Existe uma máxima que diz: “Planejar uma viagem ao Brasil geralmente implica em passar mais tempo decidindo quais os lugares que você vai deixar de ver, do que aqueles que irá ver.”
É difícil não concordar com isso.
Desenhar um bom roteiro pelo Brasil pode ser um tremendo desafio. Em especial para quem não tem a real dimensão do tamanho e da diversidade de nosso país. Imagine que um agente de viagem europeu tem um cliente com dez dias disponíveis para viajar por aqui. Para onde ele deve mandar seu cliente? Por onde começar a planejar? Quanto tempo ficar em cada destino e como conectá-los?
Elenco abaixo três dos principais desafios enfrentados neste processo de planejamento:
- Vastidão do país
Temos voos domésticos, diretos, com mais de 3 mil km de distância e 4hs de duração – para efeitos de comparação, isso é mais que o dobro da distância de Londres a Roma. Ou seja, as distâncias entre destinos são maiores do que muita gente imagina. Juntar numa mesma viagem uma visita ao Rio de Janeiro, as Cataratas do Iguaçu, uma expedição de barco pelo Rio Negro e uma praia no sul da Bahia obriga o viajante a percorrer longas distancias. Em geral, é difícil planejar menos do que 3 noites em cada destino sem tornar a viagem muito cansativa.
- Conexões não óbvias
Além dos longos voos, conectar um destino da região Norte com a Região Nordeste exige, muitas vezes, que o cliente voe para o Sudeste, ou, no melhor dos casos, para Brasília. A expansão dos voos regionais é algo que vem mudando um pouco essa lógica, mas esse ainda é um dos gargalos do planejamento deste tipo de roteiro. Por isso, entender a ordem ideal de visitar cada lugar, levando-se em consideração as “portas de entrada” dos voos internacionais torna-se crucial. Apesar da região sudeste concentrar mais de 85% das chegadas internacionais no país, segundo dados da EMBRATUR, existem boas oportunidades de combinar chegadas e saídas por cidades diferentes. Para um viajante que vem de Miami, por exemplo, é possível economizar muitas horas de voo fazendo a chegada internacional pelo Rio de Janeiro e a saída por Manaus, em voos diretos, sem a necessidade de entrar e sair pelo mesmo ponto.
- Sazonalidade
O Brasil é o único país do mundo que ocupa um território que vai desde o norte da linha do equador até o sul do trópico de capricórnio. São mais de 4 mil km de norte a sul do país, que faz com que tenhamos uma enorme diversidade climática. Com isso, o que se planeja para um mesmo perfil de viajante em janeiro ou julho é completamente diferente. Claro que existem destinos ótimos de serem visitados ao redor de todo o ano, mas, para viajantes que virão ao Brasil uma ou duas vezes na vida, conhecer os destinos em seu primor é fundamental. Isso exige que, além das maneiras de conectar destinos, quem planeja a viagem também conheça as épocas certas de visitar cada um deles.
É interessante pensar que tanto a vastidão quanto a sazonalidade nos levam a um paradoxo, já que, ao mesmo tempo que tornam esse planejamento mais complexo, são dois dos maiores diferenciais brasileiros. Não temos nenhuma época do ano em que se evita visitar o Brasil, seja porque chove torrencialmente, atravessamos um inverno rigoroso ou entramos em época de furacões, por exemplo – mas isso é tema para um próximo texto.
Além desses, sob a ótica de um estrangeiro, quais os outros desafios enfrentados neste planejamento? O que mais podemos adicionar a essa lista?