no ranking da ICCA, o Brasil ainda tem um caminho importante a percorrer para se consolidar como um destino prioritário no radar internacional. Fatores como o custo elevado, a ausência de uma promoção coordenada no exterior e a valorização insuficiente do turismo de negócios no próprio país ainda limitam nossa competitividade global.
Para mudar esse cenário, é fundamental uma atuação conjunta entre governo, setor privado e entidades do trade. O turismo de negócios movimenta bilhões, gera empregos, impulsiona a inovação e fortalece a imagem do Brasil no exterior. Investir em capacitação, tecnologia e na promoção estratégica dos nossos destinos é essencial para posicionar o MICE como um pilar relevante do desenvolvimento econômico e social.
A Alagev segue comprometida com esse movimento, atuando de forma integrada, inovadora e estratégica para ampliar a relevância do país no turismo de negócios. Que possamos ocupar, cada vez mais, os palcos internacionais não apenas como participantes, mas como protagonistas.
E para isso, nosso próximo passo será levar a delegação brasileira à Global Business Travel Association (GBTA), que acontece de 21 a 23 de julho, em Denver (EUA). Reconhecido como o principal encontro global do setor de viagens corporativas, reúne anualmente milhares de profissionais do mundo inteiro para uma agenda dedicada à troca de experiências, conteúdo estratégico e desenvolvimento de negócios. Em 2024, levamos 60 profissionais à convenção. A expectativa para 2025 é ampliar essa presença, impulsionada pelo retorno positivo dos participantes e pelo sucesso da iniciativa anterior.

Interessados em integrar a delegação já podem se inscrever pelo site: https://conteudo.alagev.org/gbta-2025.

Dia Nacional do Turismo reforça o potencial do segmento corporativo e a importância de políticas públicas para o setor

Neste dia 8 de maio celebramos o Dia Nacional do Turismo, uma data que convida à reflexão sobre a relevância e os caminhos futuros de um mercado essencial para a economia brasileira. De acordo com a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo), o setor representa 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, demonstrando sua importância estratégica para o desenvolvimento nacional.

Neste contexto, é fundamental destacar o protagonismo das viagens corporativas, que se consolidam como um dos principais pilares de sustentação da cadeia produtiva no Brasil. Mais do que deslocamentos, elas são oportunidades concretas de expansão de negócios, fortalecimento de relacionamentos e construção de reputação institucional.

Os números falam por si. Segundo o Levantamento de Viagens Corporativas (LVC), realizado pela FecomercioSP em parceria com a Alagev, o setor atingiu um recorde de R$ 131 bilhões em despesas em 2024, um aumento de 5,5% em relação ao ano anterior. Em fevereiro de 2025, foi registrado um pico de R$ 11,6 bilhões, alta de 7% na comparação do mesmo mês do ano anterior. No acumulado do primeiro bimestre, o segmento já movimentou R$ 19,7 bilhões, superando os R$ 18,5 bilhões registrados no mesmo período de 2024. Isso demonstra que, mesmo diante de um cenário econômico desafiador, as organizações seguem apostando nas conexões presenciais para gerar resultados consistentes.

Esse movimento é impulsionado pelo reconhecimento do valor intangível das viagens: a troca de conhecimento, o fortalecimento de vínculos e a experiência adquirida em eventos e reuniões presenciais agregam muito mais do que relatórios e planilhas podem mensurar. Os dados da Pesquisa Anual de Viagens Corporativas (PAVC), estudo da Alagev,  mostram que 74% dos gestores esperam aumento entre 10% e 20% no volume de viagens em 2025. Estamos diante de um mercado em plena expansão.

Por isso, nesta data, é urgente ampliar o debate sobre a necessidade de políticas públicas mais estruturadas. A malha aérea, por exemplo, ainda apresenta gargalos que impactam diretamente a mobilidade entre cidades e regiões estratégicas para os negócios. Investir em conectividade, infraestrutura e regulação mais eficiente não é apenas uma demanda do turismo de lazer, mas também uma condição essencial para manter a força e o crescimento das viagens corporativas.

O cenário de 2025 exige adaptação rápida. O aumento de custos operacionais e a redução de rotas aéreas impõem mais inteligência na gestão de viagens. As corporações estão cada vez mais seletivas e apostam em automação, Inteligência Artificial (IA) e parcerias duradouras para reduzir custos e ampliar o retorno.

Outro ponto interessante de ressaltar é que o Brasil se destaca como destino promissor para eventos internacionais. O câmbio favorável e a expectativa em torno da COP30, que será realizada em Belém, em novembro, colocam o país no radar global. Para aproveitar esse potencial, é preciso investir em infraestrutura, conectividade e sustentabilidade.

Também é necessário valorizar o papel do gestor de viagens, que deve atuar de forma estratégica, transformando dados em insights, propondo soluções e contribuindo com a tomada de decisões mais assertivas. Esse profissional é chave para a sustentabilidade e crescimento do mercado. 

Não há sinais de arrefecimento nas viagens corporativas no país. Ao contrário: a tendência é de manutenção do ritmo acelerado nos próximos meses. Seguiremos, como sempre, comprometidos em impulsionar esse segmento com inteligência de mercado, capacitação de profissionais e diálogo com todos os elos da cadeia de turismo e eventos corporativos.

Mais do que números e estratégias, o turismo — inclusive o corporativo — move sonhos, conecta pessoas e transforma vidas. Cada viagem representa uma oportunidade de crescimento, de abrir novos caminhos e de construir pontes entre culturas, ideias e propósitos. No ambiente de negócios, essas experiências ampliam horizontes, fortalecem relações e geram impactos duradouros, inclusive financeiramente. Por isso, neste Dia Nacional do Turismo, que possamos refletir sobre o papel humano por trás dos deslocamentos profissionais e lembrar que, mesmo em viagens a trabalho, há histórias sendo escritas, possibilidades sendo criadas e trajetórias sendo impulsionadas rumo a novos destinos.

Entre ESG, IA e Reforma Tributária: o que vem pela frente para as viagens de negócios

O ano de 2024 marcou um ponto de inflexão para o mercado de viagens corporativas no Brasil e na América Latina. Depois de anos de incertezas, adaptação tecnológica e restrições impostas pela pandemia, o segmento finalmente reencontrou seu ritmo e o LACTE 20, promovido pela Alagev, foi o palco ideal para refletir sobre essa retomada e olhar com maturidade para o que vem pela frente.

Durante o painel “Visão dos CEOs: perspectivas e tendências para a América Latina no setor de eventos e viagens corporativas”, que alcançou 9,97 de aprovação entre os participantes do evento, lideranças de mobilidade, hospitalidade, transporte aéreo, tecnologia e gestão de viagens compartilharam suas visões sobre os fatores que moldam o presente e futuro do nosso ecossistema.

O debate contou com a participação de Alexandre Castro, CEO da Kontik Business Travel e Inovents; Igor Tobias, managing director da MCI América Latina; Jerome Cadier, CEO Latam Brasil; Marcelo Linhares, CEO e cofundador da Onfly; Renan Alves, country manager da Uber para empresas; e Vanessa Martins, diretora da área Brasil do Marriott International; com mediação da jornalista Natuza Nery.

As empresas estão viajando mais e crescendo com isso
Um dos pontos mais relevantes discutidos foi a clara correlação entre o crescimento das viagens corporativas e o desempenho financeiro das empresas. A análise de organizações listadas em bolsa de valores revelou que aquelas que ampliaram o volume de viagens também apresentaram aumento na receita (top-line).

No contexto das viagens corporativas, isso não é coincidência. A mobilidade de colaboradores tem propósitos estratégicos: aumentar receita, reter clientes e abrir novos negócios. Como foi bem colocado em pauta, uma viagem de trabalho tem um objetivo: trazer dinheiro ou evitar que ele vá embora.

Esse dado ganha ainda mais relevância quando cruzamos com os números do Levantamento de Viagens Corporativas (LVC), feito pela FecomercioSP em parceria com a Alagev. A pesquisa revelou que o segmento atingiu um recorde de R$ 131 bilhões em despesas em 2024, um aumento de 5,5% em relação ao ano anterior.  

O estudo também mostrou um pico de R$ 11,6 bilhões em fevereiro de 2025, alta de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Isso mostra que, mesmo diante de um cenário econômico desafiador, as marcas seguem apostando nas conexões presenciais para gerar resultados consistentes.

Tecnologia, ESG e Reforma Tributária: prioridades para os próximos passos
As empresas estão cada vez mais pressionadas a lidar com três grandes frentes ao mesmo tempo: eficiência operacional, responsabilidade socioambiental (ESG) e transformação digital.

A Inteligência Artificial (IA) é hoje uma aliada indispensável para os gestores de viagens. A necessidade de customização, controle de custos e agilidade operacional está levando o mercado a investir em tecnologias preditivas e plataformas mais inteligentes. No entanto, ainda é o profissional quem está “na ponta”, lidando com expectativas crescentes e orçamentos muitas vezes apertados. A IA precisa estar a serviço das pessoas e não o contrário.

Como foi abordado no evento, a Reforma Tributária, por sua vez, surge como uma grande incógnita. O novo modelo de tributação pode afetar diretamente a previsibilidade de custos no setor. A transparência nas regras, a simplicidade na aplicação e a segurança jurídica serão fundamentais para que as organizações mantenham seus planos de expansão.

No campo do ESG, vai além dos compromissos ambientais. A sustentabilidade hoje também é sobre acessibilidade, diversidade, inclusão e o impacto positivo das empresas nos territórios onde atuam. 

E, claro, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém, será catalisador de investimentos em conectividade aérea e visibilidade internacional para o Brasil. Porém, com um grande desafio de infraestrutura regional. 

Outro destaque que observei no painel foi o papel do segmento corporativo como motor de rentabilidade das companhias aéreas. O viajante a lazer escolhe preço; o corporativo escolhe urgência e resultado. Isso reforça por que é estratégico manter o olhar atento sobre políticas e negociação com fornecedores.

O Brasil ainda precisa remover barreiras
Como bem colocaram os painelistas, o turismo — corporativo ou não — ainda enfrenta barreiras significativas no nosso País como, por exemplo, custo elevado de passagens aéreas, infraestrutura hoteleira desigual, desafios logísticos e entraves burocráticos como vistos e autorizações. Para uma nação com tanto potencial, isso limita o crescimento.

Se quisermos estar preparados para 2025 e os eventos globais que se aproximam (como a própria COP30), precisamos trabalhar de forma integrada, envolvendo governo, setor privado, fornecedores e viajantes. O Brasil precisa estar mais conectado internamente e com o mundo.

Movimento é mais do que logística — é estratégia
Acredito que o LACTE 20 nos mostrou que o movimento é uma palavra-chave para os negócios. Ele gera encontros, oportunidades, inovação e resultados. O nosso mercado não é mais apenas um custo a ser gerenciado, mas uma alavanca de crescimento, reputação e competitividade.

A Alagev segue comprometida em fomentar esse diálogo, conectar os elos do ecossistema e impulsionar uma gestão de viagens mais estratégica, inclusiva, eficiente e sustentável.

*Luana Nogueira, diretora-executiva da Alagev