8 TENDÊNCIAS ‘TRANSFORMADORAS’ DAS VIAGENS 2025

Todo ano inúmeras empresas do nosso setor fazem pesquisas para entender e se antecipar ao comportamento do viajante. Essas tendências, além de dar clareza, facilitam nossa interação em um mundo cada vez mais complexo e acelerado. 

Para entendermos o que as pessoas realmente desejam, segue um compilado de alguns estudos (que cito no final da leitura) ressaltando as principais tendências para 2025. 
Seja o fascínio por destinos fora do comum ou o desejo de 'viajar com propósito', já adianto o que as pessoas mais querem atualmente: se sentir TRANSFORMADOS.
1) Viagens mais longas e destino único - seja pelo mau comportamento de alguns viajantes, excesso de turistas nos destinos populares, ou apenas ficar mais tempo longe de casa, os viajantes querem alongar suas viagens em um único destino para se aprofundar na cultura local. Ou seja, estamos cansando de multi destinos em poucos dias e apenas tirar fotos em atrações turísticas lotadas e hotéis icônicos para postar no Instagram ou Tik Tok. 
Dica: Ouse se afastar da crescente multidão dos 'Instaturistas'. 

Essa mudança é lenta, passando de viagens de 13,4 dias em 2024 para previsão de 13,5 em 2025. Entretanto, 76,2% de umas das pesquisas com viajantes de alto padrão preferem viagens para um único país esse ano. 
A ideia por trás dessa tendência é pensar que o destino só ganha vida quando se desacelera. 
Obs.: Lembraram também do conceito de Slow Travel? Pois é...
2) Viagem encontra IA - A Amadeus descobriu que quase 50% dos seus clientes planejam dar prioridade à IA generativa (tecnologia que cria conteúdo original, como texto, imagens, vídeos, músicas e códigos de programação) até final de 2025. 
Outras empresas, incluindo o Tripadvisor, estão empregando IA generativa para criar itinerários de viagens, enquanto um número crescente de aeroportos está abandonando as etiquetas de papel e utilizando tecnologia para classificar as bagagens de forma mais eficiente. Nos hotéis Hyatt, uma cama alimentada por IA pode monitorar sua frequência cardíaca, movimento e pressão arterial para oferecer mais conforto e uma melhor noite de sono. 
Obs.: Essa mesma pesquisa também observou que muitas empresas de viagens ainda não têm a certeza de como utilizar a tecnologia. Sem esquecer que as conexões humanas são vitais na indústria.
3) Bleisure segue em alta em função do PTO (Paid Time Off) - a preferência por mixar viagens de negócios e lazer é incontestável. 92% dos indianos planeja viajar de desta forma, deixando os chineses em segundo lugar com 82%. Alemanha fica com o 3º com 79%, e EUA e UK empatam no 4º lugar com 72%. 
Um impulsionador desse estilo de viagem é a tendência viral do PTO (Paid Time Off) ou Férias ilimitadas, uma política de benefício flexível oferecida por algumas empresas. Nesse sistema, os colaboradores têm a liberdade de tirar quantos dias de folga desejarem, caso cumpram suas responsabilidades no trabalho de maneira eficiente e com qualidade. 
Essa tendência favorece demais as baixas temporadas ao longo do ano, e muitos destinos, cias. aéreas e hotéis já se movimentam nesse sentido. 
Obs.: O Brasil parece andar na direção contrária desta e outras tendências ao retomar o visto para visitantes dos USA, Canadá e Austrália no próximo 10 de Abril. Uma reciprocidade facilmente refutada por dados e histórico de mercado, defendida por um orgulho equivocado e uma diplomacia míope. OK, essa pauta é para outro post.
4) Noctourism (noturno + turismo) – Seja para fugir do aumento das temperaturas globais ou para se conectar com a natureza pela beleza e serenidade da noite, 60% dos viajantes entrevistados pela Booking.com gostariam de visitar destinos com baixa poluição luminosa para observar estrelas e eventos astronômicos, como eclipses e chuvas de meteoros. 
As experiências vão desde museus que abrem até tarde, praias bioluminescentes e observação da aurora boreal. A premiada empresa de viagens britânica Trailfinders aponta a Lapônia finlandesa e as ilhas Lofoten da Noruega, além de Svalbard e Islândia como destinos principais para a tendência. 
Obs.: Para quem prefere apreciar o céu à noite com temperaturas mais amenas como eu, Atacama e Zâmbia podem entrar nessa lista.
5) Férias 'sem ruído' - O ruído segue sendo a 2ª causa de problemas de saúde na Europa Ocidental (OMS). As  “fugas tranquilas” na costa norueguesa, por exemplo, vem ganhando força pela oportunidade de se afastar do clamor da vida cotidiana, apresentando estações de monitoramento de som e uma previsão de ruído ao vivo que compara a produção em decibéis com cidades como Nova York, Paris e Londres. Já o novo retiro Majamaja, no arquipélago de Helsinque, é composto por uma série de cabines fora da rede projetadas por arquitetos que permitem que você se reconecte com a natureza. É tudo um sinal de que, neste momento, o escapismo das viagens inclui escapar da tecnologia.
No Brasil, podemos citar Fernando de Noronha foi citado pela Lonely Planet como o destino a ser procurado para uma 'fuga relaxante'. 
Obs.: Essa tendência se une ao conceito de Wellness (Bem-Estar) que segue mais forte a cada ano. Para quem busca desacelerar em silêncio, recomendo meus oásis preferidos no Brasil: Uxua Casa Hotel & Spa , Hotel Parador em Cambará do Sul e Ibiti Projeto.
6) Gastar a herança dos filhos (SKI - Spending Kids Inheritance)
Os Baby Boomers lideram essa tendência. Eles estão mais fortes, mais saudáveis ​​e em melhor forma. Estamos vendo avós levando os netos nas viagens enquanto os pais trabalham durante as férias escolares. 
46% dos viajantes estudados pela Booking preferem gastar seu dinheiro em uma viagem inesquecível, ao invés de deixar uma herança.
Ao mesmo tempo, 58% dos pais estão dispostos a financiar as férias de seus filhos e netos, destacando o aumento de viagens multigeracionais. Uma tendência está puxando a outra.
Obs.: Minha tendência favorita! 

7) O retorno do romance de férias – Geração Z esgotada digitalmente. De acordo com a pesquisa da Forbes Health de 2024, 79% da Geração Z se sente exausta com o namoro online. Como resolver o problema? O relatório de tendências de viagens da Globetrender e Amadeus inclui uma seção sobre conhecer novas pessoas na vida real como uma das cinco principais previsões para o ano. Obs.: Esse relatório não parece ser mais direcionado para Millenials e Gen X?

8) Fora do comum 'is the new black' - 63% dos viajantes da Expedia estão dispostos a explorar lugares mais tranquilos e menos populares.
O excesso de turismo que vimos em 2024 está longe de acabar. E esse fenômeno vem impulsionando destinos fora do comum a se tornarem o desejo de muitos viajantes. As pessoas querem viajar para onde sejam bem-vindas de todo o coração, e a IA entra nessa equação para criar roteiros cada vez mais personalizados e únicos.
Destinos em alta nessa tendência: Uzbequistão, ilhas da África Oriental como Zanzibar e Madagascar, as remotas ilhas de Aldabra, além de Milton Keynes e East Sussex. 
Obs.: Adoro a expressão em inglês 'Off the beaten track', ou seja, fora do caminho mais trilhado ou fora do roteiro turístico. Entretanto, confesso que me preocupa a educação e bom senso de certos viajantes em destinos onde a população é mais apegada aos costumes locais e não está tão acostumada a receber turistas. 
Fontes:
1) Estudos Airbnb, Expedia, Concept Bureau e Amadeus
2) Travel Predictions 2025 da Booking.com 
3) Travel Trends 2025 da Globetrender
4) 2025 Travel Outlook da Skift Research
5) Luxury Travel Report 2025 da Zicasso
6) Revista Tendências do Turismo 2025 - Ministério do Turismo

======================

Leia Também:

Explorando o Quiet Luxury na Hospitalidade

As Gerações de Viajantes que definirão seu Negócio no Futuro

O Futuro das Vendas e o Vendedor B2B

hoteleiro, É preciso repensar sua Distribuição

O impacto das mudanças sócio-econômicas criaram novos desafios e um novo panorama na indústria de viagens e hospitalidade. Aqui estão algumas das respostas do ambiente da distribuição hoteleira a essa nova realidade:

  • O papel das OTAs
  • Reerstruturacão das redes sociais
  • Novas regulações globais
  • Aumento das opções de hospedagens alternativas
  • Procura emergente

Como os hóspedes estão reservando?

Antes de mostrar dados, importante lembrar que os resultados variam de acordo com cada estudo. Então, tomei por base alguns dos mais importantes, isentos e atuais da nossa indústria:

 
Fonte: State of Distribution by Hedna & NYU

Importante lembrar que o share de 35% de OTAs, por exemplo, é semelhante no Brasil na hotelaria independente. Nas redes esse número pode cair até 25%, de acordo com estudo Fohb e Noctua de 2024.

Em compensação, a venda direta cresce de 38% para 50% ou mais por aqui em função da importância do canal de voz e do segmento de grupos e eventos. Abaixo é possível analisar o crescimento da venda direta ao longo dos anos. A hotelaria está aprendendo a se distribuir, e a hotelaria independente acompanha a tendência.

De acordo com pesquisa da Skift Research Survey em 2024, as reservas digitais diretas ultrapassarão as indiretas em 2030 (acima à direita). Espera-se que as OTAs passem de 25% para 13% até lá.  Será que esse é apenas o desejo dos hoteleiros ou uma realidade eminente?

De acordo com pesquisa da Skift Research Survey em 2024, as reservas digitais diretas ultrapassarão as indiretas em 2030 (acima à direita). Espera-se que as OTAs passem de 25% para 13% até lá.  Será que esse é apenas o desejo dos hoteleiros ou uma realidade eminente?

Fato é que os hotéis seguem investindo 2,5% da sua receita em TI e outros 2,5% em marketing digital. Já as OTAs investem 15% em TI e 36% (Booking) / 54% (Expedia) em marketing online. Em resumo, para que essa balança pese para a venda direta, a hotelaria precisa investir na jornada e na experiência de compra do cliente. Isso é urgente!

De qualquer forma, as OTAs seguirão assegurando maior alcance e visibilidade, o que amortece o negócio hoteleiro contra a volatilidade da ocupação, especialmente em mercados competitivos e emergentes.

Quais tecnologias eu preciso?

Peter Stebel, Presidente das Americas para RateGain, disse algo interessante: Existem ferramentas suficientes para descobrir quem está vindo, quanto dinheiro eles tem e o que planejam fazer durante sua estadia em nosso hotel. Eles gastarão mais ou apenas farão o check-in e check out? A chave então é perguntar ‘quantas’ tecnologias você irá precisar para isso?

ESSA é a pergunta que precisa ser feita.

Sabemos que a tecnologia não está conectada apenas à eficiência operacional, mas também à qualidade da experiência do hóspede. Muitos hotéis ainda não investem em ferramentas de gerenciamento de dados de clientes, geração de análises e automação de processos de marketing, por exemplo.

Hoje temos essa realidade sobre a visão do hoteleiro sobre a prioridade de soluções tecnológicas:
Fonte: State of Distribution by Hedna & NYU
Se diferenciarmos o uso do RMS entre redes e hotelaria independente, por exemplo, o percentual de importância passa de 80% para menos de 50%.

Infelizmente, ainda temos muito a avançar em termos de conectividade no Brasil. A tal 'colcha de retalhos' persiste. Portanto, contenha a ansiedade de adquirir tudo que te apresentam, e desenvolva habilidades de 'costura' para gerenciar bem as ferramentas atuais para aumento de faturamento e satisfação do cliente. O mais importante: quem parametriza e direciona qualquer tecnologia é o ser humano. Pensar estrategicamente não saiu de moda!

Quais são os fatores de decisão para aquisição de tecnologia?
       * Grandes redes querem adesão rápida.
       * Empresas médias precisam de maior nível de suporte.
       * Hotéis Independentes demandam menos interfaces para trabalhar.
Claro que o ROI (retorno sobre investimento) segue sendo o fator-chave em todos, mas os itens acima são vitais na negociação.

O que está acontecendo com as OTAs?
Pergunta velha, resposta nova.

Após o desastre dos seus resultados na pandemia, elas ressurgiram mais fortes do que nunca. Motivos:
       * Elas dominaram os resultados dos mecanismos de busca e isso impulsionou enormes aumentos no custo do pagamento por clique. Google já aumentou 62,5% o Google Ads e os Metabuscadores, 128,6%.
       * A recuperação das viagens internacionais, que é tradicionalmente onde as OTAs são mais fortes. 
       * Dos 13% aos 25% do comissionamento que cobram, elas reinvestem 36% (Booking) e 54% (Expedia) para tentar garantir que sua parcela de reservas vá apenas em uma única direção. 

A tática mais importante para os responsáveis pela distribuição hoteleira sempre foi evitar pagar duas vezes pelo mesmo hóspede, enquanto o modelo de negócios das OTAs é garantir que cada hotel pague por cada hóspede, todas as vezes. 
Essa é a origem da tensão entre hotéis e OTAs, que ficam se 'acotovelando' para conseguir reservas, fidelidade e recompra. Fato é que esses negócios dependem um do outro. Os hotéis precisam de ampla exposição e geração de leads, enquanto as OTAs precisam de inventário. É um vínculo que nunca será quebrado, e o que está na discussão é o share da receita que cada um pode reivindicar. 
Se você quiser progredir nessa relação, as 4 palavras-chave são: Aquisição, Retenção, Indicação e Remarketing devem ser maximizadas.

Quais são os maiores desafios da Distribuição atual?
1) Gerenciar manualmente paridade tarifária
2) Monitorar manualmente estratégia e conteúdo atualizado
3) Lidar com inserção de informações de marketing nas plataformas de distribuição como descrições do hotel, fotos, tarifas, disponibilidade, campanhas, etc.

Soluções: tecnologia certa e equipe treinada.

Como fica minha equipe no atual processo de distribuição?
Embora a escala e os desafios sejam diferentes para cada tipo de hotel, todos querem aprimoramento da eficiência operacional por meio da tecnologia. O objetivo é reter o 'human touch' onde ele é mais importante, e automatizar tarefas que prejudicam o foco estratégico e o envolvimento dos hóspedes. Este equilíbrio é crucial numa indústria onde a qualidade das interações pessoais continua sendo a pedra angular do sucesso.

Para isso, é vital que tenhamos recursos humanos preparados para tirar o melhor dessa tecnologia. Alguns hotéis direcionaram seu foco para aquisição de novas tecnologias e esqueceram de alavancar a equipe. Isso é um erro!  

67% das redes treinam seu pessoal responsável pela estratégia comercial, mas a mentalidade hoteleira tem espaço para melhorar reconhecendo que o desenvolvimento constante da equipe é vital para aumento de produtividade. 

É preciso contratar talentos que conseguem entregar um ROI consistente com a tecnologia existente. 

Quais as premissas para uma boa gestão da distribuição?
         * Implante Tecnologias que comprovem seu ROI. Aumento de receita e satisfação dos clientes são os principais KPIs.
         * Simplifique o processo de relatórios. Seu tempo e esforço precisa estar focado na estratégia. 
         * Customize ferramentas e priorize soluções
         * Nutra Expertises. Eleve seu capital humano para uma distribuição dinâmica.
         * Foque na eficiência sempre.

Em resumo, o anseio geral é a redução do esforço manual na distribuição hoteleira. 
Esta aspiração coletiva anuncia uma crescente demanda por sistemas automatizados e soluções integradas preparadas para agilizar as operações e liberar pessoal para buscar iniciativas estratégicas com vigor renovado. 
À medida que a tecnologia continua a redefinir as normas da indústria e a mudar o comportamento do consumidor, a necessidade de adaptação e inovação dos hotéis nunca foi tão urgente. 
Ao priorizar investimentos tecnológicos, você simplifica tarefas de relatórios, adota a automação e estimula talentos. 

Sigamos com consistência e atenção às mudanças do mercado para criar um futuro sustentável.

===================

Leia também:

Transformação Digital x Estratégias Convencionais. E Erros da Hotelaria.

Explorando o Quiet Luxury na Hotelaria

Qual o verdadeiro valor da Tecnologia para o Hóspede?