Brasileiros em Paris Tomo 1

Conhecendo nossos clientes

Eu sempre digo a meus colegas de trabalho que a chave de uma boa venda e também de uma boa prestação de serviço consiste em decifrar nosso cliente. Quem é ele? O que deseja? Um vendedor que não quer conhecer seu cliente e suas necessidades não poderá atendê-lo nem em Paris, nem em lugar algum, à altura de suas expectativas. Simples assim!

Como o turismo permanece uma alavanca significativa para economia francesa, a fim de compreender sua clientela e seus hábitos de compras a Consultoria Abington Advisory realizou em junho e julho de 2014 um estudo entre mais de 600 brasileiros, chineses e russos e revelou alguns dados interessantes destes passageiros.

Turistas brasileiros passam em média 14 dias em Paris

O conjunto de brasileiros, chineses e russos passa em média dez dias em Paris e mais de ¼ deles afirma que pretende fazer compras. Se 73% dos visitantes entrevistados afirmam ter escolhido Paris para explorar lugares turísticos e 29% para aproveitar de suas inúmeras atividades de lazer, 28% dos turistas citam as compras como principal objetivo de sua viagem.

Com 6150 euros, os brasileiros têm o orçamento médio mais elevado

Enquanto 90% dos brasileiros priorizam a descoberta de lugares turísticos, 45% dos russos vêm a Paris fazer compras e 34% vêm para relaxar. Em relação aos gastos, 42% dos turistas entrevistados dispõem de um orçamento que varia entre 3 000 e 10 000 euros para sua viagem. Com 6150 euros, os brasileiros têm o orçamento médio mais elevado, enquanto o orçamento médio para as três nacionalidades é de 4980 euros. 37% dos chineses e 33% de russos gastam entre 500 e 1500 euros para sua estadia na capital francesa. O estudo revela uma disparidade muito significativa entre os visitantes chineses; muitos ricos gastam em hotéis e bens de luxo e uma categoria mais modesta que, comparada com outras nacionalidades, dispõem de um orçamento bastante baixo. Com duração média de permanência de 10 dias (14 dias para os brasileiros enquanto 61% dos chineses permanecem menos de cinco dias em Paris), esses turistas gastam uma média de 160 euros por noite para o hotel. O orçamento para alojamento representa em torno de 32% do total dos gastos.

Paris oferece lugares privilegiados para compras, variedade de ofertas & produtos exclusivos

Segundo os entrevistados Paris se revelou uma cidade ideal para compras na Europa, com lugares privilegiados como Les Champs Elysées (50%) e o boulevard Haussmann (45%). Brasileiros, russos e chineses também fazem compras na Rua do Faubourg Saint-Honoré, no distrito do Le Bon Marché ou nos arredores da Place Vendôme.

Londres, onde as lojas permanecem abertas aos domingos, e depois Milão seguem Paris no top 3 das cidades europeias mais atraentes para compras.

O principal critério de atratividade da Europa em termos de compras é a variedade da oferta para 47% dos entrevistados. Turistas russos priorizam a exclusividade dos produtos europeus (47%), enquanto o preço é decisivo para 41% dos turistas chineses. O estudo também destaca um bom conhecimento de marcas francesas e um gosto para o luxo por parte dos entrevistados.

Louis Vuitton, a marca preferida dos turistas do BRIC

Se as marcas preferidas dos turistas estrangeiros são Louis Vuitton (27%), Chanel (14%) e Dior (12%), suas compras na capital também incluem marcas mais populares como Sephora, Zara ou H & M.

Gastos com roupas estão em primeiro lugar nas listas de compras desses turistas (51%), lembranças (40%) e cosméticos/perfumaria (38%). Orçamentos variam de 151euros em média para perfumes e cosméticos, 295 euros para vestuário e 855 euros para artigos de couro, portanto não é surpresa que Louis Vuitton seja a primeira marca nesta categoria. Dois terços dos chineses dispõem de menos 500 euros para uma estadia em Paris com menos de 5 dias. Um terço dos russos gasta entre 1 500 e 3 000 euros para a sua viagem, enquanto 75% deles permanecem 5 a 10 dias na capital. Finalmente, 75% dos brasileiros têm um orçamento recorde entre 3 000 e 10 000 euros para uma estadia que dura para 46% deles de duas semanas a um mês.

O estudo mostra também que os hábitos de compras variam de acordo com as nacionalidades. Por exemplo, um terço dos turistas chineses compra uma bolsa durante sua viagem a Paris, aliás, sua compra mais cara. Estas compras “de férias” geralmente são “amor a primeira vista” (para 40% de todos os questionados), mas a qualidade (25%) e imagem de marca (15%) são também critérios importantes, incluindo na hora da compra de perfumes e cosméticos.

Aeroportos, uma boa estratégia

Pontos de vendas em aeroportos são bastante estratégicos, visto que 44% dos turistas planejavam fazer compras nestes recintos e reservam um orçamento médio de 645 euros para este fim. Se os turistas brasileiros dão preferência ao vinho ou produtos gourmet, os turistas chineses ou russos se deixam tentar, em sua maioria, por perfumes ou cosméticos.

Os turistas chineses se declaram mais propensos a visitar Paris entre amigos (53%), enquanto os brasileiros e os russos visitam a capital principalmente em casal (40% de russos e 30% dos brasileiros). Os chineses têm uma proporção mais elevada de viajantes na área de negócios que as outras nacionalidades (12%).

Apesar dos bons resultados em número de visitantes e de uma confiança inabalável em sua oferta, Paris não para de se aperfeiçoar.

Investimentos em Infra-Estrutura e Formação

Além de estudar os hábitos de seus turistas, o mercado receptivo francês vem se mobilizando para atender seus visitantes superando suas altas expectativas. Consolidar parece ser a palavra chave para concorrer com as outras grandes capitais européias.

E como estudos não seriam suficientes senão fossem seguidos de medidas práticas, mais segurança e serviços como aluguéis de carros com motoristas (VTC), taxis, Velib ( bicicletas públicas ) à disposição dos turistas e mais formação para os interlocutores da área do turismo são algumas das medidas governamentais e privadas para garantir retorno sobre seus investimentos e a satisfação de todos.

“Você fala turistês?” A abordagem eficaz do CRT

No que diz respeito formação o site do Comitê Regional de Ilê de France “Você fala turistês?” é um dos mais práticos e lúdicos exemplos dessa estratégia.

Para cada origem uma ficha completa com dicas, tais como:

Brasileiros – nosso slogan «Entusiasmo e sonho”_ Uma experiência totalmente poetizada.

Nossas expectativas: Contato fácil, conhecimento mínimo inglês, wi-fi e aplicativos

Nossos hábitos: contato afável, facilmente tátil.

Nossa estadia – saídas noturnas, visitas a parques e jardins, descoberta gastronomia

café da manhã 07:30-08:00/almoço 13:00/jantar 21: 00/

despesa média por dia por pessoa: euros 168

Gráficos e até algumas palavras em português estão a disposição

E assim vai para outras nacionalidades, como por exemplo:

Alemães: Slogan-Necessidade de consistência- fazem de Paris um destino romântico, com uma pitada mais pronunciada para a gastronomia.

Hábitos: apertar a mão é suficiente

Americanos: Esperando por serviço completo (Full- Service) Eles apreciam o requinte parisiense e o espetáculo oferecido pela iluminação da cidade à noite.

Hábitos: diretos e de contato fácil. Não hesite em apresentar-se pelo seu nome (ao invés de sobrenome como na França)

Franceses:Uma exigência acirrada. Estão cientes da riqueza oferecida por Paris e Ile-de-France, mas também dos inconvenientes de uma grande metrópole.

Preferências: Não querem ser tratados como turistas!

Vale a pena dar uma olhada! Do You speak touriste?

Paris
Galerias Lafayette espaço Gourmet
Paris Vinhos Galerias Lafayette
Brasileiros gastam com vinho e produtos gourmet- Vinotéca Galerias Lafayette

Bombando em Paris, ninguém fica ileso.

O problema com eventos recorrentes é que estão ficando cada vez mais perto um do outro. Que fique claro, as liquidações são sempre em julho e janeiro, mas parece que as liquidações de julho foram ontem!

Não importa, mesmo tendo falado destas liquidações “ainda ontem”, vou dar destaque novamente. Vou falar de novo porque acho que o mercado de viagens ai no Brasil ainda não captou a importância do acontecimento.

O Brasil tem um turismo emissivo de compras muito forte. Há junto aos brasileiros uma grande vontade de comprar artigos franceses e um medo inversamente proporcional dos preços destes mesmos artigos. E de repente chega a hora de poder comprar, bem em meio à nossas férias escolares e somente poucos habitués se lembram disso e aproveitam desta oportunidade incrível.

No entanto as duas liquidações anuais são esperadas impacientemente pelos franceses.

Em Paris as lojas e shoppings estão em festa. Cada parisiense tem sua razão para aproveitar, que pode ela ser: a chegada do momento de renovar o guarda-roupa; ou a vontade de comprar aquela peça que está faltando; buscar aquele item que “namorou” meses esperando poder pagar com a rebaixa de preços; fuçar para encontrar aquele modelito de marca super meglablaster a ¼ do preço; fazer o guarda roupa anual das crianças; ou simplesmente “faire du shopping”- olhar as vitrines e lojas se deixando levar pelas inúmeras tentações à baixíssimos preços. Ninguém fica ileso.

Este ano as liquidações de inverno iniciaram dia 7 de Janeiro e vão até 17 de Fevereiro, ainda dá tempo! No verão acontecerão de 24 de Junho até 4 de Agosto. Informem suas clientes!

 

soldes2
Estamos na segunda remarcação, nas proximas semanas os preços continuarão a baixar
soldes
Hora de buscar aquele peça que estava faltando em seu guarda-roupas a -40%

Os links são para dar água na boca.

Liquidações H&M

Liquidações Camaieu

Liquidações Galeries Lafayette

Para os “meninos” ( acabou de chegar no meu e-mail  a pub)

Liquidações Paris Saint-Germain

Ainda sobre Charlie.

Último Capítulo

Eu não queria mais ter que escrever sobre Charlie, mas os questionamentos continuam, e por esta razão seguem alguns breves esclarecimentos:

Vou dizer algo que vai deixa-lo surpreso: Não houve perseguição e tiroteio pelas ruas de Paris tal como mostrou a televisão brasileira. Quero dizer, houve perseguição e troca de tiros e mortes sim, enfim, mas não no Centro de Paris.

Se eu digo para você: “ -Houve perseguição e tiroteios pelas ruas de São Paulo”, você pensa na Avenida Paulista ou na praça de alimentação do Shopping que frequenta e se vê de uma maneira ou outra tocado diretamente pelo incidente. Porém, se eu explicar que houve um acerto de contas entre duas facções religiosas extremistas, ou ainda por causa de drogas, implicando morte, tiroteio com a polícia na Agua Branca e fuga em direção a Pirituba, isso lhe concerniria tanto? Você deixaria de sair de casa por casa disto? Cariocas deixam de sair de casa por causa de acerto de contas em comunidades? Os franceses foram às ruas lutar contra a violência e pela liberdade de expressão e agora a vida continua.

Já o Estado está aproveitando para fazer uma limpeza nos meios extremistas da França, junto a pessoas que também não moram ou frequentam o Centro de Paris, mas sim os guetos aonde se confinaram. Se os islamistas radicais deixarem a França irão para países extremistas Africanos ou no Oriente Médio aonde poderão se tornar ótimos clientes de armamento dos países desenvolvidos. A França arma um lado, os EUA o outro, ou ainda a Rússia, enfim, todo mundo fica feliz!(sic)

O Estado não poderia em um momento deste não “mostrar serviço” e por isso dobrou o policiamento, sobretudo na capital. Até a popularidade do presidente François Hollande subiu. Cansados da pequena delinquência, como a de batedores de carteira oriundos de países pobres, os parisienses passeiam mais seguros do que nunca.

10928084_763168470438050_1702693224_n (2)
As entradas do Louvre continuam movimentadas pelos transeuntes
Seine
Parisienses e turistas caminham pelas margens do Sena.
Militares Paris 2
Plano Vigipirate- Militares nas imediações do Louvre
Pont des Arts
Policia Nacional da Franca, Rio Sena sob a Ponte das Artes
Proteçao Civil- Rio Sena, Paris
Proteção Civil- Rio Sena
Jardim de Tuileries Paris
Jardim de Tuileries – Gendarmerie

Outro questionamento que eu já esperava: Quem não conhecia e defendeu sem saber, agora está pasmo com o conteúdo do famoso Charlie Hebdo. Que fique claro que ninguém foi defender o jornal Charlie, que muitos nem aprovam, mas a liberdade de expressão. A França é um país laico onde se pode publicar blasfêmias sem que isso seja um crime passível de pena. A meu ver os franceses foram dizer “somos assim”! Para quem vive aqui é pegar ou largar.

 

Não temos medo!

Você deve ter ouvido falar de Paris e da França nesta última semana mais do que ouviu em toda sua vida. E apesar de tantas imagens e trabalho jornalístico é difícil transmitir a febre “Je suis Charlie” que assolou o país.

Mas quem é Charlie Hebdo? Sua história começa em 1960 com a fundação por Georges Bernier e François Cavanna da casa de edições Hara-Kiri e do jornal satírico do mesmo nome. Com L’Hebdo Hara-Kiri um grupo de jovens jornalistas começa a militar contra tudo que possa levar a qualquer tipo de alienação: radicalismo de direita, assim como de esquerda, radicalismo religioso, o catolicismo, o islamismo, o judaísmo, a classe politica francesa, idéias econômicas ultrapassadas, enfim, ninguém fica ileso.  Durante sua existência L’Hebdo Hara-Kiri foi interditado várias vezes. Inclusive o primeiro Charlie Hebdo nasceu como astúcia para driblar uma destas interdições do Hebdo Hara-Kiri .

Assim sendo, desde sua criação, o jornal semanal se ataca livremente a todos sem defender uma  linha única de pensamento e provavelmente por esta mesma razão tem seu percurso pontuado de interdições, de pequenas desavenças internas e demissões até seu fechamento em 1981.

Em 1992, os jornalistas e cartunistas Philipe Val, Cabu, Wolinski e Gebé, ex colaboradores de  Hara-Kiri, criam a casa de edições Les Éditions Kalachnikof e relançam o jornal Charlie Hebdo. Desta vez, como proprietários majoritários e em companhia de colégas como Cavanna, Siné, Charb, Tignous, Honoré, os bons tempos de militância jornalística estavam de volta.

Paris Je suis Charlie
Processos judiciais sempre fizeram parte da vida da revista

Esses homens resolveram lutar com humor e lápis em punho contra a estupidez humana e com sua militância corajosa e impudica já haviam ofendido quase todo mundo por aqui.

Os nomes de suas casas de edições (uma primeira Hara-Kiri e a segunda Kalachnikof) deviam-se a escolhas humorísticas, mas há quem diga que até para entender humor é preciso ser inteligente. Aliás, quais não são as outras qualidades humanas necessárias para um Ser rir de si mesmo? Ou ainda, questionar suas crenças sejam elas quais forem?

Artur, será mesmo que não devemos escrever sobre religião?

Polêmicas a parte, conto a trajetória de Charlie Hebdo para matar uma eventual curiosidade que considero natural por parte do leitor. Porém reitero, sem diminuir a tristeza e gravidade das 17 mortes em 2 dias, destes eventos o que mais me marcou foi o civismo, a fantástica reação do povo para defender os valores chamados “Republicanos”.

Fiquei também impressionada com o tamanho da maquina estatal antiterrorismo. Vindo à Paris não se assuste com a vigilância intensa. O plano Vigipirate existe há mais de vinte anos e a presença de policiamento assegura os habitantes. Por isso não se preocupe, pode vir ou enviar turistas sim. Infelizmente há mais violência através do mundo, sobre a qual não escutaremos hoje na televisão, do que há por aqui.

Ameaça eminente, medidas temporárias
Ameaça eminente, medidas temporárias
Reforço em caso de organizaço de evento esportivo internacional
Reforço em caso de organização de evento esportivo internacional
Postura permanete de segurança
Postura permanete de segurança

Charlie Hebdo está sendo produzido nos locais do Jornal Liberação e será publicado nesta quarta-feira dia 14 de Janeiro em três milhões de exemplares. Na capa um personagem que pode ser identificado como o profeta Maomet segura uma placa na mão “Je suis Charlie” e o titulo acima é a frase Tudo Esta Perdoado.

Capa Charlie Hebdo desta 4° feira, 14 de Janeiro 2015_ Jornal Liberation

Ah! Muitas outras coisas acontecem por aqui: As grandes liquidações de inverno, por exemplo, já começaram e vão até dia 17 de fevereiro. Imperdíveis!