A Era das Mudanças

Quem o vê assim, pedalando no Central Park, não imagina que esse homem de 52 anos se exercita 6 vezes por semana, e acabou de participar do seu primeiro Ironman. Nas horas vagas, acumula o cargo de CEO de uma das maiores redes hoteleiras do mundo.

UntitledQuem já teve a oportunidade de assistir uma palestra de Frits van Paasschen, Diretor Executivo e Presidente da Starwood Hotels & Resorts, sabe porque ele é considerado um dos profissionais hoteleiros mais reconhecidos no mundo. Raramente presenciei alguém apaixonado pelo que faz e com uma visão tão clara do futuro da nossa indústria.

Sempre analisando tendências e fazendo projeções, Frits já havia explicado os motivos e riscos do crescimento do turismo mundial.

Motivos:

1) Aumento da riqueza mundial e consequente inchaço da classe média.

2) Hiperconectividade através da tecnologia.

Riscos:

Nos próximos 5 anos, veremos mais estradas, aeroportos, edifícios e hotéis sendo construídos do que em toda a história.

Portanto, hoje em dia, um hotel de negócios não se destaca somente por ser limpo, confortável e confiável. O que precisamos é superar as expectativas de nossos hóspedes, proporcionando uma experiência personalizada através do impulso da tecnologia.

Qualquer um que compre pela Amazon e passe o tempo no Facebook, sabe o que é personalização.

Então, quanto tempo ainda será preciso para que o hotel onde nos hospedamos várias vezes por ano saiba a temperatura que gostamos no quarto, quais nossos pratos preferidos ou os destinos onde passamos férias?

E ele é enfático sobre os objetivos da empresa: “Na Starwood, percebemos que nossa próxima inovação não pode ser uma coisa física, como uma cama ou um chuveiro, mas serviço e personalização. Porque eu acho que todas as marcas têm que saber o que você quer, e ser capaz de entregar de forma coerente e global.”

“E isso é um desafio assustador, pois temos muitos pontos de contato com nossos clientes. Para tanto, precisaremos mudar a forma de recrutar, de treinar e falar com nossos funcionários”, complementa.

Se pensarmos na definição de luxo, as coisas também mudaram. Hoje, exclusividade e escassez significam coisas muito diferentes.

Impossível sair impassível de um discurso ou texto de Frits.

Como ele mesmo previu, vivemos na Era das Mudanças. Preparado?

Repense seu processo de check-in

O processo de check-in ainda está entre os momentos que proporcionam mais insatisfação aos hóspedes. Alguém duvida que o preenchimento da FNRH (Ficha Nacional de Registro de Hóspedes) é a maneira mais sutil de tortura ao ser humano? E mesmo com o recente processo digital, a recepção tradicional já começa a ser vista como uma área obsoleta do hotel.

Se pensarmos bem, um balcão enorme entre você e seu hóspede é algo totalmente desconectado com o conceito de hospitalidade, bem receber e prazer em servir.

Um pouco da evolução das recepções ao longo dos anos:

Recepção Tradicional

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Check in sentado (foto: Grand Mercure São Paulo)

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Balcões Individuais

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A união dos 2 conceitos, mesas individuais com check in sentado, como o Spa do Vinho, Autograph Collection, de Bento Gonçalves/RS (foto abaixo):

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A tecnologia será vital para remover as barreiras entre marketing e operações (promessa x entrega). Experiência personalizada será a maior exigência dos hóspedes daqui pra frente, e a tecnologia pode servir de apoio.

O check-in através de smartphones é um ótimo exemplo. A ideia é aproximar o serviço hoteleiro da experiência do consumidor. Nas lojas Apple, por exemplo, os vendedores se aproximam, conversam, explicam, e fecham a venda através de um dispositivo móvel, sem que o cliente precise esperar atrás de um balcão.

A rede européia CitizenM, admirável pelas constantes inovações, tem seu check-in totalmente automatizado. Seus executivos afirmam: “Nosso lobby é projetado para funcionar como sua sala de estar.” E eles ainda oferecem café com barista e coquetéis diversos durante à noite.

Foto abaixo: lobby com estações para o auto check-in no CitizenM de Londres.

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E o auto check in é só o começo das mudanças que veremos nos lobbies dos hotéis no futuro.

Particularmente, aposto (e torço) por um processo ainda mais humanizado, como presenciei no Faena Buenos Aires e no Delano Miami.

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Foto acima: Hyatt U.S.