Há três semanas escrevo sobre passear nos arredores de Paris. Com a chegada da primavera as opções continuam aumentando, assim como o dilema que denominei Paris or not Paris eis a questão.
O fato é que em Paris ou fora, a primavera no hemisfério norte é como uma explosão de cores e um momento muito inspirador.Adeus eternos casacos pretos dos passantes, bonjour aos terraços de cafés lotados, céu azul, vitrines coloridas, varandas verdejantes, floristas em festa!
Então, hoje é você leitor quem escolhe Paris ou arredores?
Os amantes da moda, por exemplo, têm “muito pano para manga” em Paris nestes dias. A exposição Jean-Paul Gauthier, é sem duvida o “must” da temporada, porém está longe de ser a única amostra importante do ramo.
Enquanto Gauthier instalou-se no maravilhoso Grand Palais, a casa Yves Saint Laurent escolheu a discreta fundação Pierre Bergé para expor 1971 A Coleção Escândalo, até 19 de julho. Uma coleção marcada por vestidos curtos e certo toque militar, blazers com ombreiras e modelos inspirados nos anos 40 . Na época as criações da coleção, então chamada Liberação, fizeram escândalo e causaram polêmica sobre o assunto tabu: a guerra. Porque inovar buscando no passado? Diante das críticas Yves Saint-Laurent, o criador, afirmou suas ideias: nada é novo na alta-costura e nas ruas tudo é reinventado! Yves Saint-Laurent desejava que os jovens não esquecessem sua história. Yves Saint-Laurent inventava a moda retrô.
Já no Museu da Moda, a fundadora da primeira casa de costura francesa e grande empresária, Jeanne Lanvin ( 1867-1946) é homenageada em uma exposição retrospectiva de sua obra. A jovem Jeanne começou sua carreira como costureira e modista em 1885. Em 1889, abriu uma primeira loja Lanvin na Rua Boissy d’Anglas e em 1893 mudou-se para a prestigiosa Rua do Faubourg Saint-Honoré. Em 1897, sua única filha, Margaret, nasceu tornando-se sua fonte de inspiração. A modista viu aí uma nova oportunidade, desenhando vestidos para filha, Mme Lanvin inventou em 1908 a moda infantil. As mães, encantadas com os lindos modelos, pediram a Lanvin cópias para si. E assim a casa Lanvin deu início a um revolucionário negócio, servindo mães e filhas. A partir de então, a casa de costura investiu outros departamentos, tais como lingeries, peles e em 1926 também moda masculina e perfumaria. Enquanto a Mme Lanvin criava a Casa Lanvin abria lojas em Deauville, Biarritz, Barcelone, Buenos-Aires, Cannes e Le Touquet, construindo assim um verdadeiro um império. Embora desconhecido de muitos brasileiros, o estilo de Mme Lanvin é considerado de um classicismo francês perfeito, com vestidos de estilo século XVIII – busto afinado, cintura baixa, saia godê – dialogando com a linha tubo do Art Deco e sua geometria em preto e branco,com profusões de fitas, cristais, pérolas, seda e muito glamour.
Além dos figurinos coloridos que animam ruas, museus e salas de exposições, uma corrida muito especial alegrará Paris no próximo domingo, dia 19 de abril: A corrida das cores. Um percurso de 5km, onde os participantes serão encobertos por colorantes naturais, uma cor diferente para cada trecho percorrido. O final da prova, no Trocadero, promete um desfile multicor de participantes que festejarão e dançarão ao som de DJ.
Para terminar a temática primaveril de hoje: nenhum lugar está mais colorido que Giverny neste momento.
Aberto do início de abril ao final de outubro, a casa de Claude Monet, na pequena cidade de Giverny é por si só o ponto culminante da obra do pintor. Monet plantou, construiu e modelou a natureza como uma obra de arte, para depois copiá-la em suas telas. Palavras são incapazes de exprimir a beleza do lugar. Espero que as fotos deem uma boa ideia!