Sem medo de ser feliz

Sabemos que viajar é uma experiência emocional, e não podemos simplificá-la ao simples fato de reservar um vôo, hotel, ou alugar um carro. OTAs e Motores de Reservas não satisfazem 100% nossas necessidades durante o processo de compra, mas tecnologias inovadoras estão sendo idealizadas com esse objetivo. Se a Amazon e outros estão humanizar a experiência online, com certeza agências de viagens também farão.

Essa realidade deixa muitos hoteleiros inseguros. E o que mais vemos por aí são números que transformam essa insegurança em um medo extremamente prejudicial para a indústria.

Expedia já vale U$ 34 Bi no mercado e Priceline, U$ 28 Bi (imagem acima).

Se as grandes redes trabalham com 65% de intermediação no Brasil, imagina os hotéis independentes. Alguns dados recentes:

* 65% à 98% dos hotéis midscale tem tarifas mais baratas em OTAs do que no seu próprio site. (Fonte: RateGain).

* 42% das reservas são online, sendo 24% dessas diretas (no site) e 76% via OTAs. (Fonte: STR e HSMAI). Talvez 10% das reservas das redes brasileiras seja online (Fonte: Painel de CEOs no Fórum Panrotas 2013), mas isso também muda de figura na realidade dos hotéis independentes.

* Falta de Gestão de Custos de Distribuição. Muitos dos hotéis nem consideram esses números ou não contabilizam tudo. Estou falando de GDS, Motor de Reservas, comissões de agências tradicionais e OTAs, etc).

* Muitos hotéis não possuem motor de reservas no seu site.

* Falta de investimento e estratégias de marketing multi-canal. Em muitas indústrias, o mínimo que se investe em marketing é 10% à 12%. Na nossa indústria não há regra. (Novidade!) Esse percentual só aparece na hotelaria nos contratos de franquia, por exemplo. Independentes deveriam pensar entre 4% à 6% pelo menos. Mas seja quem for, foque na internet. A Starwood direciona 75% de toda sua verba de marketing no on-line.

* 50% dos hóspedes das grandes redes (como Marriott, Hilton e Starwood) fazem parte dos seus programas de fidelidade. Já a maioria dos independentes não dispõem nem de um sistema de CRM.

Mas parece que a hotelaria está mudando. Tenho notado uma maior consciência de proprietários, gerentes e franqueados, preocupados em diminuir essa dependência e investir no seu site, canal que melhor preserva a paridade, evita erosão de preços, além de ser o mais rentável.

Mas o ritmo precisa acelerar de uma vez por todas. Como ainda temos medo dos comentários do TripAdvisor? Medo de negociar comissões? Medo de apostar em uma precificação adequada? Medo de não entregar o que prometemos?

Viver inseguro se tornou um estilo de vida dos hoteleiros.

Existem problemas, mas também muita gente competente, a fim de trabalhar e com vontade de fazer bem feito. Chega de ter medo!

Os erros dos novos hotéis

“O sucesso econômico gerou uma classe média em rápido crescimento e,consequentemente, uma explosão das viagens domésticas. Lucrando com o boom do turismo, o parque hoteleiro vem aumentando rápido, e já é aberto um novo empreendimento a cada dois dias.”

Recentemente, a CNN usou essa frase para descrever o ambiente de negócios na China. Essa semana, o Ministério do Turismo divulgou que as cidades-sede da Copa terão 100 novos hotéis e 19 mil quartos.

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O crescimento é evidente nos BRICs, mas algumas perguntas continuam sem resposta quando o assunto é  abertura de hotéis. Todos sabemos dos custos fixos altos, da concorrência acirrada, e da sazonalidade da indústria.

Então, porque muitos deles amarguram a falta de rentabilidade, mesmo com um bom plano de viabilidade? Porque alguns donos de hotéis pequenos ainda acreditam que seu círculo de amizades vai manter a ocupação o ano todo? Porque muitos empreendedores tem certeza que os clientes virão, pelo simples fato de estarem construindo um hotel com uma ou outra novidade?

Acompanho a abertura de muitos hotéis, e convivo com vários tipos de empreendedores, desde os super inovadores e conectados, até os mais tradicionais, preocupadíssimos com a parte técnica e racional do projeto. Em comum, o sonho de empreender minimizando riscos.

Mesmo assim, alguns erros são mais comuns e recorrentes do que deveriam.

Selecionei 4:

1) Focar muito na arquitetura e no design de interiores, deixando o serviço em segundo plano.

Como evitar:

* Seja obsessivo com a seleção, desenvolvimento e retenção de talentos. Um hotel bonito não sobrevive a um acolhimento medíocre.

* Proporcione uma experiência original e comovente, daquele tipo que os hóspedes queiram compartilhar vídeos, imagens e comentários nas redes sociais. Terceirize a promoção do hotel e torne seus hóspedes os embaixadores da marca no mundo digital. Coloque isso como meta do serviço.

2) Não definir um conceito original e inovador.

Como evitar:

* O hotel precisa “resolver o problema” existente no mercado. Ofereceça, por exemplo, um serviço que outros hotéis não proporcionam, ou torne-se mais eficiente perante conceitos já existentes.

* Mais do que um sonho, é preciso projetar um conceito de negócio viável. Isso ajuda na obtenção de investidores e/ou financiamentos. Inovação e pé no chão são os primeiros passos para o sucesso.

3) Falta de timing na promoção 

Como evitar:

A divulgação de um hotel começa junto com a limpeza do terreno e as primeiras fundações.

Invista desde o início em Relações Públicas, Mídias Sociais e no seu site. Quanto mais desejo for criado no mercado, mais curiosidade e expectativa serão criadas em torno do projeto. Não deixe a comunicação para a última hora.

4) Falta de planejamento

Os motivos são 3: falta de tempo, não saber o que escrever, e falta de compreensão da parte financeira.

Sem um plano claro, e “no papel”, dificilmente você conseguirá convencer investidores, instituições financeiras, colaboradores, e muito menos, o mercado.

Uma boa idéia não é garantia de bom negócio. A diferença entre sonhadores e empreendedores é a mente voltada para a ação.

Não ache que problemas operacionais são as maiores causas do fracasso de um hotel. Uma estratégia mal feita é a grande vilã dos novos negócios.

Dito isso, só resta uma última pergunta: “Sua idéia está pronta para ir para o mercado?”