R.I.P. RFP

Se perguntarmos para hotéis, TMCs ou gestores de viagens, todos terão a mesma resposta sobre a época dos ‘benditos’ RFPs: um processo ‘chato’ e ultrapassado.

Mas será que o mercado está pronto para dar o próximo passo?

Um estudo recente da GBTA com 161 gestores de viagem mostrou que 66% deles estão satisfeitos com o processo de contratação de hotéis, e explicam que não vêem razão para inovar um processo tático, ou não sabem como.

Mas não é exatamente de inovação que nossa indústria precisa?

Será que o velho ‘envio em setembro, aceite em outubro, carregamento em novembro, disponível em janeiro’ seguirá intocável por outras tantas décadas?

Do lado dos buyers: reunir dados, enviar ofertas, negociar, negociar novamente, negociar mais uma vez, assinar um contrato, verificar o carregamento dos preços, verificar a disponibilidade dos preços, começar tudo de novo. Ufa!

E abaixo os critérios que mais os influenciam na seleção de um hotel:

Do lado dos hotéis: RFP entra na comercialização como a força contrária ao esforço e investimento em recursos tecnológicos e humanos para implementar revenue management, preços dinâmicos, acordos de curto prazo, desintermediação, compra online, etc. E tudo isso, muitas vezes, com dados imprecisos e incompletos para a tomada de decisão, em função de um database ineficiente.O diretor de vendas da MGM Resorts International, Michael Dominguez, diz: “Estamos muito aquém da velocidade da mudança que precisamos. Dizemos que somos inovadores, mas somos inovadores em termos de produto. Precisamos começar a ser mais inovadores no processo“.

Alguns especialistas arriscam palpites sobre o RFP no futuro:

  • Contratos que continuarem de longo prazo incluirão um mix de tarifas fixas, descontos dinâmicos por hotel, e monitoramento diário.
  • Expansão das empresas de ‘sourcing’, que negociam em nome dos gestores, e tem 75% de aprovação dos mesmos.
  • Programas limitados a hotéis onde tenham, por exemplo, 100 diárias ou mais.
  • O desempenho do hotel e da marca será monitorado em tempo real.
  • Se uma negociação não acontecer naquele momento ou se o mercado tiver mudado, a empresa ou o hotel poderão cancelar o contrato e um novo RFP poderá ser solicitado. Isso substituirá a negociação somente anual.
  • Contratos flexíveis, conectados com a dinâmica de mercado.

Em resumo, mesmo sabemos que os clientes mudam, as equipes mudam, e os padrões de viagem mudam, a indústria de viagens corporativas é lenta para mudar, e o processo contratual estático é um exemplo disso.

Flexibilidade será a base da contratação de hotéis no futuro (próximo).

E você?  Qual seu time?

  1. Vida Longa ao RFP! Melhor processo já inventado ever…
  2. Ok manter, mas definitivamente precisa ser modernizado.
  3. Coisa do passado! Precisamos inovar JÁ!

Deixei seu comentário.

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A ‘Disneyficação’ dos Destinos Turísticos

Overtourism é uma expressão que nasceu em 2016 e significa ‘excesso de turismo’. E os números mostram isso. Em 2016, 1,2 bilhão de turistas viajaram internacionalmente. Em 2030 serão 1,8 bilhão.

Em 2017, a indústria de viagens gerou US$ 7,9 trilhões e representou 10% do PIB Mundial.

Os benefícios do Turismo todos nós sabemos. ‘Turismo é a força do bem no mundo, criando empregos e crescimento econômico’, diz Gloria Guevara, presidente e CEO do World Travel & Tourism Council (WTTC).

Entretanto, os impactos negativos do turismo de massa que assolam muitos destinos turísticos, ganham cada vez mais espaço na mídia.

Desde 2017, muitos governos estão tomando medidas para conter a ‘invasão de turistas’ e o decorrente ‘surto de atividades’ em suas cidades.

Muralha da China

Algumas ações já tomadas:

  • Barcelona – limite na construção de hotéis e emissão de novos aluguéis turísticos.
  • Botswana
    1. Novo imposto de EUR 30 para todos turistas que entram no país para conservação dos locais de safári.
    2. Turistas que se comportam mal podem ser multados até EUR 3.000 (Ex.: urinar na rua, ficar nu em público, subir em árvores, etc)
  • Veneza – planeja proibir novos hotéis no Centro Histórico, e desviar os cruzeiros de passar pela Praça São Marcos.
  • Machu Pichu – 2 ingressos, um para a manhã e outro para a tarde. Quem quiser ficar mais, terá que comprar 2 tickets.
  • Maya Bay – O cenário do filme ‘A Praia’ com o Di Caprio é a praia mais famosa do mundo, e será fechada por 3 meses em uma tentativa de reverter os terríveis danos causados pelo turismo desenfreado ao recife de corais ao redor.
Maya Bay, e a invasão dos turistas chineses.

Mas de todos os destinos, Amsterdã é o que está levando mais à sério a ideia de acabar com a ‘Disneyficação’:

Entre as resoluções estão:

  • Proibição de aluguéis de curto prazo. Leia-se Airbnb.
  • Desvio de navios de cruzeiro do ancoradouro do centro da cidade.
  • Aumento do imposto turístico de 4% para 7%.
  • Proibição das lojas destinadas à turistas (com aluguel de bicicleta, souvenirs, ingressos de excursões, cervejas baratas, e até waffles).
Amsterdã

Harold Goodwin, da Turismo Responsável, analisa o tema: ‘É o oposto do Turismo Responsável, que faz melhores lugares para se viver e melhores lugares para se visitar. Muitas vezes, tanto visitantes quanto turistas experimentam a deterioração ao mesmo tempo.’

E o Brasil?
Em uma matéria do Telegraph Journal, o Brasil é citado em função das suas tarifas aéreas ‘surreais’ como medida de prevenção ao ‘overtourism
Você concorda?

Claro que existem muitas maneiras da indústria se manter em equilíbrio.  Entretanto, muitos profissionais do setor tem opinião unilateral:

  1. Overtourism é uma realidade em alguns destinos do país e sou super a favor de medidas que restrinjam o excesso.
  2. O Brasil está longe disso. Precisa é de mais turistas. Isso movimenta e mantém nossa indústria crescendo.’

Qual sua posição em relação à ‘Disneyficação‘ dos destinos turísticos no Brasil? VOTE NOS COMENTÁRIOS.

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