“Hotel é Commodity!”

Ficou desconfortável com a afirmação acima? Que bom!

Há alguns anos, ouvi um gestor de Viagens de uma multinacional afirmar que, para ele, hotéis são commodity. E, para minha surpresa, fui descobrindo que muitos hoteleiros também pensam assim.

Commodity são produtos sem diferenciação por qualidade. O ganho é unicamente sobre volume de venda.  Exemplos: café, aço, prata, soja, arroz, madeira, etc. Alguns até com preços globais.

Se fossemos commodity, não teríamos valor agregado que nos diferenciasse e o equilíbrio do mercado estaria somente entre preço e quantidade.

É assim que você enxerga a hotelaria hoje?

O que está acontecendo com os hoteleiros? Que baixa autoestima é essa? Até marcas mais econômicas têm propostas distintas.

Preço é o que você paga. Valor é o que você recebe.”

Warren Buffet, investidor bilionário e filantropo Americano.

Portanto, vamos falar de “valor”. Afinal, oferecemos experiências totalmente diferentes, mesmo em hotéis da mesma categoria, certo? Ou seja, nossa indústria se diferencia pela qualidade sim!

No fundo, a questão é simples: o consumidor só pede desconto quando não consegue perceber valor suficiente no produto ou serviço.

Veja as 2 questões que mais atrapalham nosso posicionamento de valor:

1)  Paradigmas Internos

Geralmente surgem nas equipes de vendas, com afirmações como:

1.a) O cliente exige – Os clientes sempre vão pedir um desconto, mas muito raramente eles vão exigir um.

1.b) A concorrência está mais barata – Isso pode ser verdade, mas se você está vendendo para o público certo, ele conseguirá ver valor na sua oferta. Pare de querer abraçar o mundo, isso é falta de posicionamento. O mundo é feito de nichos, escolha o seu. Esta desculpa pode significar que a sua empresa não tem um diferencial claro para o mercado.

Capacite sue equipe, coloque metas conectadas ao RevPar e, se o vendedor não dá resultado, deixe de ser paternalista (não há mais espaço nem tempo para isso no mercado) e troque.

2) O Caos da Distribuição

Já presenciei um Gerente Geral levantar em um evento, dizer com orgulho que havia demitido sua equipe de vendas, e deixado 100% do seu inventário na mão de intermediários.

Ou aquele Coordenador de Reservas que, ao receber uma ligação de um cliente querendo fazer uma reserva, indica o site de uma das OTAs com quem firmou contrato, pois está “mais barato”.

O que você quer?

a)  Distribuir seu hotel de maneira inteligente, aumentando margens e mantendo a identidade da sua marca.

b)  Deixar que intermediários transformem quartos de hotel em commodity com o menor preço possível?

Não estou dizendo para deixar de usar seus intermediários, mas tentar identificar os reais parceiros e impor limites. O negócio é seu!

Commodities tendem a parecer iguais. Seus hóspedes querem um lugar para dormir onde o preço é sempre o mais baixo, ou uma experiência que eles vão querer repetir várias vezes?

Escape da armadilha da “comoditização” e lembre-se que commodity tem mais a ver com a visão empresarial do que com o produto.

Como disse o Professor Stephen Kanitz no Conotel 2013: “Vocês estão no país certo, no setor certo, em um ano histórico. Aproveitem!”

E aí? Seu hotel é commodity?

O Futuro da Hotelaria

Foto acima: Tecnologia do apto. do Eccleston Square Hotel, que se orgulha de ser não só um hotel boutique de luxo, mas por proporcionar a melhor tecnologia de ponta da hotelaria de Londres.

O hóspede do Eccleston tem à disposição TV 3D, 2 iPads, Blu-ray, DVDs, chamadas gratuitas para qualquer lugar do mundo por VoIP ao preço de custo e conectores internacionais. É conveniência digital levada à sério.

 

Muito se fala no CRESCIMENTO da hotelaria.

Pois aproveitarei o espaço para falar sobre o AMADURECIMENTO da hotelaria.
Maior profissionalismo e ganho de competitividade passam também por estudos, debates e análises profundas do setor, de forma realista e transparente.

Portanto, nada melhor do que começar falando sobre o que o futuro nos reserva.

A Cornell Hospitality Research Summit já deixou claro que o sucesso na hotelaria estará na aquisição rápida de uma Mentalidade Tecnológica.
Dois assuntos vão reger nossa indústria nos próximos anos:
Mídias Sociais e Foco em Serviços, sempre permeados pela tecnologia.

1) Mídias Sociais

Esqueça as avaliações impressas no check out. Além de não ter mais tanto apelo, você ainda não está sendo “verde” aos olhos da nova geração. Se você decepcionar um hóspede, é nas redes sociais que ele vai reclamar.

Se você fizer a coisa certa, 1000 pessoas podem ficar sabendo. Se fizer algo errado, milhares saberão. A internet é um amplificador.

2) Foco em Serviços

Não estou falando do sorriso do recepcionista, de proporcionar uma sensação de segurança, cama confortável, toalhas que enxuguem, wi-fi rápida, suco de laranja e pães frescos no café da manhã ou de um Room Service eficiente. Isso é commodity, não diferenciação!

Acha pouco? Desde 2011 a rede Four Seasons já promete sua refeição no apartamento em até 15 minutos.

Lounges com chuveiro, lanche e bagageiro disponíveis para turistas que chegam em horários inusitados após longos vôos, tão comuns na Ásia, ainda são raros por aqui. Por quê?

 

Algumas perguntas para refletirmos:
Você concorda com essas duas afirmações abaixo?

“A hotelaria é considerada uma das indústrias menos inovadoras do mundo”.
Kaye Chon, reitor da HTM Hotel & Tourism Management) da Ásia.

“Não estamos acompanhando a tecnologia. A maior indústria do mundo não está se adaptando à mudança tecnológica.”

Christopher Muller, Diretor Acadêmico e Administrativo da Boston University’s School of Hospitality Administration

Diferente das afirmações acima, acredita que já estamos bem evoluídos? Vamos fazer um teste?

Seu hotel dispõem de:

  • Ferramenta para análise de comentários online?
  • Infraestrutura tecnológica via Cloud Computing?
  • •“Two way interface” conectando seu PMS com o CRS?
  • •Site preparado para dispositivos móveis?
  • •Tablets para comandos no quarto e Room Service?
  • •Reservas pelo Facebook?

Muitos vão dizer que tecnologia é suporte, não estratégia. Concordo plenamente, e não  estou supervalorizando a tecnologia, mas é incontestável sua eficiência como meio para alavancagem de negócios.

Preparado para o futuro da hotelaria?