Dia Nacional do Turismo reforça o potencial do segmento corporativo e a importância de políticas públicas para o setor

Neste dia 8 de maio celebramos o Dia Nacional do Turismo, uma data que convida à reflexão sobre a relevância e os caminhos futuros de um mercado essencial para a economia brasileira. De acordo com a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo), o setor representa 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, demonstrando sua importância estratégica para o desenvolvimento nacional.

Neste contexto, é fundamental destacar o protagonismo das viagens corporativas, que se consolidam como um dos principais pilares de sustentação da cadeia produtiva no Brasil. Mais do que deslocamentos, elas são oportunidades concretas de expansão de negócios, fortalecimento de relacionamentos e construção de reputação institucional.

Os números falam por si. Segundo o Levantamento de Viagens Corporativas (LVC), realizado pela FecomercioSP em parceria com a Alagev, o setor atingiu um recorde de R$ 131 bilhões em despesas em 2024, um aumento de 5,5% em relação ao ano anterior. Em fevereiro de 2025, foi registrado um pico de R$ 11,6 bilhões, alta de 7% na comparação do mesmo mês do ano anterior. No acumulado do primeiro bimestre, o segmento já movimentou R$ 19,7 bilhões, superando os R$ 18,5 bilhões registrados no mesmo período de 2024. Isso demonstra que, mesmo diante de um cenário econômico desafiador, as organizações seguem apostando nas conexões presenciais para gerar resultados consistentes.

Esse movimento é impulsionado pelo reconhecimento do valor intangível das viagens: a troca de conhecimento, o fortalecimento de vínculos e a experiência adquirida em eventos e reuniões presenciais agregam muito mais do que relatórios e planilhas podem mensurar. Os dados da Pesquisa Anual de Viagens Corporativas (PAVC), estudo da Alagev,  mostram que 74% dos gestores esperam aumento entre 10% e 20% no volume de viagens em 2025. Estamos diante de um mercado em plena expansão.

Por isso, nesta data, é urgente ampliar o debate sobre a necessidade de políticas públicas mais estruturadas. A malha aérea, por exemplo, ainda apresenta gargalos que impactam diretamente a mobilidade entre cidades e regiões estratégicas para os negócios. Investir em conectividade, infraestrutura e regulação mais eficiente não é apenas uma demanda do turismo de lazer, mas também uma condição essencial para manter a força e o crescimento das viagens corporativas.

O cenário de 2025 exige adaptação rápida. O aumento de custos operacionais e a redução de rotas aéreas impõem mais inteligência na gestão de viagens. As corporações estão cada vez mais seletivas e apostam em automação, Inteligência Artificial (IA) e parcerias duradouras para reduzir custos e ampliar o retorno.

Outro ponto interessante de ressaltar é que o Brasil se destaca como destino promissor para eventos internacionais. O câmbio favorável e a expectativa em torno da COP30, que será realizada em Belém, em novembro, colocam o país no radar global. Para aproveitar esse potencial, é preciso investir em infraestrutura, conectividade e sustentabilidade.

Também é necessário valorizar o papel do gestor de viagens, que deve atuar de forma estratégica, transformando dados em insights, propondo soluções e contribuindo com a tomada de decisões mais assertivas. Esse profissional é chave para a sustentabilidade e crescimento do mercado. 

Não há sinais de arrefecimento nas viagens corporativas no país. Ao contrário: a tendência é de manutenção do ritmo acelerado nos próximos meses. Seguiremos, como sempre, comprometidos em impulsionar esse segmento com inteligência de mercado, capacitação de profissionais e diálogo com todos os elos da cadeia de turismo e eventos corporativos.

Mais do que números e estratégias, o turismo — inclusive o corporativo — move sonhos, conecta pessoas e transforma vidas. Cada viagem representa uma oportunidade de crescimento, de abrir novos caminhos e de construir pontes entre culturas, ideias e propósitos. No ambiente de negócios, essas experiências ampliam horizontes, fortalecem relações e geram impactos duradouros, inclusive financeiramente. Por isso, neste Dia Nacional do Turismo, que possamos refletir sobre o papel humano por trás dos deslocamentos profissionais e lembrar que, mesmo em viagens a trabalho, há histórias sendo escritas, possibilidades sendo criadas e trajetórias sendo impulsionadas rumo a novos destinos.

Entre ESG, IA e Reforma Tributária: o que vem pela frente para as viagens de negócios

O ano de 2024 marcou um ponto de inflexão para o mercado de viagens corporativas no Brasil e na América Latina. Depois de anos de incertezas, adaptação tecnológica e restrições impostas pela pandemia, o segmento finalmente reencontrou seu ritmo e o LACTE 20, promovido pela Alagev, foi o palco ideal para refletir sobre essa retomada e olhar com maturidade para o que vem pela frente.

Durante o painel “Visão dos CEOs: perspectivas e tendências para a América Latina no setor de eventos e viagens corporativas”, que alcançou 9,97 de aprovação entre os participantes do evento, lideranças de mobilidade, hospitalidade, transporte aéreo, tecnologia e gestão de viagens compartilharam suas visões sobre os fatores que moldam o presente e futuro do nosso ecossistema.

O debate contou com a participação de Alexandre Castro, CEO da Kontik Business Travel e Inovents; Igor Tobias, managing director da MCI América Latina; Jerome Cadier, CEO Latam Brasil; Marcelo Linhares, CEO e cofundador da Onfly; Renan Alves, country manager da Uber para empresas; e Vanessa Martins, diretora da área Brasil do Marriott International; com mediação da jornalista Natuza Nery.

As empresas estão viajando mais e crescendo com isso
Um dos pontos mais relevantes discutidos foi a clara correlação entre o crescimento das viagens corporativas e o desempenho financeiro das empresas. A análise de organizações listadas em bolsa de valores revelou que aquelas que ampliaram o volume de viagens também apresentaram aumento na receita (top-line).

No contexto das viagens corporativas, isso não é coincidência. A mobilidade de colaboradores tem propósitos estratégicos: aumentar receita, reter clientes e abrir novos negócios. Como foi bem colocado em pauta, uma viagem de trabalho tem um objetivo: trazer dinheiro ou evitar que ele vá embora.

Esse dado ganha ainda mais relevância quando cruzamos com os números do Levantamento de Viagens Corporativas (LVC), feito pela FecomercioSP em parceria com a Alagev. A pesquisa revelou que o segmento atingiu um recorde de R$ 131 bilhões em despesas em 2024, um aumento de 5,5% em relação ao ano anterior.  

O estudo também mostrou um pico de R$ 11,6 bilhões em fevereiro de 2025, alta de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Isso mostra que, mesmo diante de um cenário econômico desafiador, as marcas seguem apostando nas conexões presenciais para gerar resultados consistentes.

Tecnologia, ESG e Reforma Tributária: prioridades para os próximos passos
As empresas estão cada vez mais pressionadas a lidar com três grandes frentes ao mesmo tempo: eficiência operacional, responsabilidade socioambiental (ESG) e transformação digital.

A Inteligência Artificial (IA) é hoje uma aliada indispensável para os gestores de viagens. A necessidade de customização, controle de custos e agilidade operacional está levando o mercado a investir em tecnologias preditivas e plataformas mais inteligentes. No entanto, ainda é o profissional quem está “na ponta”, lidando com expectativas crescentes e orçamentos muitas vezes apertados. A IA precisa estar a serviço das pessoas e não o contrário.

Como foi abordado no evento, a Reforma Tributária, por sua vez, surge como uma grande incógnita. O novo modelo de tributação pode afetar diretamente a previsibilidade de custos no setor. A transparência nas regras, a simplicidade na aplicação e a segurança jurídica serão fundamentais para que as organizações mantenham seus planos de expansão.

No campo do ESG, vai além dos compromissos ambientais. A sustentabilidade hoje também é sobre acessibilidade, diversidade, inclusão e o impacto positivo das empresas nos territórios onde atuam. 

E, claro, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém, será catalisador de investimentos em conectividade aérea e visibilidade internacional para o Brasil. Porém, com um grande desafio de infraestrutura regional. 

Outro destaque que observei no painel foi o papel do segmento corporativo como motor de rentabilidade das companhias aéreas. O viajante a lazer escolhe preço; o corporativo escolhe urgência e resultado. Isso reforça por que é estratégico manter o olhar atento sobre políticas e negociação com fornecedores.

O Brasil ainda precisa remover barreiras
Como bem colocaram os painelistas, o turismo — corporativo ou não — ainda enfrenta barreiras significativas no nosso País como, por exemplo, custo elevado de passagens aéreas, infraestrutura hoteleira desigual, desafios logísticos e entraves burocráticos como vistos e autorizações. Para uma nação com tanto potencial, isso limita o crescimento.

Se quisermos estar preparados para 2025 e os eventos globais que se aproximam (como a própria COP30), precisamos trabalhar de forma integrada, envolvendo governo, setor privado, fornecedores e viajantes. O Brasil precisa estar mais conectado internamente e com o mundo.

Movimento é mais do que logística — é estratégia
Acredito que o LACTE 20 nos mostrou que o movimento é uma palavra-chave para os negócios. Ele gera encontros, oportunidades, inovação e resultados. O nosso mercado não é mais apenas um custo a ser gerenciado, mas uma alavanca de crescimento, reputação e competitividade.

A Alagev segue comprometida em fomentar esse diálogo, conectar os elos do ecossistema e impulsionar uma gestão de viagens mais estratégica, inclusiva, eficiente e sustentável.

*Luana Nogueira, diretora-executiva da Alagev

O lixo é de cada um – e a responsabilidade também

Na última semana, participei do evento de celebração dos 130 anos da assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Japão, realizado no Blue Tree Premium Faria Lima. Entre falas emocionantes e encontros significativos, uma frase dita logo na abertura da palestra da jornalista Taiga Gomes ficou em meus pensamentos até agora: “O lixo é de cada um.”

Luana Nogueira, diretora-executiva da Alagev, no Blue Tree Premium Faria Lima

Pode parecer algo simples e até óbvio, mas o significado dessa máxima japonesa vai muito além do que está à vista. Ela representa um pilar profundo da cultura nipônica: a consciência coletiva. Lá, o lixo é realmente responsabilidade de quem o gera. Não há lixeiras públicas em cada esquina, e ainda assim as ruas são impecavelmente limpas. Por quê? Porque há uma consciência real de que aquilo que eu faço, mesmo que seja pequeno ou pessoal, reverbera no coletivo.

E foi inevitável fazer o contraponto com o nosso ambiente corporativo. O quanto somos, de fato, responsáveis pelo que deixamos no “caminho” considerando ideias, palavras e comportamentos? O quanto cuidamos para que nossas atitudes não invadam ou prejudiquem o espaço do outro? Vivemos um tempo em que opiniões são, muitas vezes, “jogadas” sem filtro, sem escuta, sem perceber o outro. Uma superficialidade que, infelizmente, tem tomado conta de muitas relações no ambiente de trabalho.

O Japão nos convida, com sua maturidade milenar, a repensar essa lógica. A coletividade lá não anula o indivíduo, mas fortalece uma convivência harmoniosa. Ser parte de uma comunidade — seja de uma rua, uma empresa, uma equipe — significa agir com respeito, olhar ao redor e, sobretudo, pensar antes de agir. É um “ser indivíduo” que não atravessa ou extravasa o outro.

Taiga Corrêa Gomes, jornalista

Enquanto cultura ainda jovem que somos, talvez nos falte esse freio. Temos ímpeto, criatividade, agilidade — e isso é incrível. Mas a maturidade e sensibilidade também se constroem com pausa, escuta e consciência. E o turismo corporativo, setor no qual atuamos diariamente, é um terreno fértil para esse aprendizado e equilíbrio. É nas viagens, nos encontros, nos eventos, que temos a chance de nos conectar com diferentes culturas, ampliar nossa visão e refletir sobre o tipo de sociedade e de empresas que queremos construir.

O encontro trouxe isso de maneira muito sutil e profunda. Por meio das experiências compartilhadas por Taiga e Chieko Aoki, presidente da Blue Tree Hotels, saímos todos tocados por uma cultura que entende o coletivo como extensão do eu e que cuida do ambiente, do outro, do tempo e das palavras. Que sabe que o lixo é de cada um e que a responsabilidade também é.

Luana Nogueira, diretora-executiva da Alagev, e Chieko Aoki, presidente da Blue Tree Hotels

Quando analiso o senso de grupo, não posso deixar de fazer um paralelo com o que vivemos na Alagev. Já somos centenas de participantes atuando em 17 comunidades que discutem temas relevantes, compartilham boas práticas e refletem sobre novos comportamentos para o nosso mercado. Cada comunidade — como Aviação (CA), Agências de Viagens (CAC), Hotelaria (CH), Mobilidade (CMOB), Tecnologia (CTIE, CTIV) e tantas outras — é uma oportunidade valiosa de conexão com quem vive realidades semelhantes, enfrenta os mesmos desafios e busca caminhos para soluções, evolução empresarial e, acima de tudo, desenvolvimento.

Esses espaços nos mostram, na prática, que crescer junto é sempre mais potente do que sozinho. E que a consciência de contribuir com o coletivo — seja com ideias, iniciativas ou ações concretas — é parte fundamental da construção de um mercado mais ético, eficiente e humano.

Fica então o convite: o que você tem deixado pelo caminho no seu ambiente de trabalho? O que você pode recolher? Como sua individualidade pode somar e não sobrepor ao coletivo?

Essas são perguntas que, mais do que respostas prontas, merecem ser carregadas conosco, como forma de amadurecimento pessoal e profissional. Porque, no fim, a mudança começa dentro. E, sim: o lixo também.

*Luana Nogueira, diretora-executiva da Alagev