Novo blog, nova Paris

Estou muito feliz  em estar aqui com vocês queridos leitores, especialmente neste momento de renovação do BLOG PANROTAS. Coincidentemente falando, para aqueles que acreditam nos astros, o mês de Peixes é o ultimo mês do ano, mas também o primeiro na ordem de importância do culto da alegria e generosidade. O momento de preparo para mais um ano de farturas, digamos assim. Eu nunca fui leitora de horóscopo, mas não custa mencionar. Poderia também dizer: – bom, finalmente o mês do Carnaval passou e mais um ano de labuta vai começar! Porém, isso seria menos poético. O fato é que sinto uma brisa de novidades no ar e adoro. Estou feliz! Obrigada PANROTAS, obrigada agentes de viagens. ( Detalhe: minha felicidade não tem nenhuma relação com as novidades políticas no Brasil, sobre as quais, prefiro me abster )

Estou particularmente feliz porque desde novembro, com a altíssima taxa do euro, a crise mundial, a crise no Brasil, os atentados de Paris e uma queda de 60% na taxa de ocupação da cidade, não pude deixar de pensar: Será a morte súbita do destino Paris? Será? Será?

Em francês chamamos de experience de mort imminant ou EMI casos onde pessoas que se encontraram entre a vida e a morte,  uma vez saudáveis compartilham diferentes sensações vividas durante este lapso de tempo. Muitos creem que neste momento o ser humano vê a sua vida desfilar a sua frente. A EMI não tem relação com a nossa morte iminente, aquela da qual não voltamos em português.

Como o blog PANROTAS, a cidade de Paris parou e está voltando à vida. Fico me perguntando: Teria Paris visto desfilar diante de seus olhos adormecidos os ataques de Vikings nas margens de seu pródigo rio Sena; a instalação do Império Romano e a chegada de seus teatros e termas? Teria ela visto passar por sua mente imagens da popularização da escola junto a todas as crianças do reino por Charlemagne no ano 789? Ou ainda as ricas escolas medievais para onde famílias como os Dante Alighieri enviavam seus filhos na Idade Média e a criação da Universidade Sorbonne em 1253 por Luís IX, destinada ao estudo da teologia para jovens desfavorecidos no mesmo bairro? Será que Danton e Robespierre passaram diante destes olhos fechados pregando igualdade, liberdade e fraternidade? E o Barão de Haussman, que virou a cidade ao avesso e instalou saneamento básico e eletricidade no século XIX? E a Belle Époque, sua deliciosa falta de pudor e exuberância artística? Teria Paris visto Hitler, a passividade do regime da época, que não lutou contra a tirania para evitar um banho de sangue e acabou cúmplice de outro? Ou Paris veria a Resistência criada pelo próprio povo francês?  E a criação do sistema de saúde e bem estar social assegurando a todos recursos mínimos de vida em 1945?  Não sei, ninguém garante nada em termos de estados comatosos ou EMI.

Felizmente eu estava engana. Paris não estava morta. Paris volta à vida como o Fênix, nova em folha! Durante meses de calmaria os glóbulos coloridos não pararam de agir. Proprietários foram forçados pela municipalidade a renovar suas fachadas, a cidade acrescentou novo mobiliário urbano em função das necessidades atuais da população, criou leis restritivas quanto à limpeza pública e sistema de multas para punir desrespeitos. Para dar um exemplo prático: 68€ a “bituca” de cigarro no chão.  Paris está mais linda que nunca, a magia de Paris está no ar. Tanta beleza não deixa ninguém indiferente! E como a magia é imortal os turistas começaram a voltar. E para quem vive de turismo, difícil encontrar melhor notícia.

Além disso, para completar os encantos de Paris aos meus olhos, meu filho de 11 anos recebeu sua 1ª carta de Cidadão de Paris e assim pode, desde já, participar do Orçamento Participativo da Cidade. Não é o máximo?

Muitas cidades do Brasil também têm Orçamento Participativo. E a cidade onde você vive?

Feliz semana queridos leitores.

 

 

Raul, essa é para você! Sobre o IRRF

Raul, 75 anos, agente de viagens em extinção, você perguntou, aqui vai minha resposta.

O que acho do IRRF?

O IRRF me faz sentir algo já conhecido, um sentimento de “Déjà vu” meu amigo. Raul perdoe a intimidade, mas um desabafo desses, só mesmo para um amigo.

Como você, constato mais uma vez a incompetência de nossos governantes. Fico muito triste pelas pessoas que estão perdendo seus empregos. Fico preocupada com meu emprego.

Fico angustiada com essa sensação de impotência diante do tamanho da problemática e até mesmo em face das inadimplências. A mesma angústia e impotência que sinto ao ver uma criança na rua, a desigualdade que reina neste mundo e de como age este monstro sedento que precisa de mais e mais pobres para saciar sua sede de obscurantismo. Há dias que sinto o peso das instituições financeiras em minhas costas, assim como nas costas de milhares de pessoas desta humanidade.

Porém Raul, onde vivo, patrão  é tratado como vaca leiteira pelo governo e com desprezo pela classe trabalhista. Prima à norma do “dividir para melhor reinar”. Enquanto isso gastam verbas astronômicas em festas e comemoram o crescimento de meia dúzia de grandes empresas, querendo acreditar que bastará aos reles mortais que somos viver felizes nas classes  C e D, pagando tudo a prazo e com juros incomensuráveis!

Sendo assim, as atitudes deste governo brasileiro somente se inscrevem num amplo quadro de irresponsabilidades de governantes mundiais e na regra da Causa e Consequência.

O mundo está comendo mau graças a interesses financeiros de minorias. A Coca- Cola está secando as águas do México,  conservantes e colorantes E 440 e toda sua família são cancerígenos, sementes Montsanto (das quais depende o Brasil)  são estéreis, pesticidas são cancerígenos. Mas quem escolhe o que vende e o que come ?

O mundo está em guerra graças a avidez de vendedores de armas e voracidade de governos produtores bélicos.  Mas quem fica mudo diante de tal evidência?

O mundo vai comprar todo gênero de bens e serviços de baixa qualidade de grandes empresas que tem proteção de governantes, acordos mundiais, subsídios e verbas fenomenais. Mas quem se esqueceu de transmitir a seus filhos valores morais e só anda desesperado por preços na hora da compra e por ganhar dinheiro acima de tudo? Quem prefere ser bom profissional antes de ser uma boa pessoa?

Raul sabia que caminhar, correr e nadar são atividades que fazem um cidadão feliz porque produzem no corpo humano endorfina? E isso é de graça. Mas quem é vitima da moda e acredita que Android, I-Phone e carro são essências para a realização do indivíduo? Seriamos nós prisioneiros alienados de um sistema monetário? Já ouviu falar: Quem semeia vento recolhe tempestade?

Então, vem mais uma gota neste poço de asneiras. Uma verdadeira catástrofe para um mercado tão fragilizado. Em curto prazo vamos sofrer, mas vamos nos adaptar, sobreviver como sobrevivemos a tantas outras crises. Quem já viu esse Brasil sob o AI-5, em crise inflacionária, com infindas mudanças de moeda, quem já viu Fernando Collor, Paulo Maluf, quem assiste o noticiário diariamente, não se assusta com mais nada.  Estaríamos apopléticos?!! Ou de mãos amarradas?

Quando chego à beira do abismo da razão, aí então, eu respiro fundo.  Vou dar uma volta pelas ruas ou em minha memória para lembrar que o Homem é um ser fascinante, a natureza magnânima. Lembro-me da floresta amazônica destruindo a Transamazônica. Que perda de dinheiro, que luta contra a natureza. E finalmente conseguimos desmatar! E aí me recordo: cada civilização chegando ao ápice do que pensava ser sua glória, graças à gargantuesca ignorância entrou em colapso. Raul, eu só estou arregaçando a manga e me preparando para o que der e vier.

Eterna otimista que sou, eu tenho fé. Chegaremos ao ponto culminante da nossa estupidez em breve e assim as novas gerações, mais informadas, terão a oportunidade ( para não dizer, serão obrigadas) de reconstruir um mundo com melhor partilha de bens, melhor aproveitamento dos recursos naturais, mais responsável, amigável e mais focada no bem estar do Homem.

Enquanto isso não acontece, vou superando as angústias ocasionadas pelo IRRF e tantas outras besteiras à minha volta graças ao meu lema: fazer mais e o melhor possível com menos e com o pouco que temos! Sem esquecer que esta vida é uma lição de desapego.

Feliz semana Raul e a todos queridos leitores

 

PS: Nestas horas de mudanças no PanRotas e de despedidas, escrevo aqui o que reflete sempre meus sentimentos nestes momentos de adeus: Ce n’est qu’un au revoir, mes amis, ce n’est qu’un au revoir… *

Esse é somente um “até mais ver” meus amigos, somente um “até mais ver”…

 

 

 

 

 

 

Baco e São Francisco de Paula no Museu do Vinho de Paris

Felizmente os dias começaram a ficar mais longos e estamos deixando o inverno para trás. Apesar de Paris estar a 48°51′12 Latitude Norte e Nova York 40°42′51 Latitude Norte, o clima da cidade luz durante os meses de inverno é bem mais clemente que o da “big apple”. Este ano quase não  tivemos temperaturas abaixo de zero.

Não que eu não goste do inverno, muito pelo contrário. Como gosto de lembrar aos friorentos, a cada ano esta temporada oferece inúmeras atividades únicas e excepcionais. Eu por exemplo, venho aproveitando os últimos momentos desta estação para dar continuidade a minha “turnê dos pequenos museus da capital” ou pelo que gosto de chamar “Império dos Sentidos”.

Fui então conhecer o Museu do Vinho e cultuar Baco (ou Dionísio) no centro de Paris. O lugar onde está situado o museu já é bem peculiar. Ao lado do Trocadero, a extensa exposição de artefatos e objetos ligados à produção e consumo de vinho no decorrer da história humana encontra-se onde, entre os séculos XIII e XVIII, existiu uma mina de extração subterrânea de rochas. Na realidade o museu se encontra a 35 metros acima do nível do Rio Sena, mas como está localizado em minas escavadas sob o solo e não a céu aberto e que, além disso, datam da idade média, a sensação de descoberta de algo muito especial é inevitável.

Impossível também não lembrar que muitas das pedras que compõem os prédios e belas fachadas da cidade de Paris saíram de lá.

Uma segunda parte do museu é constituída por salas que pertenciam a um monastério fundado por São Francisco de Paula no século XV e destruído durante a Revolução Francesa. Os salões subsistentes serviam de adegas aos freis vinicultores da época. O vinho realizado com uvas oriundas das encostas do Trocadero era guardado ali.  Hoje  as salas servem para reuniões,  degustações de vinhos e realização de festas para grupos de turistas e de incentivo.

O Museu do Vinho pertence a uma confraria de enólogos e vinicultores e atua também como centro de formação profissional para enólogos, oferece cursos para amadores, conferências, financia projetos no exterior, além de organizar noites temáticas em volta dos melhores vinhos franceses.

Uma surpresa: a frequentação da clientela brasileira é grande. Somos os segundos da lista de visitantes, vindo somente depois dos franceses.  A entrada do museu do vinho está incluída em certos tours gastronômicos oferecidos por operadoras brasileiras e no Paris Pass.

Fica a dica e meus votos de uma excelente semana.

 

O Musée du Vin Paris fica no seguinte endereço:
5, square Charles Dickens
75016 PARIS